Declaração do presidente sobre investigação contra Zero Um serviu para revelar um homem acuado
O presidente
Jair Bolsonaro está na defensiva antes mesmo de completar seis meses de
governo. Ao atacar mais uma vez as investigações sobre as falcatruas do filho
Zero Um no exercício de seu mandato de deputado estadual, Bolsonaro afirmou que
elas não o alcançarão. “Não vão me pegar”, disse o presidente. Para se mostrar
inocente, ele chegou a oferecer a abertura de seus sigilos bancário e fiscal.
Foi da boca para fora, evidentemente. O curioso foi ter usado uma desculpa
adotada por dez entre dez pessoas acusadas de malfeitos. Não precisava, o
presidente não é acusado deste crime. Mas a declaração serviu para revelar um
homem acuado, com medo. [todos sabemos que o estilo Bolsonaro não é o esperar ser atacado, ele é adepto da defesa preventiva;
em 99,999% das entrevistas realizadas com Bolsonaro, todas ou a maior parte das perguntas são feitas com intenção de acusá-lo, de ofendê-lo.
Sabedor disso ela já parte no ataque, que ainda é a melhor defesa.
Qual o cidadão, ainda que uma PESSOA DE BEM, que sempre que cruza com determinado individuo é alvo de disparos de tiros contra sua pessoa, que felizmente não o acertam, não faz a opção de ao ver o individuo, que sempre o ataca, atacá-lo antes?
Parte da imprensa e, temos que reconhecer, alguns dos aliados e familiares de Bolsonaro também, obrigam o presidente a estar sempre na defensiva.]
Bolsonaro está com medo de ser pego com a
mão na botija? Não. Até porque não dá para afirmar isso por ora. É muito cedo.
Mas ele está tremendo de pavor de ver um filho seu, ou quem sabe dois deles,
acertando contas com a Justiça. A saída possível para o Zero Um fica cada dia
mais difícil. O Ministério Público já chama de “organização criminosa” o grupo
que o filho do presidente montou na Assembleia Legislativa do Rio. [o MP mesmo no cumprimento de sua função institucional, tem o péssimo hábito de usar em suas acusações, títulos de efeito e em um dos preferidos é o já famoso 'organização criminosa'.] Ele, sua
mãe, o seu irmão mais novo (o que não está na política), a ex-mulher do seu
pai, primos, amigos e funcionários do seu gabinete terão suas contas bancárias
e suas declarações de renda escarafunchadas pelo MP e pela Polícia Federal.
No total
55
funcionários, 12 pessoas da família Bolsonaro ou diretamente ligadas a ela e
nove empresas tiveram seus sigilos fiscais e bancários quebrados. [sempre oportuno, apesar de ser uma obviedade, lembrar que uma pessoa é uma pessoa, sendo diferente de outra pessoa - o CPF do presidente, dos seus filhos, demais familiares, funcionários etc, são diferentes.] Serão analisadas contas
e declarações de renda de um período de 11 anos. Foi nesse intervalo que a
mulher do presidente, Michelle Bolsonaro, recebeu cheques do assessor/motorista
Fabrício Queiroz. Dinheiro que, segundo o marido dela, foi pagamento de um
empréstimo que o então capitão deputado fez ao assessor/motorista do filho.
Esquisito? Sim, mas tudo bem. As contas abertas podem comprovar ou desmentir
esta alegação. [ser esquisito, pelo menos ainda, não é crime, seja no Brasil ou em qualquer outro ponto do planeta; e a tipificação de alguma prática como criminosa, tem que anteceder à prática e precisa ser provada.]
(...)
Como
esta hipótese
não é contemplada no caso dos Bolsonaro, a alternativa do núcleo só se romperá
quando e se o Zero Um for condenado. Se Flávio for afastado da família
compulsoriamente, em razão do resultado das investigações, a vida da família
será bruscamente modificada. Com um dos pés quebrados, o governo Bolsonaro
também sofrerá consequências, avalia Salem. A saída de um dos vértices abrirá
espaço para a possibilidade de relacionamentos construtivos que hoje estão fora
da bolha acabarem sendo absorvidos pelo núcleo dividido. Desse ponto de vista,
o resultado da investigação tem o potencial de até mudar o governo para melhor.
É disso que Bolsonaro tem medo. [é presidente, até se o seu governo melhor - e com as bênçãos de DEUS, vai melhorar - o senhor vai continuar no tronco.]
Ascânio Seleme - O Globo
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