Com a supremacia já bastante combalida, o Supremo Tribunal Federal sofre
um ataque inusitado. O ministro Dias Toffoli decidiu transformar sua
autocombustão num processo de carbonização de toda a Corte. O cérebro de um
magistrado começa a funcionar no instante em que ele nasce. E não para até que
o dono da toga se mete em conchavos políticos. O presidente do Supremo virou
arroz de festa nos salões do Poder Executivo. Nesta quinta-feira, Toffoli
participou de café da manhã oferecido por Jair Bolsonaro à bancada feminina do
Congresso. Ao discursar, o capitão sentiu-se à vontade para dizer o seguinte:
"É muito bom nós termos aqui a Justiça ao nosso lado, ao lado do que é
certo, ao lado do que é razoável e ao lado do que é bom para o nosso
Brasil."...
Mesmo quem não entende de política é capaz de compreender os lances da
politicagem. No início da semana, noutro café da manhã, Toffoli comprometera-se
com os termos de um pacto a ser celebrado entre os Poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário. No embrulho do pacto há temas que podem resultar em
demandas judiciais com potencial para escalar a pauta do Supremo —reformas
previdenciária e tributária, por exemplo. Ao dizer que a Justiça está "ao
nosso lado", Bolsonaro utiliza Tofolli (9% da composição do Supremo) para
desmoralizar os outros dez ministros (91% da Corte).
É como se o chefe do
Executivo enxergasse no Pretório Excelso, do outro lado da Praça dos Três
Poderes, um puxadinho do Palácio do
Planalto. Uma instância da qual o governo espera ouvir apenas "amém",
pois a Bic do capitão só assina "o que é bom para o nosso Brasil."
Nesse
enredo, não parece haver espaço para meio-termo. Ou o Supremo Tribunal Federal
segura Dias Toffoli ou Dias Toffoli transforma em carvão o que restou do
Supremo
Nenhum comentário:
Postar um comentário