Seguidores do judaísmo ultraortodoxo são os mais atingidos pelo “vírus que mata judeus” e um líder e ministro não seguiu as próprias regras de isolamento
A próxima quarta-feira será um dia decisivo em Israel. Começa a Páscoa judaica, ou Pessach, o feriado religioso mais importante.Para os judeus ultraortodoxos, aqueles que praticamente só se dedicam à religião, a situação é mais complicada ainda.
Problema adicional: por motivos políticos, o partido que representa judeus ultraortodoxos de origem europeia, o Agudat Israel, tem muita influência na formação sempre apertada de governos de coalizão.
Seu líder, Yaakov Litzman, ganhou o Ministério da Saúde na repartição de cargos que faz parte do parlamentarismo (conhecida no Brasil como presidencialismo de coalizão).
Segue uma dinastia – é exatamente essa a palavra – de ultraortodoxos, ou hassídicos, que nasceu na Polônia, foi quase exterminada durante o genocídio nazista e lançou ramos remanescentes nos Estados Unidos e Israel. Como em outros países, a eclosão catastrófica da pandemia alimentou ou acirrou rivalidades políticas já existentes. A tensão entre ultraortodoxos e outras correntes quase virou guerra. Litzman seguiu as orientações do governo e seu ministério recomendou o isolamento social.
Mas ele próprio continuou indo à sinagoga. Na última quarta-feira, ele e a mulher deram positivo, obrigando praticamente toda a cúpula do governo, incluindo o diretor do Mossad, a ir para a quarentena.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que está a ponto de formar um governo de união nacional como o líder oposicionista Benny Gantz, mal havia saído de uma semana de afastamento, por causa de um assessor positivo, e teve que voltar. “Ele pôs as nossas vidas em risco”, reclamou um ministro, anonimamente. No início, a epidemia explodiu nas comunidades ultraortodoxas. Em Nova Jersey, o primeiro caso veio delas. Na Inglaterra, 20% da primeira onda de infectados era de haredim, daí os murmúrios sobre o “vírus que mata judeus” – por motivos óbvios, especialmente perigosos.
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O Ministério da Saúde e seu chefe, Litzman, que está rezando “para que o Messias chegue antes da Páscoa e nos redima dos pecados do mundo”, iriam para segundo plano. Bennett também não é nada ortodoxo na campanha contra o corona: propôs que idosos e debilitados fossem totalmente isolados, enquanto os mais jovens seguiriam trabalhando para não quebrar o pais.
Bennett fez uma comparação: “Não deixaríamos um geólogo comandar a operação de resgate de um terremoto”.
“Estamos numa guerra como nunca vimos antes”.
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