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quinta-feira, 16 de abril de 2020

Troca de Mandetta é questão de tempo. Ou de nome

O Estado de S.Paulo

Mandetta sabe que o presidente busca um substituto para ele e Bolsonaro sabe que Mandetta e sua equipe estão com um pé fora

Ao dizer na estreia do Estadão Live Talks, na quarta-feira, 14, que o ministro Luiz Henrique Mandetta “fez uma falta, merecia cartão”, quando cobrou uma “fala única” do governo sobre isolamento social, o vice-presidente Hamilton Mourão não estava manifestando uma posição apenas pessoal, mas dos generais, como ele, que têm gabinete no Palácio do Planalto e compõem hoje o núcleo de bom senso do governo. (Quem diria?, a turma da guerra virou a turma do deixa-disso.)

Depois de defender Mandetta e convencer o presidente Jair Bolsonaro a moderar o tom, esse núcleo não gostou como disse Mourão com todas as letras – de o ministro manter as provocações contra o chefe nos balanços diários da pandemia e, sobretudo, na entrevista à Globo no domingo, quando admitiu que os brasileiros ficam confusos porque o presidente fala uma coisa e o ministro, outra. [regra para Mandetta e qualquer um que pretenda que o ainda ministro seja modelo:
- Ministro pensa, presidente pensa diferente.
Presidente fala o que pensa e ministro silencia e, RESERVADAMENTE, conversa com o presidente.
Se há acordo, ministro expõe de forma discreta suas ideias.
Não havendo acordo, ministro pede demissão,sai com dignidade e sem atirar  - optando por ficar, aceita a ideia presidencial.

Detalhe: informações de interesse público, adquiridas por servidor  público, no exercício de função pública, são propriedade do Serviço Público e não podem ser retidas por razões políticas.]

Além de reproduzir a posição comum dos generais, Mourão, de certa forma, também abriu caminho para Bolsonaro demitir o ministro e essa discussão esquentou ontem, quando vários nomes já pululavam na mídia e redes sociais para a Saúde e a pergunta não era mais se Mandetta seria substituído, mas quando e por quem. Um paulista, possivelmente.

Assim, o espanto foi geral quando Mandetta surgiu no fim da tarde para a entrevista diária com os fiéis escudeiros João Gabbardo e Wanderson de Oliveira, demissionário. É, no entanto, só questão de tempo. Mandetta sabe que o presidente busca um substituto para ele e Bolsonaro sabe que Mandetta e sua equipe estão com um pé fora. O coronavírus deve estar morrendo de rir.

Eliane Cantanhêde, jornalista - O Estado de S. Paulo



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