“O afrouxamento do distanciamento social, por
descoordenação entre os entes federados e forte pressão social, mostra o
risco da imunização de rebanho”
Em meados de março passado, um estudo da Universidade de Oxford, no Reino Unido — a mesma que desenvolve a vacina que está sendo testada por aqui — previa a ocorrência de 478 mil mortes pelo novo coronavírus no Brasil, o que foi e ainda é considerado um exagero. Chegaram a essa conclusão analisando os casos da Itália e da Coreia do Sul e comparando os perfis demográficos desses países com os do Brasil e da Nigéria.
Correio Braziliense - Nas Entrelinhas - 3/7/2020
“O afrouxamento do distanciamento social, por
descoordenação entre os entes federados e forte pressão social, mostra o
risco da imunização de rebanho”
Em meados de março passado, um estudo da Universidade de Oxford, no Reino Unido — a mesma que desenvolve a vacina que está sendo testada por aqui — previa a ocorrência de 478 mil mortes pelo novo coronavírus no Brasil, o que foi e ainda é considerado um exagero. Chegaram a essa conclusão analisando os casos da Itália e da Coreia do Sul e comparando os perfis demográficos desses países com os do Brasil e da Nigéria.
Correio Braziliense - Nas Entrelinhas - 3/7/2020
[Importante destacar que a falta de coordenação entre os entes federados - que deveria ser exercida por um poder central (no caso excepcional da pandemia pelo Poder Executivo) - só existe devido decisão do Supremo Tribunal Federal - STF, atribuir aos estados e municípios total autonomia na execução da política de controle da pandemia.
Devido a descoordenação citada na matéria está prevalecendo, ainda que contra à vontade dos inimigos do presidente Bolsonaro, por vias oblíquas a imunidade de rebanho defendida pelo presidente, que também defende a hidrocloroquina como preventivo à contaminação pela Covid-19.
Uma vida humana tem valor imensurável, mas a imunidade de rebanho, combinada com a cloroquina, vai apresentar um número menor de mortes do que o previsto pela universidade inglesa - que esperamos seja melhor no desenvolvimento da vacina do que nas previsões.
Com as bençãos de DEUS a previsão dos ingleses é várias vezes superior ao número de mortes que ocorrerão no Brasil, devido à pandemia.
A propósito,um dos coordenadores da política de combate ao covid-19,conforme estabelecido pelo STF, foi o governador do DF. O ilustre governante baixou um decreto estabelecendo o uso de máscaras no DF - sob pena de multa de R$2.000,00 - e ontem, 2, foi flagrado em área pública (próximo a uma UPA) sem máscara. ]
Na mesma época, dois pesquisadores brasileiros montaram um modelo
matemático em Python, que previa a ocorrência de 2 milhões de mortes no
Brasil, caso o isolamento social não fosse adotado. José Dias do
Nascimento Júnior, professor e doutor em astrofísica da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte e astrônomo associado ao
Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, e Wladimir Lyra, doutor da
New Mexico State University, compartilharam os dados com o conceituado
Centro de Ciências de Sistemas e Engenharia (CSSE, em inglês) da
Universidade Johns Hopkins.
Então, os indicadores de contaminação da Itália registravam que um
infectado passava o vírus a três ou quatro pessoas, em média, antes de
se curar ou morrer pela doença; com isso, o número de casos dobrava a
cada quatro dias. Diante das projeções, Lyra concluiu que haveria duas
maneiras de finalizar essa epidemia. A primeira é quando muitas pessoas
fossem infectadas e desenvolvessem a imunidade ao se curar. Obviamente,
nesse caso, o número de mortos poderia ser assustador. A segunda maneira
seria quando a taxa de infecção fosse menor do que a taxa de remissão. A
quarentena (ou vacina) funciona por diminuir a taxa de infecção. O
tratamento aumenta a taxa de remissão. Sem capacidade de tratamento ou
vacina, temos apenas a quarentena como medida eficaz.
Na época, no Brasil, cada pessoa infectada estava, em média,
infectando seis. Caso nada fosse feito, em dois meses, 53% da população
estaria infectada ao mesmo tempo. Isso significaria mais de 100 milhões
de casos e 2 milhões de mortos. Esses e outros estudos foram decisivos
para a adoção da estratégia de isolamento, com objetivo de achatar a
curva da epidemia e permitir que o sistema de saúde se estruturasse para
enfrentar a doença.
Caso a estratégia de “imunização de rebanho” tivesse sido adotada,
como o presidente Jair Bolsonaro ainda defende, a situação atual seria
muito pior, diria o humorista Barão de Itararé, na sua Teoria das duas
hipóteses, segundo a qual tudo pode piorar. Apparício Fernando
Brinkerhofer Torelly, genial criador do jornal A Manha, sabia das
coisas. Ou seja, é falsa ideia de que a quarentena não funcionou, mesmo
aos trancos e barrancos. E o afrouxamento da política de distanciamento
social, por descoordenação entre os entes federados e forte pressão
social sobre governadores e prefeitos, está mostrando o risco que a
imunização de rebanho ainda representa.
Tragédia anunciada
Quando os estudos foram divulgados, o Brasil tinha 413 casos
confirmados, sendo 291 em São Paulo, e registrava a primeira morte, um
homem de 62 anos, na capital paulista. Hoje, estamos próximos de 1,5
milhão de brasileiros infectados, com quase 50 mil novos contaminados e
mais de 1.200 mortes por dia. Somente o estado de São Paulo confirmou
mais 12.244 casos nas últimas 24 horas e mais 321 óbitos.
Metade das unidades federativas do país já registrou mais de mil
mortes pelo novo coronavírus. O Rio de Janeiro tem 116.823 casos e
10.332 mortes. O Pará bateu mais de cinco mil perdas, com 5.004
registros. O Ceará tem 6.284; Pernambuco, 4.968 mortes. Amazonas, 2.862;
Maranhão, 2.119; Bahia, 1.947; Espírito Santo, 1.728; Rio Grande do
Norte, 1.103; Alagoas, 1.091; Minas Gerais; 1.059; e Paraíba, 1.044. A
epidemia, agora, avança nos estados do Centro-Oeste e no Distrito
Federal.
Como na economia o estrago é enorme — a massa salarial perdeu R$ 52
bilhões, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)—,
prefeitos e governadores entraram numa espécie de salve-se quem puder.
Em muitas cidades, o isolamento social está sendo substituído pela
distribuição de um coquetel à base de hidrocloroquina, para a população
de baixa renda, que se contamina na volta ao trabalho.
Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense
Devido a descoordenação citada na matéria está prevalecendo, ainda que contra à vontade dos inimigos do presidente Bolsonaro, por vias oblíquas a imunidade de rebanho defendida pelo presidente, que também defende a hidrocloroquina como preventivo à contaminação pela Covid-19.
Uma vida humana tem valor imensurável, mas a imunidade de rebanho, combinada com a cloroquina, vai apresentar um número menor de mortes do que o previsto pela universidade inglesa - que esperamos seja melhor no desenvolvimento da vacina do que nas previsões.
Com as bençãos de DEUS a previsão dos ingleses é várias vezes superior ao número de mortes que ocorrerão no Brasil, devido à pandemia.
A propósito,um dos coordenadores da política de combate ao covid-19,conforme estabelecido pelo STF, foi o governador do DF. O ilustre governante baixou um decreto estabelecendo o uso de máscaras no DF - sob pena de multa de R$2.000,00 - e ontem, 2, foi flagrado em área pública (próximo a uma UPA) sem máscara. ]
Na mesma época, dois pesquisadores brasileiros montaram um modelo matemático em Python, que previa a ocorrência de 2 milhões de mortes no Brasil, caso o isolamento social não fosse adotado. José Dias do Nascimento Júnior, professor e doutor em astrofísica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e astrônomo associado ao Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, e Wladimir Lyra, doutor da New Mexico State University, compartilharam os dados com o conceituado Centro de Ciências de Sistemas e Engenharia (CSSE, em inglês) da Universidade Johns Hopkins.
Então, os indicadores de contaminação da Itália registravam que um infectado passava o vírus a três ou quatro pessoas, em média, antes de se curar ou morrer pela doença; com isso, o número de casos dobrava a cada quatro dias. Diante das projeções, Lyra concluiu que haveria duas maneiras de finalizar essa epidemia. A primeira é quando muitas pessoas fossem infectadas e desenvolvessem a imunidade ao se curar. Obviamente, nesse caso, o número de mortos poderia ser assustador. A segunda maneira seria quando a taxa de infecção fosse menor do que a taxa de remissão. A quarentena (ou vacina) funciona por diminuir a taxa de infecção. O tratamento aumenta a taxa de remissão. Sem capacidade de tratamento ou vacina, temos apenas a quarentena como medida eficaz.
Na época, no Brasil, cada pessoa infectada estava, em média, infectando seis. Caso nada fosse feito, em dois meses, 53% da população estaria infectada ao mesmo tempo. Isso significaria mais de 100 milhões de casos e 2 milhões de mortos. Esses e outros estudos foram decisivos para a adoção da estratégia de isolamento, com objetivo de achatar a curva da epidemia e permitir que o sistema de saúde se estruturasse para enfrentar a doença.
Caso a estratégia de “imunização de rebanho” tivesse sido adotada, como o presidente Jair Bolsonaro ainda defende, a situação atual seria muito pior, diria o humorista Barão de Itararé, na sua Teoria das duas hipóteses, segundo a qual tudo pode piorar. Apparício Fernando Brinkerhofer Torelly, genial criador do jornal A Manha, sabia das coisas. Ou seja, é falsa ideia de que a quarentena não funcionou, mesmo aos trancos e barrancos. E o afrouxamento da política de distanciamento social, por descoordenação entre os entes federados e forte pressão social sobre governadores e prefeitos, está mostrando o risco que a imunização de rebanho ainda representa.
Tragédia anunciada
Quando os estudos foram divulgados, o Brasil tinha 413 casos confirmados, sendo 291 em São Paulo, e registrava a primeira morte, um homem de 62 anos, na capital paulista. Hoje, estamos próximos de 1,5 milhão de brasileiros infectados, com quase 50 mil novos contaminados e mais de 1.200 mortes por dia. Somente o estado de São Paulo confirmou mais 12.244 casos nas últimas 24 horas e mais 321 óbitos.
Metade das unidades federativas do país já registrou mais de mil mortes pelo novo coronavírus. O Rio de Janeiro tem 116.823 casos e 10.332 mortes. O Pará bateu mais de cinco mil perdas, com 5.004 registros. O Ceará tem 6.284; Pernambuco, 4.968 mortes. Amazonas, 2.862; Maranhão, 2.119; Bahia, 1.947; Espírito Santo, 1.728; Rio Grande do Norte, 1.103; Alagoas, 1.091; Minas Gerais; 1.059; e Paraíba, 1.044. A epidemia, agora, avança nos estados do Centro-Oeste e no Distrito Federal.
Como na economia o estrago é enorme — a massa salarial perdeu R$ 52 bilhões, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)—, prefeitos e governadores entraram numa espécie de salve-se quem puder. Em muitas cidades, o isolamento social está sendo substituído pela distribuição de um coquetel à base de hidrocloroquina, para a população de baixa renda, que se contamina na volta ao trabalho.
Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense
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