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quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Imbrocháveis são os piores na cama - O Globo

Ruth de Aquino

Só não sinto pena de Michelle porque ela é cúmplice de um marido e um presidente vulgar e grosseiro Cadu Gomes / Agência o Globo

Ter a consciência de que pode brochar na hora H torna o homem mais atento às infinitas possibilidades de prazer na cama. Delegar superpoderes a seu órgão entre as pernas torna o homem limitado, pouco criativo e inapto para uma relação amorosa a longo prazo. Todo homem real e sensível brocha algumas vezes na vida – e isso não afasta mulheres. Pode aproximar. 

                                          @wagner8483

 

Nada é mais brochante para uma mulher do que machos que restringem o ato sexual a uma penetração forte e incessante, às vezes dolorosa. Muitos desses homens que superestimam o próprio pau acabam sofrendo de ejaculação precoce, e isso sim é um problema. Moles prematuramente, sem respeitar o tempo da companheira, eles não sabem mais o que fazer, a não ser virar para o lado e dormir. Satisfeitos consigo mesmos, brochas na cabeça e na emoção. Nunca ouviram uma frase atribuída ao poeta Vinicius de Moraes: “Enquanto eu tiver língua e dedo, mulher nenhuma me mete medo”.

“Só não brocha nunca quem não transa nunca”, diz o psicanalista Luiz Alberto Py. “Time que não joga não perde. Brochar é parte do jogo, da brincadeira sexual. Vangloriar-se do que nunca aconteceu é patético. Resumir o sexo a uma demonstração de desempenho e virilidade não é se relacionar. Na verdade, revela o medo da tarefa. Homens que transformam o sexo em relação de domínio e superioridade têm medo da mulher”.

Machos que se divulgam infalíveis na ereção não são apenas tolos e mentirosos. São injustos com eles mesmos. Primeiro porque a infalibilidade, em qualquer aspecto da vida, na cama ou fora, não é humana. E segundo, porque a pressão de não falhar funciona ao contrário. Aumenta a ansiedade, a insegurança, o estresse. Destinado a relaxar, o sexo se torna desafio nada saudável. A cobrança leva a brochar. E impede o homem de enxergar a mulher e seus desejos.

Fala-se muito sobre o orgasmo da mulher, que tem nuances, exigências, pode ser múltiplo mas também pode ser fingido. Mulheres têm mais facilidade de conversar sobre suas relações. Os homens, quando garotos disputam quem faz pipi mais longe e quem é mais bem dotado, quando jovens disputam quem transa mais em número e qualidade, quando homens silenciam entre si. Ou mentem, como o atual presidente. Em público. Só não sinto pena de Michelle porque ela é cúmplice.

A ‘disfunção erétil recorrente’ pode ser tratada, psicologicamente ou com medicamentos. Esse nome pomposo é diagnóstico médico para homens que não ficam nunca de pau duro. Um dos remédios é o Viagra, que Jair Bolsonaro mandou comprar para as Forças Armadas com dinheiro público: foram mais de 35 mil comprimidos.

Mas existe algo pior e muito mais difícil de tratar: a disfunção emocional do atual presidente, que beira a psicopatia, como já abordei no texto “Bolsonaro não é louco”. Reproduzo aspas do psicanalista Joel Birman: “A psicopatia não é uma loucura no sentido clássico, mas uma insanidade moral, um desvio de caráter de quem não tem como se retificar porque não sente culpa ou remorso”. Os psicopatas são autocentrados. A palavra psicopatia vem do grego psyché, alma, e pathos, enfermidade. 

[a ilustre jornalista demonstra conhecer profundamente o tema e em várias áreas.]

Falta amor, não ereção.

Ruth de Aquino, colunista - O Globo 

 
 

 

quinta-feira, 9 de junho de 2022

Golpe nas eleições: ministro da Defesa cita artigo 142 da Constituição

Questionado sobre o assunto, na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados, Paulo Sérgio Nogueira, apenas citou o artigo

O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, se limitou, nesta quarta-feira (8/6), a ler o Artigo 142 da Constituição quando questionado se as Forças Armadas apoiariam um eventual golpe orquestrado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

 (crédito: Billy Boss/Câmara dos Deputados)

 (crédito: Billy Boss/Câmara dos Deputados)

Nogueira participa de uma audiência na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados, onde presta informações sobre temas polêmicos envolvendo militares.

Confira o artigo 142 citado pelo ministro:

“As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.”

Mais cedo, Paulo Sérgio Nogueira afirmou que as compras de viagra e de próteses penianas pelas Forças Armadas "atenderam todos os princípios de eficiência da Administração Pública".

"Como qualquer cidadão, os militares, seus pensionistas e demais usuários dos sistemas de saúde das Forças Armadas, têm direito a atendimento médico especializado. Assim, possuem acesso a consultas de qualidade e procedimento médico, hospitalar e dentário, para o qual contribuem mensalmente, e coparticipam de despesas em caso de procedimentos, exames e internações", afirmou o ministro da Defesa.

Política - Correio Braziliense


sexta-feira, 22 de abril de 2022

AVULSAS

QUEM? QUEM?

PADRÃO GLOBOSTA DE JORNALISTEIRISMO

ENDURECEU E METEU

A SEXTA-FEIRA AINDA NÃO TERMINOU…

[do alto da nossa notória ignorância jurídica garantimos que o Decreto de GRAÇA CONSTITUCIONAL não pode ser anulado no tocante ao perdão penal; quando a elegibilidade do parlamentar pode prosperar discussão e ser até uma moeda de troca; Tudo indica que  a esposa do parlamentar, Paola Daniel  - que deu uma tuítada enquadrando o Arthur Lira, começou chamando-o de covarde  - está se preparando para ser candidata a deputada federal e com certeza será eleita.] 

Jornal Besta Fubana

 

quinta-feira, 21 de abril de 2022

Governadora petista comprou 900 comprimidos de Viagra

Em 2021, a administração de Fátima Bezerra (PT-RN) gastou quase R$ 9 mil na aquisição dos medicamentos

O governo do Rio Grande do Norte adquiriu 900 comprimidos de Viagra em 2021, informou, nesta segunda-feira, 18, a Rádio 98 FM. A depender da dose, o medicamento é indicado para o tratamento de impotência sexual ou doenças como a hipertensão arterial pulmonar. “A compra de 900 comprimidos de sildenafila 20 miligramas no ano passado, segundo consta no Portal da Transparência, se dá com o objetivo de tratamento médico de hipertensão pulmonar, como aponta a dosagem contida nos comprimidos, e ocorreu por força de medida judicial, requisitada por um paciente, em razão da demora de fornecimento do medicamento por parte do Ministério da Saúde”, explica a Secretaria Estadual de Saúde Pública, em nota.

Segundo a reportagem, a compra foi efetuada em julho de 2021, junto à empresa Uni Hospitalar Ltda. O governo comprou dez caixas de sildenafila 20 miligramas, o princípio ativo do Viagra, por R$ 8,7 mil. O lote foi entregue à Unidade Central de Agentes Terapêuticos (Unicat)

O governo petista também homologou duas cotações para a aquisição futura de até 340 mil comprimidos. As duas atas foram publicadas em 2019 e 2020 no Diário Oficial do Estado e preveem a aquisição dos medicamentos.

Na Revista Oeste - MATÉRIA COMPLETA

sábado, 19 de fevereiro de 2022

A cura da velhice - Dagomir Marquezi

Revista Oeste 

Paul McCartney, num show em Nova Iorque | Foto: Debby Wong/Shutterstock
Paul McCartney, num show em Nova Iorque | Foto: Debby Wong/Shutterstock

“Eu poderia ser útil, consertando um fusível / Quando suas luzes apagarem / Você pode tricotar um suéter ao lado da lareira / As manhãs de domingo são reservadas para um passeio / Cuidando do jardim, arrancando as ervas daninhas / Quem poderia pedir por mais?”

Dia 18 de junho, Paul vai completar 80 anos. E ele não para: compõe, grava discos, protagoniza clipes, produz um filme de animação para a Netflix e prepara novas versões de seus discos Flaming Pie e McCartney. E agora vai voltar à rotina maluca de shows pelo mundo com o tour Got Back, que começa nos Estados Unidos em abril. 

O ex-Beatle é o símbolo do novo “velho”; 80 anos não é mais obrigatoriamente a idade para se mudar para uma casa de repouso. Tem gente, claro, que junta dinheiro para se aposentar aos 60 e passar o resto de seus dias sem fazer nada. Mas essa não é mais a regra. Já não existe mais um limite para a produtividade do ser humano. 

Ter 100 anos já não é tão raro. Kane Tanaka, a pessoa mais velha do mundo, chegou aos 119. Ela quer comemorar seus 120 (em 2 de janeiro de 2023). Credita sua longevidade a alguns fatores: “fé em Deus, família, sono, esperança, boa comida e à prática da matemática”. Imagine que no Império Romano e na Idade Média as pessoas morriam de velhas entre 20 e 30 anos.

Kane Tanaka, a pessoa mais velha do mundo | Foto: Reprodução
O copo cheio
Estamos nos movendo para viver cada vez mais. E até mesmo viver para sempre. Poderá chegar o momento em que a velhice seja considerada uma doença. E, como as outras doenças, se tornar evitável e reversível. Podemos chegar a um ponto em que as pessoas não morram mais. Mas isso ainda é uma ideia distante. E eticamente discutível.

O objetivo por enquanto não é a vida eterna. É a chamada healthspan”. Ou seja: o número de anos que as pessoas podem viver bem, sem doenças. Pesquisas estão buscando esse aumento de tempo em que o ser humano não envelheça, ou envelheça o mínimo possível. 

A revista britânica Science Focus, da BBC, dedicou uma capa a essa possibilidade com a chamada “Por que não temos mais que envelhecer”. Segundo a reportagem da BBC, 80% da população mundial acima dos 65 anos de idade possui algum tipo de doença crônica; 68% dessa população possui duas ou mais doenças crônicas. 

Nos próximos 30 anos, calcula-se que o número de pessoas acima de 65 anos vai duplicar e chegar a 1,5 bilhão. Ou seja: pelas atuais condições, 1,2 bilhão de pessoas vão ter uma doença crônica. Pouco mais de 1 bilhão terá duas ou mais. Podemos ver esses números do jeito “copo meio vazio”: vamos precisar de muito dinheiro para aposentadorias e serviços médicos especializados para idosos. 

Ou, como Jim Mellon, presidente da empresa Juvenescence, enxergar o “copo meio cheio”: “Se nós tivermos uma droga que some mais um ou dois anos à duração da vida, teremos trilhões de dólares a mais na economia mundial, porque as pessoas serão produtivas por mais tempo e não teriam todas essas morbidades que custam tanto aos nossos sistemas de saúde”.

Os nove passos para o envelhecimento
O envelhecimento é o maior fator de risco para o câncer e para doenças cardiovasculares e neurodegenerativas. A reportagem da Science Focus lista nove passos que fazem a velhice se tornar um gatilho para doenças:
  1. o DNA se torna instável, possibilitando a ocorrência de mutações;
  2. as células têm mais dificuldade para se comunicar umas com as outras;
  3. as pontas dos cromossomos, conhecidas como telômeros, começam a se desfazer;
  4. células velhas e desgastadas se acumulam e causam danos;
  5. pequenas “baterias” celulares, chamadas mitocôndrias, tornam-se defeituosas;
  6. células-tronco, que podem ajudar a reparar o tecido, ficam esgotadas;
  7. ocorrem mudanças epigenéticas — alterações químicas que não afetam a sequência de DNA, mas afetam a atividade do gene;
  8. as células se tornam menos capazes de produzir e manter proteínas-chave;
  9. a detecção de nutrientes torna-se falha.

A teoria em desenvolvimento parte de um princípio simples: se você corrigir esses nove problemas, poderá prevenir ou adiar muitas das doenças associadas com a velhice. Pesquisadores estão procurando o caminho para essa nova era.

Ressacas e telefonemas de gente chata
A Universidade de Connecticut tem um Centro de Estudos sobre Envelhecimento. Células envelhecidas foram transplantadas para ratos — e a saúde deles decaiu. Em seguida, os pesquisadores usaram nas cobaias um coquetel de duas drogas senolíticas: quercitin e desatinib. As células “rebeldes” foram destruídas. Os ratos se tornaram mais robustos. Desenvolveram músculos mais fortes, tornaram-se mais ativos e viveram mais.

Esses ratos receberam as drogas com dois anos de idade. Em termos de idade humana, segundo o doutor Ming Xu, da Universidade de Connecticut, “é o equivalente a uma pessoa iniciar seu tratamento com 70 ou 80 anos e ter sua vida estendida por cinco ou seis anos”. Segundo a Science Focus, os medicamentos usados na experiência são baseados em pigmentos achados em plantas e vegetais e perfeitamente seguros para humanos. Quercitin já é usado como suplemento dietético e o desatinib, como remédio para leucemia.

Outros estudos mostram que drogas senolíticas podem “adiar, prevenir ou amenizar” mais de 40 doenças, incluindo câncer e várias moléstias do coração, fígado, rim, pulmão, olhos e cérebro. Outras consequências positivas estão sob estudos em casos de diabetes, artrite e doença de Alzheimer. Drogas senolíticas, por definição, retardam o envelhecimento das células.

O maior problema de desenvolver esse projeto com rapidez é o fato óbvio de que o envelhecimento humano é lento. E os estudos devem seguir o ritmo desse envelhecimento para chegar a conclusões seguras. Uma saída encontrada para acelerar esses estudos é o Dog Aging Project (Projeto Envelhecimento de Cães), que está sendo desenvolvido nos EUA. Cães envelhecem sete vezes mais rápido que os humanos, o que pode acelerar os resultados. 

O Dog Aging Project acompanha 500 cães em suas casas tomando um remédio chamado rapamycin, que pode esticar suas vidas, com qualidade, por quatro anos “humanos” — que equivalem a 28 anos “caninos”. A experiência, além dos possíveis resultados, inova pelo método: os animais são estudados com maior precisão em seus lares, longe da crueldade e do artificialismo dos laboratórios.

O paradigma médico hoje, segundo a reportagem da Science Focus, é que o envelhecimento ainda é visto como uma inevitabilidade desagradável da vida, “como ressacas e telefonemas de gente chata”. Para que a indústria farmacêutica gere novos medicamentos e tratamentos, é preciso mudar esse paradigma. 

Um grão de sal
Enquanto esse reconhecimento não vem, o jeito é pegar um atalho. O doutor Nur Barzilai, do Instituto de Envelhecimento do Albert Einstein College of Medicine, em New Iorque, deu um jeito de avançar nas pesquisas sem quebrar o velho paradigma. Ele está explorando um remédio para diabéticos chamado metformin. Barzilai se apoia num estudo britânico de 2014 que mostra que, entre 150 mil pessoas estudadas, os diabéticos que tomavam metformin viviam mais tempo que os não diabéticos que não o tomavam.

Barzilai hoje faz parte de um projeto chamado Tame, que quer dizer Targeting Aging with Metformin (algo como “Atirando no Envelhecimento com Metformin”). Durante quatro anos, 3 mil adultos entre 65 e 80 anos que não possuem diabetes vão receber metformin. O objetivo é observar a capacidade da droga em adiar doenças relacionadas com a velhice. Ou seja, conferir se a metformin é capaz de prolongar nossas vidas. Os usuários de Viagra sabem que essa não seria a primeira vez que um remédio para uma causa acaba resolvendo outro problema.

Teremos mais chances de realizar nossos sonhos levando uma vida saudável e produtiva

Não são apenas drogas genéricas como o metformin que poderão nos fazer viver mais e melhor. A medicina está numa fase de profunda revolução tecnológica que tende a mudar radicalmente as regras do jogo. Veja o exemplo da câmera do tamanho de um grão de sal criada por pesquisadores da Universidade Princeton e da Universidade de Washington. Sua qualidade de imagem equivale a câmeras 500 mil vezes maiores. 

Sua primeira perspectiva de uso era tornar a endoscopia mais simples e menos invasiva. Basta engolir o “grão de sal”. Mas continuando nesse ritmo podemos pensar numa câmera capaz de entrar na nossa corrente sanguínea e registrar o estado de nossas veias e artérias nos mínimos detalhes, como nos filmes Viagem Fantástica e Viagem Insólita.

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Leia também “A morte lenta da noite”

Dagomir Marquezi, colunista - Revista Oeste

 

quarta-feira, 2 de junho de 2021

“Tratamento precoce”: o próximo tabu a cair após a origem laboratorial? - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino

Covid-19

Por Eli Vieira*, especial para a Gazeta do Povo

A mudança de tom sobre a plausibilidade de o SARS2, vírus causador da pandemia, ter se originado em laboratório foi uma das maiores reviravoltas na cobertura de opiniões de especialistas na imprensa nas últimas décadas. Ao ponto de a revista eletrônica Vox ter sido pega editando silenciosamente um artigo do ano passado para amenizar o tom de certeza que tinha dado para a origem natural do vírus — o jornal Washington Post fez a mesma coisa. O Facebook parou de censurar artigos que defendessem a origem laboratorial — mas continuará insistindo em não dar liberdade de expressão aos usuários, apesar do fiasco (de fato, mal escrevi as linhas acima, fui censurado lá por esse motivo). Até o governo Biden andou se movimentando para exigir uma investigação melhor das origens do vírus, já que a da OMS não serviu.

 Carta à Science quebra “mordaça” da narrativa sobre a origem da Covid


 Caixa com ivermectina, um dos medicamentos usados no chamado tratamento precoce da covid-19 - Copyright © 2021, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

Assim como se revelaram apressadas a afirmações peremptórias contra a origem laboratorial do vírus, é bem possível que aconteça uma outra virada e uma outra reedição de afirmações contra todo e qualquer tratamento precoce da doença que ele causa, a Covid-19. Não faltam exemplos, entre influenciadores da mídia tradicional e da nova mídia, de quem decretou que as soluções quase improvisadas dos médicos para tratamento precoce seriam indignas de confiança, talvez pseudocientíficas, certamente “negacionistas” — o adjetivo lamentável da moda que foi cunhado originalmente para malucos que duvidam do Holocausto dos judeus.

Há uma grande intersecção entre o grupo que descartou cedo demais a origem laboratorial e o grupo que ainda afirma a ineficácia de todo e qualquer tratamento precoce. Merecem uma segunda chance? É o que analisaremos aqui. Primeiro, deixemos claro do que estamos falando: tratamentos precoces são intervenções pré-hospitalares (os italianos dizem “tratamento domiciliar”), com a intenção de que aliviar os sintomas da Covid-19, e, de preferência, impedir que esses sintomas se agravem e o paciente seja hospitalizado. Há um segundo significado relevante para “precoce”, aqui: que esses tratamentos devem ser aplicados assim que os sintomas começam, pois os efeitos podem ser sensíveis ao tempo.

O tratamento precoce não foi proposto como cura originalmente, mas como esperança. Havia um senso de urgência. Como disseram pesquisadores italianos numa revisão de tratamento domiciliar de meados de 2020, mencionando pedidos de conselho vindo de médicos da América Latina: “Você só pode contar com evidências muito escassas na literatura e com seu próprio conhecimento para administrar os sintomas dos seus pacientes, e com a experiência” dos autores.

Uma resposta definitiva na ciência demora muito, e, quando chega aos livros-textos, já é tarde demais para uma primeira resposta a uma nova doença. Não só a busca de alternativas é prerrogativa médica, é bem possível que seja uma obrigação médica nessas situações. Essa investigação clínica antecede a aplicação da pesquisa científica na medicina. A primeira pode ser tão bem feita quanto a última, a qual pode vir para confirmar o que foi originalmente descoberto na prática clínica.

Como julgar os estudos

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HCQ: onde a evidência é mais frágil, mas ainda existente

A primeira droga de tratamento precoce a se tornar notória foi a hidroxicloroquina (HCQ), por causa dos resultados de sua aplicação junto ao antibiótico azitromicina pelo médico Didier Raoult. Agora sabemos que os resultados de Raoult eram bons demais para serem verdade. Mais do que isso, os estudos de HCQ conduzidos em pacientes graves o suficiente para serem hospitalizados — os que entraram na chamada “fase inflamatória” — indicam que a droga não é eficaz numa etapa mais adiantada. Mas isso não significa que a eficácia da HCQ no contexto precoce foi totalmente descartada.

O que aconteceu com a HCQ foi que os estudos repetidamente chegaram perto do limiar estatístico convencionalmente aceito para afirmar a eficácia, sem ultrapassá-lo. O fato de os estudos terem se aproximado do limiar repetidamente é sugestivo: pode ser que haja um efeito, porém não muito forte, ou que é mascarado por variáveis como estágio da doença ou pelo tamanho insuficiente da amostra.  Esse limiar é definido através do “valor p”, uma medida estatística que corresponde grosseiramente à probabilidade de o resultado ter sido atingido por “pura sorte”, sem haver realmente eficácia. A convenção metodológica nas últimas décadas, especialmente nessa área, tem sido que não se tolera que esse valor p ultrapasse 5%.

Porém, ao se afirmar a ineficácia da HCQ com base no valor p acima de 5% — às vezes apenas ligeiramente acima — está havendo uma amnésia coletiva dos comentaristas científicos: há poucos anos, em 2019, muitos cientistas propuseram o abandono dessa convenção, ou ao menos de uma interpretação comum dela que é a que vemos em quem afirma ineficácia total da HCQ com base nela. Valentin Amrhein e mais de 800 signatários disseram à Nature que a interpretação dicotômica do valor p deve ser abandonada. De fato, os estatísticos profissionais sempre souberam que, se o p for maior que 5%, isso não significa que a hipótese da eficácia foi descartada, ou que a hipótese da ineficácia deve ser aceita.

Entre as drogas propostas para o tratamento precoce, é verdade que a HCQ não é a estrela, embora haja no conjunto agregado dos estudos do seu uso precoce uma redução de cerca de 25% na taxa de hospitalização, comparando o grupo experimental com o grupo consolidado de placebo. As estrelas são outras.

As estrelas do tratamento precoce

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Por que tanta resistência contra todo tratamento precoce?

  • Política. O que acontece com propostas que são politizadas é que, para sinalizar membresia à tribo política associada a elas, algumas pessoas se engajam no autoengano propagandista de prometer o que não foi prometido originalmente. E, reativamente, tribos políticas rivais passam a exagerar para o outro lado, declarando-se detentoras de provas definitivas de que essas propostas não funcionam e até que são imorais. A verdade não está necessariamente no meio, assim como a razão não costuma ser a média entre duas loucuras. Mas a verdade é alcançável pela mente paciente e menos atada por compromissos tribais, e os estudos são um auxílio para escapar dessa arapuca, embora alguns possam ser influenciados por ela. Um ingrediente constante da politização é a hipérbole: um lado acusa o outro de homicídio por propor solução ineficiente, e o outro devolve a acusação dizendo que ignorar soluções possíveis é aumentar o número dos que sofrem hospitalizados e mortos.
  • Falsa dicotomia entre tratamento precoce e vacinas. Quem contrai Covid-19 entre uma dose e outra da vacina, ou antes de ter a oportunidade de ser vacinado, poderia ser beneficiado com o alívio dos sintomas e o efeito protetivo do tratamento precoce. E quem se tratou precocemente com sucesso adquiriu uma imunidade que pode desafogar a fila da vacina, sendo posto na baixa prioridade.
  • Má interpretação estatística dos estudos. Este motivo mais técnico explica a resistência de alguns especialistas. É preciso lembrar que a maioria dos pesquisadores não é especializada em estatística, e a usa como uma ferramenta, às vezes em programas de computador cujo funcionamento não entendem completamente. Aderem a interpretações míopes do valor p sem perícia estatística.
  • Captura de órgãos regulatórios e de aconselhamento médico pelas razões acima, e adesão acrítica a eles. Esses órgãos, como a OMS, a FDA e o NIH, podem ser presa fácil das más interpretações de estatística. Os bons observadores viram, especialmente no começo da pandemia, o quanto esses órgãos podem ser falhos. A OMS chegou a desencorajar as máscaras.
  • Conflito de interesses. A Merck, fabricante da ivermectina, lançou uma nota alegando que a droga não tem eficácia para a Covid-19. A ivermectina é barata e dá pouco lucro, especialmente depois de a Merck ter distribuído bilhões de doses em 49 países antes da pandemia. É mais interessante economicamente para a Merck promover uma nova droga (como Monulpiravir) que está lançando contra a doença. Aqui, não se deve ver necessariamente esse conflito como consistindo em malícia e planejamento vilanesco. As pessoas são perfeitamente capazes de defender seus interesses inconscientemente, com o autoengano. Não que farmacêuticas sejam famosas por errar por boas intenções... especialmente considerando que a Merck já foi acusada de fazer campanha de assassinato de reputação contra médicos.
  • Alegações de riscos das drogas. Aqui, recomenda-se olhar avaliações de riscos das drogas que antecedem a politização do tratamento precoce para a Covid-19. A ivermectina é usada há décadas sem grandes pânicos, e nos estudos de Covid-19 não foram observadas grandes complicações. Não é difícil exagerar riscos para qualquer droga: até o paracetamol pode matar em doses altas. Além disso, as bulas de remédios não são documentos científicos, mas documentos que conscientemente erram do lado da cautela: incluem todo tipo de complicação que os pacientes passam na fase de testes, mesmo sem evidências de que essas complicações vieram do medicamento. É por isso que as bulas são tão medonhas.
Conclusão
Seria de se esperar que pessoas interessadas em ajudar os pobres teriam como uma das primeiras reações a uma pandemia a procura por algum tratamento já disponível, barato e seguro. Não às cegas, pois existem milhares de tratamentos e drogas e o tempo é premente, mas com base em plausibilidade bioquímica e espectro de ação. Infelizmente, essa expectativa encontrou os empecilhos acima.
A medicina está cheia de acidentes faustos em que uma droga que havia sido pesquisada para um propósito se revela útil para outro. 
O sedativo brometo de potássio foi proposto no século 19 como uma droga antimasturbatória. 
O carbolítio (carbonato de lítio) foi proposto para bipolares porque há semelhanças de alterações de humor deles com quem sofre de gota, que advém de muito ácido úrico no sangue, que o carbolítio cortaria. 
 
Mas bipolaridade nada tem a ver com ácido úrico: outras formas de cortar o ácido úrico no sangue dos bipolares não surtiam efeito. O carbolítio de fato modula o humor, mas o mecanismo de ação proposto (a “comprovação”) era falso. O primeiro ansiolítico era um aditivo conservante para a penicilina.  
O famosíssimo Diazepam era só uma tintura para observar amostras de tecido biológico em microscópio. 
E, outro caso famoso, o Viagra foi estudado inicialmente como tratamento para hipertensão e angina. Não seria uma surpresa muito grande, nem um caso singular, se alguma droga já aprovada para outras doenças pudesse ter algum efeito para tratar Covid-19.

Portanto, a busca de tratamento precoce via reutilização de remédios deveria ser um dos primeiros passos no curso de ação rápida quando uma nova doença aparece. As “evidências anedóticas” dos médicos na prática clínica podem ter valor, e muitos medicamentos eficazes hoje vieram exatamente delas, sem falar em medicamentos que começaram como chás populares.

Os médicos são mais capazes de fazer essas decisões quando estão em dia com o conhecimento científico relevante. Porém não deve ser exigido deles que apliquem o rigor máximo científico onde ele não é nem necessário nem há tempo hábil para ele. Existe rigor clínico, rigor da experiência, que merecem respeito assim como o conhecimento científico, e seu valor foi provado em milênios de prática médica. O que os médicos observam leva a análises mais rigorosas que podem confirmar as suas conclusões, como discutido aqui.

De acordo com as evidências atuais, é possível afirmar que houve um tabu midiático e de profissionais, instituições e empresas com conflito de interesses para suprimir, impedir e silenciar o uso de tratamento precoce para Covid-19, assim como houve a respeito da hipótese de o vírus ter vazado de um laboratório na China. O custo em bem-estar e até em vidas é incalculável. Uma segunda revisão de posturas públicas está por vir.

*Eli Vieira é biólogo geneticista com pós-graduação pela UFRGS e pela Universidade de Cambridge, Reino Unido.

Ideias - Gazeta do Povo


domingo, 16 de maio de 2021

A (boa) vida sexual na terceira idade



Mostra nas ruas do Reino Unido traz fotos de idosos em cenas sensuais e deflagra o debate sobre o assunto

Há poucos dias, as ruas do Reino Unido foram tomadas por centenas de imensos painéis com fotos em preto e branco expondo cinco casais nus, em situações sensuais. Eles mostram beijos ardorosos, mulheres insinuando o prazer da masturbação e homens em abraços íntimos. Não fariam muito barulho, em cidades que aos poucos retomam a rotina da pandemia controlada, não fosse a idade dos personagens, dos 65 aos 87 anos. A campanha, batizada de Vamos Falar sobre a Alegria do Sexo na Terceira Idade, foi criada pela ONG britânica Relate em parceria com a agência de publicidade Ogilvy. “Há um grande pudor a respeito do tema, e no Brasil não é diferente”, disse a VEJA o brasileiro Dedé Laurentino, diretor-geral da empresa de propaganda. “O silêncio não significa que não tenham vida sexual.”

A ruidosa ação publicitária escancara uma discussão que já deveria ter sido deflagrada há tempos. O estereótipo de uma velhice assexuada vem sendo derrubado por pesquisas recentes. Levantamento feito com idosos, conduzido pela Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, mostrou que para 74% dos entrevistados o sexo é fundamental no relacionamento (veja no quadro abaixo). No Brasil, o pioneiro site de relacionamento Coroa Metade, cujo inventivo nome e os seguros protocolos de acesso ajudaram a atrair mais de 600 000 cadastrados, pediu, em uma pesquisa recente, que os inscritos, todos na maturidade, indicassem o grau de relevância de diversas características dos pares em busca de companhia. Para 42% dos homens, ser “bom de cama” foi classificado como “muito importante”.

A vida sexual longeva, porém, é conquista recente. Ela está associada às mudanças morais da sociedade, especialmente em relação às mulheres. Até bem pouco tempo atrás, era comum, aos primeiros sinais do envelhecimento do corpo, elas deixarem de procurar um parceiro. 
Com a menopausa, o estrógeno diminui drasticamente, atingindo o desejo e a lubrificação. 
No corpo masculino, a produção da testosterona, o hormônio sexual, começa a cair aos poucos a partir dos 40 anos, mexendo na libido e na ereção. A medicina hoje, contudo, é capaz de driblar parte dos problemas.
 

Os homens são os mais beneficiados, com uma diversidade de remédios que estimulam e ereção. Na ponta do lápis: cerca de 70 milhões de prescrições do Viagra, o mais antigo medicamento de sua categoria, já foram emitidas em todo o mundo. As mulheres podem recorrer à reposição hormonal e a cremes. São avanços notáveis. “Um homem e uma mulher de 70 anos podem ter hoje uma qualidade no relacionamento sexual semelhante ao que mantinham aos 50 anos”, diz a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da USP.

A atividade sexual, não há dúvida, prolonga a vida. O hábito regular, seja na frequência que for, eleva os níveis de hormônios, como a oxitocina, que ajuda a reduzir o stress, e aumenta os níveis de imunoglobulinas, responsáveis pelo combate a infecções. Convém dar as mãos ao poeta irlandês William Butler Yeats, que, em 1938, cunhou uma bela frase: “Parece-te horrível que luxúria e ira cortejem a minha velhice; quando jovem não me flagelavam assim”.

Publicado em Saúde - VEJAedição nº 2738, de 19 de maio de 2021