É algo mais ou menos entre o genocídio e a rachadinha – é menos falado do que ambos, certamente, mas impressiona muito a parte da oposição nacional que se considera mais culta, inteligente e civilizada.
A política externa brasileira, dizem todos, é uma calamidade que conduziu o Brasil a um “completo isolamento” perante a comunidade das nações e fez de nós, os brasileiros, párias num mundo que não tolera mais, hoje em dia, o “populismo”, o “direitismo”, o “fascismo” e tudo o mais que marca esse governo que está aí.
No mundo dos fatos objetivos, porém, as coisas acontecem de maneira exatamente oposta à que é descrita pela oposição.
Nada poderia comprovar isso de forma mais clara do que a seguinte realidade: nunca, como neste momento, o Brasil esteve tão próximo de entrar na OCDE, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a mais séria, prestigiada e relevante entidade internacional em operação atualmente no mundo.
A OCDE, com seus critérios extremamente rigorosos para a admissão de membros, é onde se juntam as democracias mais bem sucedidas do Primeiro Mundo, aquelas que demonstram competência comprovada em todas as questões-chave de boa governança e praticam o respeito pela liberdade econômica.
Estar na OCDE é estar entre os países que mais deram certo num mundo cada vez mais errado.
Não é uma ONU, ou coisa parecida. Lá vagabundo não entra.
O Brasil, se tudo der certo, e se as
atuais estratégias administrativas e econômicas forem mantidas, deverá ser
um dos próximos membros da OCDE. É preciso, para
isso, cumprir toda uma longa série de exigências; ainda vai levar,
segundo as estimativas de hoje, entre três e cinco anos para o país completar
as condições que são requeridas para a admissão. Mas o
ingresso do Brasil deixou de ser uma meta, ou um objeto de discursos: passou
a ser um processo em andamento com possibilidades reais de sucesso.
É mais do que se conseguiu em qualquer época de política externa “equilibrada”,
“globalista” e fiel ao “politicamente correto” – aquela época, já
distante, em que Leonardo
DiCaprio não
falava mal do Brasil, o presidente
da França
não dizia que a Amazônia “está em chamas” e a menina
Greta nem sabia
que a gente existia.
Hoje o Brasil é o bandido do mundo para as classes intelectuais, os artistas, as
ONGs, os cientistas de circunstância, as entidades de “defesa dos índios”, os
executivos de multinacionais “inclusivas” e os despachantes de interesses
ocultos. Mas
sua agricultura e pecuária estão batendo todos os recordes de exportação, e
se transformaram numa peça-chave para a segurança alimentar do mundo.
Não há nenhuma grande empresa global sem presença ativa no país. Os
investimentos estrangeiros no Brasil, um elemento essencial na definição do
grau de respeito desfrutado por qualquer país na comunidade internacional,
foram de 50 bilhões de dólares no ano passado, com pandemia e tudo – 80% a
mais, simplesmente, do que em 2020.
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Em todo o
mundo, o Brasil ficou em sexto lugar entre os que mais receberam capital
estrangeiro em suas economias em 2021 – abaixo
apenas dos Estados Unidos e da China, como não poderia deixar de ser, e de Cingapura, Hong Kong e Canadá, longamente estabelecidos como grandes imãs do
investimento mundial.
O Brasil, segundo os “especialistas”, estaria praticamente rompido com
os Estados Unidos e o seu presidente Joe Biden. Na última cúpula dos países
americanos em Los Angeles, presidida por Biden, o Brasil foi perfeitamente bem
recebido; quem não estava lá, por desconvite, eram Venezuela, Cuba e
Nicarágua, justamente os países deixados na geladeira pela atual política
externa do Itamaraty. Há, enfim, a evolução da entrada na OCDE.
Isolamento? É melhor estar isolado assim do que integrado
num mundo onde os países mais importantes são as mencionadas Venezuela,
Nicarágua e Cuba, mais as ditaduras africanas,
as organizações “palestinas” e grupos terroristas muçulmanos
– um resumo de tudo que dá errado, destrói a democracia, gera pobreza e
causa morte, e que tanto atrai o amor e o afeto da
oposição brasileira.
J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo – VOZES
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