Análise Política
É provável que o pacote de benefícios sociais aprovado pelo Congresso,
somado ao esforço governamental para reduzir o preço dos combustíveis ao
consumidor final, [esforço que já apresenta resultados - em Brasília já tem postos vendendo gasolina a preço inferior a R$ 6,00.] ajude o presidente Jair Bolsonaro a vitaminar seus
índices nas pesquisas de avaliação dele e do governo. E nas eleitorais.
Até por haver uma correlação estatística conhecida entre as taxas de
aprovação de governos e a probabilidade de governantes serem
reconduzidos.
É natural, portanto, que a oposição busque apresentar essas medidas como
provisórias e voltadas unicamente à eleição. [lembrando que a parte inteligente da oposição, ou menos burra,e também os que ainda cultural algum patriotismo, votou a favor das medidas = é notório que só o descondenado petista e alguns devotos são favoráveis a que a população continue passando fome, inclusive aumentando o número de famintos.] O que pressionará os
candidatos, todos eles, a assumir o compromisso de mantê-las caso
eleitos. É possível até que alguma iniciativa venha a progredir nesse
sentido no Congresso ainda durante a campanha. Ainda não se inventou um
sistema em que eleições periódicas com vários partidos estejam imunes ao
“eleitoralismo”.
Bolsonaro tem três desafios de momento na batalha dele morro acima:
1) evitar que Luiz Inácio Lula da Silva vença no primeiro turno,[com quais votos?quem, caso não desista da candidatura, tem que tentar, de forma desesperada e inútil, vencer no primeiro turno é o Luladrão.]
2) melhorar o desempenho nas projeções de segundo turno, para impedir corrosão ainda maior da sua expectativa de poder e, [daqui para a frente a corrosão vai ser nos outros.]
3) evitar ser ultrapassado por alguma surpresa da “terceira via”. No momento, o menos complicado para ele é o terceiro desafio, dada a anemia do centrismo.[temos terceira via? se houver uma, será com a Tebet? o Ciro? a Marina? o Eymael?]
O pacote social ajuda a provocar um segundo turno, mas não é suficiente.
Lula pode levar na primeira rodada mesmo que o presidente reaja, se o
petista conseguir lipoaspirar já de cara a votação dos demais. O alvo
principal é Ciro Gomes, que ronda os dois dígitos na intenção de voto,
mas vê pelo menos metade do seu eleitorado potencial dizer que pode
mudar o voto e propenso a votar em Lula no segundo turno.
Sobre a expectativa de poder, o desafio de Bolsonaro é mudar a opção
majoritária do eleitorado que não está com ele nem com o petista. Hoje,
na média das pesquisas, a diferença de Lula para o presidente cresce de
dez para quinze pontos entre o primeiro e o segundo turnos. Ou seja, o
pré-candidato do PT atrai mais gente desse estoque de votos, pois
Bolsonaro lidera no incômodo ranking das rejeições.[esse ranking vai mudar no inicio da campanha; podem nos cobrar.]
Dilma Rousseff elegeu-se em 2014 mesmo com rejeição relativamente alta,
pois conseguiu ao longo da campanha elevar a rejeição dos oponentes, no
primeiro e no segundo turnos. Espera-se este ano uma repetição,
potencializada, da intensa comunicação negativa que caracterizou aquela
corrida eleitoral. Com consequências fortes no pós-eleição. Mas
políticos querem saber é de ganhar. O depois vê-se depois.
E fica o registro de que, quando a oposição exige do governo medidas
contra os problemas que afligem a população, ela corre um risco: o
governo tomá-las.
Ao longo dos últimos meses, em particular nas últimas semanas, a
oposição, parlamentar e extraparlamentar, bombardeou o governo com
estatísticas a demonstrar a gravidade da pobreza e da fome. O que
conferiu alguma [total] autoridade moral para o governo, com o apoio maciço do
Parlamento, driblar o teto de gastos e a legislação eleitoral. [Após a PEC, aprovada com apoio da oposição, a legislação eleitoral e o teto de gastos não foram driblados e, sim, adaptados à necessidade de combater a fome de milhões de brasileiros.]
O Conselheiro Acácio, sempre ele.
Alon Feuerwerker, jornalista e analista político
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