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domingo, 3 de julho de 2022

Suprema Corte - Esse negro não serve - Gazeta do Povo

Flavio Quintela - VOZES


A esquerda americana jamais gostou de Clarence Thomas. Em outubro de 1991, quando de sua confirmação pelo Senado, Thomas recebeu 48 votos negativos, 46 deles vindo de senadores democratas, incluindo os votos de Joe Biden e Al Gore. Mas a votação apertada não foi, de forma alguma, a pior etapa de todo o processo que levou a sua aprovação.


 Clarence Thomas, juiz da Suprema Corte norte-americana, durante a sessão de fotos oficiais da corte em 2017.-  Foto: Shawn Thew/EFE/EPA

No dia 1.º de julho de 1990, George H. W. Bush indicou Clarence Thomas para substituir Thurgood Marshall, que havia anunciado sua aposentadoria. Marshall fora o primeiro juiz negro da Suprema Corte, mas havia uma diferença fundamental entre ele e seu sucessor: Marshall tinha um viés liberal, havendo votado a favor de temas como o direito ao aborto e a proibição da pena de morte. 
Sua intepretação da Constituição estava longe da interpretação originalista, aquela em que se busca entender a intenção dos autores da Carta Magna e aplicá-la de modo a preservar essa intenção. Marshall acreditava que a Constituição precisava ser constantemente revista e costumava se referir a ela como um “documento vivo”.

Para os democratas, negros que ousem defender o conservadorismo não passam de pessoas manipuladas com mentes fracas e cativas. É assim até hoje

Por que é importante conhecer um pouco mais sobre Thurgood Marshall? Por um simples motivo: para a esquerda americana, Marshall foi um negro bom, um negro que sempre se ateve aos princípios do Partido Democrata e votou de acordo com o esperado pelo partido
Para os democratas, negros que ousem defender o conservadorismo não passam de pessoas manipuladas com mentes fracas e cativas. 
É assim até hoje. Homens brilhantes e geniais como Thomas Sowell, Ben Carson e Walter E. Williams são desprezados pela esquerda porque ousaram ser conservadores de pele negra.

Não era de se espantar
, portanto, que toda a artilharia democrata fosse posta a serviço da difamação de Clarence Thomas logo após sua indicação. O presidente Bush tinha ido longe demais, tentando substituir um negro “do bem” por um “do mal”. Algo precisava ser feito. Acusações de assédio sexual foram fabricadas. Foi através de Anita Hill, advogada que havia trabalhado sob a chefia de Thomas no Departamento de Educação do governo americano, que o escândalo foi armado
Anita se enrolou para explicar por que tinha seguido Thomas em um segundo emprego sob sua chefia mesmo tendo sofrido o alegado assédio sexual no emprego anterior. 
A veemência da defesa de Thomas e a fraqueza das acusações de Anita não deixaram dúvidas de que o juiz estava sendo vítima de uma armação para evitar a sua confirmação. E, ainda que isso estivesse bem claro, o escrutínio a que Thomas e sua família foram expostos deixou uma sequela profunda no então jovem juiz.
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Avancemos aos dias de hoje
. Dias depois da votação histórica em que Roe v. Wade foi anulada, a esquerda veio com tudo para cima da ala conservadora da Suprema Corte. A Clarence Thomas, como é de costume, foi reservado o extrato mais puro do ódio liberal. O ator Samuel L. Jackson o chamou de “Uncle Clarence”, uma referência direta à expressão “Uncle Tom”, cuja tradução contextualizada para o português seria “capitão do mato”
A prefeita de Chicago, Lori Lightfoot, escolheu um xingamento mais direto, gritando “Vá se f****, Clarence Thomas” durante um comício. Hillary Clinton, que foi veterana de Thomas na faculdade de Direito, fez um ataque mais elaborado e mais pessoal. “Desde que o conheci, ele sempre foi uma pessoa que guarda mágoas; ressentimento, mágoa, raiva”, disse Hillary durante uma entrevista a Gayle King, da CBS, e finalizou com “Mulheres vão morrer, Gayle, mulheres vão morrer”.

A Fox News, por outro lado, entrevistou alguém que participou ativamente da indicação de Clarence Thomas à Suprema Corte. Mark Paoletta, que trabalhou como conselheiro da Casa Branca no governo de George H. W. Bush, disse que “a esquerda está atrás de Clarence Thomas desde dezembro de 1980, na verdade, quando ele estava prestes a ingressar no governo Reagan. E eles o odeiam. (...) Eles tentaram destruí-lo. Eles tentaram marginalizá-lo. (...) E, 30 anos depois, ele não está apenas firme. Sua influência está no auge”.

Clarence Thomas é hoje o juiz mais velho e experiente do quinteto conservador da Suprema Corte. Suas opiniões e votos nunca tiveram tanto peso como têm hoje

A opinião de Paoletta tem total lastro na realidade. Quando entrou para a Suprema Corte, Thomas tinha pouco respaldo dos seus colegas de tribunal nas votações. O único que o acompanhava com mais frequência era Antonin Scalia, também conservador e também originalista. Mas o colegiado seguia uma linha mais à centro-esquerda no geral. Foi somente com a indicação de Samuel Alito ao mais alto tribunal do país, em 2006, que um equilíbrio de forças ideológicas finalmente foi atingido. Ou seja, mais de 15 anos se passaram até que Clarence Thomas encontrasse condições de ter seus votos apoiados e acompanhados pela maioria dos juízes. Mais uma década inteira se passaria até que Donald Trump nomeasse Neil Gorsuch, Brett Kavanaugh e, finalmente, Amy Coney Barrett, em 2020.

Tendo completado 74 anos no último dia 23 de junho, Thomas é hoje o juiz mais velho e experiente do quinteto conservador. Suas opiniões e votos nunca tiveram tanto peso como têm hoje. Conta a lenda que Thomas teria dito, logo após sua atribulada confirmação pelo Senado, que daria aos liberais um mínimo de 43 anos de serviço no tribunal, para vingar toda a vileza a ele dirigida em seu 43.º ano de vida. 
A história pode não passar de mera anedota, mas o resultado real é incontestável. Clarence Thomas é profundamente odiado pela esquerda americana, e isso é sempre um bom sinal. [No Brasil, cada dia se consolida o mesmo entendimento:a melhor recomendação da honestidade, integridade de um homem é ser odiado pela esquerda.] Se ele continuar o fantástico trabalho que tem feito por mais 13 anos, os Estados Unidos terão motivos de sobra para comemorar.
 
Saiba mais, clicando aqui

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos

Flávio Quintela, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


terça-feira, 3 de novembro de 2020

Eleições americanas definirão parte do futuro global - Trump prepara batalha judicial em eleição histórica

Valor Econômico

Trump prepara batalha judicial em eleição histórica. .

O modelo de democracia no Ocidente foi o dos Estados Unidos, até Donald Trump. Como um aspirante a ditador de quinta categoria, Trump não acredita que alguém possa vencê-lo em uma eleição e não pretende entregar o poder a quem ganhar nas urnas. Ele ameaça uma histórica chicana eleitoral, colocando em xeque os fundamentos da democracia americana.

Há enorme tolerância nos EUA para presidentes medíocres - a maioria deles não escaparia a essa classificação. Trump, pior do que isso, foge à regra. Mentiroso compulsivo, tentou desmontar, em alguns casos com sucesso, tudo que seu país fez nos últimos 50 anos nas arenas internacional e doméstica. Politicamente desastroso, escondeu fraudes pessoais. Reportagens recentes mostraram-no mais como um fanfarrão incompetente e endividado do que o empresário bem-sucedido que sua propaganda vende.

A reeleição de Trump começou a ruir a partir do momento em que algo imprescindível foi exigido dele: comando. A pandemia do novo coronavírus, que desdenhou, pode merecidamente retirá-lo do cargo que nunca deveria ter ocupado. Não há nada que tenha feito em seu governo que mereça ser lembrado. Até feitos de que se gaba na economia, por exemplo, foram legados por antecessores, e os impulsos próprios, como o abatimento de impostos aos mais ricos, de nada serviram aos propósitos que visou: aumentar os investimentos no país. Eles diminuíram.

O democrata Joe Biden está a caminho da vitória, e lidera, por margem variável, a maioria dos Estados que não são fiéis a nenhum partido, os “swing states”, que decidem as eleições. Há tempos Trump tem preparado cambalachos para evitar a derrota. Ameaçou cortar verbas da Ucrânia se o presidente do país não investigasse supostos atos de corrupção do filho de Biden. Abandonou a trilha após um processo de impeachment do qual escapou graças aos republicanos de boa vontade - todos.

O colapso da economia com a pandemia, na qual os EUA são líderes em infectados e mortes, mostrou que Trump foi um dos piores presidentes a enfrentá-la e pode ter arruinado a tolerância dos americanos para com um presidente alienado e cheio de si. Prestes a ser destronado, Trump se preparou para um litígio judicial em grande estilo. Nomeou às pressas uma candidata para vaga na Suprema Corte, Amy Barrett, aprovada por um Senado de maioria republicana, deslocando o pêndulo judicial para causas conservadoras (maioria de 6 a 3). Amy, John Roberts e Brett Kawanaugh, outra indicação de Trump, trabalharam juntos no time de George Bush na contestação judicial de votos em 2000 na Flórida, que deu a vitória aos republicanos contra o eleito pelo voto popular, Al Gore.[o voto popular, nos Estados Unidos, elege os delegados do colégio eleitoral,  que elege o presidente da República.

E, no Colégio Eleitoral George Bush foi eleito.]

As eleições americanas definirão parte do futuro global. Governantes populistas e autoritários, que se inspiram nas bazófias de Trump, podem se fortalecer ou sumir na poeira da história dependendo do resultado. Trump, um realista, manobra com táticas provincianas. A pandemia levou os eleitores a enviar seus votos pelos correios, um fato que o presidente usou para vilipendiar como fraude democrata para derrotá-lo ilegalmente.

Pesquisas apontaram que 70% dos votos por via postal vieram de democratas, [coincidência ou fraude?] enquanto que metade dos republicanos colocará seus votos nas urnas. Como não há estrutura para atender com rapidez a enxurrada nunca vista de sufrágios pelos correios - a maior parte dos 93 milhões já enviados - há centenas de pedidos judiciais republicanos para invalidar os votos que não cheguem às autoridades eleitorais até amanhã. [medida cabível, devido que os votos começaram a ser enviados para os eleitores no inicio de outubro, permitindo o envio antecipado. A não definição sobre a data limite, deixa as portas abertas para prorrogar por tempo indefinido a contagem de votos.

Das duas uma: ou se estabelece a data das eleições - hoje, 3 novembro 2020 - como data limite para receber votos via postal, ou se anula todos os votos enviados via postal, a partir de 3 de novembro.] 

Suspeito é considerar válidos os votos que chegarem o que Como os votos presenciais são na maioria republicanos, serão contados antes e Trump já disse que pretende anunciar sua vitória tão cedo quanto possível, e armar um inferno judicial para a contagem posterior. Com isso, o resultado levará semanas até ser oficialmente proclamado.

Trump é um dos piores presidentes americanos de todos os tempos. Nada do que disse que faria deu certo, embora tenha satisfeito sua base de empresários e banqueiros bilionários, para quem baixou impostos. A promessa de mais empregos na indústria e revigoração do parque manufatureiro do país naufragou com uma política protecionista insustentável. Sua batalha contra a China favoreceu Pequim, enquanto seus ataques aos antigos aliados enfraqueceram os Estados Unidos. Apenas seu narcisismo o impede de ver seus retumbantes fracassos, que, ao que tudo indica, as urnas consagrarão com uma mensagem de adeus - isenta de saudades.

Opinião - Valor Econômico - 3 novembro 2020


quarta-feira, 11 de março de 2020

Economia ensina que esperança não é estratégia - Elio Gaspari

Guedes deve ter seus motivos para estar tranquilo, mesmo que seja um dos poucos com essa serenidade

Esperança não é estratégia -  A serenidade de Guedes inquieta




A Bolsa de Nova York teve a maior queda desde a crise de 2008, a de São Paulo suspendeu o pregão, fechou com um tombo de 12%, e o dólar  bateu em R$ 4,73. Diante desse quadro, o doutor Paulo Guedes disse que “estamos absolutamente tranquilos”, pois sua equipe “é serena, experiente”. Nada contra, salvo os precedentes.

Em 2008 Lula disse que a Grande Recessão americana chegaria ao Brasil como uma “marola”. Deu no que deu. Em 1979 e 1980, diante de uma alta de petróleo e dos juros americanos, o governo brasileiro (e o FMI) garantiam que a dívida externa seria administrável. O país quebrou,  entrando na sua Década Perdida. Em 1973, quando o mundo sofreu o primeiro choque do petróleo, o Brasil era apresentado com uma “ilha de tranquilidade”.

Paulo Guedes deve ter seus motivos para estar tranquilo, mesmo que seja um dos poucos ministros da Economia com essa serenidade. Seus antecessores acreditaram que crises podiam ser mitigadas com otimismo. Como ensinou Tim Geithner, o ex-diretor do Federal Reserve Bank de Nova York e ex-secretário do Tesouro americano, que toureou a crise de 2008, “esperança não é estratégia”.

Ninguém explicou a origem do pânico financeiro das últimas semanas. Atribuí-lo ao coronavírus é pouco. Se for só isso, a economia mundial tomará um tombo em 2020. Em 1973, quando os países exportadores de petróleo começaram a aumentar o preço do barril, poucos se deram conta do tamanho da encrenca. Seis anos depois, quando o aiatolá Khomeini derrubou o xá do Irã, e provocou a segunda alta do petróleo, muita gente achava que ele era um velhinho bondoso de barbas brancas.

Em 2008, quando o economista Nouriel Roubini previa a crise bancária, chamavam-no de “Doutor Fim do Mundo”. Ele virou profeta e, na segunda-feira, diante da queda do preço do petróleo somada ao coronavírus, tuitou: “recessão e crise à vista”. A serenidade de Guedes inquieta quando ele diz que “a democracia brasileira vai reagir, transformando essa crise em avanço das reformas”. Uma coisa tem muito pouco a ver com a outra. Viu-se isso com o pibinho  que se seguiu à reforma da Previdência. Essa e todas as propostas de Guedes podem melhorar a situação da economia, mas são mudanças de médio prazo. Democracia não reage, apenas existe ou deixa de existir. Misturando-se banana com laranja consegue-se apenas travestir um mau cenário econômico, fantasiando-o como questão política.

A crise de 2008 deveu muito a um clima de festa da banca, mas quando um sujeito é responsável pela administração de uma economia deve conhecer seus limites. Em março daquele ano, quando a banca não falava em crise, o presidente George Bush submeteu ao seu secretário do Tesouro, Henry Paulson, um discurso onde diria que o governo não salvaria empresas. Paulson surpreendeu-o pedindo-lhe que cortasse a afirmação. Em setembro o mundo caiu. Ele conhecia o mercado e evitou que o presidente dissesse algo que poderia obrigá-lo a desmentir-se.
O Fed de Nova York tem hoje uma caçadora de encrencas potenciais no comportamento e nas certezas dos banqueiros. Ela se chama Margaret McConnell e ensina: “Nós gastamos tempo procurando pelo risco sistêmico, mas é ele quem tende a nos achar.”


Folha de S.Paulo - O Globo - Elio Gaspari, jornalista


domingo, 10 de novembro de 2019

Lula livre - Elio Gaspari


Folha de S.Paulo - O Globo

Há uma pergunta no ar: o que ele fará? Isso só ele sabe

Ideia de vida política sem ex-presidente foi eterna enquanto durou


Desde o dia do seu encarceramento e da derrota do candidato petista à Presidência, seus adversários tiveram uma oportunidade para demonstrar seu anacronismo. Jogaram o tempo fora.  Jair Bolsonaro, o cavaleiro do antipetismo, governa o Brasil há quase um ano testando uma agenda desnecessariamente radical. Sergio Moro, o Justiceiro de Curitiba, tornou-se um ministro subserviente e inócuo. Os procuradores da Lava-Jato enredaram-se nas próprias armações, reveladas pelo The Intercept Brasil. [os que ainda acreditam nas lorotas do intercePTação, deveriam se ater a um pequeno trecho do voto do ministro Celso de Mello - decano do STF e  o mais radical antibolsonarista da Corte Suprema  - na sessão de quinta passada = chamado de voto estilo discurso do falecido Fidel Castro;

em um trecho ele diz 'Constituição que não aceita provas ilícitas' . Ou o ministro Celso de Mello só tem suas opiniões levadas em conta quando são contra o presidente JAIR BOLSONARO?]

Disso resultou que Lula saiu de Curitiba maior do que entrou. [o cara estava preso; uma prisão estilo resort - desperdiçando os já parcos recursos da PF - mas, de qualquer forma preso. 
Tentou radicalizar - só que faltou seguidores.
Aliás, os devotos de Lula minguam desde aquela caravana que ele tentou realizar, faltou audiência, tentaram simular um atentado e faltou credibilidade e desistiram.] Desde que ele foi para a cadeia, muitas foram as radicalizações surgidas na política nacional. Nenhuma partiu dele. 

Há uma pergunta no ar: o que ele fará? Isso só ele sabe. Recuando-se no tempo, sabe-seue a última cadeia de Lula deu-se em 1980, quando ele era visto pelo governo como um líder sindical incendiário. O barbudo entrou na cela do Dops paulista no dia 18 de abril. 

(...)  

O feitiço de Trump Donald Trump é um craque da desinformação. Em abril, com jeito de quem não queria nada, ele disse que o procurador-geral da Ucrânia precisava ir fundo nas investigações sobre corrupção em seu país. Em junho, numa entrevista à rede ABC, revelou que aceitaria informações de outros países contra seus rivais, Não disse quais países.
Teatro, do bom. Rudolph Giuliani, seu advogado pessoal, conversava com os ucranianos desde janeiro, pedindo-lhes que investigassem as atividades do ex-vice-presidente Joe Biden e de seu filho. Em maio assessores de Giuliani estiveram na Ucrânia e em junho a embaixadora americana em Kiev foi demitida, porque estava atrapalhando. 

Para mostrar que falava sério, Trump congelou o projeto de ajuda militar à Ucrânia e em julho deu o fatídico telefonema apertando seu colega Volodymyr Zelensky.Em setembro conheceu-se o teor da conversa e deu no que deu. 

Para quem acompanha esse filme, na quarta-feira o embaixador William Taylor, que substituiu a colega demitida, fará seu depoimento público na Câmara.Taylor tem biografia. Serviu no Exército, combateu no Vietnã e ocupou a embaixada em Kiev durante o governo de George Bush. Ele já denunciou o toma lá dá cá.

Bloomberg

Para alegria da banca e tristeza de Trump, Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York, sinalizou que disputará a indicação pelo partido Democrata. Ele tem uma fortuna de US$ 53 bilhões e não herdou um só centavo do pai. Trump é filho de milionário.
Bloomberg construiu um império e nunca faliu. Seis empresas de Trump faliram. 

Depois de governar Nova York durante 12 anos, de 2002 a 2013, saiu limpo e aplaudido. Durante a convenção democrata de 2016, quando se sabia que Trump seria o candidato republicano, ele avisou:
“Como novaiorquino, quando eu vejo um vigarista, reconheço-o.” 

Matéria completa Folha de S. Paulo e em  O Globo- Elio Gaspari, jornalista



domingo, 12 de novembro de 2017

Geraldo, um brasileiro do andar de baixo



Geraldo Casalli é um grande brasileiro. Não só pelo que ele fez no domingo passado, mas também pela sua história 

 Geraldo Casalli tem 53 anos, é motorista da Viação Suzantur, de São Carlos (SP), onde ganha R$ 1.900 mensais, com carteira assinada. Às 12h30m do domingo passado, ele chegou ao ponto final de seu percurso com 15 jovens aflitos que iam para a prova do Enem. Uma garota contou-lhe que estavam a quarteirões de distância e corriam o risco de perder a hora. Pediu-lhe que espichasse sua rota, levando-os até o local da prova. Ele pensou nas duas filhas, Ana Cláudia e Dayane, e atendeu-a.



No dia seguinte, a história de Geraldo estava na rede. Ele foi elogiado pela Suzantur, e a empresa anunciou que hoje mudará o percurso de quatro de suas linhas, levando estudantes aos portões da prova.   Geraldo Casalli é um grande brasileiro. Não só pelo que ele fez no domingo passado, mas também pela sua história. Sempre trabalhou como caminhoneiro, mas nunca teve caminhão. Trabalha há nove meses na Suzantur, depois de ter ficado um ano desempregado, vivendo de bicos. Sua mulher é zeladora num colégio, com pouco mais de R$ 1.000 de salário. Vivem numa casa modesta, porém própria. O casal educou Ana Cláudia e Dayane em escolas públicas, e elas nunca repetiram ano. 

Ambas formaram-se em Pedagogia. Uma, com 23 anos, tem mestrado e trabalha com crianças que têm necessidades especiais. Está noiva e deve se casar em 2019. A outra deve começar no primeiro emprego nas próximas semanas.  Dirigindo caminhão, Geraldo nunca foi assaltado, “graças a Deus”. No seu ônibus, já assaltaram o trocador.  Geraldo é um homem comum, com uma família comum e bem-sucedida. A quem lhe pergunta se, em 53 anos de vida, aconteceu-lhe alguma coisa que considere memorável, responde o seguinte: “Nada, só esse caso de domingo passado, mas eu não estava pensando nisso”.


Stalin no andar de cima brasileiro

A repórter Sonia Racy contou que dezenas de pais de alunos da escola britânica St. Paul, uma das melhores e mais caras de São Paulo, organizaram-se para demitir uma funcionária encarregada da área de tecnologia.  O motivo da mobilização vem a ser o fato de a senhora ser casada com um pecuarista, acusado pelo Ministério Público de chefiar um grande esquema de grilagem, trabalho escravo, horrores e desmatamento de 300km² na Amazônia. Em 2016 ele foi multado em R$ 332 milhões.  Na opinião de uma das mães de alunos, “como um colégio tão cheio de regras permite uma funcionária casada com um desmatador?”


O que a mulher de um sujeito tem a ver com o que ele faz não se sabe, mas o caso não termina aí. Ele começa no lance seguinte: a patrulha pediu também que fossem retirados do colégio os dois filhos gêmeos do casal. Briga de pais em colégio frequentemente tem muitos motivos, mas o que impressiona nessa turma é que o andar de cima, que põe suas crianças na St. Paul, argumente com o que faz o pai para justificar a punição de crianças. Essa era a forma de intimidação mais cruel a que recorriam os regime comunistas para castigar os “inimigos do povo”.


No ano do centenário da Revolução Russa, os patrulheiros poderiam perder algum tempo aprendendo o que acontecia na União Soviética com essas crianças malditas. Está na livrarias “A estrada”, do escritor Vasily Grossman. Num breve conto (“Mama”), ele narra a vida pelo olhos de uma criança órfã, filha de um dos grandes assassinos de Stalin que, como era rotina, acabou fuzilado.  Para quem quiser uma memória real, está na rede “The girl from the Metropol Hotel" (“A menina do Hotel Metropol — Crescendo na Rússia comunista"). Nele, Ludmila Petrushevskaya conta sua infância, do conforto onde vivia a elite bolchevique ao inferno da vida dos “inimigos do povo”.


Temer e as águas

Michel Temer disse o óbvio: se a reforma da Previdência não passar pelo Congresso, paciência. O “mercado” desabou, como se ele tivesse dito alguma novidade.  Desde antes do grampo do Jaburu, sabia-se que a reforma apresentada em dezembro passado estava contaminada pelo excesso de bodes. Se ela passasse com a idade mínima e o regime único, seria um êxito para ninguém botar defeito.


Em vez de atirar pedras em Temer, o “mercado” deveria reconvocar os çábios, consultores e especialistas que lhe venderam a ideia da viabilidade do pacotão. Na sua versão original, a proposta cortava 50% do valor de todas as pensões por morte do INSS. Temer está numa situação parecida com a do presidente americano George Bush, o Velho, quando ele apanhava por tudo o que fazia e um dia comentou:

“Se eu andar sobre as águas, dirão que não sei nadar.”


Coronel Neves

A carteirada com que Aécio Neves depôs o senador Tasso Jereissati da presidência do PSDB obrigou o tucanato a parar de fingir que lida com o Aecinho, neto de Tancredo Neves, menino de praia e freguês da noite do Rio. Aécio é um coronel. Como senhor das Gerais, manteve a imprensa mineira sob uma pressão sem paralelo entre os grandes estados. Podendo, dava uma passadinha pelo circuito chique-brega de Paris. O coronel Aécio mostrou seu chapéu na maneira como enfrentou a denúncia de que construíra um aeroporto na cidade de Cláudio para atender às conveniências de sua família. 


O jogo de Pezão

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, anunciou que ele e outros colegas estão trabalhando para aprovar a legalização dos jogos de azar em Pindorama. Nas suas palavras: “Propusemos a legalização dos jogos com a destinação dos impostos para criar um fundo de segurança pública.” Tudo bem, legalizar a jogatina para engordar a receita de um estado cujas finanças o doutor ajudou a quebrar. Por que não criar também a Póbrás, legalizando a cocaína?


Sabendo-se que o governo está de olho no dinheiro do jogo, entende-se que haja gente boa cheirando a pureza dessa ideia. Ela é velha. Em 2011 ouvia-se o seguinte:

“Eu acho que o jogo no Brasil, se aberto e legalizado, poderia ser uma fonte de financiamento importante para tanta coisa. Inclusive para Saúde. Não se fala tanto em financiamento da Saúde?”


Quem disse isso foi o governador-gestor Sérgio Cabral. Está na cadeia, condenado a 72 anos. Junto com ele estão seu secretário de Saúde, doutor Sérgio Côrtes, e Miguel Iskin, grande fornecedor da rede hospitalar do estado, a quem Cabral reconhece ter mordido em R$ 2,5 milhões para a campanha de Pezão. Quando Michel Temer assumiu o governo, noticiou-se que dois de seus ministros, Henrique Alves e Geddel Vieira Lima, defendiam a legalização do jogo. Ambos estão em cana.


Com as loterias legalizadas, em 1993 o deputado João Alves, da Comissão de Orçamento, justificou seu patrimônio informando que ganhara 200 vezes na loteca, embolsando o equivalente a US$ 9 milhões.  Talvez fosse boa ideia instalar cassinos legais com roletas viciadas nas cadeias onde está a freguesia da Lava-Jato. Lá eles apostariam livremente o que lhes sobrou das roubalheiras que praticaram.

Elio Gaspari - O Globo