Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Hamas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Hamas. Mostrar todas as postagens

domingo, 5 de maio de 2019

Bombardeios deixam mais de 10 mortos em Gaza e Israel

Soldados de Israel matam jovem de Gaza durante protesto na fronteira

Tropas de Israel mataram um jovem palestino que participava de protestos ao longo da fronteira de Gaza nesta sexta-feira, disseram autoridades de saúde palestinas, na primeira morte registrada no local desde que moradores de Gaza marcaram o primeiro ano de manifestações semanais em março.  

Mulher segura menina de 14 meses morta durante confrontos em Gaza; Israel diz não ter responsabilidade no caso [o bombardeio foi efetuado por Israel que, debochando da verdade, diz que não tem responsabilidade com o caso]
Foto: EPA / Ansa - Brasil
 
Um disparo de morteiro atingiu o pátio de uma casa em um vilarejo israelense de fronteira, mas não deixou vítimas. Segundo as Forças Armadas do país judeu, os grupos palestinos já lançaram mais de 600 mísseis neste fim de semana, sendo que 86% foram interceptados pelo sistema de defesa Iron Dome. Em resposta, Israel bombardeou 200 alvos do Hamas e da Jihad Islâmica e enviou uma brigada blindada para a fronteira, à qual podem ser dadas "missões ofensivas", ou seja, dentro do território de Gaza.[= matar civis palestinos, desarmados,  dentro do território de Gaza.]
"Dei instruções para as Forças Armadas continuarem com os ataques contra elementos terroristas em Gaza. O Hamas é responsável não apenas por seus ataques, mas também por aqueles da Jihad Islâmica, e pagará um preço muito alto", ameaçou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Um dia antes, um porta-voz militar havia dito o contrário, que a Jihad Islâmica havia iniciado os ataques e puxado consigo o Hamas. Já em Gaza o balanço é de nove vítimas, incluindo membros do Hamas e da Jihad Islâmica, uma bebê de 14 meses e uma mulher grávida - Israel diz não ter responsabilidade por essas duas últimas mortes e culpa defeitos em armas de palestinos.[provavelmente, a bebê palestina, atravessou na frente das armas dos soldados de Israel.] 

Portal Terra
 

domingo, 14 de abril de 2019

Um novo ministério

A recusa em pensar é realmente um problemão no Brasil de hoje


Publicado na edição impressa da EXAME

Eis aqui uma sugestão para o atual governo: criar o mais cedo possível o Ministério dos Problemas Cretinos, dando-se o devido crédito, naturalmente, ao gênio de Millôr Fernandes. O trabalho desse novo ministério seria receber, processar e mandar para uma usina de lixo a ser instalada em Brasília as questões gravíssimas, e sem a mais remota importância prática, que se reproduzem à velocidade alarmante no noticiário político de hoje em dia. Desde que o presidente Jair Bolsonaro tomou posse em 1º de janeiro deste ano as “crises” de seu governo se sucedem ao ritmo médio de uma por dia o que já estaria dando, numa conta redonda, cerca de 100 em apenas três meses. É verdade que, até agora, nenhuma delas gerou um miligrama de efeito real, pela excelente razão de terem sido construídas com uma combinação de falta de pé com falta de cabeça. [Bolsonaro, não podemos esquecer tem dado algumas escorregadas - algumas por empolgação, outras por influência dos filhos, mas tudo vai se ajustar (uma delas, a paixão súbita por Israel, mesmo prejudicando os interesses comerciais do Brasil, começa a arrefecer) - mas, a maximização das 'crises' no governo Bolsonaro é simples de explicar:
- grande parte da estúpida esquerda tenta conseguir um terceiro turno;
- no que é auxiliada por parte da imprensa que sabe que é questão de tempo o governo Bolsonaro começar a cobrar débitos que vem desde o século passado.] Mas acabam fazendo a administração pública perder um monte de tempo para explicar todo santo dia que o lobisomem visto agora pouco anunciando o fim do governo no Viaduto do Chá não era, olhando bem, um lobisomem de verdade. Entraria aí, então, o novo ministério: às 9 horas da manhã de cada dia útil o serviço de protocolo registraria o conjunto completo de bobagens cinco estrelas noticiadas na véspera, passaria um recibo de entrada e daria a crise por resolvida para o resto da vida.

Em matéria de problema cretino de primeiríssima grandeza, no embrulho de disparates mais recentes servidos pela mídia, pouca coisa se compara à visita que Bolsonaro acaba de fazer a Israel. Segundo a maioria dos árbitros do bem e do mal que nos ensinam diariamente o que devemos pensar sobre todos os assuntos desta vida, a viagem em si foi uma aberração ética imperdoável. Embora o Brasil mantenha relações absolutamente normais com Israel há mais de 70 anos, Bolsonaro cometeu um delito moral, político e diplomático sem perdão pelo simples fato de ir até lá. Nada comprovaria melhor este desastre, segundo os comunicadores mais indignados, do que a nota de protesto contra a visita expedida pelo Hamas ─ um grupo de criminosos que vive da extorsão, do assassinato de inocentes e de atos terroristas para promover a “causa palestina”. Queriam o quê? Que o Hamas ficasse a favor? Ficava a favor nos tempos de Lula-Dilma; agora não dá mais.

O ponto culminante do desvario, porém, está na abordagem “econômica” da viagem. De acordo com “especialistas” em comércio exterior, ela desagradou aos países “do Oriente Médio”, que importaram cerca de 14 bilhões de dólares de produtos brasileiros em 2018, enquanto Israel importou só 320 milhões. Como podemos arriscar aquela montanha de dinheiro em troco da mixaria que é Israel? O problema disso tudo são os fatos. O tal “Oriente Médio” inclui nada menos do que 15 países ─ entra até Chipre, onde se fala grego e ninguém faz a menor ideia de que Bolsonaro foi a Israel, ou a qualquer outro lugar ─ mais um pouco, enfiariam na lista a Rua 25 de Março. Ainda assim, somando tudo, esse grupo representa menos de 6% das exportações totais do Brasil. [não está em questão quantos países compram do Brasil, por mantermos boas relações com os árabes, comercialmente falando o que importa é o total que o Brasil fatura da soma desses clientes preferenciais, que somados compram por 44 Israel.
Se esse grupo representa menos de 6% das exportações brasileiras, Israel representam menos de 0,15% das exportações brasileiras - nada temos contra o Brasil venda e compre de Israel, o que defendemos é que interesses comerciais devem prevalecer.
Aliás, torcemos para que a PAZ reine no Oriente Médio - o que implica em Israel devolver as terras que ocupa com colônias estabelecidas contas a vontade da ONU - e viva bem com os árabes e todos fiquem clientes dos produtos brasileiros.
A referência ao poder dos Estados Unidos devido o volume que compra, preferimos deixar no mundo das hipóteses inviáveis.]
Por esse critério de agradar quem compra muito, como ficariam as coisas, então, com os Estados Unidos? Em 2018 o Brasil exportou cerca de 25 bi para lá. Muito cuidado, portanto: não façam nada que possa incomodar os americanos, os maiores amigos de Israel no mundo, porque eles nos compram quase o dobro do que os “árabes”. Também foi deplorada a catástrofe diplomática que Bolsonaro provocou ao fazer que voltasse para a sua terra o embaixador da Palestina, um negócio que se resume à Faixa de Gaza e é menor que o município de Jundiaí. [no momento em que Israel for compelido pela ONU - dificil de ocorrer devido a proteção americana ao estado hebreu - a devolver o que tomou dos palestinos a 'jundiaí' de Gaza crescerá bastante.] A coisa foi apresentada como um problema mortal. Mas e daí? Que diferença isso vai fazer no mundo das realidades, se ninguém nem sequer sabia que o homem estava aí? Como disse o general Mourão: “Deixa. Um dia ele volta”. E se não voltar ─ quem é que vai perder 5 minutos de sono com isso? A recusa em pensar é realmente um problemão no Brasil de hoje. Chamem o Ministério dos Problemas Cretinos.

quarta-feira, 3 de abril de 2019

Hamas repudia visita de Bolsonaro a Israel e pede ‘retratação’



O mais grave é que Bolsonaro envolve o Brasil em uma disputa que não diz respeito ao Brasil ou aos seus interesses;

- cria um antagonismo com uma das partes; 

- um dos seus filhos faz comentários inadequados, provocativos e mesmo ofensivos a uma das partes e com isso cerra fileiras ao lado da posição assumida pelo seu pai; e,

- tudo isto na busca de vantagens mínimas para o Brasil, se é que existe alguma vantagem com a posição extremada adotado pelo governo Bolsonaro.

 

 


segunda-feira, 4 de março de 2019

A modificação da Lei Antiterrorismo e sua adaptação à realidade brasileira

A aprovação do Projeto de Lei nº 703/2019, que dispõe sobre o cumprimento de sanções impostas por resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, incluindo a indisponibilidade de ativos de pessoas naturais e jurídicas e de entidades, e a designação nacional de pessoas investigadas ou acusadas de terrorismo, de seu financiamento ou de atos a ele correlacionados é um grande avanço no sentido de reduzir o financiamento do terrorismo internacional.   Vale lembrar, que não se trata de uma construção espontânea do legislativo brasileiro e sim fruto de pressões de parte de organismos internacionais como o Grupo de Ação Financeira Internacional (Gafi) que havia estipulado prazo até fevereiro de 2019, para que o Brasil atendesse as recomendações do órgão sob pena de desvinculação.

Inobstante o projeto vir a complementar aspectos específicos da Lei nº 13.260, de 16 de março de 2016, conhecida como Lei Antiterrorismo, torna-se ainda necessário uma discussão mais ampla uma vez que existem inúmeras polêmicas e controvérsias sociais e jurídicas sobre o teor desta legislação. Uma das principais controvérsias recai na redação do artigo 2º da referida lei quando trata das motivações para o terrorismo estabelecendo razões de xenofobia, discriminação, preconceito de raça, cor, etnia e religião, associando-o a delitos contra os direitos humanos em uma abordagem dissonante das demais legislações internacionais. Ademais, tais razões são descritas de maneira genérica exigindo dos aplicadores da lei elevado grau de discricionariedade para diferenciar quais ações se configuram como legítimas em defesa de direitos e quais não se enquadram nesta direção.

Com a exclusão da motivação política do texto da norma, considerada o cerne da questão, amplia as controvérsias já existentes. Sabemos, a priori, que um ato de terrorismo é o uso indiscriminado da violência para se atingir um determinado objetivo que poderá ser político, religioso ou por vingança e ódio, conforme a causa que motivou o ato.   O grupo Estado Islâmico, por exemplo, atua por causas políticas na tentativa de estabelecer um califado além de lutar contra a política ocidental que segundo estes, impede o direito de autodeterminação dos povos ao impor sua cultura e tradições.

Da mesma forma o Hamas quando apregoa o fim do Estado de Israel e ataca países simpatizantes. Excursionando pela história, os grupos terroristas do passado, entre as décadas de 50 a 70 como ETA, IRA, Baden Main Hoff e Brigadas Vermelhas eram motivados eminentemente por causas nacionalistas, circunstância que está intimamente relacionada a política, sendo financiados externamente por países e organizações não-governamentais de fachada. Para compreendermos melhor os impactos destas motivações, o teor do parágrafo 1º do artigo 2º é bem ilustrativo. Expressa que “são atos de terrorismo usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer explosivos, gases tóxicos, venenos, conteúdos biológicos, químicos, nucleares, consideradas armas de destruição em massa”.

Contudo, o ato de portar tipos específicos de armas deve necessariamente obedecer a razões de xenofobia, discriminação, preconceito de raça, cor, etnia e religião, casos ainda não identificados no sistema penal brasileiro. Seguindo este raciocínio, determinadas ações perpetuadas por facções criminosas, consideradas de natureza grave, como as que estão ocorrendo no estado do Ceará, dentre outras, estão fora do alcance desta lei e não poderão ser enquadradas como crimes de terrorismo uma vez que não estão relacionadas as motivações exigidas.   No mesmo diapasão encontram-se as ações perpetuadas pelos chamados movimentos populares não havendo dúvidas acerca de sua legitimidade. Todavia, utilizar-se de explosivos, armas de fogo, promover invasões em instituições públicas e de serviços essenciais com grave ameaça, extrapola questão reivindicatória de contestação e protesto, mesmo na defesa de direitos.

Neste sentido, integrantes destes movimentos que pratiquem tais atos não poderiam ser uma exceção a norma. Sendo assim, é possível argumentar que o Projeto de Lei, embora bem fundamentado, tende a ser inócuo uma vez que o financiamento para a prática do terrorismo com motivações exclusivamente ligadas aos direitos humanos, tem baixa probabilidade de ocorrência no Brasil, tampouco o confisco de bens e ativos financeiros. Na realidade, vivenciamos no Brasil ações do terrorismo nacional ou doméstico parte de uma guerra híbrida financiada pelo tráfico de drogas que nada tem a ver com direitos humanos e sim com disputas por território e mercados.

A gênese deste problema recai no espírito da norma, tema explorado com maestria por Montesquieu em seu clássico “L Esprit des Loix”,quando desvirtuada em sua motivação para se adaptar a um contexto político-ideológico específico .Neste sentido, reabrir o debate acerca desta legislação torna-se um ato de democracia e um passo essencial para minimizar os problemas de segurança pública no país.


¹André Luís Woloszyn –
Analista de Assuntos Estratégicos, Mestre em Direito, especialista em Ciências Penais, diplomado em Inteligência Estratégica pela Escola Superior de Guerra. - DefesaNet


segunda-feira, 4 de junho de 2018

"Gaza é a maior prisão a céu aberto"

Sacerdote brasileiro conta sobre rotina de atender à minoria cristã em Gaza

Padre Mário da Silva: "Gaza é a maior prisão a céu aberto"

Cerca de 1,9 milhão de pessoas, muçulmanas na maioria, travam uma luta diária por sobrevivência na Faixa de Gaza, um dos locais mais pobres e violentos do mundo. Além da miséria, do desemprego e das condições insalubres, enfrentam o medo dos tiros e das bombas disparadas por forças israelenses no interminável conflito com o Hamas — o movimento islâmico que governa o território palestino desde 2007.

Com as fronteiras terrestres, marítimas e aéreas do enclave palestino controladas por Israel, a população é proibida de sair. “É por esse motivo que dizemos que Gaza é a maior prisão a céu aberto do mundo”, disse, em entrevista ao Correio, o padre brasileiro Mário da Silva, 39 anos. Desde 2012, ele está à frente da Paróquia da Sagrada Família, refúgio para os 980 cristãos que vivem em Gaza — 138 católicos e 842 ortodoxos.

Embora desenvolva projetos sociais tanto para cristãos quanto para muçulmanos, o sacerdote brasileiro admite o medo da violência, e revela ter sido alvo de agressões pelo fato de liderar uma minoria religiosa. “Muitas foram as situações difíceis em meus seis anos aqui, como quando entraram na igreja, atearam fogo ao meu carro e colocaram uma bomba em frente ao templo, que foi todo pichado”, recorda Silva.
 
O padre Mário, nasceu no Piauí, em 13 de abril de 1979. Em São Paulo, teve contato com a diocese de Santo Amaro, que passou a ser sua nova casa e o lugar onde cresceria. Hoje, pertence ao Instituto do Verbo Encarnado, congregação religiosa fundada na Argentina, em 1984, pelo padre Carlos Miguel Buela. “Temos como desejo do nosso fundador querer ir aos lugares difíceis, onde nem todos os sacerdotes querem ir. Por isso, a presença sacerdotal é escassa”, explica Silva, ordenado em 7 de setembro de 2005 e enviado para a Argentina, a Itália e, por fim, o Brasil. Foi durante um novo trabalho na Itália que ele se ofereceu para missionar na Terra Santa, na Paróquia da Sagrada Família de Gaza, o que se concretizaria em 2012.

Além dos ataques israelenses contra palestinos, como são as condições de vida em Gaza? Quais as dificuldades enfrentadas pela população no dia a dia?
Todas as pessoas que vivem na Faixa de Gaza sofrem um bloqueio terrestre, marítimo e aéreo. O que significa isso? As pessoas não podem deixar o território nem por automóvel (ou qualquer veículo terrestre), nem por barcos, nem por avião. E não apenas isso: as mercadorias não podem entrar aqui sem permissão especial, assim como as pessoas são impedidas de entrar na cidade sem permissão especial. É por esse motivo que dizemos que Gaza é a maior prisão a céu aberto do mundo. A maior dificuldade que encontramos é a falta de liberdade para ir e vir.

Como é a qualidade dos serviços disponíveis à população?
Esse grande bloqueio traz consigo outras grandes dificuldades. Por exemplo: temos somente 3 ou 4 horas de eletricidade por dia. Tudo que entra aqui deve ter permissão. A água fornecida à população escasseia e, quando chega, não é potável. Segundo um estudo da ONU, 90% da água da Faixa de Gaza é contaminada pelo esgoto ou pela água do mar: a água que se bebe deve ser comprada, mas nem todos têm dinheiro para isso.
(...)


MATÉRIA COMPLETA, Correio Braziliense
 

domingo, 20 de maio de 2018

Vida sem direitos em Gaza é de terríveis privações




Israel e Egito exercem pressão sobre o território para atingir o Hamas


O que posso escrever sobre Gaza é daquilo que conheço de perto. E o que conheço de perto é a vida de famílias comuns tentando sobreviver em condições terríveis de subsistência, privadas de direitos básicos fundamentais como o de ir e vir, e acesso a nutrição, saúde e segurança. Famílias com a de Ayman e Heba, que celebraram o casamento em seu restaurante israelense favorito “com a melhor cerveja” e, como todos os pais, ainda sonham — uma década depois do bloqueio a Gaza e três guerras mais tarde — em dar às três filhas futuro feliz e próspero.

Ayman e Heba trabalham dia a dia, ele para a ONU e ela vendendo bordados de porta em porta, para que as meninas cresçam saudáveis, tenham boa educação e desfrutem das mesmas oportunidades que outras crianças e jovens têm além das fronteiras controladas de Gaza — embora saibam que isso é impossível.  Gaza tem 41km de comprimento extensão menor do que a orla do Rio, da Marina da Glória ao Recreio e 10km de largura, a distância entre Ipanema e Santa Teresa. Neste território delimitado pelo Mar Mediterrâneo, Israel e Egito vivem quase dois milhões de palestinos, uma das maiores densidades populacionais do mundo. [o absurdo da divisão do território palestino, em 1948 com o apoio da ONU - e a conivência pró Israel de um brasileiro que por infelicidade presidia as Nações Unidas na ocasião - é fácil de se constatar.
Vejamos: quando da partilha,  55% do território palestino foi tomado pela ONU e passado para Israel destinado a 600.000 judeus;  0s 45% que restaram foi destinado aos verdadeiros donos, os palestinos, 1.300.000 pessoas.
Mesmo com divisão tão injusta, Israel não se satisfez e tomou pela força das armas territórios dos países vizinhos, implantou colônias  em território alheio - sendo sempre os palestinos, de forma única e exclusiva, os prejudicados.]

Originalmente ocupada pelo Egito, Gaza foi tomada por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Em 2005, Israel retirou tropas e sete mil colonos do território, mas mantém o controle de tudo o que entra e sai, como material de construção, alimentos, remédios, equipamentos de saúde e famílias, como a de Ayman, que há anos tenta, sem sucesso, migrar para um lugar seguro e com melhores condições de vida.

Israel exige permissão especial a palestinos na travessia de Erez de onde podem ir para Jordânia — desde 1997, mas as restrições aumentaram quando o Hamas assumiu Gaza. Menos de 240 palestinos deixaram Gaza via Israel no primeiro semestre de 2017, ultimo dado disponível. Nestas duas décadas, o PIB per capita de Gaza caiu à metade, para US$ 1,8 mil, entre os mais baixos do mundo. A pobreza atinge 40%, segundo o Banco Mundial, apesar da ajuda da ONU a 80% das famílias.

A ONU também administra escolas, onde e quando é possível estudar. Todo dia, as meninas faziam a lição de casa sob a luz de velas porque a única usina elétrica de Gaza foi parcialmente destruída na guerra e só havia eletricidade duas horas ao dia, se tanto. No mar, há um campo de gás que, segundo a ONU, poderia fornecer energia suficiente, mas o mar de Gaza é também controlado por Israel.

Em um passeio à praia, Ayman me falava da indústria pesqueira, capaz de prover proteína (e emprego) suficiente, segundo a ONU, não fossem as restrições à pesca, limitada a uma distância de 4,8 km da costa. O limite foi ampliado em 2012, após cessar-fogo do Hamas, até que os foguetes voltaram a ser lançados contra Israel. Navios israelenses, que observávamos no mar verde transparente, não raro abrem fogo contra barcos de pesca que excedem o limite. Do céu, éramos vigiados por um zepelim. A zona de segurança da fronteira significa que as terras mais férteis de Gaza não podem mais ser cultivadas e metade da população precisa de ajuda em alimentos. Não importa quanto se dediquem aos estudos, as filhas de Ayman e Heba dificilmente mudarão isso — o desemprego entre jovens é de 66%.

Além de Israel, o Egito mantém fechada a fronteira sul. Entre outros motivos, teme se tornar refúgio para radicais do Hamas, alinhado à Irmandade Muçulmana, cujo líder, Mohamed Mursi. foi eleito, deposto e preso pela junta militar que assumiu o país, assim como seus apoiadores. No poder, o general Abdel Fattah el-Sisi limitou ainda mais a passagem pelo posto de Rafah e lançou uma ofensiva contra os túneis de contrabando da fronteira. Os EUA, que destinam US$ 1,3 bilhão anual para o Egito mesmo valor destinado ao Iraque e terceira maior fatia do orçamento americano para ajuda em segurança, depois de Afeganistão (US$ 5 bi) e de Israel (US$ 3,2 bi) — pressionam o Egito a manter o bloqueio a Gaza.

É uma situação constrangedora para egípcios que se opõem à cooperação com Israel e EUA, por entender que o bloqueio, embora defendido como meio de sufocar o Hamas, pune largamente palestinos comuns e inocentes. O bloqueio foi mantido mesmo após o Hamas entrar em acordo de reconciliação com o Fatah e entregar o controle administrativo de Gaza à Autoridade Nacional Palestina, em outubro. Estima-se em 15 mil homens a força armada do Hamas. Isso significa que há 1.885.000 civis desarmados em Gaza, pessoas como eu e você.

Quando Ayman consegue um extra, compra água de caminhão-pipa, diesel para o gerador e uns minutos de internet — única janela para um mundo que suas filhas desconhecem além das fronteiras de Gaza e a que provavelmente nunca terão acesso, se não virtual.

Adriana Carranca - O Globo