“Weintraub foi convocado ao plenário da Câmara, fato
incomum, no mesmo dia de grandes manifestações de protestos de
estudantes, professores e funcionários de universidades”
Foi pior que a encomenda a presença do ministro da Educação, Abraham
Weintraub, ontem, no plenário da Câmara dos Deputados, pautada pela
arrogância, desrespeito com os parlamentares e absoluta falta de
propostas.
O tom desafiador e a forma desrespeitosa como o ministro se
comportou acirrou os ânimos e aumentou o desgaste do governo na Casa,
contrastando fortemente com o comportamento de outros ministros que se
relacionam com o Parlamento, entre os quais, o ministro da Economia,
Paulo Guedes, que está no olho do furacão da reforma da Previdência. A
oposição, naturalmente, fez uma festa.
Weintraub não se deu conta da gravidade de uma situação na qual um
ministro de Estado foi convocado a comparecer ao plenário da Câmara em
24 horas , fato incomum, no mesmo dia em que ocorreram grandes
manifestações de protestos de estudantes, professores e funcionários de
universidades e outros estabelecimentos federais de ensino. O mesmo pode
ser dito em relação ao ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que
defendeu o corte de 30% nas verbas destinadas às universidades, e ao
próprio presidente Bolsonaro, que as manifestações de ontem eram de
“idiotas inúteis”. [o presidente Bolsonaro apenas teve a coragem, a sinceridade para declarar em alto e bom tom, do alto de sua autoridade de presidente da República, o que todos sabem:
as manifestações de ontem foram resultado da esperteza da turma do 'quanto pior, melhor', de militantes profissionais da turma do MST, MTST e assemelhados;
esperteza que só concretizou seu intento, uma manifestação inútil, devido a turma de idiotas inúteis, aceitar o papel de massa de manobra = idiotas úteis aos interesses não do Brasil e sem da maldita turma citada.
Sobre o MST e, por extensão, a quadrilha irmã = MTST, o efeito Bolsonaro acabou com as invasões de propriedade no Brasil = este ano, apenas uma fazenda foi invadida e o famoso 'abril vermelho' virou abril rosinha.]
O momento de maior tensão da audiência foi quando Weintraub foi
desrespeitoso com os deputados:
“Eu gostaria também de falar que eu fui
bancário, carteira assinada, azulzinha, não sei se vocês conhecem”,
disse, provocando protestos da oposição.
O ministro justificou o corte
de verbas da universidade com três argumentos: herdou a crise financeira
e o orçamento dos governos anteriores (“Não somos responsáveis pelo
contingenciamento atual”); a preocupação do governo federal não é o
ensino universitário (“Prioridade é ensino básico, fundamental,
técnico”); as críticas partem da oposição derrotada nas urnas (“Nós não
votamos neles”). As intervenções ao longo da audiência, porém, revelaram
também o isolamento dos líderes governistas na Câmara, que estão
batendo cabeça.
A líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), que se
sentou ao lado do ministro da Educação durante a audiência, nos
bastidores da Câmara, articula a substituição do líder do governo na
Casa, Major Vítor Hugo (PSL-GO),
anunciando para quem quisesse ouvir que
ele será sacado do cargo na próxima semana. Deputados de quase todos os
partidos se revezaram na tribuna para defender a revisão do corte de
verbas, a diferença de ênfase foi detalhe. Obviamente, os partidos de
oposição foram mais virulentos nas críticas.
Reunião polêmica
Num certo momento da audiência, o deputado Capitão Wagner (Pros-CE)
foi à tribuna relatar que o presidente Jair Bolsonaro, durante reunião
com 12 lideres da Câmara, havia telefonado para o ministro da Educação e
determinado a suspensão do corte de verbas das universidades, na
presença de outros parlamentares,
fato que ontem foi desmentido pelo
ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, em entrevista na Câmara. Wagner
cobrou de Weinberg a confirmação da conversa. O ministro confirmou o
diálogo, mas esclareceu que havia ponderado com Bolsonaro que não houve
um corte de recursos, mas
“contingenciamento”. Mais tarde,
conversou com
o presidente e convenceu-o a manter as medidas que havia tomado.
O líder do Cidadania (ex-PPS), Daniel Coelho (PE),
que também
participou da reunião com o presidente da República, endossando o relato
de Capitão Wagner, confirmou a declaração de Bolsonaro de que não
haveria mais o contingenciamento. Disse ainda que
o ministro Onyx
Lorenzoni, ao desmentir os líderes, estava despeitando a maioria da Casa
e desarticulando a aprovação da reforma da Previdência. Weintraub, como
seu antecessor, Ricardo Vélez Rodriguez,
também levou um puxão de
orelhas da jovem deputada Tabata Amaral (PDT-SP), que desmentiu, com
números, as afirmações do ministro sobre as supostas prioridades de sua
gestão.
A deputada paulista cobrou a apresentação de propostas concretas para
a educação e critérios técnicos para a gestão orçamentária, condenando o
que chamou de
“guerra política e ideológica” contra as universidades.
Sempre desafiador,
o ministro acusou Tabata de não comparecer às
audiências que realizou para apresentar os números e tentou justificar
as declarações de Bolsonaro na reunião com os líderes com o argumento de
que o presidente da República pode ter confundido corte com
“contingenciamento”, que são coisas diferentes. Tabata negou que tivesse
sido convidada para as reuniões.
Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB