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terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Se a Venezuela invadir a Guiana, será o último ato de Maduro - Gazeta do Povo

Filipe Figueiredo - VOZES

Guerra aqui do lado?

Guayana Esequiba, território reivindicado pelo Império Espanhol e depois pela Venezuela independente.

Guayana Esequiba, território reivindicado pelo Império Espanhol e depois pela Venezuela independente.| Foto: Kmusser & Kordas/Creative Commons
 
 Maduro conseguiu uma distração para a população venezuelana. No último domingo, o governo da Venezuela realizou um referendo com cinco perguntas referentes à questão da Guiana Essequiba. 
 As cinco perguntas feitas representam uma suposta vitória do governo Nicolás Maduro, mas os cálculos políticos envolvidos são mais complexos e suspeitos do que as perguntas de um referendo.

Como nunca falamos especificamente da questão de Guiana Essequiba aqui em nosso espaço, cabe uma recapitulação. Trata-se de cerca de 160 mil quilômetros quadrados, algo como dois terços do território da atual Guiana, ex-colônia britânica, fronteiriça com a Venezuela, que reivindica o território. A divergência fronteiriça antecede a própria Venezuela, remetendo ao período das Guerras Napoleônicas.

História, ouro e petróleo
No século XIX a disputa entre a Venezuela independente e o Reino Unido continuou. Claro que a disputa era limitada pela discrepância de forças. O Reino Unido era uma das principais potências do mundo e constituiu o maior império não-contínuo da História, governando cerca de um quarto de toda a terra seca do planeta. 
A Venezuela não podia fazer frente, seja no poder militar, no poder político ou na economia.

Quatro datas são importantes nessa recapitulação histórica. Em 1876 tivemos a primeira descoberta de ouro na região. Em 1899, uma arbitragem europeia, apoiada pelos EUA, deu ganho de causa integral aos britânicos, motivo de suspeições e críticas até hoje. Em 1966, em Genebra, foi assinado um novo acordo, entre Reino Unido e Venezuela, em que os britânicos concordavam em negociar a fronteira.

O acordo, na prática, não decidiu nada, foi mais um dos vários “acordos para chegar em um acordo” na História, mas, para os venezuelanos, significou que os britânicos reconheceram a fronteira de 1899 como nula, posição não aceita pela Guiana, que se tornou independente em 1966. Finalmente, em 2015, foram descobertos novos e vastos campos de petróleo na área marítima de Guiana Essequiba.

Ou seja, longe de ser um território economicamente desprezível, trata-se de um lugar rico em ouro, cassiterita, petróleo e gás natural em suas águas. Desde a década de 1960 o território também serve como grande espantalho patriótico da Venezuela. Quando o governo de ocasião está mal, brada pela Guiana Essequiba e cria uma distração para a população, tal qual a Argentina fez e faz com as Malvinas.

Referendo
O referendo realizado no último domingo é um ótimo exemplo disso
. Maduro, inclusive, ensinou em rede nacional como votar no “sim”. Note o leitor que não foi ensinado como seria realizada a votação, mas como votar na posição do governo. Não é sequer a primeira vez que Maduro faz isso, tendo ordenado exercícios militares na fronteira com Guiana no ano passado e em 2018.

As cinco perguntas, na ordem, rejeitam a arbitragem de 1899, reforçam o acordo de 1966, rejeitam a jurisdição da Corte Internacional de Justiça, rejeitam a suposta “disposição unilateral” dos limites marítimos pela Guiana e criam o “estado de Guayana Esequiba”, com um “plano acelerado de atendimento integral à população”, incluindo a concessão de cidadania e de documentos venezuelanos.

As duas primeiras perguntas já foram explicadas. A terceira pergunta, ao rejeitar a jurisdição da CIJ, na prática, rejeita a possibilidade de uma nova arbitragem internacional e força uma negociação direta entre Venezuela e Guiana. Agora, é a Venezuela que é o país mais forte da conversa. Já a última pergunta aplica o manual russo implementado na anexação da Crimeia em 2014 e dos quatro oblasts ucranianos em 2022.

Segundo o governo venezuelano, tivemos “dez milhões de votos”, com cerca de 95% de aprovação em cada pergunta. Esse número, caso seja de eleitores, corresponde à metade do eleitorado venezuelano, embora, por exemplo, nas eleições parlamentares de 2020, apenas 30% dos eleitores compareceram. Mesmo os números oficiais são questionados nos últimos pleitos venezuelanos.

A questão é que pode existir uma maquiagem contábil aqui. Os “dez milhões de votos” corresponderiam a pouco mais de dois milhões de eleitores.  
Como cada um respondeu cinco perguntas, seriam dez milhões de votos. Ou seja, o comparecimento eleitoral seria de risíveis 10% do universo total. O fato é que essa vitória, independente dos números oficiais, será vendida por Maduro como um respaldo popular para as ações venezuelanas.


Diplomacia ou ação militar
Temos dois caminhos principais aqui. O primeiro
é o da negociação por vias diplomáticas. Nesse caso, pesa contra a Venezuela o fato de o atual governo não ser exatamente prolífico em amigos, além de a Guiana considerar o tema como encerrado. No caso de uma solução negociada, o Brasil pode, e precisa, desempenhar papel importante, por ser uma crise também em suas fronteiras.

Outro caminho é o da ação militar. A Guiana não dispõe de forças armadas propriamente ditas, mas de um exército com menos de cinco mil militares, um componente aéreo com alguns aviões de transporte e uma guarda costeira com algumas lanchas obsoletas. 
A Venezuela, mesmo em crise econômica, dispõe de recursos militares vastamente superiores e teria uma vitória fácil.

Fácil como a do Iraque sobre o Kuwait em 1990. E o exemplo histórico não é aleatório. A comunidade internacional foi rápida em condenar as ações iraquianas como uma guerra de agressão ilegal e uma força internacional, liderada pelos EUA e custeada principalmente pelos sauditas, derrotou o Iraque em alguns meses. Naquele período, as forças armadas iraquianas eram das mais formidáveis do mundo.

Se a Venezuela invadir a Guiana, a possibilidade de um porta-aviões dos EUA na costa venezuelana em questão de semanas é enorme. Além de ser uma hipotética guerra de agressão, a Guiana possui um grande aliado nessa crise: o fato de suas reservas de petróleo e gás já estarem sendo exploradas por empresas estrangeiras, especialmente a gigantesca Exxon Mobil dos EUA.


Manobra política
O governo Maduro pode estar recebendo mensagens incentivadoras de potências interessadas em um conflito na vizinhança dos EUA, mas essas potências, mesmo podendo exercer seu veto no Conselho de Segurança da ONU, pouco poderiam fazer para socorrer na prática os venezuelanos. E a Venezuela não teria como resistir longamente contra uma ação militar dos EUA, a verdade é essa.

Como já explicamos aqui, Maduro depende dos militares para se manter no poder. Ou seja, uma guerra não depende apenas dele. Uma guerra também seria uma tragédia para o Brasil, pois poderia abrir caminho para maior presença militar estrangeira na Amazônia. Também geraria um fluxo de refugiados considerável. Ou seja, é evidente que é do interesse do Brasil evitar uma guerra ali.

Até o momento, as ações diplomáticas brasileiras estão conseguindo algum efeito. Finalmente, existe outro aspecto, apontado tanto pela direita venezuelana quanto pelo Partido Comunista do país: Maduro, além de repetir o roteiro de usar uma grande distração patriótica, pode estar gestando uma crise intencional que justifique a suspensão ou adiamento das próximas eleições.

Por exemplo, em caso de Estado de Defesa, pela lei venezuelana, citada pelos atores políticos locais, a eleição seria suspensa. Novamente, isso não é uma invenção de Maduro, sequer da Venezuela, mas tudo pode não passar de alarmismo para justificar uma ação política interna. No fundo, Maduro sabe que invadir a Guiana seria o fim da causa de Essequiba. E o fim de seu governo.

Conteúdo editado por:Bruna Frascolla Bloise


Filipe Figueiredo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


terça-feira, 1 de março de 2022

Putin prepara assalto mais destrutivo após erros na guerra da Ucrânia - Folha de S. Paulo

Folha Press

Após enfrentar problemas logísticos e violar o manual das invasões militares, as forças de Vladimir Putin chegam ao sexto dia da guerra na Ucrânia numa nova etapa, potencialmente mais destrutiva para Kiev. O surgimento do comboio de 64 km de comprimento rumo à capital ucraniana e a intensificação do bombardeio sobre Kharkiv, a segunda maior cidade do país, são o símbolo dessa mudança.

A resistência local deverá ter problemas para segurar o assalto que se ensaia. Não que ela não tenha tido seus momentos de glória, apesar da romantização exacerbada na mídia ocidental, mas eles parecem ter derivado mais de erros de Moscou do que de sua qualidade técnica intrínseca.

Em novembro de 2020, após a derrota armênia na guerra contra o Azerbaijão, o analista militar russo Konstantin Makienko, do Centro de Análises de Estratégias e Tecnologias, de Moscou, escreveu um texto profético no jornal Vedomosti. "A principal lição que Moscou deve tirar da tragédia [a Armênia é um aliado indócil russo, e o apoio de Ancara a Baku aumentou a influência turca no Cáucaso] é que nunca subestime o inimigo. Reina aqui uma atitude condescendente e irônica em relação ao Exército ucraniano", afirmou. "Os militares ucranianos já possuem sistemas de armas que os russos não possuem. Mísseis antitanque de terceira geração e drones kamikaze. E, em breve, os drones turcos Bayraktar-TB2", completou.

Kostia, como era chamado pelos amigos, não viveria para ver a profecia realizada: morreu há um ano. Mas seus alertas eram precisos acerca das dificuldades que os russos encontraram. Mas não só essas.

Dois princípios de invasões terrestres foram violados por Moscou. O primeiro, o da finalidade: a mais bem-sucedida operação do gênero da guerra moderna, a expulsão do Iraque do Kuwait na Guerra do Golfo (1991), era desenhada com um objetivo só. O conflito que tirou Saddam Hussein 12 anos depois, também. Não foi o que se viu agora. Putin deixou claro desde o começo que seu objetivo era Kiev: decapitar o governo de Volodimir Zelenski com o mínimo de danos civis, para provavelmente instalar um aliado que não enfrentasse uma guerra civil e manter apoio em casa.

Mas seu ataque foi extremamente complexo, envolvendo as forças irregulares do Donbass, a ação rumo a Kiev pela Belarus sem uma coordenação aparente com a força vinda mais do leste e uma ofensiva com rumos divergentes no sudeste do país: tropas que deveriam atacar Mariupol se dividiram no meio.

O segundo princípio é um corolário do primeiro: concentração de forças. Apesar de chegar às ruas centrais de Kiev no terceiro dia de ação, o fez apenas com infiltrações mínimas de militares aerotransportados. Isso sugere que Putin subestimou Kiev, acreditando que apenas sua chegada ao país forçaria a rendição de Zelenski, pintado na Rússia como um fantoche americano, uma versão vida real do comediante que vivia na TV antes se tornar presidente, em 2019.

Pedra angular da doutrina militar russa, o uso maciço de barragens de artilharia e mísseis não foi aplicado nas primeiras fases do conflito. Houve, claro, ataques mais fortes como os vistos em Kharkiv e Mariupol, mas ainda não configura o "choque e terror" do então secretário de Defesa dos EUA Donald Rumsfeld no Iraque de 2003.

A Força Aérea russa ainda não foi usada de forma decisiva, deixando o trabalho principal para mísseis de cruzeiro e balísticos. Apenas um punhado de aviões de ataque Su-25 e talvez algum modelo avançado Su-34, amplamente usados na guerra civil síria, foi visto em ação. Helicópteros só foram vistos na tomada do aeroporto de Hostomel, perto de Kiev. A ideia é destruir toda a defesa antiaérea ucraniana, e esse objetivo parece perto de sua conclusão, evitando assim o constrangimento de ver aeronaves abatidas.

Os drones turcos que dominaram a guerra de 2020, como Kostia previu, fizeram estrago. Até a última conta disponível, Kiev tinha recebido seis deles, e ao menos uma coluna de blindados russa foi destruída. Os russos, contudo, dizem que já praticamente abateram todos. "A operação inicial foi baseada em suposições terríveis sobre a capacidade e a vontade da Ucrânia de lutar, e um conceito operacional impossível. Moscou errou feio no cálculo. Mas suas forças ainda não entraram na guerra", escreveu no Twitter o americano Michael Kofman, diretor para Rússia do centro CNA. "Houve dificuldades, claro. Mas a degradação das forças ucranianas é diária. É matemática, ao fim", afirmou Konstantin Frolov, analista político em Moscou.

Na segunda (28) e nesta terça (1º), o cenário mudou. O Kremlin não colocaria quilômetros de veículos expostos a ataques aéreos, o que mostra confiança em sua tática de supressão. E a intensificação dos bombardeios em Kharkiv, para onde foi enviada ao menos uma bateria do temível sistema de mísseis termobáricos TOS-1, quase uma arma de destruição em massa, prenuncia uma escalada.

Não é casual, assim, as informações vazadas pelo Pentágono à mídia americana sobre a renovada ação do Kremlin. Mais importante, tudo indica que as linhas de suprimento foram regularizadas. Este é um problema inerente a qualquer operação terrestre: os nazistas perderam a conquista de Moscou porque acabaram a gasolina, a munição e a comida às portas da capital soviética, em 1941.

Em 1991, a famosa "guerra das 100 horas" dos EUA contra Saddam só não perdeu o título porque soldados americanos foram feitos de motoristas de caminhões-tanque para levar combustível para a exaurida 1ª Divisão Blindada rumo a Bagdá.

O que se coloca agora é cálculo cruzado com o relógio correndo contra o Kremlin, pressionado sob todos os lados por sanções econômicas e políticas. Com o canal diplomático bem ou mal aberto em Gomel (Belarus), os russos podem contar ainda com alguma chance de rendição ucraniana. As promessas de ajuda militar dos vizinhos da Otan não parecem se materializar na velocidade para mudar a guerra: se Kiev de fato receber algum caça, não será em quantidade para mudar o rumo da ação.

Mas Zelenski parece bastante firme em seu posto de defensor, dado o apoio que recebe no Ocidente. Nisso concordam Kofman e Frolov: Kiev tem enorme vantagem na guerra midiática, o que não é pouco no mundo das redes sociais. Enquanto o Kremlin basicamente tenta esconder a guerra em casa, proibindo até as TVs de chamarem assim, Zelenski tem vantagem mundo afora. Putin se importa com isso? Enquanto sua posição interna não estiver ameaçada, parece que não. Mas uma intervenção prolongada traz riscos crescentes que sua retórica inflamada de guerra nuclear e confronto com a Otan indica.

O baixo número relativo de vítimas civis, central para o russo dada interligação entre seu povo e o ucraniano, também não ficará assim se ele usar mão pesada enquanto retém a iniciativa para subjugar a Ucrânia ou encontrar um cenário intermediário para manter o país dividido e fora da órbita do Ocidente.

Mundo - Folha de S.Paulo 


segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Morte de Soleimani: verdades, mentiras e muitas incógnitas - VEJA - Mundialista





Risco assumido: Soleimani usava a tática da audácia, com sucesso, e isso levou a czar com os Hellfires Office of the Iranian Supreme Leader/AP

Em primeiro lugar, o mais importante: não vai ter terceira guerra mundial.
O assassinato bem público de Qassem Soleimani, o homem que montou o “eixo xiita”, não pode ter sua importância subestimada, mas também não deve ser superestimada.  Por que Rússia ou China, as únicas potências nucleares que bancariam uma guerra generalizada contra os Estados Unidos, colocariam a própria sobrevivência em risco por causa do Irã? A garantia de que as potências não se incinerem nuclearmente continua a ser a destruição mutuamente garantida.

[Não somos 'experts' em política, mais ainda internacional, mas, temos a convicção de que não haverá guerra nuclear - a  terceira guerra mundial, se houver, poderá até justificar o classificação, devido suas consequências se estenderem por todo o mundo mas, não será nuclear.

O histórico da 'desavença' entre os EUA x Irã, não fortalece o risco de uma guerra. Pior foi em 1979 quando a embaixada dos Estados Unidos em Teerã foi invadida por universitários iranianos = alguns mais açodados logo dizem: mas, o presidente dos EUA era o Carter, um pacifista.

Só que a questão se arrastou e foi resolvida em 1981, quando os EUA era presidido por Ronald Reagan, um falcão. E a matéria, em seu primeiro parágrafo, é eloquente, ainda que com poucas palavras, em informar os motivos do não confluo.]

Ou seja, todos têm capacidade de que sua tríade nuclear mísseis disparados por terra, mar e ar – continuem a ser disparados mesmo depois da destruição dos centros de decisão.  Tudo é horrível nisso, mas é a realidade. Devido à capacidade bélica das grandes potências, quase inconcebível para os humanos comuns, qualquer incidente, ainda mais no Oriente Médio, dispara o espectro “terceira guerra mundial” e os dedinhos entram em ação frenética mundo afora. Tendências nas redes sociais mostram preocupações coletivas, espontâneas ou manipuladas, e são um termômetro interessante.

Também despertam em jornalistas, no calor dos acontecimentos, o desejo atávico de chamar atenção e prognosticar o futuro. Seguem-se  títulos ou quadros do tipo “Como seria a terceira gerra mundial”. 
 
 Existe melhor maneira de chamar atenções?
Mas formar opiniões sobre temas existenciais a partir das conversas dominantes no Face ou no Zap não é exatamente profissional.  Mesmo uma guerra envolvendo diretamente Estados Unidos e Irã é improvável. Ressalvado-se, evidentemente, o fator aleatório, o acontecimento imprevisível que empurra as pedras do dominó da guerra.

[apesar da nossa posição contrária à divulgação de imagens que possam ser consideradas chocantes, infelizmente, no  mundo atual imagens mais horripilantes se tornaram rotina = execução mediante decapitação mostradas em vídeo e assim optamos por atender o interesse de informar e publicamos algumas.
 
Expressamos o nosso repúdio à ação = abominamos qualquer tipo de terrorismo,  é deplorável em todas as suas formas e tem como principal elemento a covardia;
mas, as fotos mostram que o que podemos chamar de terrorismo de estado, consegue ser mais tenebroso do que o terrorismo de outros tempos. 

 
Algo nessa escala já aconteceu em 1988. Irá e Iraque estavam em guerra. A iniciativa tinha sido de Saddam Hussein.
No primeiro de seus muitos erros de cálculo: achava que poderia aproveitar o enfraquecimento militar provocado pela revolução dos aiatolás e dominar o fundo da “boca” marítima do Golfo Pérsico para o escoamento de petróleo. O resultado foi o oposto, o Iraque ficou bloqueado e tinha que exportar petróleo via Kuwait (ajuda que pagaria depois invadido o vizinho menor).Os Estados Unidos montaram uma frota para proteger os petroleiros kuwaitianos (na verdade, iraquianos) e aí aconteceu o desastre. O comandante da fragata Vincennes confundiu um avião de passageiros com um de guerra e, com janela de quatro minutos para tomar uma decisão, autorizou o disparo de mísseis.
Resultado: 290 mortos, incluindo 66 crianças.

O comandante Will Rodgers ganhou uma condecoraçãoapesar da reputação destruída e o Irã, 133,8 milhões de dólares de indenização. 
 
 Existe a tese, defendida por um desertor iraniano, de que a bomba que explodiu o avião da Pan Am sobre a cidadezinha escocesa de Lockerbie foi um atentado encomendado pelo Irã, como vingança, e não obra da inteligência líbia, como concluíram as investigações.

Embora seja uma potência regional, militarmente muito mais forte do que na época da guerra com o Iraque (durou oito anos e terminou em empate, um atestado da incapacidade bélica iraquiana), o Irã sabe muito bem das consequências de um confronto direto com os Estados Unidos. Sabe também que é uma minoria temida e odiada pelos vizinhos sunitas, com a exceção dos palestinos do Hamas e da Jihad Islâmica.

(.....)

Mão amputada
Não postamos a foto para não provocar choque.
Mas praticamente todo mundo já viu a imagem que mostra a mão decepada de Qassem Soleimani, identificada por um anel que ele sempre usava. Os braços também foram arrancados pela explosão dos mísseis Hellfire, disparados por um drone MQ9-Reaper (o Ceifador provavelmente foi operado por um piloto na sede da CIA em Langley; os comandos demoram 1,2 segundo para chegar).
 
A foto foi considerada autêntica por quem não costuma errar, como o site Times of Israel. Dúvida: o anel estava na mão esquerda, sendo a recomendação costuma ser para que o uso seja na mão direita (motivo: a esquerda é usada para a higiene íntima). Soleimani usava o anel de prata com uma grande cornalina, um quartzo laranja ou vermelho. É um costume de muito xiitas, que acreditam assim emular o profeta Maomé. As regras são estritas. Nenhum muçulmano homem pode usar joias de ouro (a proibição do ferro, aço e cobre também se aplica às mulheres), só prata.

Usar anel na mão esquerda é makrum (condenável), mas não haram (proibido e sujeito a penalidades).  A pedra no anel de Soleimani era uma aqeeq, um tipo quartzo considerado muito auspicioso por ter sido a pedra que “aceitou a unicidade de Alá”.
É o tipo de superstição, para não dizer maluquice, que deixa os puristas sunitas furiosos. O que nos leva à questão: quem gostou e quem chorou a morte de Qassem Soleimani.

Dando bandeira

(.....)

O mundo ficou mais seguro?

No Blog Mundialista, Vilma Gryzinski,em VEJA, leia MATÉRIA COMPLETA

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Ataques à Arábia Saudita: por que os EUA guardam milhões de barris de petróleo debaixo da terra



Após os ataques às principais instalações petrolíferas da Arábia Saudita, as autoridades americanas cogitaram recorrer à reserva estratégica de petróleo dos Estados Unidos. À medida que o preço do barril disparava no mercado internacional, o presidente americano, Donald Trump, escreveu no Twitter que autorizava o uso desse reservatório "para manter os mercados bem abastecidos, se necessário".

A reserva a que ele se referia equivale a mais de 640 milhões de barris de petróleo, que estão armazenados em cavernas subterrâneas de sal nos Estados do Texas e da Louisiana. A ideia de manter "reservas estratégicas" remonta à década de 1970. Todos os países membros da Agência Internacional de Energia (AIE) precisam armazenar um estoque equivalente a 90 dias de importações de petróleo, mas a reserva emergencial dos EUA é a maior do mundo.

Por que a reserva foi criada?
Os políticos americanos tiveram a ideia de estocar petróleo no início dos anos 1970, depois que um corte no fornecimento de petróleo por parte de países do Oriente Médio fez com que os preços do barril disparassem em todo o mundo. Membros da Organização dos Países Árabes Exportadores de Petróleo (Opaep) - incluindo Irã, Iraque, Kuwait, Catar e Arábia Saudita - se recusaram a exportar petróleo para os EUA após o país apoiar Israel na Guerra Árabe-Israelense de 1973, também conhecida como Guerra do Yom Kippur.

O conflito, que ocorreu em outubro daquele ano, levou apenas três semanas. Mas o embargo —que também atingiu outros países— durou até março de 1974, fazendo com que os preços do barril quadruplicassem em todo o mundo, saltando de cerca de US$ 3 para quase US$ 12. As fotos das longas filas de carros nos postos de gasolina, provocadas pelo racionamento de combustível nos países afetados, se tornaram imagens icônicas da crise. Em 1975, o Congresso dos EUA aprovou a Lei de Política e Conservação de Energia, que estabeleceu a criação da Reserva Estratégica de Petróleo (SPR, na sigla em inglês) para o caso de outra grande crise de abastecimento.

Qual é o tamanho da reserva?
Atualmente, há quatro locais onde o petróleo está armazenado: perto de Freeport e Winnie, no Texas; e nos arredores de Lake Charles e Baton Rouge, na Louisiana. Cada um destes locais possui várias cavernas subterrâneas de sal feitas pelo homem de  até um quilômetro de profundidade, onde o petróleo é armazenado. O tamanho das cavernas varia; podem armazenar o equivalente entre 6 a 35 milhões de barris. É muito mais barato mantê-lo assim do que em tanques acima do solo, além de mais seguro —a composição química do sal e a pressão geológica evitam o vazamento de óleo. Além disso, as diferenças de temperatura entre o topo e a base da caverna fazem com que o petróleo circule continuamente, mantendo sua qualidade. Segundo o Departamento de Energia, o fato de o óleo flutuar sobre a água ajuda a mover petróleo desses reservatórios. Basta bombear água fresca na base da caverna para empurrar o petróleo para a superfície. Através de oleodutos, o produto pode ser enviado e terminais e refinarias do país.

O maior reservatório, localizado em Bryan Mound, perto de Freeport, tem 19 cavernas e uma capacidade de armazenamento equivalente a 254 milhões de barris de petróleo. O site da Reserva Estratégica de Petróleo dos EUA afirma que no dia 13 de setembro deste ano havia, no total, 644,8 milhões de barris estocados nessas cavernas. De acordo com a Agência de Informação de Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês), os americanos usaram 20,5 milhões de barris de petróleo por dia, em média, em 2018, o que significa que há petróleo suficiente para manter o país funcionando por cerca de 31 dias.

Como a reserva funciona?
Segundo a lei de 1975 assinada por Gerald Ford, então presidente dos EUA, o presidente só pode autorizar a liberação das reservas de petróleo se houver uma "grave interrupção no fornecimento de energia". Devido a restrições físicas, apenas uma pequena quantidade de petróleo pode ser removida das cavernas diariamente, o que significa que, mesmo que haja uma autorização presidencial para liberar o petróleo, levaria quase duas semanas para chegar aos mercados.

Em UOL, MATÉRIA COMPLETA


 

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Terror Mundial – Ataques na Tunísia, na França e no Kuwait deixam dezenas de mortos



Ataques na Tunísia, na França e no Kuwait deixam dezenas de mortos
Em praia tunisiana, ao menos 27 pessoas - incluindo estrangeiros - foram mortas em atentado contra hotel em Sousse
Um ataque a um hotel no balneário tunisiano de Sousse, a cerca de 150 quilômetros da capital, matou pelo menos 27 pessoas, incluindo estrangeiros, afirmou um porta-voz do Ministério do Interior nesta sexta-feira, 26.

Mais cedo, nesta sexta, pelo menos uma pessoa morreu e duas ficaram feridas em um atentado terrorista na cidade de Saint-Quentin Fallavier, a 525 quilômetros a sudeste de Paris. Já no Kuwait, uma explosão em uma mesquita xiita deixou dezenas de mortos. O ataque foi reivindicado pelo Estado Islâmico.
 
Segundo Mohammed Ali Aroui, a maior parte das vítimas na Tunísia era turista. O porta-voz não disse, porém, quais seriam suas nacionalidades. Rádios locais dizem que entre os mortos em Sousse estão, principalmente, turistas alemães e britânicos.  Os detalhes do ataque, que uma fonte de segurança no local e as rádios relataram ter sido no hotel Imperial Marhaba, ainda estão sendo apurados. "Tiros disparados diante um hotel resultou num certo número de vítimas", afirmou uma emissora estatal, sem dizer a quantidade de vítimas.

O corpo de um dos atiradores está na cena do ataque com um fuzil de assalto AK-47, após ter sido baleado durante troca de tiros com a polícia, disse a fonte.  Sousse é um dos balneários turísticos mais populares da Tunísia, atraindo visitantes da Europa e de países vizinhos do norte africano.

A Tunísia está em alerta desde março, quando atiradores militantes islâmicos atacaram o Museu Nacional do Bardo, em Túnis, matando um grupo de turistas estrangeiros em um dos piores ataques em uma década no país.

"Não devemos ceder ao medo", diz Hollande após morte em atentado na França
O presidente de França, François Hollande, disse hoje (26) que é preciso não ceder ao medo, após um atentado que classificou como terrorista em uma fábrica perto de Lyon. Ele afirmou que o momento é de prevenir novas ações terroristas. Hollande interrompeu a reunião de líderes europeus da qual participa, em Bruxelas, para fazer a declaração e anunciou que voltará em seguida para a França, onde deverá ter uma reunião emergencial de crise. "Nunca devemos ceder ao medo", disse o presidente da República francesa.

Mais cedo, um homem envergando uma bandeira islâmica atacou hoje uma instalação industrial de gás perto de Lyon, fazendo pelo menos um morto e vários feridos.  Segundo uma fonte judicial citada pela France Presse, o homem teria entrado em uma fábrica, em Saint-Quentin-Fallavier e detonado vários pequenos engenhos explosivos.

De acordo com o presidente Hollande, o autor do crime já teria sido identificado. Próximo à fábrica foi encontrado um corpo decapitado e a cabeça continha inscrições. O ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve está a caminho do local do atentado.

Estado Islâmico ataca mesquita xiita e deixa 25 mortos no Kuwait
Ao menos 25 pessoas morreram nesta sexta-feira em um atentado reivindicado pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI) contra uma mesquita xiita no Kuwait. O grupo ultrarradical sunita reivindicou o ataque, realizado durante a grande oração de sexta-feira na mesquita Al Imam al Sadeq, na Cidade do Kuwait, na segunda sexta-feira do mês de jejum sagrado do Ramadã.

Em um comunicado, a "Província de Najd", que se manifestou recentemente como a facção saudita do EI, afirma que um camicase, Abu Suleiman al Muwahhid, realizou o atentado contra uma mesquita "que promovia o ensinamento xiita entre a população sunita". Segundo o ministério do Interior do país, além dos 25 mortos, 202 pessoas ficaram feridas no ataque.  A "Província de Najd" reivindicou em maio dois atentados contra xiitas na Arábia Saudita.

Estado Islâmico mata 120 civis na cidade síria de Kobani
Ao menos 120 civis morreram pelas mãos do grupo Estado Islâmico (EI) desde que na quinta-feira os jihadistas lançaram um ataque contra a localidade curda de Kobani, ao norte da Síria, informou nesta sexta-feira uma ONG, que denunciou um massacre.

A tensão seguia reinando nesta sexta-feira em Kobani, situada perto da fronteira com a Turquia, já que os jihadistas haviam se entrincheirado em edifícios e utilizavam civis como escudos humanos, indicaram militantes e o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH). 

"Teriam ao menos 70 civis tomados como reféns", disse Mostafa Ali, jornalista local originário de Kobani e que se encontra nos arredores da cidade. Os combatentes curdos "cercam os imóveis, mas não se atrevem a disparar para não colocar em risco a vida dos civis", afirmou.

O grupo EI havia lançado na quinta-feira um ataque surpresa com três atentados suicidas em Kobani, de onde havia sido expulso em janeiro, o que constituiu seu primeiro revés desde o início de sua expansão na Síria. Este ataque surpresa é, segundo os analistas, uma vingança e uma operação "de diversão" por parte dos jihadistas, que sofreram uma série de derrotas nos últimos dias pelas mãos das Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG) no norte da Síria.

"Segundo fontes médicas e habitantes de Kobani, 120 civis foram executados pelo EI em seus lares ou morreram por ataques de foguetes e de franco-atiradores", disse o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman, que acusou o grupo jihadista de ter lançado um de seus piores massacres na Síria. A este balanço se somam 26 civis executados na quinta-feira em um povoado perto de Kobani, segundo o OSDH, que dispõe de uma ampla rede de informantes na Síria.

Fonte: Agência Brasil, AE e AFP