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quarta-feira, 30 de maio de 2018

A prisão da cúpula petista

A coincidência da prisão dos três homens mais importantes do primeiro mandato petista na Presidência dá àquela gestão ares de organização criminosa

Com a volta do deputado cassado José Dirceu à prisão, agora toda a cúpula do primeiro governo de Lula da Silva, exercido de 2003 a 2006, encontra-se na cadeia. Dirceu, Lula e o ex-ministro Antonio Palocci estão condenados por corrupção. Nada há a celebrar nesse desfecho, a não ser o auspicioso fato de que a Justiça, no Brasil, finalmente alcançou gente tão poderosa e com tanta influência política. No mais, é triste que a República tenha sido entregue, por meio de eleições livres, a indivíduos tão acintosamente despreparados para o exercício minimamente ético do poder, gente que agiu à margem da lei de forma sistêmica e profissional, usando como desculpa a fajuta promessa de “justiça social”.

A coincidência chamemos assim da prisão dos três homens mais importantes do primeiro mandato petista na Presidência dá àquela gestão ares de organização criminosa — coisa que, aliás, já havia ficado razoavelmente clara, até para o mais inocente observador, desde que estourou o escândalo do Mensalão, em 2005.
 
Recorde-se que a campanha eleitoral que levou esse pessoal ao poder incluiu ferozes ataques aos políticos governistas de então, comparados, em uma peça publicitária, a ratos que estavam a roer a bandeira do Brasil. A peça, concebida pelo marqueteiro Duda Mendonça, veio acompanhada de um chamamento dramático aos eleitores: “Ou a gente acaba com eles, ou eles acabam com o Brasil. Xô, corrupção. Uma campanha do PT e do povo brasileiro”. Como se sabe, Duda Mendonça confessou mais tarde que o PT pagou por esse e outros serviços com transferências milionárias para contas secretas em paraísos fiscais, coisa típica de quem tem muito a esconder. Era apenas um fiapo do Mensalão, que se revelaria um dos maiores escândalos de corrupção da história só não foi o maior porque, em seguida, viria o Petrolão, que dificilmente será destronado.

O PT nunca admitiu a corrupção de seus próceres. Ao contrário, tratou-os como “guerreiros do povo brasileiro”, como se tudo o que se comprovou a respeito dos crimes por eles cometidos fosse mentira. Segundo os petistas, as evidências colhidas contra Lula, Dirceu, Palocci e tantos outros nada menos que três ex-tesoureiros do partido foram encarcerados integram uma imensa conspiração das elites para impedir que os pobres tenham uma vida decente algo que, conforme o evangelho petista, só é possível com a turma de Lula da Silva no poder.

Se resolvesse seguir à risca seus estatutos, o PT teria de expulsar todos os que foram condenados por receber propinas, casos de Lula da Silva e de seus parceiros. Mas é evidente que essa ameaça não vale o papel em que está escrita. A expulsão está reservada aos que ousam mostrar que o rei Lula está nu, como aconteceu com um dos fundadores do PT, Paulo de Tarso Venceslau, que em 1997 denunciou um esquema de corrupção engendrado por um compadre do demiurgo de Garanhuns em prefeituras administradas por petistas. A Paulo de Tarso foi reservado o estigma dos traidores; já o esquema por ele denunciado revelou-se um aperitivo do que viria a ser o Petrolão.

Do PT não é possível esperar regeneração. Enquanto estiver sob o domínio de Lula da Silva e nada parece capaz de diminuir esse domínio, nem mesmo sua condição de presidiário , o partido será a expressão do cinismo dos que se dizem campeões da “ética na política”, mas exercem o poder como se nenhum limite moral lhes dissesse respeito, ademais de se considerarem proprietários do governo, e não inquilinos temporários. É isso o que explica por que razão Lula da Silva, José Dirceu e Antonio Palocci, esteios do primeiro governo petista, estão presos.

Em um país civilizado, não se admite que um grupo político com esse comportamento tão explicitamente criminoso, que fez da corrupção um método de governo, com o objetivo de permanecer para sempre no poder, escape impune. Ainda há um longo caminho a percorrer para que a influência deletéria dessa turma seja inteiramente neutralizada, mas a prisão da poderosa troica petista é um excelente começo.

Editorial - O Estado de S. Paulo

 

 

terça-feira, 1 de maio de 2018

Mais cadeia para Lula, Palocci, Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo

PGR denuncia Palocci, Lula, Gleisi e Bernardo

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, denunciou ontem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e os ex-ministros Antonio Palocci e Paulo Bernardo, por corrupção passiva, e o empresário Marcelo Odebrecht por corrupção ativa.  A denúncia, encaminhada ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), trata das suspeitas de que a construtora Odebrecht fez repasses ao PT em troca de decisões políticas que favorecessem a empresa.

Segundo a PGR, o PT teria à disposição US$ 40 milhões – equivalente a R$ 64 milhões na época dos fatos – em uma conta mantida pela Odebrecht, para cobrir uma série de despesas indicadas pelos petistas, como a campanha de Gleisi ao governo do Paraná em 2014.  A senadora, presidente nacional do PT, também foi denunciada por lavagem de dinheiro. Gleisi já é ré em outro caso da Lava Jato em que é acusada por corrupção e lavagem de dinheiro. O caso envolve o suposto recebimento de R$ 1 milhão do esquema de propinas da Petrobrás para sua campanha de 2010.

Entre as decisões políticas que teriam beneficiaram os interesses do grupo Odebrecht, segundo o Ministério Público Federal, está o aumento de uma linha de crédito do BNDES entre Brasil e Angola voltada para o financiamento da exportação de bens e serviços entre os dois países. A PGR sustenta que Marcelo Odebrecht pediu ajuda a seu pai, o empresário Emílio Odebrecht, para que o então presidente Lula intercedesse pela ampliação da linha de crédito para a empreiteira. Segundo Raquel, Lula foi “determinante” para o BNDES aumentar para US$ 1 bilhão a linha de financiamento que beneficiou a Odebrecht e outras empresas.  Raquel aponta que a ampliação da linha de crédito “teve seu preço ilícito pago sob a forma de vantagem indevida” a integrantes do PT, em uma conta corrente criada em 2008 para arrecadação de “vantagens indevidas” da sigla – inicialmente gerenciada por Antonio Palocci; depois, por Guido Mantega.

Campanha
Ainda de acordo com a denúncia, Gleisi, seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, e um auxiliar da senadora, Leones Dall’agnol, pediram a Marcelo Odebrecht “vantagem indevida” no valor de R$ 5 milhões para despesas da campanha da petista ao governo do Paraná “via caixa 2”. Desse valor, o trio teria comprovadamente recebido pelo menos R$ 3 milhões, em parte por intermediários, diz a denúncia. Gleisi teria ocultado e dissimulado os valores recebidos.
A procuradora pede a “condenação solidária” de Lula, Paulo Bernardo e Palocci, para pagar ao erário o equivalente a US$ 40 milhões, além de R$ 10 milhões a título de indenização por dano moral coletivo. Já para Gleisi, Paulo Bernardo, Leones e Marcelo Odebrecht, os valores são respectivamente R$ 3 milhões e R$ 500 mil, também em “condenação solidária”.

Defesa
Em nota, Gleisi afirmou que a PGR atua de “maneira irresponsável” ao formalizar denúncia contra ela e o marido “sem provas, a partir de delações negociadas com criminosos em troca de benefícios penais e financeiros”. A defesa de Antonio Palocci informou que só se manifestará após ter acesso à denúncia. A defesa de Lula disse que analisará o caso antes de se pronunciar.
Em nota, a defesa de Marcelo Odebrecht reafirmou “o seu compromisso contínuo no esclarecimento dos fatos já relatados em seu acordo de colaboração e permanece à disposição da Justiça para ajudar no que for necessário”. A Odebrecht, por sua vez, reiterou que está colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua. A reportagem não localizou Leones. 

As informações são do jornal O Estado de S.Paulo



 

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Lula agora se ferrou mais ainda ... deve ser réu em no mínimo 10 processos - Palocci assina acordo de colaboração com a Polícia Federal

Ex-ministro dos governos Lula e Dilma já prestou depoimentos; acordo ainda não foi homologado pela Justiça

Preso desde setembro de 2016, o ex-ministro Antonio Palocci assinou acordo de delação premiada com a Polícia Federal. Fontes vinculadas ao caso confirmaram ao GLOBO que a colaboração avançou com rapidez nos últimos dias. Em sigilo, além de terem fixado as bases dos benefícios que serão concedidos a Palocci, os investigadores inclusive já teriam concluído a fase de depoimentos. A colaboração de Palocci, no entanto, ainda não foi homologada pela Justiça.

Fundador do PT, ex-prefeito de Ribeirão Preto, ex-ministro da Fazenda do governo Lula e ex-chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff, Palocci participou das decisões mais importantes do partido nas últimas duas décadas. Ele foi condenado pelo juiz Sergio Moro, que comanda os processos da Operação Lava-Jato em Curitiba, a 12 anos, dois meses e 20 dias de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Era, até o início das investigações em Curitiba, um dos políticos mais influentes do PT.

SEM ACORDO COM MPF
As revelações do ex-ministro devem dar um novo impulso à Lava-Jato. As informações e os documentos fornecidos por ele seriam suficientes para abertura de novos inquéritos, operações e até mesmo prisões, segundo revelou ao GLOBO uma fonte que conhece o caso de perto.

Palocci fez acordo com a Polícia Federal depois de tentar, sem sucesso, negociar uma colaboração com os procuradores da força-tarefa da Lava-Jato. Embora tenha anexos ainda não conhecidos, que tratam de sua relação pessoal com o universo político, das negociatas com empresários e do lobby desempenhado por ele no governo em favor de empresários, a delação do ex-petista segue um roteiro conhecido.

LULA NO ALVO
Além de detalhar nos depoimentos os casos de corrupção dos quais participou ou teve conhecimento, o ex-ministro terá de apresentar provas do que diz. Se mentir ou quebrar algumas das cláusulas firmadas, poderá perder os benefícios negociados. As vantagens oferecidas a Palocci em troca de suas revelações ainda estão sendo mantidas em sigilo pelas partes. Na semana passada, o ministro teve um pedido de liberdade negado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou temerário liberá-lo da prisão no atual estágio das investigações. No papel de colaborador, no entanto, a situação do ministro poderá ser revista pela Justiça.

Em depoimento ao juiz Sergio Moro, em setembro de 2017, Palocci antecipou alguns episódios simbólicos de sua relação com Lula. O ex-presidente, aliás, seria um dos políticos mais citados por Palocci. Ao falar das relações do ex-presidente com a Odebrecht, por exemplo, Palocci afirmou que Lula havia firmado um “pacto de sangue” com o empresário Emílio Odebrecht nos últimos meses de 2010, em uma conversa sigilosa no Palácio do Planalto.

Nesse período, o ex-ministro era o encarregado de mediar a relação entre o PT, o governo e a cúpula da empreiteira, como revelaram os ex-executivos da Odebrecht em delação. Palocci operava a famosa “conta Amigo”, aberta no sistema de propinas da construtora para bancar despesas pessoais, favores e projetos de interesse do ex-presidente Lula.
— Ele (Emílio) procurou o presidente Lula nos últimos dias do seu mandato e levou um pacote de propinas que envolvia esse terreno do instituto, já comprado. Apresentou o sítio para uso da família do presidente Lula, que ele já estava fazendo a reforma, em fase final. Também disse que ele tinha à disposição para o próximo período, para fazer as atividades políticas dele, R$ 300 milhões — disse Palocci.

Dessa conta também teriam saído recursos para remunerar palestras do ex-presidente Lula e doações ao instituto que leva o seu nome. O ex-ministro admite ainda os repasses via caixa dois de empresas para as campanhas de Lula e Dilma. Afirma que a relação dos empresários com o governo era “bastante movida” a vantagens concedidas a empresas no governo mediante o consequente pagamento de propinas e repasses de caixa dois ao partido. Ao falar do esquema do PT com empreiteiras que pagavam propina em troca de influência no governo, Palocci disse que as vantagens não se destinavam a retribuir benesses específicas obtidas em um ou outro contrato público. Tratava-se de manter uma relação amigável e constante com os mandatários para estar 
sempre em posição privilegiada em concorrências públicas.

A PARTE DE DILMA
Ao falar da ex-presidente Dilma Rousseff, o ex-ministro disse que ela não apenas sabia do esquema corrupto entre PT e as empreiteiras, como teria sido beneficiária e mantenedora dos arranjos. Palocci deu exemplos de situações em que tais temas foram tratados na presença de Dilma ou dependeram de sua chancela. Em meados de 2010, segundo Palocci, ele participou de uma reunião com Lula, Dilma e o então presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli na biblioteca do Palácio da Alvorada. O assunto era os contratos de exploração do pré-sal. Lula, segundo o ex-ministro, teria falado abertamente do propósito de usar os projetos da estatal para financiar a campanha “dessa companheira aqui (Dilma), que eu quero ver eleita presidente do Brasil”, teria dito Lula, nas palavras de Palocci.

As negociações sigilosas do ex-ministro com a Polícia Federal foram reveladas pelo GLOBO no dia 14 de abril. Nas tratativas, o ex-ministro melhorou a proposta de delação. Ele teria fornecido mais detalhes e indícios dos crimes dos quais participou ou teve conhecimento. Para um experiente investigador, Palocci é um dos poucos condenados da Lava-Jato que têm informações importantes para debelar estruturas criminosas ainda fora do alcance da polícia.
— Ele ainda é um dos poucos que têm bala na agulha — disse ao GLOBO uma fonte que acompanha o caso de perto.

O Globo
 

sábado, 30 de setembro de 2017

A nova carta de Palocci

Trata-se de um dos mais contundentes documentos políticos de nossa história recente

Ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil dos governos Lula da Silva e Dilma Rousseff, respectivamente, Antonio Palocci não é um delator qualquer. Muito mais do que um mero observador privilegiado dos 13 anos de lulopetismo, o ex-prefeito de Ribeirão Preto é nada menos do que um de seus mais engenhosos artífices.  Seria um arriscado exercício de imaginação afirmar que sem Antonio Palocci o Partido dos Trabalhadores (PT) não teria chegado ao poder em 2002, quando Lula da Silva assumiu a Presidência da República após três derrotas eleitorais consecutivas. Entretanto, sua liderança na coordenação do programa de governo petista muito contribuiu para dar confiança e previsibilidade a uma candidatura tida como aventureira e inconsequente antes de suas intervenções.

Por meio da famosa Carta ao Povo Brasileiro, concebida por Antonio Palocci, Lula da Silva assumiu o compromisso de, uma vez na Presidência da República, respeitar os pilares macroeconômicos erguidos a duras penas durante os mandatos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Lula da Silva, enfim, foi eleito e Antonio Palocci assumiu o Ministério da Fazenda, passando a ser a figura central na interlocução entre o governo e o chamado setor produtivo. Sob a gestão de Palocci, a economia do País navegou em mares tranquilos.

Na posição de ministro da Fazenda, Palocci viu aumentar significativamente o seu poder e influência em outras áreas do governo, caminhando naturalmente para ser o candidato à sucessão de Lula da Silva não fosse uma carreira criminosa que logo seria descortinada diante dos olhos da Nação.  Se com a notória Carta ao Povo Brasileiro Palocci ajudou a fundar a era lulopetista, em sua mais recente missiva o ex-ministro afunda de vez a propalada mística política de Lula da Silva, além de expor as vísceras do partido do qual é um dos fundadores e que, agora, se resume a uma mera rede de vassalagem ao suserano de São Bernardo.

No documento de pouco mais de três páginas, escrito na cadeia e dirigido à presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), o ex-todo-poderoso petista dá detalhes de sua participação nos governos de Lula da Silva e Dilma Rousseff e expõe, de forma clara e articulada, os subterrâneos das negociatas que deram origem a um verdadeiro plano para tomada do Estado brasileiro para fins pessoais e partidários.  Profundo conhecedor do ethos petista, Palocci, com a autoridade que poucos na legenda têm, questiona se o PT é “um partido político sob a liderança de pessoas de carne e osso ou somos uma seita guiada por uma pretensa divindade?”. Bem, a julgar pela reação da destinatária da carta, um partido político o PT não é mais.

Em entrevista publicada no jornal Valor na quinta-feira passada, a presidente do PT deixa claro que o bom destino do País é o que menos importa para seu partido hoje. 
Por meio de uma narrativa que muito se aproxima do fanatismo religioso, Gleisi Hoffmann deixa claro que para o partido que preside nada mais importa do que a defesa inarredável da inocência de Lula da Silva, não obstante a condenação já sofrida pelo ex-presidente na Justiça, a primeira em sete processos a que responde.

Quando não se ocupa de defender a candidatura de Lula na eleição de 2018, Gleisi Hoffmann presta-se a tentar desqualificar, pateticamente, as alegações de Antonio Palocci, como se proviessem de algum estranho, e não de uma figura central do partido, alguém que teria sido ungido por Lula para sua sucessão não fossem os “ilícitos” do ex-ministro, como ele chama seu passeio pelo Código Penal.  Para terem valor jurídico, é evidente que as alegações de Antonio Palocci contidas em sua carta de desfiliação do PT – uma extensão do depoimento espontâneo que o ex-ministro prestou ao juiz Sérgio Moro – deverão vir acompanhadas por provas do que lá vai escrito. Entretanto, trata-se, desde já, de um dos mais contundentes documentos políticos de nossa história recente.

Fonte: Editorial - O Estado de S. Paulo


domingo, 17 de setembro de 2017

O alcagueta repugnante: sei quanto custa o que Palocci diz, mas quanto rende o que não diz?

Era Palocci quem legitimava Lula, não Lula quem legitimava Palocci. O ex-ministro se orgulhava de ser aquele que impedia o chefe de escolher o mau caminho

Não esperem de mim elogios a Antonio Palocci por ter, como é mesmo?, “acabado com Lula de vez”, “liquidado com o PT”, “desmoralizado as explicações do chefe da quadrilha” e por aí afora… Não simpatizo, por princípio, com trânsfugas e traidores, não me importam seus respectivos alvos. Tenho, diga-se, repulsa física por gente como ele. 

Sabem por quê? Só se interessou pela “verdade” quando isso passou a ser do seu interesse. Meu blog está no mundo há 11 anos. Eu nunca fui um “paloccista” entusiasmado nem nos tempos em que o empresariado, em especial o setor financeiro, se ajoelhava a seus pés. Que tipo de gente vira a casaca da noite para o dia e passa a acusar, com requintes de perversidade, o amigo da véspera? Certamente não é aquele que se apaixonou pela verdade.

No terreno das convicções e também de alguns fatos evidentes, não tenho razões para duvidar de que o PT se comportou como organização criminosa em muitos momentos de sua trajetória. Sua estruturação para capturar o Estado está demonstrada, a meu juízo, muito antes da Lava Jato. Mas venham cá: Palocci desempenhava apenas o papel de um contínuo da dita organização ou era um de seus principais formuladores? É SIMPLESMENTE MENTIROSA A NARRATIVA DE QUE FAZIA O QUE LULA MANDAVA.
Nesse caso, não dou uma opinião. Estou aqui a passar informações. Eu falo com muitos empresários com os quais Palocci falava. Quando estes apresentavam seus pleitos, fora do espaço institucional — e isso não quer dizer que se tratasse necessariamente de ações criminosas —, para que se ouvisse um “sim” ou “não”, em especial quando ele era ministro, nunca foi preciso que o interlocutor aguardasse que o super-homem do PT desse um telefonema a Lula. Ele decidia com autonomia mesmo quando estava fora do governo, dado o seu trânsito no partido e nas estruturas do Estado por este dominadas.
Sim, o seu “Certificado de Origem Controlada” era sua amizade com Lula, era a proximidade com o chefe máximo da legenda. Mas a consulta nunca foi necessária. Se José Dirceu tinha trânsito autônomo nas estruturas partidárias e na burocracia administrativa, Palocci atuava com autonomia plena na área econômica. Acho que é, sim, verdadeira a sua gestão, digamos, informal de “recursos” em benefício da causa, mas ele não atuou apenas como um estafeta.
Vou mais longe: do ponto de vista das relações com o mercado — setor financeiro e grande capital —, era Palocci quem legitimava Lula, não Lula quem legitimava Palocci. O ex-ministro se orgulhava de ser aquele que impedia o chefe de escolher o mau caminho. Serei ainda mais preciso: quando se temia que o apetite de Dirceu pelo poder e sua visão de mundo mais esquerdizante ganhassem espaço no governo petista, era com Palocci que se contava para que ocorresse o contrário.
Mais ainda: num dado momento do primeiro governo petista, até as acusações do mensalão virem à luz, eram estes os dois polos de poder, sujeitos à arbitragem de Lula: Dirceu X Palocci. E o chefe, invariavelmente, sem exceção, desempatou as pendengas em favor do seu ministro da Fazenda. Não há “empresário neste país” que ignore o fato de que Palocci era considerado a grande alternativa do PT para a Presidência da República se não tivesse caído em desgraça.
Memória
Ora, na minha batalha contra o Leviatã petista; na minha saga contra o “Partido como o Moderno Príncipe” consultem os embates de 2003, 2004, 2005 —, qual era o elemento mais difícil de enfrentar? Palocci! Quem parecia desafiar a acusação que eu fazia da estruturação de um ente de razão autoritário, disposto a tomar o lugar das instituições? 


Palocci! Quem se apresentava como o avesso do monstro autoritário que eu via nascer? Palocci. Lembro de um almoço de que participei, em 2005, ainda no pré-mensalão, com a cúpula de uma grande instituição financeira. Expus a natureza gramsciana do PT, disse por que aquela estruturação de poder ou daria em ditadura ou em desastre econômico, ressaltei a aversão da legenda aos fundamentos da democracia.
O “chefinho” do grupo, então, mal saído dos cueiros, mas em posição de comando em razão — supus — da destreza com que se referia à política apelando a expressões em inglês próprias do mercado financeiro, ficou bem indignado comigo. Ele estava cantando e andando para a questão política. Tivesse alguma cultura, teria dito ali o que ouvi tempos depois de um peso-pesado do setor produtivo, referindo-se justamente a PT e a Palocci: “Não importa a cor do gato, desde que cace ratos”. A frase derivava de uma tirada à chinesa de Deng Xiaoping, pronunciada em 1961. Originalmente: “Não impotta se o gato e branco ou preto, desde que cace os ratos”.
Na cabeça do empresariado brasileiro, inclusive de alguns “bacanas” que hoje financiam movimentos antipetistas, Palocci — que sempre foi rato, diga-se — era esse “gato”. Se não tivesse caído em desgraça no primeiro governo Lula, teria sido o centro de uma articulação no país nem preta nem branca, mas apenas autoritária. Ou vocês seriam capazes de citar algum peso-pesado da economia no Brasil que tenha se lembrado de defender graças como “liberdade de expressão”, “democracia” e “estado de direito” ao tempo em que o PT exercia o seu mandarinato, de acordo com as vontades de Sua Excelência o Mercado?
E quem era a garantia? Respondo: Palocci!
Não me venham tratar agora como herói o sujeito que foi flagrado — num acerto com um veículo de imprensa, diga-se com o extrato bancário de um caseiro como prova de sua inocência em determinada acusação. Extrato que fora conseguido, ilegalmente, por um subordinado seu. “Oh, mas ele não pediu nada…” Entendo.
Não sou político
Olhem aqui: não sou político.
Não lidero grupelho ou “grupalho” do gênero. Não vou disputar eleições. Também não tenho acertos de contas a fazer com ninguém. Não esperem de mim que olhe com simpatia um cara como Palocci. O que escrevi ao longo dos anos evidencia que eu via nele o lobo em pele de cordeiro. Servia a todos os desígnios de uma máquina autoritária, mas o fazia falando a linguagem que aqueles que deveriam combater o PT queriam ouvir. Afinal, ele caçava os “ratos”. Mais: mantinha apaziguados os roedores do próprio petismo.

Para que não reste a menor dúvida sobre o meu ponto, deixo claro: ainda que seja verdade tudo o que diz e o que ainda vai dizer — a gente nota que sua delação está enroscada e que ele conta com a influência de Sérgio Moro na Força Tarefa para desenroscar —, isso não faria do homem, por si, um herói. Ocorre que há mentiras históricas gritantes e grosseiras no que diz. Nunca precisou, por exemplo, que chefe autorizasse suas “consultorias”. Reitero: não era Lula quem abençoava Palocci; era Palocci quem abençoava Lula. Ele era a garantia de que o chefão petista não iria destrambelhar nos descaminhos da esquerda. Ele é que se orgulhava de ter o outro sob controle, não o contrário.
Delação viciada
Sim, há uma delação em curso de Palocci
. Está viciada por sua própria natureza. Todos conhecem minha opinião sobre tal estatuto: é importante, sim, no combate à corrupção, mas precisa ser moralizado. É indecoroso que se aceite delação de quem já está condenado. Sabem por quê? Porque se está premiando o canalha calculista. O sujeito apostou que poderia se dar bem no mundo do crime. Como foi malsucedido, então resolveu ser um “colaborador” para se livrar da cadeia e poder usufruir do produto do crime.

Não tivesse eu, de saída, repugnância genérica por traidores e desleais, teria a específica. Vocês devem se lembrar que, quando se falou da possibilidade de Palocci fazer delação, houve alguns temores de que pudesse levar a lama para o setor financeiro e até empresas de comunicação. Como se vê, não há nada a respeito. Ele percebeu que Lula está bastante debilitado; notou que o antigo gigante está cambaleando; viu o líder ser levado à beira de uma condenação que o inviabiliza como candidato… Então Palocci não teve dúvida: para livrar a própria pele, resolveu ele também participar do banquete e arrancar um naco de carne do velho búfalo, que se debate, ainda vivo, cercado por leões — com hienas na periferia da cena, a espreitar —, apostando na resistência de seu couro duro. [Lula está tendo ainda menos do que merece; tem que ser mais maltratado, desmoralizado, espezinhado, condenado, desprezado, tratado como a hiena, o chacal, que é,  mesmo assim será pouco diante do mal que ela causou ao Brasil e aos brasileiros otários que acreditaram nele - óbvio que os que não acreditaram também sofreram e a maioria ainda sofre o resultado do 'desastre' Lula, continuado pela tragédia Dilma, mas, pelo menos podem dizer: 'não votei nele'.
E ainbda temos que acalentar a esperança de que Palocci fale o que sabe sobre o caso Celso Daniel - embora, com Gilberto Carvalho, seminarista de missa-negra,  sendo réu, juntamente com Lula, em um processo abra a boca e fale o que sabe sobre o assassinato do ex-prefeito Celso Daniel.]
E Palocci foi para cima de Lula, que se tornou o samba de uma nota só de seu depoimento a Moro, que tenta valer por uma pré-delação. Depoimento que veio, note-se, num momento em que a Lava Jato respira por aparelhos.
Concluindo
Não é preciso ser muito sagaz para perceber que o trânsfuga resolveu transformar Lula no seu bode expiatório, preservando, no entanto, os seus próprios “interlocutores”: empresários graúdos e setor financeiro. Aposta numa pena leve e numa multa pesada, que poderá lhe custar boa parte do que amealhou com suas “consultorias”, que fizeram dele um homem rico. E, reitero, isso não aconteceu porque Lula o comandava, mas porque se supunha que ele tivesse o comando de Lula — e, em parte ao menos, isso é verdade.


Notem, aliás, que Palocci endossa a suspeita de que as tais palestras do chefão petista nunca existiram. [as chances da suspeita endossada por Palocci serem verdadeiras são grandes; afinal de contas, Lula era incapaz, continua sendo, de pronunciar uma frade com dez palavras, sem cometer, no mínimo, dois erros - estou sendo generoso.] Mas Palocci continua a assegurar que, de fato, dava consultoria…
Se obtiver uma sensível redução da pena degradando (“não se diz ‘denegrindo’, juiz Sérgio Moro!) um pouco mais a figura de Lula, Palocci estará no lucro ainda que lhe venha a ser imposta uma multa que o deixe sem vintém. Ora, meus caros, prestem atenção a isto: aqueles de que Palocci resolveu se esquecer em confissão e delação certamente se lembrarão de não deixá-lo ao relento. Nesse caso, os silêncios do ex-ministro podem render bem mais do que pagará pela alcaguetagem.
Não contem comigo para isso. O Brasil desse “freak show” não está combatendo a impunidade, como querem os Janots, Dallagnois e Moros, mas premiando o sem-vergonha que resolve adornar sua sem-vergonhice com a traição interessada.
Já sei quanto custa o que Palocci diz.
Agora quero descobrir quando rende o que ele não diz.
Pronto!
Falei!

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo 

 

Quem “matará” os facínoras? Como o Brasil foi parar nas mãos dessa turma de delinquentes