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sexta-feira, 28 de julho de 2023

Bandidos e vítimas de predileção - Percival Puggina

 

         Pessoas posicionadas em altos escalões da República resolveram metamorfosear-se.  
Ora são elas mesmas, ora são o Estado, ora são a democracia, ora a Constituição. 
Essa sobrenaturalidade ou transcendência produz efeitos na vida social, não havendo como não atribuir a tal grupo certos abusos percebidos no país. Quem quer ser transcendente assuma ônus e bônus; quem quer ser jequitibá, aguente o vento lá em cima.
 
Quantas vítimas e quantos policiais deixariam de morrer todo ano se quem os matou estivesse onde deveria estar, atrás das grades de um presídio?  
Duvido que não tenham, todos, longo prontuário de ocorrências, intimações, prisões e condenações a certificar sua disposição de viver fora da lei. 
Ninguém inaugura sua vida criminosa matando policiais. 
Só que nenhum daqueles eventos teve o tratamento necessário para assegurar a proteção da sociedade. Com raras, raríssimas exceções, todos foram conduzidos, pelas instituições, de modo a favorecer o transgressor. Presídios brasileiros têm porta de vai e vem.
 
Convivem, aqui, altos índices de criminalidade e tolerância institucional para com os criminosos. 
Nossos “progressistas” atrasam tudo. Indivíduos perigosos passeiam impunes por nossas ruas e estradas vivendo de violações e gerando insegurança. 
Na longa lista de preceitos protetivos que o engenho humano possa conceber para livrar a pele de bandidos, nada há que nossa legislação, nossos ritos, usos e costumes não consagrem. Como escreveria Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal, se vivos fossem, “Aqui, majestade, em se roubando ou matando, nada dá”.
 
E não dá nada mesmo. Às normas tolerantes, pusilânimes face ao crime, mas inclementes com a sociedade, muitos se juntam para tornar folgada a vida dos bandidos. Tudo fazem para que tais atividades não tragam sobressaltos, riscos e cárcere a quem escolher a vida criminosa. 
Entre outros, verdadeira multidão de legisladores, magistrados, professores de Direito, promotores, defensores, advogados, comunicadores, sociólogos, assistentes sociais, políticos e religiosos corações moles como merengue da vovó – tagarelando sobre uma nova humanidade e uma nova sociedade, convergem esforços para obter esse efeito e clamam por desencarceramento.  
 
Escrevemos na Constituição que “todos somos iguais perante a lei”, mas umas vítimas são mais iguais que as outras. Desde que Marielle Franco morreu, a esquerda tenta empurrar seu cadáver para cima da direita. 
Não há o menor vestígio nem motivo que leve nessa direção, mas a conveniência política da esquerda faz o motivo, certo? 
“Como pode ela ser morta e a culpa não ser do adversário?”, fala a lógica desse tipo de política.

Pessoalmente, quero que todos os crimes sejam desvendados e os culpados apontados, julgados, condenados e cumpram pena, mas afirmando isso assim, genericamente, já estou desagradando a muitos. Para estes, querer prender os mandantes do crime contra a vereadora é uma coisa, mas querer presos todos os bandidos não dá porque “o Brasil prende demais”. Eles têm bandidos e vítimas de predileção.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Política à flor da pele - José de Souza Martins

 Eu & Fim de Semana - Valor Econômico

O caso dos 21 mil candidatos que mudaram de cor em relação à eleição anterior é um forte indício de um país cuja população está passando por uma crise de identidade

[a presente matéria é mais um texto jornalístico que mostra, prova e comprova que a política de cotas, notadamente as cotas raciais, é um verdadeiro fermento estimulador de fraudes.
Leiam e comprovem.]

Dos quase 550 mil candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador na totalidade dos municípios brasileiros em 2020, 21 mil mudaram a definição da cor de sua pele em relação à que haviam declarado na eleição de 2016. A cor da pele é subjetiva, culturalmente determinada. O critério é peculiar de cada sociedade. Kamala Harris, candidata democrata a vice-presidente nos EUA, é negra; aqui seria branca.

Com a política por trás dessas alterações na cor da pele dos candidatos, pode-se supor que há aí oportunismo eleitoral e falta de autenticidade. A “Folha de S. Paulo”, em matéria a respeito, selecionou oito fotografias de políticos que mudaram de cor. Deles, apenas dois são de fato pretos. Um, de Salvador, que era pardo em 2016, é agora preto. Outra, de São João do Meriti (RJ), que era preta em 2016, ficou parda em 2020. Os outros seis são branquíssimos. Dois desses brancos ficaram pardos. Dois eram pardos e ficaram brancos. Um era mais que branco e ficou preto. E uma parda ficou preta, embora continue branca.

Dos que se achavam brancos na eleição anterior, 38% se tornaram pretos ou pardos e dos que se declararam pretos ou pardos, 31% agora são brancos. Desagregando as categorias, dos brancos, 36% tornaram-se pardos. Dos pardos, 30% tornaram-se brancos, 12% se tornaram pretos. E dos pretos 10% se tornaram pardos. Pardo não é o mulato. Em abril de 1500, Pero Vaz de Caminha comunicou ao rei de Portugal que era parda a gente da terra descoberta. Assim, na nova nomenclatura da cor dos políticos brasileiros, africanos se tornaram indígenas e indígenas se tornaram africanos, o que é completamente falso porque impossível.

Do total, 40% quiseram branquear-se, tornar-se mais claros. E 48% quiseram ficar mais escuros. O que já foi a ideologia do branqueamento como objetivo político nacional, defronta-se agora com a contraideologia da pretificação dos não pretos. Um fenômeno sociológico do maior interesse. Tudo indica que, aqui, copiar dos americanos sua concepção de raça falsifica nossas identidades “raciais” e entra em conflito com nossa concepção das diferenças que não é de origem, é de cor.

O sociólogo Oracy Nogueira (1917-1996), da Escola de Sociologia e Política e da USP, fez um estudo que se tornou clássico sobre a diferença das concepções raciais lá e cá. Lá, se houver um ancestral negro na ascendência de alguém, por mais branco que seja esse alguém, será sempre negro, a cor é de origem. Aqui, a cor é de marca, é apenas a que está à flor da pele, a que pode ser vista e reconhecida. Entre nós, a origem negra tende a se apagar com o branqueamento resultante da mestiçagem.

Eu não descartaria a possibilidade, no entanto, de que a questão racial está se revigorando entre nós e se expressando em novas fontes e em nova ideologia de preconceito. Aqui, a imensa maioria dos negros não é, provavelmente, negra de origem, como tampouco é branca de origem a maioria que se autodefine como branca ou tem sido assim definida pelo preconceito de resistência da atual onda de racialização da sociedade brasileira. Somos um povo de mestiços. E nem assim majoritariamente mestiços de pretos.

Os negros têm uma situação mais complicada quanto a isso. Até a época da abolição da escravatura, negro era uma classificação que os senhores de escravos davam ao cativo. Negro era sinônimo de escravo. No início, até os índios foram chamados de negros da terra. Os próprios negros não se reconheciam como tais. Antes, definiam-se pela etnia de origem. O caso dos 21 mil candidatos que mudaram de cor em relação à eleição anterior é um forte indício de um país cuja população está passando por uma crise de identidade de origem porque está infeliz com sua identidade atual. Não se vê nem se reconhece nela. Especialmente os jovens.

Mas a autodeclaração, em vez de dar uma identidade por meio do reconhecimento subjetivo da cor, desidentifica. Uma boa indicação, nesse sentido, é a usurpação da cor parda, original e até hoje a dos índios, pelos negros, que os consideram mulatos, que não são. Um recurso que favorece o negro e prejudica o pardo. Dos candidatos atuais, 47,8% são brancos; 39,5% são pardos e 10,5% são pretos. No critério do censo de 2010, no total da população, os pretos podem ser 6%, O que indica o engano de que nestas eleições os pretos têm proporcionalmente mais candidatos do que as outras categorias de cor.

É pouco provável que, ao contrário do que se propala, os negros sejam a maioria da população brasileira. Independentemente, porém, da autodefinição de cor, certamente são mais do que dizem os números. A única certeza que resta é a de que tudo depende do jogo de aparências e da manipulação de impressões que ele possibilita.

José de Souza Martins, sociólogo - Valor Econômico


domingo, 19 de abril de 2020

19 de abril - O Dia do Exército

Parabéns ao nosso Exército que neste momento dificil para a população está demonstrando, -  ao lado das forças irmãs Aeronáutica e Marinha, -  na prática o seu lema: "braço forte, mão amiga."

Ordem do Dia

19 de abril de 1648.
Quase  quatro séculos nos separam dos feitos dos heróis da Batalha de Guararapes. Aqueles brasileiros lutaram sem temor para defender o território colonial do invasor estrangeiro e, ao mesmo tempo, inauguraram um sentimento genuíno de pertencimento à terra e de amor à Pátria. Plantaram a semente de um país forte e soberano, de um povo capaz, guerreiro e solidário.

Naquele dia, nasceu o embrião do Exército Brasileiro, mescla indissolúvel de homens e mulheres, de índios, negros, mestiços e brancos; parcela indissociável da coletividade.

Desde então, tornamo-nos, ao costado da Marinha do Brasil e na ala da Força Aérea Brasileira, os guardiões deste berço sagrado, em vigília permanente para a defesa da Pátria, dos Poderes Constitucionais, da Lei e da Ordem.

Lutando sem temor, conquistamos nossa independência, moldamos nosso território e consolidamos nossa democracia. Enfrentamos toda sorte de oponentes e ameaças internas e externas. Vencemos. Definitivamente, vencemos todos aqueles que se apresentaram como inimigos do Brasil.

Aos que, no passado, lutaram sem temor, compondo as fileiras verde-oliva, dando o seu sangue e, até mesmo, suas vidas pela grandeza do Exército e da Pátria, o reconhecimento, a gratidão e a ratificação do compromisso prestado perante o Pavilhão Nacional.

Aos paladinos imortais Francisco Barreto de Menezes, Maria Quitéria, Caxias, Osório, Mallet, Mascarenhas de Morais e muitos outros que, empunhando armas, conduziram os destinos desta invicta instituição, a nossa solene saudação militar.

Profético, Pero Vaz de Caminha, escrivão da esquadra descobridora, ao aportar em Vera Cruz, não hesitou em escrever a El Rei de Portugal, dizendo que “nessa terra, em se plantando, tudo dá.”

A semente, por certo, germinou. Vera Cruz transformou-se em um país continental, abençoado por Deus e habitado por gente trabalhadora, ordeira e feliz.

À altura de sua grandeza, o Brasil possui, hoje, uma Força Terrestre comprometida, preparada e eficiente, em sintonia com as necessidades e aspirações do país.

Agora mesmo, na Operação COVID-19, estamos na linha de frente, apoiando o governo federal, os governos estaduais e os municípios no combate a uma das maiores crises vividas pelo Brasil nos últimos tempos. A construção de hospitais de campanha, a desinfecção de instalações públicas, a produção de medicamentos e de materiais de proteção individual, a distribuição de alimentos e a participação em campanhas de conscientização, vacinação e doação de sangue, além de muitas outras ações, já empregam, diariamente, mais de 25 mil militares do Exército em todas as regiões do país.

Nação brasileira, nossa razão de ser e existir, conte sempre com o Braço Forte e a Mão Amiga do seu Exército. Amálgama da sociedade, cônscios dos nossos deveres de militar e cidadão, dos Pampas à Amazônia, do litoral ao Pantanal, exclusivamente dedicados, disciplinados, aptos e capacitados, somos 220 mil combatentes prontos para lutar sem temor!

Brasil Acima de Tudo!

General de Exército Edson Leal Pujol
Comandante do Exército

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

No país da pós-verdade - O Globo

Luciano Trigo


Gerações de brasileiros estão sendo levadas a acreditar que a todo desejo equivale um direito — e nenhum dever

Historiadores relatam que, em busca das riquezas fabulosas do Eldorado, conquistadores europeus interrogavam insistentemente os nativos, até que recebessem — ou julgassem receber — a resposta que desejavam. Pero Vaz de Caminha escreve em sua famosa carta que, convidados a subir a bordo de uma caravela, alguns nativos examinaram atentamente um par de objetos e, em seguida, voltaram seu olhar para a terra. Os navegantes portugueses concluíram daí que eles estavam propondo trocar aqueles objetos por ouro e outras riquezas — interpretação que, evidentemente, mais se devia ao desejo que à realidade. “Isso tomávamos nós nesse sentido, por assim o desejarmos”, escreve Caminha.

Talvez tenhamos herdado do colonizador português nossa vocação para acreditar naquilo que queremos, mais do que naquilo que enxergamos. Não surpreende, portanto, que o recente fenômeno da pós-verdade tenha encontrado no Brasil terreno mais do que fértil: a pós-verdade conferiu, por assim dizer, legitimidade intelectual à persistente atitude do brasileiro de ignorar fatos e números que contrariem suas convicções. Sempre aplicamos à realidade o filtro do nosso desejo: se a realidade não corresponde ao que quero, pior para a realidade. 

Outro traço distintivo do caráter nacional no século 21 é a obstinada recusa em reconhecer um erro. Parece que Mark Twain estava pensando nos brasileiros do futuro quando afirmou que é mais fácil enganar as pessoas do que convencê-las de que elas foram enganadas. Assim somos: preferimos nos agarrar a um engano até o túmulo a admitir que fomos feitos de bobos. Por fim, um terceiro traço que nos caracteriza, complementar aos outros dois, é a tendência a confundir fatos e opiniões, vontades e direitos, o que geralmente conduz à vitimização: quando desejos se transformam em direitos, se eu não tenho algo que quero será sempre por culpa do outro, não por incompetência minha.

Somados, esses três traços impedem qualquer conciliação entre os campos em disputa na sociedade fraturada em que vivemos hoje. Como esses campos parecem viver em realidades incompatíveis, sem qualquer interseção que permita um esboço de consenso, é inútil apelar à razão. No país das verdades alternativas, cada um escolhe a narrativa que mais lhe apetece, sem qualquer cerimônia. Todos têm razão e ninguém admite ser contrariado.

Como chegamos a esse ponto? Educação. Antigamente se aprendia desde criança que a gente não pode ter tudo que quer. Mesmo aqueles que não aprendiam isso em casa acabavam entendendo, porque a vida ensinava, e a realidade se impunha. A vida ensinava também que as pessoas são diferentes, têm graus variáveis de beleza e inteligência, talentos, aptidões e características individuais, mas isso não era motivo para inveja nem ressentimento. A beleza alheia não ofendia, a inteligência alheia não oprimia, os talentos alheios eram objeto de admiração, não de ódio porque se aprendia também que o esforço, o sacrifício e a perseverança podiam levar qualquer pessoa à realização e à felicidade.

[a propósito do parágrafo abaixo, tem uma situação, prestes a tomar tempo do Supremo, que vem  a calhar para ser citada como comentário desta matéria.
Antes, destacamos que todos nós adoecemos, não escolhemos ficar doentes e vitimados por qual moléstia e sim somos 'escolhidos';

apenas determinados estilo de vida nos tornam mais propensos a sermos atingidos por determinadas doenças, mas, essa regra não é definitiva;
um exemplo óbvio e recorrente: é aceitável o argumento que um fumante corre maior risco de ser vítima de diversas doenças, entre elas o câncer de pulmão e/ou em outros órgão do aparelho respiratório; 
recentemente, uma senhora faleceu vítima do câncer do pulmão, que fez metástase para o cérebro - sendo que ela nunca fumou nem foi fumante passiva.

Agora o Supremo Tribunal Federal vai atropelar dezenas de processos para julgar se uma norma da Anvisa - agência especializada em normatizar procedimentos relativos à segurança da saúde - que considera "inapto a doar sangue o homem que fez sexo com outro nos 12 meses anteriores à ida ao hemocentro. O PSB considera que está configurado preconceito contra os homossexuais,..."
"... o ministro Edson Fachin afirmou, ao apresentar o voto favorável à ação, que o estabelecimento de um grupo de risco com base na orientação sexual não é justificável. Para ele, trata-se de uma restrição desmedida com o pretexto de garantir a segurança dos bancos de sangue." (não foi perguntado ao ministro se ele aceita receber sangue de um doador homossexual, homem, que fez sexo com outro seis meses antes da doação)
Citamos este exemplo apenas corroborando o entendimento do ilustre articulista de que gerações de brasileiros estão sendo levadas a acreditar que a todo desejo equivale um direito — e nenhum dever.
CLIQUE AQUI para SABER MAIS, ou AQUI.]

Hoje não é mais assim: em vez de entender que não podem ter tudo que querem, gerações de brasileiros estão sendo levadas a acreditar que a todo desejo equivale um direito — e nenhum dever. 
Uma pessoa desprovida de beleza tem o direito de ser top model; 
uma pessoa desprovida de inteligência ou disposição para estudar tem o direito de tirar nota 10 nas provas; 
uma pessoa desprovida de dinheiro tem o direito de ter um iPhone 11; 
uma pessoa que nasceu homem tem o direito de participar nas equipes femininas em competições esportivas tudopor assim o desejarmos”, como escreveu Caminha. É difícil acreditar que isso possa dar certo: pode existir pós-verdade, mas ainda não inventaram a pós-realidade. Indiferente ao que desejamos e ao sentido que damos às coisas, a realidade sempre se impõe, nem sempre de forma agradável.

Luciano Trigo, jornalista e escritor - artigo em O Globo


sexta-feira, 19 de julho de 2019

Brasil, alegria de bandido - Percival Puggina

Quantos policiais deixariam de morrer todo ano se quem os matou estivesse onde deveria estar, atrás das grades de um presídio?

Duvido que não tenham, todos, longo prontuário de ocorrências, intimações, prisões e condenações a certificar sua disposição de viver fora da lei. Ninguém inaugura sua vida criminosa matando policiais. Só que nenhum daqueles eventos teve o tratamento necessário para assegurar a proteção da sociedade. Com raras, raríssimas exceções, todos foram conduzidos, pelas instituições, de modo a favorecer o transgressor. Presídios brasileiros têm porta de vai e vem.

 Convivem, aqui, altos índices de criminalidade e tolerância institucional para com os criminosos. Temos, aqui, progressistas que atrasam tudo. Indivíduos perigosos passeiam impunes por nossas ruas e estradas, vivendo de violações e gerando insegurança. Na longa lista de preceitos protetivos que o engenho humano possa conceber para livrar a pele de bandidos, nada há que nossa legislação, nossos ritos, usos e costumes não consagrem. Como escreveria Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal, se vivos fossem, “Aqui, majestade, em se roubando ou matando, nada dá”.
 
 E não dá nada mesmo. Às normas tolerantes, pusilânimes face ao crime, mas inclementes com a sociedade, muitos se juntam para tornar folgada a vida dos bandidos. Tudo fazem para que tais atividades não tragam sobressaltos, riscos e cárcere a quem escolher a vida criminosa. Entre outros, verdadeira multidão de legisladores, magistrados, professores de Direito, promotores, defensores, advogados, comunicadores, sociólogos, assistentes sociais, políticos e religiosos – corações moles como merengue da vovó – tagarelando sobre uma nova humanidade e uma nova sociedade, convergem esforços para obter esse efeito.


“Mas são pobres!”, dirá o leitor, penalizado, da dura situação de tais criminosos. Pobres? Pobre é aquele brasileiro, magro como a fome, pelo qual passei ainda há pouco na rua. Arquejava em seu labor de papeleiro, tracionando uma carroça pesada, com tanto papel e papelão que seu excesso lateral obstruía parte da outra pista. Aquele sim é pobre. Pobre e honesto ao ponto de trabalhar como “animal” de tração para não se corromper. Talvez seja também ignorante, mas é intelectualmente honesto como não são tantos que falam bonito em seu nome. E o abandonam com sua indecente carroça. Não me venham – por favor! – falar em pobreza, infância sofrida, de quem importa toneladas de maconha, rouba carga de caminhões, assalta bancos, explode carros-fortes e estoca munição pesada para lutar contra a sociedade. E não se peja de pôr mulher e filhos no carro para iludir a polícia.

No topo da luta por um direito penal folgazão, que não dê nada e não atrapalhe os negócios, estão os poderosos da corrupção ativa e passiva, custodiados por caríssimos advogados que operam num clube muito restrito de intimidade com a Corte. No topo da luta por um direito penal folgazão, camarada, bonachão, estão muitos membros do Congresso Nacional, que têm frêmitos de ódio e temor da Lava Jato e que se juntam a qualquer bandido se for para tirar Sérgio Moro da cena. Um fio de esperança que rompe o fio da decência. Esses não têm por hábito atirar na polícia, mas disparam as armas da injúria e da calúnia, assassinam reputações e têm responsabilidade direta sobre as leis penais e processuais que não mudam ou mudam para pior. No topo da luta estão os “garantistas” do STF, sustentando princípios que os bandidos invocam e a cuja sombra lavam seu dinheiro.
   

Percival Puggina (74), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


 

sexta-feira, 3 de março de 2017

Rodrigo Maia diz que colocará em votação projeto de terceirização que é de 1998

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que colocará em votação um projeto sobre terceirização apresentado em 1998, que já foi votado no Senado em 2002. A ideia é aprovar o projeto na semana do dia 13 de março. Com isso, a matéria já iria à sanção presidencial, sem necessidade de passar novamente pelo Senado. “Tenho certeza que será um grande avanço para a garantia da segurança jurídica dos empregos terceirizados que são milhões no Brasil e hoje vivem em enorme insegurança.” [pode parecer uma maravilha a preocupação do Rodrigo Maia com o emprego dos atuais terceirizados.

O Brasil tem atualmente mais de 12.000.000 de desempregados, situação extremamente cruel para pais de família, crianças, sendo  inaceitável que tal contingente sofra aumento com o acréscimo de terceirizados desempregados.
Não há risco iminente de desemprego em massa de terceirizados, haja vista que todos estão na atividade MEIO e o Estado não pode prescindir de mão de obra que já possui experiência e é valiosa.

Portanto, deputado Maia deixe em paz  os que são atualmente terceirizados atuais - que trabalham na ATIVIDADE MEIO do Estado - e não correm risco de desemprego.
Mas, RESPEITE a CONSTITUIÇÃO e não coloque em votação nenhum projeto que viole nossa Carta Magna - notadamente o artigo 37 - e ponha por terra o principio do CONCURSO PÚBLICO requisito essencial para o exercicio da ATIVIDADE FIM.

É sabido que nos tempos atuais em cada 5 terceirizados pelo menos três são apadrinhados.

Paciência, todos precisam trabalhar, os terceirizados apadrinhados trabalham, não cometeram nenhum crime e merecem continuar empregados, desempenhando suas funções na ATIVIDADE MEIO - afinal o apadrinhamento é algo que nasceu antes do Brasil tendo em conta que na famosa carta de Pero Vaz de Caminha já consta um pedido do ilustra escriba no sentido que um parente seu conseguisse um emprego.

Mas, deixa a ATIVIDADE FIM - inclusive com peculiaridades que exigem grande compromisso de quem a exerce e o fato de ser CONCURSADO oferece mais garantias de que o SERVIDOR PÚBLICO APROVADO em CONCURSO PÚBLICO executará melhor a ATIVIDADE FIM.

O Código Penal elenca várias situações que tornam um cidadão servidor público, mas, para o perfeito exercício da ATIVIDADE FIM só o APROVADO em CONCURSO PÚBLICO pode e deve ser considerado o mais capaz, mais apropriado, mais competente.]

Em reunião com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, Maia pediu que a pasta analise a anistia de dívidas e multas de empresas prevista no projeto.  Também na semana do dia 13 deste mês Maia quer colocar em votação o projeto que cria o regime fiscal para estados em calamidade financeira. Segundo o parlamentar, a maioria dos deputados discorda da posição do governo de incluir em lei as contrapartidas ao auxílio aos Estados.  “Vou conversar com os líderes, pois mais importante do que as nossas posições pessoais, defendo que consigamos aprovar o texto da forma que veio, garantindo o teor dele, que é muito importante para Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro”, completou.

Maia também comentou a necessidade de aprovação da reforma da Previdência, que segundo ele, ajudará a reduzir os juros no país e aumentar a confiança dos investidores.
“Há milhões de brasileiros pessoas física e jurídica que estão extremamente endividados, como eu também estou. A reforma da Previdência vai gerar um ganho enorme à sociedade no curto, médio e longo prazo”, completou.

Fonte: IstoÉ