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quarta-feira, 19 de abril de 2023

19 de ABRIL - DIA DO EXÉRCITO BRASILEIRO - 375 anos

 PARABÉNS AO EXÉRCITO BRASILEIRO

Movidos pelo sentimento de ADMIRAÇÃO, GRATIDÃO e RESPEITO ao Glorioso EXÉRCITO BRASILEIRO, o EXÉRCITO DE CAXIAS, deixamos REGISTRADO a LEMBRANÇA da DATA.

No mais, incluindo motivação devido quem exerce atualmente o 'comando supremo' da Força Terrestre,  não vemos motivos para comemorações.

Íntegra da Ordem do Dia

Dia do Exército - 19 de abril

Crédito: CCOMSEx

 

"ORDEM DO DIA
19 DE ABRIL – DIA DO EXÉRCITO

 


ORDEM DO DIA
19 DE ABRIL – DIA DO EXÉRCITO

Soldados de Caxias,

No dia 19 de abril de 1648, a capitania de Pernambuco testemunhou o episódio fundador de nossa nacionalidade — a Primeira Batalha dos Guararapes. Naquela oportunidade, aflorou o sentimento de amor à terra, em renhida luta de portugueses e brasileiros contra os invasores holandeses. Esse formidável triunfo militar traçou o destino e o futuro do Brasil.

Nesse cenário, Gilberto Freyre, ao comentar os 300 anos de Guararapes, bem disse: “nas duas Batalhas dos Guararapes escreveu-se a sangue o endereço do Brasil: o de ser um Brasil só e não dois ou três. O de ser um Brasil fraternalmente mestiço, na raça e na cultura (...)”.

Dessa união de todos os brasileiros, irmanados pela noção de pertencimento à terra e pela necessidade de proteção das famílias e das riquezas, formava-se uma Nação. Com ela, nasceu, também, o Exército Brasileiro, liderado por Barreto de Menezes, Vidal de Negreiros, Felipe Camarão, Henrique Dias, João Fernandes Vieira e Antônio Dias Cardoso. Evidenciando arrojo e bravura, cerca de dois mil soldados luso-brasileiros derrotaram cinco mil soldados holandeses. Da grandeza desses heroicos antepassados, negros, brancos e indígenas, o Brasil herdou o compromisso imortal de defesa da soberania e da integridade territorial. Foi o primeiro compromisso histórico do Exército: a defesa da Pátria.

Com a consolidação do legado de Guararapes e o sentimento nativista, muitos acontecimentos se seguiram, pavimentando o caminho para nossa emancipação política. Batalhas foram bravamente travadas para manter o que fora proclamado às margens do rio Ipiranga. Nesse contexto histórico, vários personagens emergiram, entre eles, Maria Quitéria, primeira mulher combatente, e Caxias, nosso soldado maior, primeiro porta-bandeira do Batalhão do Imperador, personagem que encerra as virtudes militares e a vocação do Exército, que uniu e pacificou a Pátria, firmando, nessa ocasião, o compromisso com a Independência.

No Segundo Império, foi notável a atuação dos soldados na Campanha da Tríplice Aliança. Com a vitória, vieram as sucessivas crises que abalaram a Monarquia e, em um movimento modernizador e sinérgico, tornamo-nos uma República. A espada nas mãos do Marechal Deodoro da Fonseca, filho de Dona Rosa da Fonseca, mãe que perdeu três filhos em combate, materializou esse momento. Assim, o Exército assumiu seu terceiro compromisso histórico, dessa vez, com a República e seus princípios.

Com a proclamação, surgiram grandes desafios para um país de poucos habitantes e imenso território. Personagens como Rondon, engenheiro, indigenista e desbravador, contribuíram decisivamente para a integração nacional.

Posteriormente, sob o comando do Marechal Mascarenhas de Moraes, nossos soldados integraram a Força Expedicionária Brasileira, que atravessou o oceano para defender a democracia contra o nazifascismo, projetando nomes de heróis, como o Aspirante Mega e o Sargento Max Wolf Filho.

Ao contemplar as glórias, as tradições e os sacrifícios de nossos antecessores, compreendemos e valorizamos a nobreza da vida castrense. Nobreza essa evidenciada pelos nossos “capacetes azuis” que promovem a paz e contribuem para amenizar o sofrimento de povos irmãos em diversas operações ao redor do mundo, sob a égide de organismos multinacionais. Nobreza que se revelou, também, no sacrifício de militares no terremoto do Haiti e em missões de pacificação.

Somos hoje mais de duzentos mil homens e mulheres. Teremos neste ano setenta e cinco mil conscritos incorporados. São jovens brasileiros de todas as raças e religiões, a maioria voluntária, de origem humilde, que servem à sua Pátria e ajudam as suas famílias.

Estamos presentes em todo o território nacional, ao lado da Marinha do Brasil e da Força Aérea Brasileira, sob as mais diversas e inóspitas condições. A postura vigilante e atenta de nossos Soldados garante a defesa da Pátria e a preservação de nossos imensuráveis recursos naturais. No cerrado, nos pampas, no pantanal, na Amazônia e nos demais biomas, o “Braço Forte” garante a nossa soberania, atua na faixa de fronteira, combatendo ilícitos transnacionais e preservando o meio ambiente, ao mesmo tempo, a “Mão Amiga” coopera, permanentemente, com o desenvolvimento nacional e com o amparo às vítimas de catástrofes.

Meus comandados!

Em um mundo cada vez mais complexo, é preciso olhar os exemplos dos heróis de Guararapes e do Duque de Caxias, a fim de encontrar os melhores caminhos para o cumprimento de nossa missão. Esses caminhos, balizados pelo respeito à população, às instituições e, sobretudo, à Constituição, exigem um Exército moderno, com capacidade dissuasória, profissionalismo e aptidão para ajudar ainda mais o Brasil nos desafios vindouros.

O Exército imortal de Caxias, Instituição de Estado, apolítica, apartidária, imparcial e coesa, integrada à sociedade e em permanente estado de prontidão, completa 375 anos de história. Sua existência está alicerçada em valores e tradições, bem como comprometida com a defesa da Pátria, da independência, da República e da democracia. A Força agradece a seus bravos Soldados, da ativa e veteranos, pelos sacrifícios e pelos desafios ultrapassados. Prossigamos confiantes no futuro glorioso reservado ao Brasil.

Tenhamos fé nos princípios democráticos, na resiliência e solidariedade do povo brasileiro e no valor profissional dos nossos militares, herdeiros dos heróis de Guararapes e fiéis guardiões de nossa soberania!

 

Em defesa da Pátria, Exército - Brasil"

 

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Dia do Soldado - Ordem do Dia - 25 de agosto de 2021

 Ordem do Dia do Soldado 2021

Documento é assinado pelo General de Exército Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, comandante do Exército

 Obrigado Soldado

“Contar os seus feitos requer imenso esforço de concisão. Não há eloquência capaz de fazer sua figura ainda  maior. Seu principal atributo foi a simplicidade na grandeza!” 
Assim inicia-se a Ordem do Dia do Soldado 2021 assinada pelo General de Exército Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, comandante do Exército.  
Ela pode ser conferida na íntegra, abaixo:
 

Meus comandados!

As palavras inspiradas na homenagem do Visconde de Taunay nas despedidas ao Marechal Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, sintetizam o que foi a vida do mais ilustre Soldado do Brasil e trazem à reflexão a essência dos soldados que somos: almas simples, mas grandiosas na defesa da Pátria.

Com entusiasmo, celebramos a memória do Patrono do Exército Brasileiro e reverenciamos nossos militares, homens e mulheres que abraçaram o nobre sacerdócio de servir ao País, com abnegação e sem medir o sacrifício próprio e familiar.

Foi na caserna que Caxias teve forjadas suas admiráveis virtudes. Em mais de cinquenta anos de serviços dedicados ao nosso Povo, de Cadete a Marechal, Caxias pautou sua conduta pelo caráter íntegro, honrado, sereno e justo, ao tempo que foi modelo de bravura e de atitude profissional e resoluta no cumprimento do dever.

O esplendor de sua carreira recebeu o batismo de fogo na luta pela consolidação da independência, ganhou vulto na pacificação dos conflitos internos que ameaçavam a unidade nacional e consagrou-se nas campanhas externas em defesa do Brasil.

Na vida política nacional, Caxias foi Senador e Presidente do Conselho de Ministros, notabilizando-se nas tribunas do Parlamento como indelével exemplo de honestidade, ética e postura pública.

O resultado de seus feitos traduziu-se, sempre, no restabelecimento da paz, na restauração da lei e da ordem e na manutenção da integridade do País.

Enaltecida pelo Povo brasileiro, a atuação de Caxias foi marcada pela conciliação, pela superação de posições antagônicas, e, sobretudo, pela prevalência da legalidade, da justiça e do respeito a todos. Enfim, Caxias foi notável líder militar, estadista e herói. Representa, portanto, a expressão máxima do soldado e do cidadão. Com justíssima razão, a história o proclama Conselheiro da Paz, o Pacificador do Brasil.

Fiéis herdeiros do legado de Caxias e alicerçados na hierarquia, na disciplina e nos valores pátrios, os soldados de ontem e de hoje, da ativa e veteranos, e suas estimadas famílias formam a genuína alma do Exército, retrato fiel de nossa sociedade, e são o patrimônio mais valioso da nossa Instituição.

Graças a você, soldado, a identidade do Exército Brasileiro é moldada pelos valores militares que você cultua e pratica.

Graças a você, soldado, contamos com um Exército forte, capaz e coeso, respeitado nacional e internacionalmente, cuja história funde-se de maneira indissolúvel com a própria história da Nação brasileira. Um Exército que se moderniza e se transforma continuamente, inserindo-se na Era do Conhecimento e ajustando-se às demandas das novas gerações.

Graças a você, soldado, na fronteira, nas cidades, nos distantes rincões, a qualquer hora e sob quaisquer condições, o ExércitoBraço Forte da Nação preserva a integridade do território, combate os ilícitos ambientais e transfronteiriços e salvaguarda os interesses nacionais.

Graças a você, soldado, provido de sólido sentimento de solidariedade, nos unimos para dar forma à Mão Amiga do Exército, que se estende a todos os brasileiros em prol do bem-estar social, nas situações de calamidade, na distribuição de água no semiárido nordestino, no apoio de saúde aos indígenas, na construção de estradas e ferrovias, na preservação dos biomas, na acolhida de irmãos estrangeiros, no estímulo à cultura e aos desportos, bem como na histórica e significativa contribuição com a comunidade internacional na manutenção da paz.

Graças a você, soldado, testemunhamos o obstinado esforço e o empenho diuturno do Exército para preservar vidas e ajudar a população nas ações de enfrentamento à pandemia da COVID-19, nesse mister ombreando com os profissionais de saúde — verdadeiros heróis de branco!

Sob a autoridade do Presidente da República Comandante Supremo das Forças Armadas e integrado à direção superior do Ministro da Defesa, o Exército Brasileiro não para em circunstância alguma e, irmanado com a Marinha do Brasil e a Força Aérea Brasileira, mantém-se sempre pronto a cumprir a sua missão, delegada pelos brasileiros na Carta Magna. A defesa da Pátria e a garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem são, portanto, o farol que orienta o contínuo preparo e o emprego da Força Terrestre.

No seu dia, agradecer a você soldado é mais que um dever! É um gesto que nos enche de satisfação e orgulho!

A você, soldado, cujo modo de vida é servir incondicionalmente e em permanente estado de prontidão!

A você, soldado, que se solidariza e ajuda nossa gente sem hesitar!

A você, soldado, que, lutando sem temor, derramou seu sangue além-fronteiras, no continente e nos campos da Europa, pela defesa da democracia e contra o totalitarismo!

A você, soldado, historicamente reconhecido por suas virtudes cívicas, éticas e morais, que Caxias soube tão bem praticar!

A você, soldado, a gratidão por tudo o que fez e faz pela Nação brasileira! Presto a você a minha mais vibrante e respeitosa continência!

O momento desta justa homenagem aos soldados, que muito contribuíram e contribuem para a unidade e a grandeza do Brasil, nos motiva a reafirmar o compromisso com os valores mais nobres da Pátria e com a sociedade brasileira em seus anseios de tranquilidade, estabilidade e desenvolvimento.

Neste curto tempo, desde que assumi o Comando do Exército, estive presente junto à tropa em diversos locais do País, acompanhando seu contínuo preparo. O elevado nível de capacitação e prontidão da Força Terrestre que pude constatar e, principalmente, o profissionalismo, a liderança, o entusiasmo e a coesão de nossos militares têm ratificado a plena certeza de que honramos nossos antepassados ao continuarmos a fazer do Exército Brasileiro essa Instituição que tem merecido a ampla aprovação e a confiança do Povo brasileiro.

Meus comandados!

Mantenhamos, sempre, a fé inabalável na missão do Exército Brasileiro e a crença nos princípios da nossa nacionalidade. Sob as bênçãos do Todo Poderoso Deus dos Exércitos e iluminados pelo espírito patriótico, pacificador e conciliador do Duque de Caxias, sejamos, junto aos irmãos brasileiros, inspiradores de paz, união, liberdade, democracia, justiça, ordem e progresso — que o nosso Povo tanto almeja e merece — dedicando-nos, inteiramente, à defesa da soberania nacional e ao bem do nosso amado País.

Soldado brasileiro, parabéns pelo seu Dia! Orgulhe-se, pois sua alma singela é, e sempre será, de têmpera forte como o aço da invicta espada de Caxias!

Brasil, acima de tudo!

Brasília-DF, 25 de agosto de 2021.


General de Exército PAULO SÉRGIO NOGUEIRA DE OLIVEIRA
Comandante do Exército


sexta-feira, 2 de abril de 2021

Comandantes agiram para acalmar quartéis após Bolsonaro demitir cúpula militar; leia bastidores - O Estado de S.Paulo

Felipe Frazão

Intervenção do presidente na cúpula da Defesa na véspera deixou a tropa apreensiva

A data era emblemática, o 57º aniversário do golpe militar, e a intervenção do presidente na cúpula da Defesa na véspera deixou a tropa apreensiva. Enquanto o governo Jair Bolsonaro agia rápido nesta quarta-feira, dia 31, em Brasília, para apresentar novos os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, no restante dos quartéis, oficiais generais tentavam distensionar a caserna. Eles convocavam a tropa para mandar recados diretos aos seus subordinados e acalmar os ânimos. 
Gabriela Biló/Estadão

     Gabriela Biló/Estadão

A mobilização do generalato revela que houve, sim, preocupação nas Forças Armadas com o incômodo na base militar gerado pela inédita demissão dos comandantes das três forças, na sequência da queda do ministro da Defesa.

A convocação dos militares foi feita enquanto, no Ministério da Defesa, o general Braga Netto, “interventor” de Bolsonaro na pasta, entrevistava generais, almirantes e brigadeiros de quatro estrelas, indicados pelas forças seguindo critérios de antiguidade. Braga Netto almoçou com alguns deles. Mas, nos quartéis, o efetivo não sabia o que esperar do chamado.

Após as conversas, o ministro levou as listas com sua indicação preferencial ao presidente Jair Bolsonaro à tarde, no Palácio do Planalto. Bolsonaro referendou os sugeridos, e todos posaram para uma foto. Logo, o ministério convocou a imprensa para apresentar os novos comandantes.

Longe de Brasília, comandantes convocaram as tropas para tranquilizá-las sobre as demissões na cúpula das Forças Armadas. Um dos exemplos se deu em Boa Vista (RR), onde general de Divisão Antônio Manoel de Barros, comandante da Operação Acolhida, falou ao contingente, num pátio militar quase ao mesmo tempo do anúncio do novo comando. Desde cedo, ele convocara os militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica para permanecerem no quartel após o expediente. Desejava mandar um recado, o que gerou especulações.

Houve quem suspeitasse que o general pretendia ler a “Ordem do Dia” sobre 1964 ou que pregaria alinhamento ao governo Bolsonaro. Mas quem ouviu o discurso disse que Barros foi “sóbrio”. Como a maior parte do contingente da Acolhida é deslocada pelo Exército, o general Barros dirigiu-se mais a eles, e disse que “entendia” que entre seus subordinados muitos poderiam estar “chateados” com a demissão do ex-comandante Edson Leal Pujol. Ponderou que Bolsonaro exerceu uma prerrogativa presidencial.

E reforçou o discurso corrente entre os generais de que as Forças Armadas são instituições de Estado e sabem seu papel constitucional. Por fim, parafraseou o vice-presidente Hamilton Mourão para dizer que tudo permanece dentro da normalidade e da legalidade: “Segue o baile”. O anúncio dos comandantes trouxe surpresas. Bolsonaro recebeu recados para privilegiar o critério de antiguidade. Mas não nomeou os mais experientes de cada força.

Na Marinha, o escolhido foi o almirante Almir Garnier Santos. Ele era considerado favorito nos bastidores do governo, embora fosse ligado ao ex-ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva, recém-demitido. Garnier possui trânsito no Palácio do Planalto (a mulher e um filho têm cargos comissionados) e um histórico de serviços a diferentes ministros da Defesa, desde o governo Dilma Rousseff. Na base da tropa, o nome mais cotado era o do almirante mais antigo, Alípio Jorge. Era dado como certo nos grupos de WhatsApp da Marinha. Atualmente no Comando de Operações Navais, ele é tido como “faca cega”, um jargão para um comandante muito rigoroso.

No Exército, o Planalto chegou a indicar preferência pelo comandante militar do Nordeste, Marco Antônio Freire Gomes. Um oficial da equipe da Defesa a par das costuras disse que ele foi descartado por ser “muito novo” no Alto Comando, o que poderia gerar insatisfações e pedidos de aposentadoria, desencadeando uma série de mudanças administrativas e promoções. Já o general José Freitas, do Comando de Operações Terrestres, é tido como inflexível e durão. No meio político, parlamentares com trânsito na Defesa apostavam no general Décio Schons, novo integrante da reserva, também preterido.

O general Paulo Sérgio surpreendeu por ter pregado o distanciamento social e previsto uma terceira onda da covid-19, em entrevista ao jornal Correio Braziliense. Embora não fosse do gosto de Bolsonaro, as declarações não tiveram o peso de impedir sua escolha. Segundo oficiais, ele tem empatia com a tropa, liderança e é flexível. Por isso, era o primeiro da lista de Braga Netto.

Na Força Aérea, o brigadeiro Baptista Júnior, antes do Comando de Apoio, era o favorito e o segundo mais antigo no Alto Comando. Ele é filho do ex-comandante Carlos de Almeida Baptista (1999-2003). Entre pai e filho, só três outros brigadeiros passaram pelo Comando da FAB.O pai de “BJ”, como o novo comandante é conhecido, foi nomeado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também durante uma crise no meio militar – o tucano vivia embates com a Aeronáutica e demitiu dois brigadeiros de quatro estrelas do comando da FAB: Mauro Gandra e Walter Brauer. O pai do novo comandante da FAB também presidiu o Superior Tribunal Militar e teve atuação marcante. Foi o responsável por autorizar a reabertura das investigações do atentado à bomba no Riocentro, em 1981, durante o regime militar.

Felipe Frazão - O Estado de S. Paulo


quarta-feira, 31 de março de 2021

Ordem do Dia Alusiva ao 31 de Março de 1964 - MINISTÉRIO DA DEFESA

MINISTÉRIO DA DEFESA

Ordem do Dia Alusiva ao 31 de março de 1964

Brasília, DF, 31 de março de 2021

Eventos ocorridos há 57 anos, assim como todo acontecimento histórico, só podem ser compreendidos a partir do contexto da época.

O século XX foi marcado por dois grandes conflitos bélicos mundiais e pela expansão de ideologias totalitárias, com importantes repercussões em todos os países.

Ao fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo, contando com a significativa participação do Brasil, havia derrotado o nazi-fascismo. O mapa geopolítico internacional foi reconfigurado e novos vetores de força disputavam espaço e influência.

A Guerra Fria envolveu a América Latina, trazendo ao Brasil um cenário de inseguranças com grave instabilidade política, social e econômica. Havia ameaça real à paz e à democracia.

Os brasileiros perceberam a emergência e se movimentaram nas ruas, com amplo apoio da imprensa, de lideranças políticas, das igrejas, do segmento empresarial, de diversos setores da sociedade organizada e das Forças Armadas, interrompendo a escalada conflitiva, resultando no chamado movimento de 31 de março de 1964.

As Forças Armadas acabaram assumindo a responsabilidade de pacificar o País, enfrentando os desgastes para reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos.

Em 1979, a Lei da Anistia, aprovada pelo Congresso Nacional, consolidou um amplo pacto de pacificação a partir das convergências próprias da democracia. Foi uma transição sólida, enriquecida com a maturidade do aprendizado coletivo. O País multiplicou suas capacidades e mudou de estatura.

O cenário geopolítico atual apresenta novos desafios, como questões ambientais, ameaças cibernéticas, segurança alimentar e pandemias. As Forças Armadas estão presentes, na linha de frente, protegendo a população.

A Marinha, o Exército e a Força Aérea acompanham as mudanças, conscientes de sua missão constitucional de defender a Pátria, garantir os Poderes constitucionais, e seguros de que a harmonia e o equilíbrio entre esses Poderes preservarão a paz e a estabilidade em nosso País.

O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março.


WALTER SOUZA BRAGA NETTO
Ministro de Estado da Defesa


terça-feira, 30 de março de 2021

Crise de Soberania, Secessão e Guerra Civil - Jorge Serrão

A oposição irresponsável de canhota, financiada pelos controladores das oligarquias regionais tupiniquins e seus rentistas amestrados, produziu toda uma sabotagem institucional e política para tentar desestabilizar, desgastar e derrubar o Presidente da República que sobreviveu à facada criminosa dada em 6 de setembro de 2018. Os sabotadores se aproveitaram do pandemônio gerado em função da Covid-19 e também tiraram proveito dos variados erros de comunicação de Jair Bolsonaro. Agora, alopraram com a reação política do Presidente que segue com alto apoio popular, apesar da mais descarada e sórdida campanha midiática sofrida por um ocupante do Palácio do Planalto.

Bastou Bolsonaro tomar a decisão de acionar, de supetão, a barata caneta esferográfica que assina os atos de exoneração (demissão) e nomeação publicados no Diário Oficial da União (o famoso DOU porque, muitas vezes, tem tudo a ver com o sistema do “é dando que se recebe”). Quase na véspera da celebração de mais um aniversário da “Revolução, Golpe ou contragolpe” de 31 de março de 1964, Bolsonaro trocou seis dos seus principais ministros. Mas a substituição que surpreendeu e apavorou a galera foi a do Ministro da Defesa - que se estende aos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica.

O movimento fez a galerinha de canhota partir para dedadas alopradas nas redes sociais da internet, choramingando que Bolsonaro estaria preparando um “fechamento de regime”. Os ejaculadores precoces, que tem pregado, abertamente, golpes contra o Presidente, escreveram que Bolsonaro, mexendo na cúpula militar, armava um “golpe de Estado”. Na visão dos amedrontados, Bolsonaro estaria se preparando para invocar “Estado de Defesa” ou “Estado de Sítio”. Por isso, mexeu na escalação de seus militares palacianos, no Ministério da Justiça e na Advocacia-Geral da União, além de botar um General de Exército na Casa Civil.

KKKKKKKKK… Bolsonaro deve estar dando gargalhadas diante do reacionarismo medroso da oposição radicalóide. Na verdade, o Presidente percebeu a gravidade da situação (inclusive da dele) diante da flagrante crise de soberania e desrespeito institucional, com elementos de secessão (governadores e prefeitos decretando inconstitucionalidades, com a complacência do Supremo Tribunal Federal) e risco real de explosão de rebeliões populares que podem aprofundar um estágio (já iniciado) de Guerra Civil (por enquanto, não-declarada).


 Refém político do Centrão e pressionado ao limite pela ação sabotadora do Estamento Burocrático (Establishment), Bolsonaro só é um “déspota” na narrativa desenhada pela canalhice esquerdopata. O Presidente não tem vontade, disposição e nem condição real de aplicar um “golpe”. Imagina se ele precisa “fechar um regime” que já opera em flagrante rompimento institucional, por sucessivos rompimentos da ordem constitucional, em função de decisões dos “Guardiões da Constituição” (os 11 ministros do STF). Bolsonaro apenas tem repetido a reclamação de que “estão esticando a corda”. E também insiste (mas ninguém garante ser verdadeiro) que as Forças Armadas estão com ele.

Haverá celebrações (modestas) nos quartéis que desejarem para lembrar o 31 de março de 1964. Será lida uma Ordem do Dia do novo ministro da Defesa, General Braga Neto, e dos novos comandantes militares. [atualizando: até o presente momento, só está decidida a posse de um comandante militar = o do Exército.]O gesto vai alimentar, ainda mais, o medinho esquerdista. Os aloprados vão insistir na falsa narrativa de “golpe em gestação”. O pior é que os segmentos (igualmente extremistas) do Bolsonarismo também vão embarcar na inviável possibilidade da famosa “Intervenção Militar”. As redes sociais refletirão mais uma edição da “Batalha de Itararé(a que não aconteceu, na “Revolução” Constitucionalista de 1932). De todo modo, sobe a tensão institucional.       

Quem fez uma leitura imediata, precipitada e sintomática da gravidade da situação brasileira foi o governador de São Paulo. João Dória se mudou para o Palácio dos Bandeirantes. A “justificativa” para se refugiar (ops, morar) na fortaleza da “residência oficial”, no Morumbi, foi “motivo de segurança”. O governador de São Paulo reclamou que vem sofrendo ameaças (dos bolsonaristas). Por isso, o marketeiro de calça apertada soltou uma frase de efeito para protestar: “O fanatismo ideológico ignora a racionalidade”.

Mas a leitura correta da frase e da situação real do País indicam que o
governante entrou em estado de medo.
João Dória já vivia “sitiado” em sua mansão-quarteirão no bairro dos Jardins.
O lugar é quase um sítio na área mais nobre e cara de São Paulo.
O local estava, há várias semanas, cercado e “protegido” por uma quantidade exagerada de Policiais Militares do Batalhão de Choque.

A residência pessoal do governador era, sem dúvida, um dos lugares mais seguros de São Paulo, não fosse por um detalhe que incomodava João Dória. Ele era alvo de expressivos protestos populares. O povo ocupava as imediações seguríssimas do “sítio urbano” de Dória para protestar e pedir o impeachment do governador. Dória fez, rapidamente, a mesma leitura parcial, amedrontada e precipitada que a maioria esmagadora da oposição a Bolsonaro. “O Presidente pode decretar Estado de Sítio ou Estado de Defesa”. Fala sério, galerinha do mal…

O Alerta Total insiste na análise objetiva. Vivenciamos uma perigosa combinação de fatores destrutivos. Instabilidade institucional. Insegurança política, jurídica, econômica, social e individual. Intolerância ideologicamente gerada para dividir as pessoas em antagonistas e inimigos que, dificilmente, tentarão e conseguirão se unir em torno do Bem-Comum. 

Explosões de violência, desobediência civil e desrespeito a autoridades (que não se dão ao respeito).

 A rebelião popular já começou. 

Vai se intensificar até degenerar em guerra civil? Melhor não duvidar e se preparar (para o agravamento da tensão)

  

A mistura é explosiva. O covidão amedronta, infecta, mata (ou, na hipótese menos ruim, deixa sequelas físicas e psicológicas nas pessoas). A bagunça econômica, por falhas estruturais, por erros conceituais ou por sabotagem friamente pensada, dificulta ou inviabiliza a vida de quem precisa trabalhar, empreender e lucrar produtivamente. É crescente a insatisfação e revolta das pessoas com os governantes, políticos e autoridades públicas em geral. Eles têm abusado do poder e atentado contra as liberdades individuais.

É mais um capítulo da “Revolução Brasileira”, desde quando o povão começou a sair às ruas para grandes protestos, há mais de 10 anos atrás. O certo é que já houve uma secessão (que não diz respeito apenas à separação territorial, mas sim ao rompimento claro da divisão constitucional entre os poderes da República). O estrago agravou a crise de soberania (que é antiga, vem desde o golpe que extinguiu o Império do Brasil, no qual um equilibrado soberano exercia, com sabedoria, o Poder Moderador). Agora, todos ficam com medinho diante do risco concreto de eclosão de revoltas populares que podem aprofundar uma Guerra Civil (por enquanto, não declarada, porém em flagrante andamento e recrudescimento).

Como bem descreve o sticker daquele Gatinho preto fumando um baseado de maconha, que circula pelos aplicativos padrão zap-zap: “O bagulho é doido”... E a famosa frase do Capitão Nascimento ecoa no ouvido de todos: “Vai dar Merda”! Vai, não… Já deu… Pobre Geração Covidão… Haja vacina! Porque o Poder Covidiário continua com tudo… O Parquinho segue com todo fogo... 

Navegando livremente na piada...

Em tempo: A navegação volta ao normal no Canal de Suez. Diretamente de Brasília, em meio a tantas mudanças na cúpula do Governo Federal, veio a explicação mais criativa para a solução do problema que poderia paralisar a economia mundial, em função do caos logístico:

  • Gilmar Mendes mandou soltar o navio que estava preso...

Reveja o artigo de ontem: Brasil em tempos de Cólera, Corrupção & Covidão

Releia o artigo de Domingo: Qual o DNA (ou Éthos) do Brasil?

 

Alerta Total - Jorge Serrão, editor-chefe


quarta-feira, 6 de maio de 2020

Toffoli defende a liberdade de expressão de canhões, mas não a dos teclados - Reinaldo Azevedo

Coluna UOL 

O que dizer de um presidente do Supremo que se cala quando profissionais de imprensa são espancados, no exercício de sua função, num ato político em defesa de um golpe militar, mas se dá a perorações em defesa da liberdade de expressão ao defender o direito que teriam ministro e chefes militares de exaltar um golpe de estado em uma página oficial? [absurdo maior é o de  quem se julga no direito de determinar qual deve ser o conteúdo de uma ORDEM DO DIA.
O que devemos perguntar é até quando qualquer cidadão querendo holofotes ou qualquer partideco querendo poderes que não obteve pelo voto, vai determinar qual deve ser o pensamento militar? ou, 
quem deve ser nomeado para um cargo público?]

É fácil saber quando uma pessoa está perdida ou, quem sabe?, se deu por achada. É o caso do ministro Dias Toffoli. Indicado para o cargo em razão de sua proximidade com o PT, errou e acertou ao longo de quase 11 anos de tribunal. Mas, vá lá, assim acontece com todos. Já critiquei e elogiei votos seus — e, por óbvio, críticas e elogios dependem, é evidente, dos valores do crítico. Procuro fazê-lo sempre tendo a Constituição e as leis como referência. O que me move são palavras e atos, não afinidades pessoais. Já o defendi quase em absoluta solidão na imprensa. Fiz porque quis. Porque achei certo. Se voltar a acertar, elogio outra vez.

Toffoli vive, sem dúvida, um mau momento. Ou, então, vive seu "momentum" — aquele em que o indivíduo finalmente se encontra com a sua verdade. Ou em que esta lhe surge à frente, revelada. E a sua verdade, à diferença do que sua história pregressa sugere, parece estar não com o PT e com as esquerdas, mas com Jair Bolsonaro e suas milícias digitais, que o atacam dia sim, dia também. Por mim, estaria apenas com a Constituição, com a democracia, com o estado de direito.

(.....)

São criminosos. Atacam os fundamentos da Constituição e incidem em crimes tipificados, por exemplo, pela Lei de Segurança Nacional. Não é diferente com o presidente da República, que estimulou e prestigiou a manifestação. Falando a seus seguidores em "live" transmitida na rampa do Palácio do Planalto, Bolsonaro exaltou os manifestantes que defendiam golpe de Estado e ameaçou ele próprio o país, e o Supremo em particular, presidido por Toffoli, com os canhões. 
Lá se via o chefe do Executivo a anunciar que as Forças Armadas estavam com ele. [no calor do momento o presidente Bolsonaro não apresentou a frase com o mesmo sentido, mas de forma mais adequada: que ele e as FF AA estão do mesmo lado = o de cumprir e fazer cumprir a Constituição Federal.] Além dos crimes comuns, incidia também em crime de responsabilidade.

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De Dias Toffoli, ouviu-se apenas um eloquente silêncio. As razões por que se cala são insondáveis. Ou nem tanto.
É sabido ser ele o principal interlocutor de Jair Bolsonaro no tribunal. [sendo Toffoli o Chefe do Poder Judiciário e o presidente Bolsonaro exercendo, por voto popular, o mesmo posto no Poder Executivo, podemos considerar mais uma escolha acertada do presidente do STF.] É preciso saber até onde essa interlocução mais confunde do que elucida as ideias do próprio presidente. Digamos, para efeitos de pensamento, que o doutor não queira banalizar o recurso da nota oficial, reservando-a para situações mais graves. Quais?

Contra eventual golpe de estado, é certo, uma nota seria de suprema inutilidade, não é mesmo?
A DEFESA DA DITADURA
Na segunda, quando seu silêncio ecoava ou como concordância com o que se viu ou como covardia ou alienação, ele, no entanto, preparava um pronunciamento. Redigia, na verdade, uma espécie de repto contra a decisão de Alexandre de Moraes, que havia suspendido a posse de Alexandre Ramagem no comando da Polícia Federal. E escolhia como instrumento para contraditar o colega de tribunal o pior meio, a pior causa, a pior tese. A que me refiro?

A juíza Moniky Mayara Costa Fonseca, da 5ª Vara Federal do Rio Grande do Norte, havia determinado que o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, que foi assessor de Toffoli, retirasse da página do ministério uma manifestação assinada pelo próprio ministro e pelos três chefes militares exaltando o golpe de 1964, chamado, pateticamente, de "marco da democracia". Houve recurso, e a decisão da magistrada foi ratificada pelo TRF-5.

A questão foi parar, então, nas mãos de Toffoli. Ele não hesitou: cassou a liminar (íntegra de sua decisão aqui). Será que, numa democracia, deve-se permitir que um ministro de Estado e três chefes militares façam a defesa aberta de um regime que fechou o Congresso, pôs fim às liberdades públicas e individuais, suspendeu eleições, torturou e matou? Vocês sabem a resposta: é claro que não! Em que outra democracia do mundo se assistiria a exotismo assim?

Mas nem vou lhes tomar o tempo com isso. É evidente que uma democracia não pode ser democrática a ponto de abrigar sabotadores de seu próprio ordenamento. O único regime em que tudo pode — e, pois, nada do que diga respeito às liberdades é admitido — é a tirania.

A DECISÃO DE TOFFOLI
Se o mérito da decisão é lamentável, os termos em que ela veio a público pela pena do presidente do Supremo são uma agressão ao bom senso.

Toffoli foi incapaz de censurar um ato em defesa do golpe militar, que contou com a participação entusiasmada do presidente e em que profissionais da imprensa foram espancados. Mas, em defesa do direito que teria o ministro e os chefes militares de defender um regime ditatorial, escreveu o presidente do Supremo:

"Não parece assim adequado exercer juízo censório acerca do quanto contido na referida ordem, sob pena de indevida invasão, por parte do Poder Judiciário, de seara privativa do Poder Executivo e de seus Ministros de Estado.
(...)
As decisões judiciais ora atacadas, destarte, representam grave risco de violação à ordem público-administrativa do Estado brasileiro, por implicar em verdadeiro ato de censura à livre expressão do Ministro de Estado da Defesa e dos Chefes das Forças Militares, no exercício de ato discricionário e de rotina, inerente às elevadas funções que exercem no Poder Executivo e sobre o qual não parece adequada a valoração efetuada por membros do Poder Judiciário.
"

É realmente comovente ver o cuidado e o zelo com que Toffoli trata do direito à livre expressão dos que dispõem de canhões, lastimando que sejam alvos de "censura", mesmo quando usam uma página do Estado brasileiro para defender a ditadura. Não obstante — ou por isso mesmo? — silencia quando profissionais desarmados, no exercício de sua função, são espancados por outros defensores da... ditadura!

É evidente que o ministro está fazendo uma escolha.

RECADO E VOTO FORA DO LUGAR
Alheio à defesa da ditadura contido na tal nota, alheio ao ato do dia anterior em defesa do golpe militar, alheio à presença do presidente em tal ato, alheio à agressão sofrida pelos jornalistas, o "professor" Dias Toffoli resolveu dar uma lição aos contemporâneos sobre as esferas de competência dos Poderes, num claro recado a Moraes, seu colega de tribunal:

"Como tenho reiteradamente falado, sempre que me deparo com situações como esta, descrita nesta contracautela, nosso país vive um momento de excessiva judicialização, decorrente, em grande medida, da alta conflitualidade presente em nossa sociedade, a qual se torna cada vez mais complexa e massificada.

Apesar disso, não se pode pretender que o Poder Judiciário interfira e delibere sobre todas as possíveis querelas surgidas da vida em sociedade. E o caso ora retratado me parece um exemplo clássico dessa excessiva judicialização. Reitero, ainda uma vez, meu entendimento, agora aplicado ao caso concreto ora em análise, de que não cabe ao Poder Judiciário decidir o que pode ou não constar em uma ordem do dia, ou mesmo qual a qualificação histórica sobre determinado período do passado, substituindo-se aos historiadores nesse mister e, no presente caso, aos legítimos gestores do Ministério da Defesa, para redigir, segundo a compreensão que esposam, os termos de uma simples ordem do dia, incidindo em verdadeira censura acerca de um texto editado por Ministro de Estado e Chefes Militares.

Apenas eventuais ilegalidades ou flagrantes violações à ordem constitucional vigente devem merecer sanção judicial, para a necessária correção de rumos. Mas não se mostra admissível que uma decisão judicial, por melhor que seja a intenção de seu prolator ao editá-la, venha a substituir o critério de conveniência e oportunidade que rege a edição dos atos da Administração Pública, parecendo não ser admitido impedir a edição de uma ordem do dia, por suposta ilegalidade de seu conteúdo, a qual inclusive é muito semelhante à mesma efeméride publicada no dia 31 de março de 2019."


CAMINHANDO PARA A CONCLUSÃO
Eis aí. Se eu tinha alguma dúvida sobre o acerto da decisão de Moraes -- e conheço bons juristas que a contestam --, Toffoli as eliminou com seu despacho destrambelhado e sua omissão diante dos crimes cometidos no domingo. Levasse a sério o que diz, defenderia que os historiadores, então, se encarregassem de definir, cada um a seu gosto, o caráter do golpe de 1964, não cabendo a ministros e chefes militares, regidos por uma Constituição democrática, fazer a apologia da ditadura. O veto não procurava impor aos gestores de bens públicos uma visão determinada de história, mas impedir que impusessem a sua, em clara agressão ao fundamento do documento que nos rege.

A "simples ordem do dia" poderia, ora vejam, ter exaltado os valores democráticos. Em vez disso, chamou um golpe de "marco da democracia".

Para o ministro, "cuida-se, assim, de ato inserido na rotina militar e praticado por quem detém competência para tanto, escolhidos que foram pelo Chefe do Poder Executivo, para desempenhar as elevadas funções que ora ocupam."
[destaques em vermelho do Blog Prontidão Total.]

Assim é nas questões que dizem respeito à rotina militar e às tarefas concernentes às Três Forças. Fernando Azevedo e Silva foi escolhido, claro!, para executar em sua área a política do presidente. A de Bolsonaro é promover proselitismo golpista em quarteis? Pergunto de novo: que democracia do mundo toleraria essa afronta? Mas vejo que já me estendo sobre o mérito da nota, que nem é objeto deste texto. Parece que vou, definitivamente, me interessar, doravante, pelo entendimento perturbado que se tem no Brasil, à direita e à esquerda, do que sejam independência e harmonia entre os Poderes num regime presidencialista. É possível que parte dos nossos males derive do fato de que se supõe que a legitimidade das urnas confere ao mandatário de turno o direito de violar os valores consagrados pela Carta sob cujo signo ele se elegeu. Comigo, não, violão!

É um debate de longo prazo.

No momento, lastimo o presidente do Supremo que se preocupa com a liberdade de expressão de quem tem canhões, mas não se ocupa de defender a liberdade de trabalho de quem dispõe só de um teclado ou de uma câmera fotográfica; que avalia que a ordem para a retirada de uma nota em defesa da ditadura pode "acarretar grave lesão à ordem público-administrativa da União", mas não vê mal nenhum em que um presidente da República, num ato ilegal em defesa do golpe militar, ameace, com os tais canhões, a própria corte que ele integra.

Toffoli se perdeu?


Talvez tenha, finalmente, se encontrado.

Resta como alternativa a rota do estado DEMOCRÁTICO E DE DIREITO.

Reinaldo Azevedo/UOL - MATÉRIA COMPLETA   


domingo, 19 de abril de 2020

19 de abril - O Dia do Exército

Parabéns ao nosso Exército que neste momento dificil para a população está demonstrando, -  ao lado das forças irmãs Aeronáutica e Marinha, -  na prática o seu lema: "braço forte, mão amiga."

Ordem do Dia

19 de abril de 1648.
Quase  quatro séculos nos separam dos feitos dos heróis da Batalha de Guararapes. Aqueles brasileiros lutaram sem temor para defender o território colonial do invasor estrangeiro e, ao mesmo tempo, inauguraram um sentimento genuíno de pertencimento à terra e de amor à Pátria. Plantaram a semente de um país forte e soberano, de um povo capaz, guerreiro e solidário.

Naquele dia, nasceu o embrião do Exército Brasileiro, mescla indissolúvel de homens e mulheres, de índios, negros, mestiços e brancos; parcela indissociável da coletividade.

Desde então, tornamo-nos, ao costado da Marinha do Brasil e na ala da Força Aérea Brasileira, os guardiões deste berço sagrado, em vigília permanente para a defesa da Pátria, dos Poderes Constitucionais, da Lei e da Ordem.

Lutando sem temor, conquistamos nossa independência, moldamos nosso território e consolidamos nossa democracia. Enfrentamos toda sorte de oponentes e ameaças internas e externas. Vencemos. Definitivamente, vencemos todos aqueles que se apresentaram como inimigos do Brasil.

Aos que, no passado, lutaram sem temor, compondo as fileiras verde-oliva, dando o seu sangue e, até mesmo, suas vidas pela grandeza do Exército e da Pátria, o reconhecimento, a gratidão e a ratificação do compromisso prestado perante o Pavilhão Nacional.

Aos paladinos imortais Francisco Barreto de Menezes, Maria Quitéria, Caxias, Osório, Mallet, Mascarenhas de Morais e muitos outros que, empunhando armas, conduziram os destinos desta invicta instituição, a nossa solene saudação militar.

Profético, Pero Vaz de Caminha, escrivão da esquadra descobridora, ao aportar em Vera Cruz, não hesitou em escrever a El Rei de Portugal, dizendo que “nessa terra, em se plantando, tudo dá.”

A semente, por certo, germinou. Vera Cruz transformou-se em um país continental, abençoado por Deus e habitado por gente trabalhadora, ordeira e feliz.

À altura de sua grandeza, o Brasil possui, hoje, uma Força Terrestre comprometida, preparada e eficiente, em sintonia com as necessidades e aspirações do país.

Agora mesmo, na Operação COVID-19, estamos na linha de frente, apoiando o governo federal, os governos estaduais e os municípios no combate a uma das maiores crises vividas pelo Brasil nos últimos tempos. A construção de hospitais de campanha, a desinfecção de instalações públicas, a produção de medicamentos e de materiais de proteção individual, a distribuição de alimentos e a participação em campanhas de conscientização, vacinação e doação de sangue, além de muitas outras ações, já empregam, diariamente, mais de 25 mil militares do Exército em todas as regiões do país.

Nação brasileira, nossa razão de ser e existir, conte sempre com o Braço Forte e a Mão Amiga do seu Exército. Amálgama da sociedade, cônscios dos nossos deveres de militar e cidadão, dos Pampas à Amazônia, do litoral ao Pantanal, exclusivamente dedicados, disciplinados, aptos e capacitados, somos 220 mil combatentes prontos para lutar sem temor!

Brasil Acima de Tudo!

General de Exército Edson Leal Pujol
Comandante do Exército

quarta-feira, 27 de março de 2019

Sem autocrítica, texto que será lido nos quartéis em 31 de março cita 'lições aprendidas'



Documento assinado pelo ministro da Defesa e pelos comandantes das Forças Armadas justifica tomada do poder pelos militares na década de 60 e não fala em comemorações

No texto que será lido em quartéis do País no próximo domingo, 31, em comemoração aos 55 anos do golpe militar, as Forças Armadas afirmam "reconhecer" o papel desempenhado por aqueles que, ao se depararem com os desafios próprios da época, 'agiram conforme os anseios da Nação Brasileira". 

Como antecipado pelo Estado, o texto único ressalta as “lições aprendidas” no período, mas sem qualquer autocrítica aos militares. O período ficou marcado pela morte e tortura de dezenas de militantes políticos que se opuseram ao regime. 
O documento é assinado pelo ministro da Defesa, Fernando Azevedo, e pelos comandantes da Marinha, Ilques Barbosa Junior, do Exército, Edson Leal Pujol, e da Aeronáutica, Antonio Bermudez. 

 Ao final da matéria, texto completo da Ordem do Dia

"O 31 de março de 1964 estava inserido no ambiente da Guerra Fria, que se refletia pelo mundo e penetrava no País. As famílias no Brasil estavam alarmadas e colocaram-se em marcha. Diante de um cenário de graves convulsões, foi interrompida a escalada em direção ao totalitarismo. As Forças Armadas, atendendo ao clamor da ampla maioria da população e da imprensa brasileira, assumiram o papel de estabilização daquele processo", diz trecho do texto. 
 O Ministério da Defesa e os comandantes das Forças também dizem que as Forças Armadas "reafirmam o compromisso com a liberdade e a democracia, pelas quais têm lutado ao longo da História". 

Em outro trecho, afirmam que em 1979 "um pacto de pacificação foi configurado na Lei da Anistia e viabilizou a transição para uma democracia que se estabeleceu definitiva e enriquecida com os aprendizados daqueles tempos difíceis". "As lições aprendidas com a História foram transformadas em ensinamentos para as novas gerações. Como todo processo histórico, o período que se seguiu experimentou avanços." 

"As Forças Armadas, como instituições brasileiras, acompanharam essas mudanças. Em estrita observância ao regramento democrático, vêm mantendo o foco na sua missão constitucional e subordinadas ao poder constitucional, com o propósito de manter a paz e a estabilidade, para que as pessoas possam construir suas vidas", afirmam o ministro da Defesa e os comandantes das Forças.
Como revelado pelo Estado, o presidente Jair Bolsonaro orientou os quartéis a comemorarem a “data histórica” do aniversário do dia 31 de março de 1964, quando um golpe militar derrubou o governo João Goulart e iniciou um regime ditatorial que durou 21 anos.
Generais da reserva que integram o primeiro escalão do Executivo, porém, pedem cautela no tom para evitar ruídos desnecessários diante do cl ditadura militar nima político acirrado e dos riscos de polêmicas em meio aos debates da reforma da Previdência.  

Nesta quarta, Bolsonaro voltou a dizer que não houve ditadura militar no Brasil. Em entrevista ao programa do Datena, na TV Band, Bolsonaro afirmou que as comemorações do 31 de março ficarão restritas aos quartéis militares e serão feitas apenas a leitura de datas relativas ao que ele chama de revolução democrática de 1964.
"Vamos citar as datas, os números. Só isso", disse. O presidente afirmou que, na época, os jornais e organizações civis defenderam a saída do ex-presidente João Goulart do poder. Ele também minimizou o fechamento do Congresso Nacional ao comparar a edição de decretos-lei e a edição de medidas provisórias pelos governos pós-ditadura e disse que o regime militar não acabou com as liberdades individuais no país.

Confira o texto completo da ordem do dia: 

As Forças Armadas participam da história da nossa gente, sempre alinhadas com as suas legítimas aspirações. O 31 de Março de 1964 foi um episódio simbólico dessa identificação, dando ensejo ao cumprimento da Constituição Federal de 1946, quando o Congresso Nacional, em 2 de abril, declarou a vacância do cargo de Presidente da República e realizou, no dia 11, a eleição indireta do Presidente Castello Branco, que tomou posse no dia 15.
 
Enxergar o Brasil daquela época em perspectiva histórica nos oferece a oportunidade de constatar a verdade e, principalmente, de exercitar o maior ativo humano - a capacidade de aprender.
 
Desde o início da formação da nacionalidade, ainda no período colonial, passando pelos processos de independência, de afirmação da soberania e de consolidação territorial, até a adoção do modelo republicano, o País vivenciou, com maior ou menor nível de conflitos, evolução civilizatória que o trouxe até o alvorecer do Século XX.
O início do século passado representou para a sociedade brasileira o despertar para os fenômenos da industrialização, da urbanização e da modernização, que haviam produzido desequilíbrios de poder, notadamente no continente europeu.
 
Como resultado do impacto político, econômico e social, a humanidade se viu envolvida na Primeira Guerra Mundial e assistiu ao avanço de ideologias totalitárias, em ambos os extremos do espectro ideológico. Como faces de uma mesma moeda, tanto o comunismo quanto o nazifascismo passaram a constituir as principais ameaças à liberdade e à democracia.
 
Contra esses radicalismos, o povo brasileiro teve que defender a democracia com seus cidadãos fardados. Em 1935, foram desarticulados os amotinados da Intentona Comunista. Na Segunda Guerra Mundial, foram derrotadas as forças do Eixo, com a participação da Marinha do Brasil, no patrulhamento do Atlântico Sul e Caribe; do Exército Brasileiro, com a Força Expedicionária Brasileira, nos campos de batalha da Itália; e da Força Aérea Brasileira, nos céus europeus.
 
A geração que empreendeu essa defesa dos ideais de liberdade, com o sacrifício de muitos brasileiros, voltaria a ser testada no pós-guerra. A polarização provocada pela Guerra Fria, entre as democracias e o bloco comunista, afetou todas as regiões do globo, provocando conflitos de natureza revolucionária no continente americano, a partir da década de 1950.
 
O 31 de março de 1964 estava inserido no ambiente da Guerra Fria, que se refletia pelo mundo e penetrava no País. As famílias no Brasil estavam alarmadas e colocaram-se em marcha. Diante de um cenário de graves convulsões, foi interrompida a escalada em direção ao totalitarismo. As Forças Armadas, atendendo ao clamor da ampla maioria da população e da imprensa brasileira, assumiram o papel de estabilização daquele processo.
 
Em 1979, um pacto de pacificação foi configurado na Lei da Anistia e viabilizou a transição para uma democracia que se estabeleceu definitiva e enriquecida com os aprendizados daqueles tempos difíceis. As lições aprendidas com a História foram transformadas em ensinamentos para as novas gerações. Como todo processo histórico, o período que se seguiu experimentou avanços.
 
As Forças Armadas, como instituições brasileiras, acompanharam essas mudanças. Em estrita observância ao regramento democrático, vêm mantendo o foco na sua missão constitucional e subordinadas ao poder constitucional, com o propósito de manter a paz e a estabilidade, para que as pessoas possam construir suas vidas.
Cinquenta e cinco anos passados, a Marinha, o Exército e a Aeronáutica reconhecem o papel desempenhado por aqueles que, ao se depararem com os desafios próprios da época, agiram conforme os anseios da Nação Brasileira. Mais que isso, reafirmam o compromisso com a liberdade e a democracia, pelas quais têm lutado ao longo da História.

O Estado de S. Paulo