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sexta-feira, 28 de julho de 2023

Bandidos e vítimas de predileção - Percival Puggina

 

         Pessoas posicionadas em altos escalões da República resolveram metamorfosear-se.  
Ora são elas mesmas, ora são o Estado, ora são a democracia, ora a Constituição. 
Essa sobrenaturalidade ou transcendência produz efeitos na vida social, não havendo como não atribuir a tal grupo certos abusos percebidos no país. Quem quer ser transcendente assuma ônus e bônus; quem quer ser jequitibá, aguente o vento lá em cima.
 
Quantas vítimas e quantos policiais deixariam de morrer todo ano se quem os matou estivesse onde deveria estar, atrás das grades de um presídio?  
Duvido que não tenham, todos, longo prontuário de ocorrências, intimações, prisões e condenações a certificar sua disposição de viver fora da lei. 
Ninguém inaugura sua vida criminosa matando policiais. 
Só que nenhum daqueles eventos teve o tratamento necessário para assegurar a proteção da sociedade. Com raras, raríssimas exceções, todos foram conduzidos, pelas instituições, de modo a favorecer o transgressor. Presídios brasileiros têm porta de vai e vem.
 
Convivem, aqui, altos índices de criminalidade e tolerância institucional para com os criminosos. 
Nossos “progressistas” atrasam tudo. Indivíduos perigosos passeiam impunes por nossas ruas e estradas vivendo de violações e gerando insegurança. 
Na longa lista de preceitos protetivos que o engenho humano possa conceber para livrar a pele de bandidos, nada há que nossa legislação, nossos ritos, usos e costumes não consagrem. Como escreveria Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal, se vivos fossem, “Aqui, majestade, em se roubando ou matando, nada dá”.
 
E não dá nada mesmo. Às normas tolerantes, pusilânimes face ao crime, mas inclementes com a sociedade, muitos se juntam para tornar folgada a vida dos bandidos. Tudo fazem para que tais atividades não tragam sobressaltos, riscos e cárcere a quem escolher a vida criminosa. 
Entre outros, verdadeira multidão de legisladores, magistrados, professores de Direito, promotores, defensores, advogados, comunicadores, sociólogos, assistentes sociais, políticos e religiosos corações moles como merengue da vovó – tagarelando sobre uma nova humanidade e uma nova sociedade, convergem esforços para obter esse efeito e clamam por desencarceramento.  
 
Escrevemos na Constituição que “todos somos iguais perante a lei”, mas umas vítimas são mais iguais que as outras. Desde que Marielle Franco morreu, a esquerda tenta empurrar seu cadáver para cima da direita. 
Não há o menor vestígio nem motivo que leve nessa direção, mas a conveniência política da esquerda faz o motivo, certo? 
“Como pode ela ser morta e a culpa não ser do adversário?”, fala a lógica desse tipo de política.

Pessoalmente, quero que todos os crimes sejam desvendados e os culpados apontados, julgados, condenados e cumpram pena, mas afirmando isso assim, genericamente, já estou desagradando a muitos. Para estes, querer prender os mandantes do crime contra a vereadora é uma coisa, mas querer presos todos os bandidos não dá porque “o Brasil prende demais”. Eles têm bandidos e vítimas de predileção.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

quarta-feira, 10 de maio de 2023

O lítio é o novo petróleo - Dagomir Marquezi

Revista Oeste

Livre da burocracia (por enquanto), o Brasil aproveita o boom de um dos minerais mais importantes do nosso tempo

Ilustração: Shutterstock

O mundo do século 21 está ficando cada vez mais parecido com o do século 16. A busca por matérias-primas em lugares distantes voltou a entrar na agenda das grandes potências. Só que, no lugar de caravelas em busca de especiarias, prata e ouro, hoje temos executivos em jatinhos à procura de lítio e outros minerais raros.

O lítio é fundamental para a fabricação de baterias para carros elétricos e celulares
— entre muitas outras aplicações, como veremos adiante. As exigências de acordos internacionais por uma economia “limpa” estão transformando esse mineral numa estrela dos mercados e um símbolo de poder. Temos cada vez mais fontes de energia alternativas, como a solar e a eólica. Mas o sol se põe, e o vento não dura para sempre. [exceto se o mundo passar a engarrafar o vento, como bem profetizou a genial Dilma e foi estupidamente ignorada.] Nessa hora, é preciso ter baterias para armazenar essa energia. E baterias são feitas, entre outros elementos, de lítio.

Essa corrida pelo lítio leva a duas estradas para os países que possuem reservas. Uma é a do nacionalismo esquerdista, na linha de “o lítio é nosso”. O Chile acabou de escolher esse caminho. O presidente Gabriel Boric anunciou, no dia 27 de abril, que vai aumentar a participação do Estado chileno nas empresas de extração Albemarle e Sociedad Química y Minera de Chile, até obter a maioria das ações. O que, na prática, significa estatizar. Empresa chilena Albemarle e Sociedad Quimica y Minera de Chile | Foto: Divulgação

O Brasil — ainda na administração Jair Bolsonaro — foi no sentido contrário. O então ministro das Minas e Energia, Adolfo Sachsida, criou o Decreto 11.120, de 5 de julho de 2022. Antes desse decreto, a extração de lítio era tão burocratizada que dependia de aprovação da Comissão Nacional de Energia Nuclear, a ultracontroladora CNEN.

O artigo único do Decreto 11.120 era claro até para leigos em juridiquês: “Ficam permitidas as operações de comércio exterior de minerais e minérios de lítio, de produtos químicos orgânicos e inorgânicos, incluídas as suas composições, fabricados à base de lítio, de lítio metálico e das ligas de lítio e de seus derivados”.

“Este é o grande momento mundial do lítio” — declarou o ex-ministro Sachsida a Oeste. “O Brasil tinha uma legislação que vinha da década de 1970. Como ministro das Minas e Energia, levei um projeto de lei ao então presidente Jair Bolsonaro para desburocratizar a exploração. Em três meses, os investimentos chegaram a US$ 1 bilhão, numa das regiões mais pobres do Brasil, o Vale do Jequitinhonha (nordeste do Estado de Minas Gerais)”
 
De “vale da miséria” a “vale do lítio”
Como não poderia deixar de ser, o Decreto 11.120 despertou a ira de esquerdistas. Foi acusado de “liberar geral” para a invasão de empresas estrangeiras que querem “nossas riquezas”.

Pode haver um retrocesso no Decreto 11.120 no atual governo petista? “Não consigo acreditar”, disse Adolfo Sachsida a Oeste. “Podem surgir nacionalistas de plantão, do tipo ‘o lítio é nosso’. Mas não consigo acreditar que teremos um retrocesso. O decreto gerou uma competição no setor.”

O Serviço Geológico do Brasil aposta que, se continuar no atual caminho, o país pode chegar a produzir 5% do mercado mundial de lítio nos próximos dez anos

O principal ator nessa competição por enquanto é a empresa Sigma Lithium, que tem sede em Vancouver, no Canadá. Sua CEO, Ana Cabral-Gardner, mostrou para a revista Exame que, com a entrada de capitais e a aceleração da produção, o Vale do Jequitinhonha está deixando de ser o “vale da miséria” para virar o “vale do lítio”.
Segundo Cabral-Gardner, o preço do minério puro está por volta de US$ 100 a tonelada. Processado, esse preço aumenta 80 vezes, para US$ 8 mil. Segundo ela, essa nova riqueza está permitindo a instalação de “barraginhas”, para provocar pequenos represamentos de água que vão beneficiar os criadores e agricultores locais. Segundo ela, 75% dos royalties, calculados sobre os US$ 8 mil por tonelada, ficam nos municípios do vale.

O Chile de Gabriel Boric garantiu que os contratos atuais de exploração seriam respeitados. Mas, enquanto a esquerda estiver no poder, a tendência é essa — estatizar, nacionalizar, controlar, burocratizar. Como a América do Sul concentra as maiores reservas de lítio do mundo, fica a tentação natural para o petismo criar alguma coisa como uma “Litiobras”.
 
Uma Opep do lítio?
A revista Time lembrou que essa mentalidade estatizante não se limita ao Chile. “A Bolívia, que detém 21% dos recursos globais — a maior fatia de todos os países —, sempre manteve seu lítio nas mãos do Estado e, no ano passado, introduziu restrições à tecnologia de extração semelhantes às que o Chile está propondo agora. Das reservas, 54% estão localizados no chamado “triângulo do lítio”, que engloba a região a noroeste da Argentina, o norte do Chile e o sul da Bolívia. O presidente boliviano Luis Arce está propondo inclusive uma aliança regional do lítio. Ou, nas palavras de Arce, “um tipo de Opep do lítio”.

A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) ficou famosa por chantagear o restante do mundo como forma de manipulação de preço. Hoje a Opep detém a produção de 40% do petróleo mundial, e, quando deseja, provoca escassez de produção, para forçar o aumento de preços. O que derruba a economia global e fortalece empresas estatais ligadas a regimes ditatoriais.
Ilustração: Shutterstock


Teremos uma Opep do lítio? O artigo da Time coloca essa possibilidade em dúvida. “Para começar, o lítio não é petróleo. Embora a demanda deva explodir de 23.500 toneladas em 2010 para até 4 milhões de toneladas em 2030, por enquanto o lítio ainda é comercializado como um produto químico especializado, em vez de uma commodity importante. Isso torna mais difícil definir ou manipular um preço padronizado. Em segundo lugar, a janela na qual a América Latina pode exercer influência significativa no mercado global de lítio pode estar se fechando. Embora a região represente um terço da produção global em 2022, espera-se que essa participação diminua nas próximas décadas.”

Possuir reservas gigantescas de lítio é uma coisa; extrair e refinar esse lítio é outra. Onde entra a mão do Estado, os recursos tendem a diminuir. Como disse Daniel Jimenez, ex-executivo da empresa chilena SQM e atual consultor da iLiMarkets: “Nessas condições, não acho que nenhuma empresa sensata colocará seu próprio dinheiro em tal exploração”. Querendo o monopólio estatal, o regime esquerdista chileno pode ter dado um empurrão na indústria de refino do lítio — na Austrália e na Argentina, que, segundo a agência Reuters, não impuseram tantas regulações à sua própria produção. 

O peso da China
Temos outro problema sério. A China comanda os mercados de processamento e refino desses minerais e controla cerca de 77% da capacidade mundial de fabricação de baterias para veículos elétricos.
Para evitar essa perigosa dependência da China, o governo norte-americano criou o Mineral Security Partnership (“Parceria de Segurança Mineral”), em parceria com governos de países aliados, como Austrália, Canadá, Finlândia, França, Alemanha, Japão, Coreia do Sul, Suécia e Reino Unido. O Brasil não está na lista. O acordo para manter abertas as cadeias de suprimentos inclui outros minerais críticos, como cobalto, níquel, gálio e 17 minerais raros.Mina de extração de lítio na China | Foto: Reprodução/Xinhua

Cullen Hendrix, da Escola de Estudos Internacionais Korbel, da Universidade de Denver, escreveu para a Foreing Policy, em novembro do ano passado, que os chineses estão em “posições de liderança na refinação e na fundição global de alumínio (66,6% da capacidade global), refino de lítio e cobalto (80% e 66%, respectivamente) e produção e refino de grafite (cerca de 80%)”.

O mundo vai se render à China? Essa situação vai levar a conflito internacional, como nos tempos de Vasco da Gama? Cullen Hendrix, em seu artigo para a Foreing Policy, aponta três razões para otimismo; e outras três para pessimismo. 
Fontes de energia renováveis não consomem minerais em base constante. Eles não precisam ser alimentados desses minerais raros o tempo todo, como um navio precisa de óleo diesel sem parar. Fica mais difícil que países produtores usem de chantagem, como os árabes, no embargo de petróleo de 1973, ou como a Rússia usou seu gás para tentar subjugar a Europa na invasão da Ucrânia.
Minerais críticos não estão em poder de estatais tanto quanto o petróleo. De 66% a 80% das reservas de gás e petróleo são controladas por empresas estatais. Em contraste, todos os seis maiores produtores de lítio (representando dois terços do mercado global) são empresas privadas. Metade dos maiores produtores de cobalto está em mãos da iniciativa privada. Isso impede que se tornem instrumentos nas mãos de ditadores.
A maioria dos minerais críticos pode ser reciclada. Óleo diesel queima para sempre. O cobre (por exemplo) pode ser reciclado indefinidamente, sem perda de funcionalidade.
No lado mais negativo da questão, tanto os EUA quanto a China dependem de matérias-primas que não estão em seus territórios. Isso pode levar a agravamentos de conflitos por fornecedores, especialmente na África e na América Latina.
O mercado de minerais críticos é muito pequeno, o que o torna, segundo Hendrix, muito mais vulnerável a manipulações estratégicas. A soma total de exportação de cobalto em 2020 foi menos de US$ 5 bilhões. Para efeito de comparação, só a Apple teve um lucro de mais de US$ 90 bilhões em 2022. Os preços do níquel na Bolsa de Londres, por exemplo, dobraram temporariamente em março, por manipulação de mercado.
Minerais críticos estão concentrados em poucos países, geralmente governados por ditaduras brutais e instáveis. O Congo tem 60% da produção global de cobalto. Outro país africano, a Guiné, com apenas 14 milhões de habitantes, tem um quarto das reservas globais de bauxita e metade das exportações. Essa situação torna esses países vulneráveis a influências externas. A China está cada vez mais presente na África, reciclando velhas práticas colonialistas de influência e dominação. A Rússia usa a brutalidade do grupo de mercenários Wagner para ampliar sua influência em países miseráveis da África.Produção de baterias de lítio para carros elétricos | Foto: Shutterstock
 
Remédios psiquiátricos, graxas e usinas nucleares
A fama do lítio está ligada a baterias, como as que movimentam os carros elétricos. Mas o mineral tem muitos outros usos:
- os sais de lítio produzem graxas lubrificantes de alta qualidade;
- o óxido de lítio melhora as propriedades de vidros e cerâmicas, usados desde fogões elétricos até telescópios;
- o lítio é usado em remédios psiquiátricos, para controlar oscilações no humor, transtornos bipolares e depressão;
- é utilizado na metalurgia, para aperfeiçoar ligas como alumínio e cobre;
pela sua capacidade de absorver nêutrons, é usado na blindagem de reatores nucleares, além de combustível para reatores de fusão;
- usado em fogos de artifício;
- o lítio possibilita a fabricação de ligas leves para a indústria aeronáutica, em combinação com o alumínio;
- o hidróxido de lítio é usado no tratamento de água, controlando sua alcalinidade e acidez;
- o brometo de lítio é usado em sistemas de ar-condicionado.

Segundo o USGS (Serviço Geológico dos Estados Unidos), a Bolívia tem as maiores reservas de lítio do mundo, com 21 milhões de toneladas métricas. Logo abaixo vêm Argentina (com 20 milhões), EUA (12 milhões), Chile (11 milhões), Austrália (7,9 milhões) e China (6,8 milhões). Segundo esse levantamento, o Brasil está em 16°, com 730 mil toneladas métricas. O Serviço Geológico do Brasil aposta que, se continuar no atual caminho, o país pode chegar a produzir 5% do mercado mundial nos próximos dez anos. Atualmente, nossa participação é de 1,5%.

Calcula-se que a liberação da produção, através do Decreto 11.120, tenha o potencial de viabilizar mais de R$ 15 bilhões em investimentos até 2030, segundo a revista Forbes. Outras empresas estão presentes no mercado, como a nacional Companhia Brasileira de Lítio e a norte-americana Atlas Lithium Corporation.

Não há tempo a perder com retrocessos
. Baterias de lítio podem ser superadas num futuro razoavelmente próximo por baterias de sódio — e a China está muito à frente nas pesquisas nesse sentido
Baterias de sódio são basicamente alimentadas de sal, um dos elementos mais abundantes da natureza. Poderão custar, segundo reportagem do New York Times, de 1% a 3% do preço do lítio. Ou o Brasil aproveita a atual onda do lítio, ou poderá ficar para trás antes mesmo de ter ido para a frente.Ilustração: Shutterstock

Leia também “Tragédia das chuvas: a vida depois da catástrofe”
 
 

domingo, 19 de fevereiro de 2023

NYT vira alvo de militância trans - Rodrigo Constantino

Gazeta do Povo - VOZES

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Há anos o NYT se vende como jornal sério e imparcial, enquanto demonstra claro viés esquerdista em suas reportagens. O jornal contribuiu de certa forma para a cultura do cancelamento, ao retratar comentaristas conservadores como "extrema direita" responsáveis por "discursos de ódio".

Gente moderada como Ben Shapiro foi tratada dessa maneira absurda por vários comentaristas do NYT, alimentando o clima persecutório que levou aos "cancelamentos" de muitos direitistas.  
Mas como a direita sempre alegou, essa perseguição ideológica fanática não ficaria restrita aos conservadores, pois a visão totalitária sempre demanda mais.
 
Quem alimenta corvos acaba com os olhos arrancados. Quem planta vento colhe tempestade. 
 E é justamente o que está acontecendo agora com o próprio NYT. 
O jornal, milagrosamente, publicou uma matéria até razoável sobre cirurgias em transgêneros, mostrando o lado científico da coisa, o medo dos pais, os riscos de mutilar jovens etc. 
A turma woke não curtiu...

Cerca de 200 colaboradores e ex-colaboradores do New York Times assinaram uma carta aberta condenando o jornal por sua cobertura. Na carta endereçada ao editor do Times, os colaboradores dizem que têm "sérias preocupações sobre o viés editorial nas reportagens do jornal sobre pessoas transgênero, não-binárias e de gênero não conforme". O NYT tem viés?! Não creio!

A lista de signatários inclui alguns jornalistas proeminentes do Times, como a colaboradora de opinião Roxane Gay, o repórter cultural J. Wortham e o ex-repórter Dave Itzkoff. Contou com um número muito maior de escritores, como Ed Yong do The Atlantic e Jia Tolentino do The New Yorker, que contribuem apenas ocasionalmente, e outros como os atores Lena Dunham e Cynthia Nixon. Na carta, eles dizem que o Times tratou a cobertura da diversidade de gênero "com uma mistura assustadoramente familiar de pseudociência e linguagem eufemística e carregada", e reportagens recentes omitiram as associações de algumas fontes com grupos anti-trans.

A carta também se concentra em um artigo da revista do New York Times sobre crianças que estão questionando sua identidade de gênero, no qual a autora Emily Bazelon explorou o que chamou de "questões delicadas" que foram transformadas em "dinamite política" pela direita. 
A taxa de arrependimento de adultos no passado que tiveram mudança de gênero foi muito baixa, ela escreveu. Mas na sociedade de hoje, ela perguntou: "Quantos jovens, especialmente aqueles que lutam com sérios problemas de saúde mental, podem estar tentando se livrar de aspectos de si mesmos de que não gostam?"
 
Os críticos do NYT alegaram que sua reportagem poderia servir de combustível para o preconceito da "extrema direita" e para a intolerância. Mas enquanto o NYT trouxe dados científicos, a carta dos críticos traz apenas apelos emocionais e rótulos, tentando interditar o debate.  
Essa não tem sido a tática da esquerda radical faz tempo? 
A intimidação não tem surtido efeito, e o próprio NYT não tem sido instrumento disso no passado recente?

Ao menos o jornal rebateu com alguma coragem, alegando que faz jornalismo isento enquanto os críticos são militantes com uma causa. "Nosso jornalismo se esforça para explorar, interrogar e refletir as experiências, ideias e debates na sociedade – para ajudar os leitores a entendê-los. Nossas reportagens fizeram exatamente isso e estamos orgulhosos disso", disse o porta-voz do NYT.

Cada vez mais "progressistas" e democratas se dão conta do clima insuportável de censura na sociedade por pressão da "woke mob"
É o caso do comediante Bill Maher, que tem comparado essa turma com os comunistas soviéticos, com toda razão. 
O pêndulo extrapolou demais. A liberdade de expressão está ameaçada. A imprensa mal consegue reportar riscos ou problemas pessoais nessas questões identitárias. A asfixia é plena. Mas finalmente começa a haver reação, até mesmo de quem ajudou a alimentar o monstro. Menos mal...

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quinta-feira, 14 de julho de 2022

A Alemanha “verde” se prepara para acender as fornalhas - Revista Oeste

J.D. TUCCILLE, da Reason

Desejos e pó mágico para criar uma utopia verde acabaram gerando pedaços de carvão 

 De alguma forma, a Alemanha, um país onde o governo está fortemente comprometido com a energia limpa, está se preparando para acender as usinas de energia a carvão
O movimento é ainda mais impressionante considerando que representantes do governo teimam em não reativar as mofadas usinas nucleares, ou mesmo reconsiderar o calendário para aposentar as que continuam ativas. 
É uma situação espantosa para uma nação que muito recentemente anunciou que logo atenderia a todas as suas necessidades de energia com luz do sol e brisas de verão.


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

A PANDEMIA E OS POLÍTICOS - Percival Puggina

O "FENÔMENO" MANDETTA
Tudo começou com Luiz Henrique Mandetta. No início da pandemia, o então ministro da Saúde mudou-se do gabinete de trabalho para o auditório do ministério. Diante dos holofotes, das câmeras, dos flashes e dos microfones estava ele em seu melhor ambiente. Ali, diga-se de passagem, tinha um desempenho brilhante. A nação, temerosa, lhe rendia apreço e confiança. Sabe-se, hoje, que mais desorientou do que orientou, mas fez isso com maestria. Sua suposta ciência e muito jeito convenciam qualquer sujeito. Apesar de tão mal no que era importante, foi tão bem no supérfluo que saiu do ministério e entrou na lista dos presidenciáveis de 2022.

OS APRENDIZES

A dita classe política assistia cada apresentação de Mandetta com olhos e ouvidos de aprendiz. Rapidamente, a moda pegou. Por todos os rincões do país, onde houvesse imprensa, o modelo de aproveitamento político da pandemia se foi reproduzindo e, com igual velocidade, a autoridade se desdobrou em autoritarismo. Seu mais esforçado aluno foi João Dória.

PANDEMIA, VACINA E "PAU NO BOLSONARO": JOÃO DÓRIA
O governador de São Paulo percebeu o lugar vago, tomou para seu Butantã a pauta da vacina e rompeu com Bolsonaro. As abelhas do jornalismo brasileiro voaram em enxame para a nova colmeia onde se concentrava o mel de seus noticiários: pandemia, vacina e “pau no Bolsonaro”. João Dória se vislumbrou como futuro presidente.

BOLSONARO E A ANIMOSIDADE COLIGADA

“E o Bolsonaro?”, perguntará o leitor. Pois é, o presidente, sabe-se hoje, estava certo em quase tudo, mas a animosidade estudada e coligada contra ele concentrou-se em alguns erros menores para lhe causar todo dano político possível. O inteiro pacote de factoides da CPI da Covid, ao virar vento e ir para a camada de ozônio, faz prova disso.  
Se há algo de que acusá-lo é de não ter buscado tirar repugnante proveito eleitoral da crise sanitária. 
Manteve e mantém uma retórica teimosa que o prejudicou, mas fez o que tinha que ser feito, forneceu o que tinha que ser fornecido (o Brasil é o 4º país que mais vacinas aplicou) e socorreu as vítimas que os vírus paralelos do “fique em casa” e do “fecha tudo” geraram aos milhões pelo país.

RESUMO E CONCLUSÃO
Mandetta virou presidenciável em abril de 2020, caiu no esquecimento em 2021, tentou voltar ao palco, mas acabou sumindo da lista, por desinteresse dos eleitores. [Mandetta sumiu, por completa e total falta de importância da sua presença, mas continua em atividade nos botecos da vida jogando sinuca.]

O senador José Aníbal, tucano bom de bico, ex-presidente do PSDB, praticamente esfarelou ontem as pretensões eleitorais do saracoteante governador paulista. Numa sucessão de entrevistas, disse que se Dória tivesse um mínimo de bom senso retiraria sua candidatura porque o pré-candidato tucano só tem números grandes em listas que medem rejeição... 
Acrescentou que o eleitor percebeu o uso político do palco para atacar o presidente e tirar proveito eleitoral da pandemia e estava, por tudo isso. perdendo credibilidade. 
São palavras de um derrotado por Dória nas prévias tucanas, mas tudo que ele diz corresponde aos fatos.

Conclusão, também no âmbito da política, a pandemia só fez estragos. Até mesmo para quem, como Bolsonaro, defendeu a liberdade, o direito ao trabalho, ficou rouco e somou inimigos advertindo para a tempestade perfeita que adviria das medidas em execução por estados e municípios (hoje até a OMS admite o erro), já disponibilizou 350 milhões de vacinas e distribuiu centenas de bilhões de reais em auxílios às famílias necessitadas. [o capitão vai se recuperar, com sobras, dos percalços que lhe foram impostos.]

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

O recomeço - Com avanço da vacinação, a vida começa a ser retomada em todo o Brasil - VEJA

Países reabrem as portas aos brasileiros, escolas retornam 100% presenciais, shows e peças voltam aos palcos. O pior da pandemia... 

Em um dos trechos mais conhecidos do clássico Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, o personagem Riobaldo sintetiza o que é a passagem da vida. “O correr da vida embrulha tudo; a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.” Há quase dois anos, a humanidade aprende, dia a dia, o que significam as palavras do jagunço criado pela cabeça brilhante de Guimarães Rosa. O medo de um vírus desconhecido, a angústia do isolamento, a esperança com a vacina e a montanha-russa de emoções com o sobe e desce de casos nos colocaram em um ciclo que parecia infinito de esquenta e esfria, de aperta e afrouxa, de sossega e desinquieta. Hoje, porém, depois de 22 meses de pandemia, na escala de Riobaldo estamos mais perto do sossega. Aos poucos, a vida retorna sem tanto sobressalto e comemoramos, enfim, a retomada. É um retorno que vem cheio de questionamentos e emoções inesperadas. Surpreende, por exemplo, a alegria de poder ir de novo ao mercado e escolher a fruta preferida sem medo – ou com menos medo. Ou o prazer ao ver o time de novo da arquibancada. Boa parte do mundo está vivendo essa experiência de renascer de um jeito diferente. No Brasil, já se planeja o Carnaval de 2022, enquanto nos Estados Unidos o infectologista Anthony Fauci, conselheiro para assun­tos de saúde do governo americano, liberou a criançada para brincar no Halloween. “Se você estiver vacinado, pode aproveitar a brincadeira”, disse Fauci.

O caminho para chegar até esse ponto não foi fácil e ele só se tornou possível graças aos enormes sacrifícios feitos para a adoção de temporadas de isolamento social e da histórica contribuição da ciência no desenvolvimento de imunizantes em tempo recorde. Mas o fato é que a atmosfera está completamente diferente da vivida há um ano — e o Brasil tem também motivos para uma comemoração cautelosa. É verdade que o governo fez de tudo para sabotar as medidas necessárias de combate à doença, mas, quando ficou claro que a esmagadora maioria da população queria vacina no braço (e não a cloroquina propagandeada por Bolsonaro), a oferta de doses de proteção foi se multiplicando e a campanha de imunização mostrou-se efetiva para reduzir números de óbitos e de contaminações. Chegou-se a ponto de algumas cidades começarem a discutir o afrouxamento das regras de uso de máscara de proteção em ambientes ao ar livre, sem que isso soe como negacionismo.

Estimulados por essa perspectiva otimista, comércio e turismo, dois dos segmentos mais afetados pela pandemia, preparam-se para um retorno que deverá ser suficiente para injetar o fôlego necessário para a recuperação. As projeções de Glauco Humai, presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers, dão o tamanho da expectativa. “Vai ser um grande Natal”, diz. “Neste ano, esperamos crescer em vendas cerca de 60% em relação ao ano passado, ficando próximo do aumento registrado em 2019”, diz. Empresários do setor de turismo têm esperanças semelhantes. Os cruzeiros, por exemplo, estarão de volta, gerando 35 000 empregos e 2,5 bilhões de reais em receitas, segundo a Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos. 

O segmento todo calcula a criação de 600 000 postos de trabalho e o aumento das receitas em 4,6% neste ano comparado a 2020. Um bom termômetro são os índices do Airbnb, plataforma de aluguel de imóveis. As reservas ultrapassaram os níveis dos tempos pré-Covid e, em municípios com mais de 50 000 moradores, subiram 50%. Fernando de Noronha e Ilhabela, duas das ilhas mais famosas do país, estão apostando nas comemorações de fim de ano depois de passarem o réveillon de 2021 sem festas. Em Ilhabela, no Litoral Norte paulista, não há mais barreira sanitária para visitantes desde agosto. Em Noronha, a reabertura gradual começou em setembro do ano passado. “Estamos em uma situação que nos deixa tranquilos e esperançosos para a retomada”, afirma o administrador do arquipélago, Guilherme Rocha. A Pousada Zé Maria, a mais famosa da ilha, ainda vende ingressos para a sua concorrida festa de réveillon, mas não tem mais vagas para hospedagem nesse período.

Durante os quase dois anos de pandemia, as engrenagens do circuito de shows e eventos também foram duramente afetadas. Felizmente, o vento mudou para quem trabalha no segmento. Em São Paulo, a partir do dia 1º de novembro não haverá mais restrições para a lotação de público em casas de shows e serão permitidos espetáculos ao vivo com as pessoas em pé.

Em VEJA, Matéria Completa 

Publicado em VEJA, edição nº 2760 de 20 de outubro de 2021


quarta-feira, 21 de julho de 2021

Uma crise encomendada - revista Oeste

Silvio Navarro

Presidente do TSE, ministro Barroso encampa articulação política para barrar  o voto verificável

 Desde as eleições de 2014, quando Dilma Rousseff foi reeleita presidente com a mais estreita margem de votos desde a redemocratização do país, a ideia de que o sistema de urnas eletrônicas da Justiça Eleitoral poderia ser fraudado ganhou ainda mais força no debate político brasileiro. Quatro anos e um impeachment depois, quando Jair Bolsonaro emergiu como favorito na corrida presidencial, a promessa de que se empenharia pessoalmente para que essas mesmas urnas emitissem algum certificado do voto virou uma promessa de campanha caso chegasse ao Palácio do Planalto. A faixa presidencial foi alcançada e, desde janeiro de 2019, seus aliados no Congresso Nacional travam uma batalha pelo que ficou conhecido como “voto auditável”. Uma guerra, contudo, que pode estar longe do fim.
Luís Roberto Barroso e Jair Bolsonaro
Luís Roberto Barroso e Jair Bolsonaro
Na última quinta-feira, 15, a comissão especial que analisa o tema adiou mais uma vez o parecer em busca de algum fôlego. Nas semanas anteriores, “o vento virou”, conforme a avaliação do grupo — majoritariamente do PSL — que encampa a PEC (proposta de emenda constitucional) número 135. Na linha de frente estão os fiéis escudeiros do governo na Câmara Bia Kicis (DF), Carla Zambelli (SP), Filipe Barros (PR), Vitor Hugo (GO) e Paulo Eduardo Martins (PSC-PR). A reportagem de Oeste conversou com todos eles sobre o tema. O prognóstico, caso a emenda fosse votada hoje, é de derrota.

Só o Butão e Bangladesh adotam um modelo de urna similar ao nosso

Motivo: o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, que comanda o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), decidiu se opor à ideia e entrou em campo para construir uma frente parlamentar disposta a deixar o sistema como está. O primeiro aliado na empreitada foi o colega de toga Alexandre de Moraes, para quem ele passará o bastão do TSE antes das eleições. O segundo passo foi chamar para um café os presidentes dos principais partidos do país. A costura deu certo. As legendas consultaram cada um dos seus integrantes indicados para a comissão e quem sinalizou ser favorável ao voto verificável já em 2022 foi substituído.

Paralelamente, políticos de esquerda e seus aliados nas redações dispararam uma narrativa segundo a qual a impressão de um comprovante na urna seria uma desculpa antecipada de Bolsonaro caso seja derrotado na corrida do ano que vem — ainda que só o Butão e Bangladesh adotem modelo similar ao nosso. Mais: nossas urnas de primeira geração, implementadas em 1996, são seguras, assim como o supercomputador comprado pelo TSE sem licitação para centralizar os resultados em Brasília — máquina esta que falhou no teste e fez da apuração das eleições municipais de 2020 as mais lentas em décadas. A reportagem de capa desta edição detalha o caminho do voto no Brasil e suas eventuais fragilidades.

Outro argumento de quem sustenta que o processo eleitoral não deve ser atualizado é que teria alto custo para os cofres públicos. Talvez essa fosse uma justificativa irrefutável para quem defende a redução do gasto estatal não fosse um detalhe: a Justiça Eleitoral, uma das “jabuticabas brasileiras”, detém um orçamento de R$ 9,2 bilhões por ano, superior ao de algumas capitais, como Porto Alegre (RS) e Manaus (AM). Ou seja: dinheiro não é o problema. Pior: são recursos mal gastos; afinal, o leitor pode se perguntar o que faz a maioria dos funcionários dos Tribunais Regionais Eleitorais nos Estados nos anos em que não há eleição.

Leia também “A Justiça Eleitoral é coisa nossa”

Dito isso, entra em cena a ciranda política. Barroso, que não quer o voto auditável, convenceu Alexandre de Moraes, que não gosta dos bolsonaristas, que por sua vez brigam com políticos que precisam salvar a cabeça no Supremo e reeleger-se para manter o tal foro privilegiado. Em 1992, o marqueteiro norte-americano James Carville cunhou o bordão “É a economia, estúpido!” ao eleger o democrata Bill Clinton contra George Bush nos Estados Unidos. No Brasil, seria algo como “É a política, estúpido!”. Afinal, como explicar, por exemplo, que o PSDB recorreu à Justiça em 2014 ao afirmar que a reeleição de Dilma foi fraudada e agora é contrário à verificação?

PSDB defende auditoria nos votos em 2014:
A menos que algum fato novo nos surpreenda — em política isso sempre é possível —, nada vai mudar no caminho das urnas em 2022. E uma crise já parece estar contratada: se Bolsonaro não for reeleito, parte dos seus apoiadores vai recorrer à tese da fraude. Parece combustível pronto para um país onde as eleições nunca terminam bem. Mas restará a pergunta que não quer calar: por que, afinal, formou-se uma maioria contra o ajuste na mecânica do voto? É a política, estúpido.  Por que ser contra algo que pode tornar a votação mais segura?

Leia também “É proibido modernizar a urna eletrônica?”

Silvio Navarro, jornalista - Revista Oeste


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Os lobistas do Vacinão - Revista Oeste

Guilherme Fiuza

O Ministério Público do Trabalho existe para defender os direitos do trabalhador. E está agindo para coagir o trabalhador

Ministério Público do Trabalho recomendou às empresas que demitam por justa causa funcionário que não quiser tomar vacina contra a covid-19. Você sabe que coisas estranhas andam acontecendo. O mais estranho, nesse caso, é ninguém ter chamado a polícia.  O Ministério Público do Trabalho é uma instituição que existe para defender os direitos do trabalhador. É bem verdade que, em certa medida, virou uma usina demagógica para estimular conflitos e produzir demandas antipatronais. [Exemplo de medida demagógica: a montadora Ford está deixando o Brasil e por consequência natural fechando suas instalações. A consequência imediata é a necessidade de demitir milhares de trabalhadores. O MPT pediu a proibição das 'demissões coletivas' e a e a Justiça do Trabalho da BA deferiu. 
Consequência:  os milhares de trabalhadores cuja demissão é necessária, serão demitidos de forma individual, tipo uma dúzia por mês. Com isso daqui a meio século, ainda teremos trabalhadores a serem demitidos - naturalmente, tal medida será revogada e as demissões poderão ocorrer em uma única vez. 
O MPT e J Tr esqueceram que um trabalhador trabalha em média 40 anos.] Só que agora você está vendo o contrário: a instituição que existe para defender os direitos do trabalhador está agindo para coagir o trabalhador. Em favor de quem? Vamos examinar.

Para início de conversa: empregador que tentar obrigar empregado a se vacinar tem de responder na Justiça. A não ser que isso aqui tenha virado uma ditadura dos vendedores de vacina. Onde está a demonstração científica da necessidade de vacinação de todos contra a covid? Não existe. Pode procurar nas manchetes das fake news de grife, no armário dos empáticos de auditório, nos salões da quarentena vip, no receituário dos cientistas de zoom, na cantilena dos charlatões de toga, nos panfletos do Butantan, da Fiocruz e da OMS, na Anvisa, nos consultórios de marketing (ops, nos consultórios médicos), no BBB e nos demais centros de referência científica que você conheça. Achou? Não, não achou. [não podemos esquecer dos contadores de cadáveres - apresentadores de jornais que entre a apresentação dos números -  sempre destacam o que pode ser interpretado de forma negativa = contar cadáveres é importante, mas fazer sempre que possível referência contra o capitão, vale até promoção e quase garantia de emprego.]

A taxa média de letalidade da covid-19, segundo cálculos do epidemiologista John Ioannidis, da Universidade de Stanford, é de 0,27%. É um dado preliminar, mas que não apresenta tendência de crescimento após um ano de pandemia. A taxa de letalidade abaixo dos 70 anos de idade, pelos mesmos cálculos, varia de acordo com as regiões estudadas, mas fica em média abaixo de 0,1% — faixa similar à da gripe sazonal.  
Onde está o fundamento científico para obrigar funcionários, ou seja, indivíduos em idade produtiva (na imensa maioria certamente abaixo dos 70 anos), a se vacinar contra a covid? Não está em lugar nenhum. Não existe esse fundamento. Acrescentando-se que os que não estão nos grupos de risco letal em geral também não desenvolverão sintomas graves, muito menos irreversíveis. Posto isto, resta outra pergunta crucial: qual o status atual das garantias de imunização disponíveis?
Resposta: status duvidoso. No mínimo. As duas vacinas em aplicação no Brasil foram autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária em caráter emergencial sendo que parte importante do grupo em situação de emergência, os idosos, não tem estudo suficiente quanto à segurança e à eficácia de nenhuma das duas vacinas, conforme laudo da própria Anvisa. E ainda aparece o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, ameaçando “enquadrar” a Anvisa para acelerar — repetindo: acelerar! — o processo de autorização de vacinas. Estudar para quê? Aprova logo e estuda depois. Contando ninguém acredita.[atualizando: a Anvisa só está autorizada a liberar vacinas sem estudo detalhado, que tenham sido aprovadas por órgãos reguladores com credibilidade garantida - temos que reconhecer que um fármaco autorizado pelo FDA, por agência reguladora do Canadá, Reino Unido, Japão, pode ser utilizado no Brasil sem necessidade de maiores estudos. 
Tínhamos ressalva a produtos autorizados pela China - só que as dúvidas desapareceram, dado  que aquele país só libera para uso em seu território produtos já utilizados no Brasil e que não apresentaram efeitos colaterais graves!!!] 
 
O STF entende o que quiser de uma lei, dependendo da direção do vento
Para quem ainda não entendeu: o Brasil está aplicando vacinas experimentais, sendo que uma delas tem cerca de 50% de eficácia. Esse dado ensejaria uma pergunta simples às autoridades do Ministério Público do Trabalho: 
o funcionário vacinado que comparecer ao local de trabalho com 50% de chances de estar protegido da doença estará protegendo quem de quê? 
Vacina e fica em casa, para não arriscar? 
Isso é segurança sanitária ou lotérica?

O Supremo Tribunal Federal entendeu que a Lei Mandetta aquela que deu poderes aos governadores para descer o sarrafo na população — permite a adoção de medida compulsória de vacinação. Como você sabe, o STF entende o que quiser de uma lei, dependendo da direção do vento. E a lei em questão, mesmo com todo o seu autoritarismo, determina que quaisquer das medidas previstas requerem a devida fundamentação científica para entrarem em execução. Conforme mencionado anteriormente, essa fundamentação não existe — nem mesmo na literatura criativa do BBButantan.

A Anvisa resolveu aprovar o uso emergencial de vacinas incipientes, com cerca de seis meses de estudos e sem eficácia nem segurança devidamente testadas em idosos. Problema dela e de quem quiser tomar. Transformar esse experimento em obrigação é crime.
Corrigindo: problema também de todos os contribuintes, que estão pagando (caro) aos megalaboratórios pelo desenvolvimento de substâncias cuja efetividade e cujos riscos estão em estudo diretamente na população. Nunca se viu nada parecido. Há laboratório que é inclusive imune por contrato a demandas judiciais decorrentes de eventuais reações adversas provocadas pelo seu produto. Tudo normal. É assim mesmo, dizem.

É assim mesmo que querem te vacinar na marra (sem garantia de que isso salve alguém de alguma coisa) com a cobertura do Ministério Público do Trabalho, do STF, do Doria, do Aécio, do xiita de Niterói e de uma falange de ex-liberais fantasiados de cientistas de fundo de quintal. Repetindo o postulado inicial: o mais estranho é ninguém ainda ter chamado a polícia. Será que sobrou alguém fora do lobby?

Leia também o artigo de J. R. Guzzo desta edição, “O MP está doente”

Guilherme Fiuza,  jornalista - Coluna na Revista Oeste

 


segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

O MUNDO SEGUNDO GRETA

Confesso-me impressionado com o poder da máquina publicitária montada em torno do ambientalismo. De repente, como se tivessem recebido uma revelação espiritual, pessoas de quem se espera discernimento reverenciam uma adolescente de 16 anos que fala sobre um apocalíptico fim do mundo. Com frêmitos de ira, chicoteia supostos vendilhões do planeta expulsando do templo da mãe terra qualquer um que ouse acender um lampião de querosene. [16 anos por ser a idade dedicada aos estudos, destacamos o único mérito da 'ativista': GAZETEAR aulas, a pretexto de protestas contra as agressões ao meio ambiente - na frente do parlamento sueco.
O destino dessa pirralha é logo ser esquecida, com a mesma rapidez que os misteriosos vazamentos de óleo nas costas brasileiras saíram do foco.
Nada contra a Suécia ou os suecos - foram excelentes anfitriões da Copa do Mundo de 58, época em que o Brasil tinha uma seleção, cujos integrantes eram selecionados por serem os melhores no futebol, hoje são selecionados os mais caros e os que dão vexame.] 

Ela mesma, para dar exemplo, perdeu 21 dias de aula viajando de Lisboa a Nova Iorque a bordo de um veleiro. Verdadeira multidão de repórteres a aguardava. Parecia uma tribo de selvagens de i-phone recebendo a visita de uma navegadora vinda do passado. Com Greta, chegava a redenção daquela turma motorizada. Com ela, retomavam-se as Grandes Navegações e os sete mares se fariam coloridos pelos velames da nova versão pop da marinha mercante. Milhões de toneladas de alimentos embarcadas em tonéis. Uma nova logística para a humanidade. Aleluia!
“How dare you!”. Essa expressão – “Como vocês se atrevem!” – saída da boca de uma adolescente, impressionou o mundo mesmo que não esteja muito claro de onde lhe vêm as credenciais se não do discurso decorado. O mundo é muito impressionável. Greta tem uma autoridade autorreferida, produto de um pânico implantado, endossado por uma mídia pronta para abraçar qualquer tese que sirva aos grandes negócios da agenda ambientalista e/ou aos interesses políticos da esquerda. A inimizade dessa imprensa com o progresso, com o desenvolvimento econômico e com a geração de empregos é mais do que declarada. Contudo, na ausência da trinca – progresso, desenvolvimento e empregos –, sobrevêm miséria e fome. [dizem que a ABORRESCENTE foi indicada para o Nobel da Paz - o presidiário Lula, temporariamente em prisão domiciliar, também foi, Raoni - o índio que não sabe andar na selva - também foi.
Com tais indicações, que valor resta ao Nobel da Paz?]

Com efeito, miséria e fome são males que frequentam o fim da estrada para as dezenas de experiências esquerdistas ao longo de um século inteiro. E eu não vejo como não esperar por ambos num cenário econômico movido a vento, onde os aeroportos (1), politicamente incorretos, todos, precisam esvaziar-se. O aplaudido antagonismo com a livre iniciativa deveria disparar, isto sim, um sinal de alerta, em direção inversa, a toda a humanidade. O ser humano não é ecológico. Nem os índios o são plenamente. Ao contrário da exclamação de Greta, nós é que deveríamos interpelar seus apoiadores: “How dare you!”. Não a utilizem para tais fins!

Muito mais realista do que o discurso que lhe ensinaram, longe do qual, sem a prévia redação ela já deu sinal de ficar sem conteúdo, é saber que os próprios navios da ONG Greenpeace se movem a óleo diesel e que, portanto, essa histeria contra combustíveis fósseis tem boa dose de hipocrisia. Faz o que eu digo, não faz o que eu faço.

Percival Puggina (74), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país.

(1) Há, na Suécia, um movimento com o intuito de criar constrangimento ético a quem viaja de avião. Chama-se “Vergonha de voar” (em sueco flygskam)...


segunda-feira, 23 de maio de 2016

“André Moura para quê?”

Aceitar André Moura como líder do governo é um erro mais sério que rebaixar a Cultura a secretaria 

Nunca pensei que usaria aspas de Renan Calheiros num título. Mas, desta vez, o presidente do Senado perguntou o óbvio. De todos os erros atribuídos ao presidente interino Michel Temer nessa semana de estreia, o mais grave foi a escolha de André Moura como líder do governo na Câmara. Sua nomeação foi um tiro de bazuca no governo. Sem defesa.

André Moura é acusado de tentativa de homicídio e de roubo de verba pública para financiar churrasco e bebida alcoólica. Usou sua cota parlamentar para contratar uma empresa que forneceria notas frias em contratos de locação de carros e de assessoria jurídica. A empresa se chama Elo Consultoria. Mas o verdadeiro “elo” de André Moura é com o vilão-mor da República, o suspenso Eduardo Cunha, que ameaça voltar com força total à Câmara, sob o argumento de que as contas secretas no exterior são de um “trust”. O beneficiário é ele mesmo, mas isso não passa de mero detalhe.

André Moura é classificado como “um dos expoentes da bancada religiosa no Congresso”. Não tenho nada contra a fé, que move montanhas. Mas a fé de Moura parece mover montanhas de conchavos e preconceitos. É católico, porém lidera o PSC, de maioria evangélica. Seu projeto de lei mais conhecido, assinado com Eduardo Cunha, dificulta o aborto até em casos de estupro. [ao assinar este projeto, gostem ou não gostem as assassinas de seres humanos inocentes e indefesos, André Moura merece ser líder do governo.] Isso denota não conservadorismo, mas crueldade. André Moura (vou repetir sempre nome e sobrenome, para não ofender nenhum outro “Moura” e para que fique gravado até ele renunciar ou ser afastado por Temer) se esmera em restringir direitos de homossexuais. [outro ponto que justifica a manutenção de André Moura na liderança do governo; já a senhora nomeada para a 'secretaria de direitos humanos' já empunha duas bandeiras contra a FAMÍLIA: é favorável ao aborto e defende homossexuais.] André Moura é investigado no Supremo Tribunal Federal, junto com Eduardo Cunha (sempre ele), por supostas pressões a empresários na Lava Jato. Ah, André Moura é do “Centrão”, o novo bloco que abarca 12 partidos na Câmara para dar sustentabilidade a Temer.

“As pessoas perguntam sempre: o André Moura para quê? É isso que tem de ficar claro. Quais são os compromissos? O que é que ele vai fazer para colaborar com o Brasil no aperfeiçoamento institucional? O que vai poder fazer?”,  perguntou Renan Calheiros.
O que pode fazer André Moura em prol de um bom relacionamento entre o Executivo e o Legislativo? Não terminaria nem com aperto de mão um encontro entre ele e a nova secretária de Direitos Humanos, Flávia Piovesan, professora da PUC-SP que promete lutar pela descriminalização do aborto em todos os níveis e combater a violência contra a mulher, o racismo, a homofobia e a desigualdade. [´é fácil perceber que se esta senhora permanecer na 'secretaria de direitos humanos' a FAMÍLIA BRASILEIRA e os VALORES MORAIS será destruídos - a ilustre secretária apoia tudo que não presta.] 
 
Diante da polêmica suscitada por seu afilhado, Eduardo Cunha falou em terceira pessoa: “Não tem um alfinete indicado neste governo por Eduardo Cunha”. Bizarro tratamento a si mesmo. Mas, sim, André Moura não é só um alfinete no paletó de Temer. André Moura é uma cunha no coração do governo, com perdão do trocadilho. “Cunha” significa “peça de ferro ou madeira, cortada em ângulo agudo, para rachar lenha, pedras”. Eduardo Cunha continua a custar R$ 120 mil mensalmente aos cofres públicos. Com broche de deputado, informou que ocupará segunda-feira seu gabinete 510, em clara provocação à decisão unânime do Supremo. Todos os benefícios dados a Cunha deveriam ser anulados. Já. Residência oficial, carro oficial, avião da FAB. [qual a razão da Dilma, a Afastada, continuar usufruindo de mordomias, se ela não pode exercer nenhuma atividade pública? o Cunha está sendo punido com uma 'criação' do minisdtro Teori Zavascki, já que a Constituição Federal e nenhuma outra lei brasileira prevê 'suspensão de mandato parlamentar'.]

Quanto tempo levará para se exigir de deputados e senadores uma cota de sacrifício na crise? Na Câmara Federal, eles têm salário de R$ 33.763, auxílio-moradia de R$ 4.253 ou apartamento de graça, verba de R$ 92 mil para contratar até 25 funcionários, de R$ 30.416,80 a R$ 45.240,67 por mês para alimentação, aluguel de carro e escritório. Dois salários no primeiro e no último mês da legislatura como ajuda de custo, ressarcimento de gastos médicos. Juntos, os 513 deputados federais custam, em média, R$ 86 milhões ao contribuinte todo mês. Ou R$ 1 bilhão por ano. Os dados são copiados do Congresso em Foco. O Congresso parece viver num universo paralelo.

A quem diz ser impossível mexer nessa caixa-preta, lembro que, em 2012, quando François Hollande assumiu o poder na França, determinou que presidente e ministros reduzissem em 30% seus salários, “para dar o exemplo”. E divulgou um código de conduta com várias regras. Entre elas: ministros teriam de recusar todos os convites particulares, de empresários ou amigos influentes. Devolver qualquer presente com valor superior a €150 (R$ 600). Em trajetos inferiores a três horas, teriam de usar trem. Ficava proibida “qualquer intervenção envolvendo um parente ou amigo próximo”.

Que Temer não se iluda. Aceitar André Moura como líder do governo é um erro muito mais sério que rebaixar a Cultura a secretaria. E não vai embora com o tempo nem o vento.

Fonte: Ruth de Aquino - Época