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sexta-feira, 24 de junho de 2016

Desarmamento, a tirania judiciária contra Bolsonaro, Reinaldo Azevedo e outras notas



A diferença entre conservadores e esquerdistas, muitas vezes, não está em suas concepções sobre a sociedade, nem sobre seus planos sobre o futuros das nações, mas em algo bastante trivial. Enquanto toda a análise que as esquerdas fazem se baseia em ideologia, os conservadores são apenas práticos.

A questão sobre o desarmamento demonstra isso, claramente. O que os conservadores propõem, em geral, não é um culto às armas, mas apenas a chance das vítimas se defenderem. Não há uma questão ideológica envolvida, mas uma simples análise da realidade. Isso porque, enquanto os esquerdistas defendem o desarmamento pela razão de entenderem, em um plano conceitual, que o Estado deve ter o monopólio da segurança, ainda que isso não seja mais prático, nem mais eficiente, os conservadores, independente de gostarem de armas ou mesmo de possui-las, simplesmente entendem que, por causa dos fatos como se apresentam, o melhor para a proteção das pessoas é que elas possam ter seus próprios meios de defesa.

Sinceramente, em um plano ideal, nem condeno quem não goste de armas. Armas são feitas para matar e ninguém é obrigado a apreciar algo que possua essa natureza. No entanto, isso não permite agir de maneira conflitante com a realidade. Aos que desejam um mundo sem armas, para promover tal intento precisam antes dar garantias que seu objetivo é alcançável. Se não podem fazer isso, é melhor que se calem. O problema é que os desarmamentistas, como sua gana em tirar as armas das mãos do cidadão comum, não têm a mínima competência para fazê-lo em relação aos criminosos. Querem desarmar a população, mas não conseguem tirar o revólver do trombadinha da Praça da Sé, quanto mais dos soldados do tráfico, dos criminosos profissionais e dos terroristas. Na prática, ao fazer de tudo para que ninguém tenha armas, permitem que o monopólio delas pertença aos bandidos.

De fato, estatistas que são,  o que eles querem é que apenas os agentes do Estado possam carregar armas. Com isso, fazem com que as pessoas comuns fiquem literalmente à mercê dos criminosos. Isso porque um bandido não avisa quando age e as chances de pará-lo por meio de uma ação policial é mínima. A polícia, em geral, age quando chamada e, normalmente, quando chega já é muito tarde para impedir uma tragédia. Os policiais são heróis, pois arriscam-se diariamente para manter a sociedade em segurança. O problema é que impedir todos os crimes é impossível e os cidadãos ficam desprotegidos enquanto eles não chegam.

Negar que uma pessoa possa se defender quando atacada é negar um direito básico do ser humano. Por isso, o direito de possuir armas não é, como os esquerdistas dão a entender, um privilégio de pessoas que cultuam a violência, mas um direito humano essencial. Se o objetivo é a proteção de vidas, por qualquer lado que se enxergue o problema, o direito ao armamento não pode ser negado. Tirar as armas das pessoas não é protegê-las, mas deixá-las à mercê de quem as possui. E aqueles que as usam para cometer seus crimes não encontram nenhum problema em adquiri-las, nem respeitam as leis que as proíbem.

Quando os desarmamentistas tiverem a mínima capacidade de extinguir as armas, fazendo com que nenhum criminoso as possua, terão alguma autoridade para iniciar o debate sobre a conveniência de tê-las . Enquanto isso não acontece, não têm direito de exigir nada.

* * *

A aceitação de denúncia contra Jair Bolsonaro, pelo Supremo Tribunal Federal, é o ápice da tirania judiciária, que apenas é possível ser alcançada quando a linguagem e o imaginário de um povo já foram esmigalhados ao máximo.  Na decisão dos ministros há um contorcionismo verbal e imaginativo tal, que nem é preciso ser muito culto para percebê-lo. Mas ele é possível apenas porque a correção linguística foi abandonada e a permissividade com o uso da língua permitiu que, de qualquer frase proferida, seja extraído o significado que se bem entende.

Este é o fruto do desconstrucionismo, que, de perversão de críticos literários e filósofos modernos, chegou ao meio jurídico e está servindo como o instrumento perfeito para a criação de uma ditadura de toga. E quando chegamos a esse ponto, não há mais a quem recorrer. Não neste mundo.  Quando a Maria do Rosário chamou o Bolsonaro de estuprador, ela estava usando a mesma tática das feministas de hoje: a de lançar a culpa sobre quem não tem para proteger quem tem. Falar de uma cultura do estupro é apenas uma maneira, pouco inteligente, por sinal, de desviar a atenção dos verdadeiros culpados: os próprios estupradores e aqueles que, direta ou indiretamente, os justificam.

* * *
O ódio que Reinaldo Azevedo nutre em relação a Jair Bolsonaro seria facilmente identificável como algo muito além da discordância política. É tão manifesta sua raiva que se poderia dizer que já chega ao nível da histeria. Só não diria que é isto porque a histeria cria na pessoa um medo sem causa. Porém, no caso do articulista, há uma causa evidente, que é a ameaça que Bolsonaro representa às pretensões eleitorais tucanas. Portanto, o que Azevedo tem escrito é apenas canalhice mesmo.

* * *
Um candidato à presidência independente, que antes das eleições alcança 9% das intenções de votos, causa grande tremor nos grandes partidos. Este foi Fernando Collor, cerca de menos de um ano antes das eleições de 89. Por que vocês acham que estão todos em polvorosa com Jair Bolsonaro, que já alcança, segundo algumas pesquisas, 14% do eleitorado, faltando mais de dois anos para o pleito?
* * *
Vivemos em uma sociedade plástica. Não são apenas as roupas que usamos que são sintéticas, nem só os alimentos que comemos artificiais. Tudo hoje parece de mentira. 

Nossos heróis não lutam mais guerras, mas estão dentro de campos com regras controladas, existentes apenas para nossa diversão; nossas leis criam ficções, que nada têm a ver com a realidade; nossa linguagem é falsa, pois ignora a experiência; as relações agora não possuem mais o olhar; até o sexo tem se dado sem a presença do outro; escrevemos em máquinas que imitam papéis e lemos livros que fingem virar páginas.

Com tanta ilusão, é impossível que essa realidade não cause nenhum efeito mais sério na percepção das pessoas, na forma como elas pensam e no jeito delas se relacionarem com a existência.

Saberemos quais são tais efeitos. Logo.

* * *

Um mesmo perigo na busca de conhecimento e santidade: no meio do caminho o perseguidor achar que já os alcançou. Este é um momento crítico.

* * *
“Fabio, você se acha do dono da verdade”. Não, sou escravo dela. Quem se acha dono é você que tenta moldá-la ao seu jeito.



sexta-feira, 10 de junho de 2016

Jandirão é vítima de sua concepção de mundo. Ou: A comunista e a empreiteira

Deputada estridente do PCdoB que foi financiada por empreiteira está na lista de Sérgio Machado

Como vocês sabem, viciosos são os outros, não é? Os comunistas e esquerdistas genéricos, não. Serão sempre inocentes, mesmo quando culpados.

No dia 22 de fevereiro de 2015, o Blog do Coronel informou que a deputada Jandira Feghali (RJ), uma legítima comunista do Brasil, havia recebido doações de subsidiárias da Construtora Queiroz Galvão, investigada no petrolão. Transcrevo trecho do post escrito há quase um ano e cinco meses:
“Aí a gente vai ao TSE ver quem sustentou a campanha da descabelada comunista. Em primeiro lugar, duas empresas do Grupo Queiroz Galvão, que está sendo processada para devolver mais de R$ 1 bilhão por participar do esquema do Petrolão. A Energia Verde Produção Rural entrou com R$ 300 mil e a Companhia Siderúrgica Vale do Pindaré com outros R$ 110 mil. Além disso, a donzela furada Feghali recebeu mais R$ 50 mil do Estaleiro Brasfels, envolvido até a casa de máquinas na roubalheira instalada na Petrobras. Não esquecer que o PCdoB tem grande influência na estatal, pois comanda a Agência Nacional do Petróleo há anos!”

Nota antes que continue: o titular do Blog do Coronel, que não gostava de ter seu nome divulgado, morreu, infelizmente, no dia 15 de março deste ano. Eu o conhecia. Era um profissional sério e competente. Adiante.

O Blog do Coronel noticiou a doação porque Jandira conhecida por “Jandirão” em razão da maciez do seu estilo era uma das que corneteavam contra as doações privadas, embora tivesse recebido uma bolada justamente de subsidiárias de uma empresa investigada.

Agora se sabe que a ínclita comunista foi citada por Sérgio Machado na lista dos políticos que teriam recebido dinheiro por sua influência. Chato pra ela, né? Jandirão foi uma das que usaram as gravações de Machado para tentar desestabilizar o governo Temer. Agora, ela própria tem de responder.

A mulher tenta se explicar: “Na campanha de 2008, conversei com Machado sobre a possibilidade de sua ajuda pessoal, sim. Mas afirmo que não há qualquer contribuição da Queiroz Galvão em minhas campanhas através de Sérgio Machado, apenas de duas subsidiárias em 2014 por contato direto através do PCdoB.”
Ah, bom! E ela foi adiante: “Lembro que todas as empresas que atuam no setor naval e que contribuíram para minha campanha estão registradas oficialmente com nome e valor. Neste período, também não havia denúncias de envolvimento na Lava Jato.”

Como, senhora?
A Operação Lava Jato foi deflagrada em abril de 2014. As doações que Jandira tem de explicar são de 9 e 25 de setembro daquele ano e de 15 de outubro. Ah, todo mundo já sabia, sim, que as empreiteiras estavam envolvidas até o talo. Paulo Roberto Costa havia decidido fazer delação em agosto…

Leia a íntegra no Blog do Reinaldo Azevedo

Uma prova de que Maria do Rosário, a inestuprável, fez campanha a favor do desarmamento mas aceitou doação da Taurus, a maior fabricante de armas leves do Brasil





sexta-feira, 13 de maio de 2016

A luta continua

O PT está fora do poder. E, acreditem, é para sempre. "E você vai fazer depois disso o quê?", perguntam-me os inconformados, como se a minha profissão fosse ser antipetista; como se eu me definisse pelo "não".

Ocorre, para a eventual decepção dos desafetos, que eu me defino pela "coragem grande de dizer 'sim'", citando trecho de uma música de Caetano Veloso –que se deve escrever apenas "Caetano". O que dizer nessa hora? Como Aquiles e Heitor, a despeito do confronto cruento, estou preparado para admirar meu adversário. Mas esse é eco de uma luta mais ancestral do que a "Ilíada", de um tempo em que cada litigante reconhecia no outro grandeza e legitimidade para ser o que é.

Que coisa curiosa! Se os petistas não tivessem reduzido todas as divergências à luta entre a boa-fé, de que se querem monopolistas, e a má-fé a vontade do outro–, então viveríamos no que um poeta chamou certa feita de "a cidade exata, aberta e clara", em que as divergências não se fazem de virtudes que se negam.

A propósito: se o entendimento que os petistas têm do marxismo não fosse tão pedestre, a divergência seria uma etapa do aprimoramento do argumento. Mas não há chance, na terra petista, de o "Deus crucificado beijar uma vez mais o enforcado". Os petistas são incapazes de reconhecer que o arcabouço legal que lhes conferiu quatro mandatos é o mesmo que afastou a presidente.

Que pena! E eu vou fazer o quê? Ah, "hipócrita leitor, meu igual, meu semelhante!" Continuarei na minha militância em favor do individualismo radical. Certa feita, há muitos anos, enviei a um amigo que ainda está nesta Folha o soneto "Spleen", de Baudelaire, a título de um credo político: "Sou como o rei sombrio de um país chuvoso".

Não! Não sou melancólico, mas sei que todas as hipóteses de felicidade jamais estarão fora de nós. Quero um governo que não nos roube o direito à subjetividade mais extremada, ao individualismo mais radical, ao egoísmo mais virtuoso. A demagogia coletivista, de esquerda ou de direita, é nauseante.

Ah, esta é a semana em que o PT vai para o diabo. Eu poderia aqui lembrar um dia de 2010 em que um blogueiro petista muito reputado propôs uma pauta à imprensa: quem eram, onde moravam e como viviam os 5% que achavam o governo Lula ruim ou péssimo? Ele sugeriu no texto que eram leitores deste escriba. E seu post vazava aquele desejo incontrolável de aprisioná-los num campo de concentração moral.

A minha vocação para o vitimismo passivo-agressivo ou para exultação na modalidade falsa modéstia é bem pequena. No fim das contas, lastimo tanta bobagem dita nesses anos e tanta resposta igualmente energúmena. Há muita coisa a fazer neste país, meus caros! Há tanto atraso a vencer neste nosso renitente orgulho nacional da pobreza cheia de caráter!

Dilma se foi! Fico feliz porque ela me deixava mais cansado do que bravo. Seguirei tocando a minha vidinha. Reproduzo os primeiros versos de um poema da admirável Adélia Prado: "Eu fiz um livro, mas oh, meu Deus,/ não perdi a poesia./ Hoje depois da festa,/ quando me levantei para fazer café,/ uma densa neblina acinzentava os pastos,/ as casas, as pessoas com embrulho de pão./ O fio indesmanchável da vida tecia seu curso. (...)"

Eu me interesso, de verdade, é por esse fio. A política é só o tributo que pago ao vício.


Fonte: Folha de São Paulo - Reinaldo Azevedo


 

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Celso de Mello, mesmo sem querer, desmoraliza Marco Aurélio. Só usou, para isso, a ordem legal

Decano do Supremo recusa liminar para obrigar a abertura de outro processo de impeachment contra Temer e lembra o óbvio, destacado neste blog:  

“A submissão das questões de índole regimental ao poder de supervisão jurisdicional dos tribunais implicaria, em última análise, caso admitida, a inaceitável nulificação do próprio Legislativo, especialmente em matérias – como a de que trata este processo"

Pois é… Celso de Mello desmoralizou de modo acachapante a esdrúxula liminar concedida p0r Marco Aurélio, determinando a instalação da comissão do impeachment de Michel Temer. Leia trecho da reportagem de Márcio Falcão, na Folha. E notem que a argumentação de Celso é rigorosamente aquela empregada neste blog desde o primeiro momento.
*
"O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Celso de Mello negou, nesta quarta-feira (6), pedido do deputado Cabo Daciolo (PTdoB-RJ) para que o tribunal determinasse a abertura de mais um pedido de impeachment do vice-presidente Michel Temer e afirmou que a medida poderia representar interferência do Judiciário no Legislativo.

Isso porque o ministro avalia que é atribuição do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), receber ou não o pedido de afastamento. O entendimento de Celso, ministro mais antigo do STF, contraria decisão do colega Marco Aurélio Mello que determinou na terça (6) que a Câmara dê seguimento a outro pedido de impeachment do vice-presidente que havia sido rejeitado por Cunha.
(…)
A decisão de Celso não tem influência sobre o caso que está com Marco Aurélio (…). Para Celso de Mello, a abertura do processo de impeachment é uma questão interna da Câmara, e atos do Congresso dentro de sua competência estão imunes à revisão judicial.  “É inviável a possibilidade jurídica de qualquer atuação corretiva do Judiciário, constitucionalmente proibido de interferir na intimidade dos demais poderes da República, notadamente quando provocado a invalidar atos que […] traduzem mera aplicação de critérios regimentais”, disse o ministro.

Celso de Mello afirmou que o STF tem decisões anteriores no sentido de que o Judiciário não pode adentrar em questão interna do Congresso sobre a aplicação do regimento.

O ministro disse ainda que não pode anular uma decisão em que não se verifique qualquer evidência de que tenha sido vulnerado o texto da Constituição e que “a submissão das questões de índole regimental ao poder de supervisão jurisdicional dos tribunais implicaria, em última análise, caso admitida, a inaceitável nulificação do próprio Legislativo, especialmente em matérias –como a de que trata este processo”.
(…)
Temer criticou a decisão de Marco Aurélio. Ele disse ter ficado “extremamente espantado” e “enormemente surpreso” com a decisão do ministro, o qual, segundo ele, comporta-se em geral “em obediência absoluta à ordem jurídica, e não à desordem jurídica”. [o que o desejo de ser grato não leva um ministro do STF a fazer.]
 
Em uma provocação, o vice-presidente afirmou que, ao ler o despacho do ministro, pensou que teria de “voltar ao primeiro ano da faculdade de direito para reaprender tudo”.

 Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo

 

sábado, 2 de abril de 2016

OS OITO CADÁVERES DO CASO CELSO DANIEL E O PAPEL DE CADA UM

Ou o caso Celso Daniel é uma tramoia muito bem urdida ou e uma das maiores somas de coincidências do mundo... E com detalhes um tanto espantosos

A questão de fundo de parte da nova fase da Operação Lava Jato é o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, que foi sequestrado e apareceu morto no dia 18 de janeiro de 2002. Era, então, o coordenador da pré-campanha de Lula à Presidência.

Desde aquele dia, tem-se uma fila imensa de cadáveres e poucas respostas. A tese do Ministério Público é a de que Celso foi vítima de um crime de encomenda, desdobramento de um esquema instalado na própria prefeitura, coordenado por ele, destinado a desviar recursos para o PT. Membro do grupo, Sérgio Sombra, amigo pessoal do prefeito, é acusado de ser o mandante.

Até agora, o único condenado é Marcos Roberto Bispo dos Santos, o Marquinhos. O julgamento aconteceu no Fórum de Itapecerica da Serra. Adriano Marreiro dos Santos, seu advogado, diz que seu cliente confessou sob tortura. O Ministério Público reuniu evidências de que ele dirigiu um dos carros que abalroaram a picape em que Celso estava, encomendou o roubo de outro veículo que participou da operação e conduziu a vítima da favela Pantanal, em Diadema, para Juquitiba, onde foi assassinada.

Bruno Daniel, um dos irmãos de Celso, afirma que, no dia da missa de sétimo dia, Gilberto Carvalho confessou que levava dinheiro do esquema montado na prefeitura para a direção do PT. Carvalho lhe teria dito que chegara a entregar R$ 1,2 milhão ao então presidente do partido, José Dirceu. Carvalho e Dirceu negam.

Bruno e sua família chegaram a se exilar na França por causa das ameaças de morte e receberam o estatuto oficial de refugiados. Francisco, o outro irmão, também teve de se mudar de São Paulo e vive recluso. Eles não aceitam a tese de que o irmão foi vítima de crime comum.  O ressentimento de Bruno – ele e a mulher eram militantes do PT – com o partido é grande. Ele acusa os petistas de terem feito pressão para que a morte fosse considerada crime comum. Outro alvo seu é o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, então deputado federal pelo partido.

Greenhalgh acompanhou a necropsia do corpo e assegurou à família que Celso não tinha sido torturado, o que foi desmentido pelo legista Carlos Delmonte Printes em relato feito à família. A tortura é um indício de que os algozes do prefeito queriam algo mais do que sequestrá-lo para obter um resgate, o que nunca foi pedido. Por que Greenhalgh afirmou uma coisa, e o legista, outra? Difícil saber: no dia 12 de outubro de 2005, Printes foi encontrado morto em seu escritório. A perícia descartou morte natural e não encontrou sinais de violência. A hipótese de envenenamento não se confirmou. Não se sabe até agora o motivo.

Todos os mortos
A lista de mortos ligados ao caso impressiona. Além do próprio Celso, há mais sete. Um é o garçom Antônio Palácio de Oliveira, que serviu o prefeito e Sérgio Sombra no restaurante Rubaiyat em 18 de janeiro de 2002, noite do sequestro. Foi assassinado em fevereiro de 2003. Trazia consigo documentos falsos, com um novo nome. Membros da família disseram que ele havia recebido R$ 60 mil, de fonte desconhecida, em sua conta bancária. O garçom ganhava R$ 400 por mês. De acordo com seus colegas de trabalho, na noite do sequestro do prefeito, ele teria ouvido uma conversa sobre qual teria sido orientado a silenciar.

Quando foi convocado a depor, disse à polícia que tanto Celso como Sombra pareciam tranquilos e que não tinha ouvido nada de estranho. O garçom chegou a ser assunto de um telefonema gravado pela Polícia Federal entre Sombra e o então vereador de Santo André Klinger Luiz de Oliveira Souza (PT), oito dias depois de o corpo de Celso ter sido encontrado. “Você se lembra se o garçom que te serviu lá no dia do jantar? É o que sempre te servia ou era um cara diferente?”, indagou Klinger. “Era o cara de costume”, respondeu Sombra.

Vinte dias depois da morte de Oliveira, Paulo Henrique Brito, a única testemunha desse assassinato, foi morto no mesmo lugar com um tiro nas costas. Em dezembro de 2003, o agente funerário Iran Moraes Rédua foi assassinado com dois tiros quando estava trabalhando. Rédua foi a primeira pessoa que reconheceu o corpo de Daniel na estrada e chamou a polícia.

Dionízio Severo, detento apontado pelo Ministério Público como o elo entre Sérgio Sombra, acusado de ser o mandante do crime, e a quadrilha que matou o prefeito, foi assassinado na cadeia, na frente de seu advogado. Abriu a fila. Sua morte se deu três meses depois da de Celso e dois dias depois de ter dito que teria informações sobre o episódio. Ele havia sido resgatado do presídio dois dias antes do sequestro. Foi recapturado.
O homem que o abrigou no período em que a operação teria sido organizada, Sérgio Orelha, também foi assassinado. Outro preso, Airton Feitosa, disse que Severo lhe relatou ter conhecimento do esquema para matar Celso e que um “amigo” (de Celso) seria o responsável por atrair o prefeito para uma armadilha.

O investigador do Denarc Otávio Mercier, que ligou para Severo na véspera do sequestro, morreu em troca de tiros com homens que tinham invadido seu apartamento. O último cadáver foi o do legista Carlos Delmonte Printes. Perderam a conta? Então anote aí:
1) Celso Daniel : prefeito. Assassinado em janeiro de 2002.
2) Antônio Palácio de Oliveira: garçom. Assassinado em fevereiro de 2003.
3) Paulo Henrique Brito: testemunha da morte do garçom. Assassinado em março de 2003.
4) Iran Moraes Rédua: reconheceu o corpo de Daniel. Assassinado – dezembro de 2003.
5) Dionízio Severo: suposto elo entre quadrilha e Sombra. Assassinado – abril de 2002.
6) Sérgio Orelha: amigo de Severo. Assassinado em 2002.
7) Otávio Mercier: investigador que ligou para Severo. Morto em julho de 2003.
8) Carlos Delmonte Printes: legista encontrado morto em 12 de outubro de 2005.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo
 

sexta-feira, 25 de março de 2016

"Dilma na cerimônia do adeus"

A irresponsabilidade de Dilma Rousseff e de Lula nessa reta final do governo é assombrosa. Tanto a dupla como o establishment petista sabem que nada mais pode ser feito. Acabou mesmo! Eles se dedicam agora é a criar uma narrativa da partida que possa manter reunido ao menos um pedaço da militância.

Quando a presidente, seu antecessor e a cúpula petista gritam "golpe!", já não falam mais para o conjunto dos brasileiros. É um discurso voltado para os fiéis, para a militância. Criar uma mitologia da derrota, para os tempos de deserto, é tão importante como criar uma da vitória para os tempos de bonança.

O PT está deixando o poder, mas pretende voltar. Para que possa se reorganizar, terá de encolher; de buscar as suas origens; de resgatar a mística do confronto de classes; de excitar, como nos tempos primitivos, não o desejo de consumo das massas, mas o ressentimento dos oprimidos. 

Lula não quer deixar o poder como um ladrão, mas como um excluído.

Será o patriarca banido da Terra Prometida depois de tê-la conquistado. Viverá de contar histórias e de excitar a imaginação dos mais moços. O PT, como o conhecemos, está morto, mas não a mística intelectualmente vigarista da redenção dos oprimidos que o embala. Esta é um dado permanente na história.

Até um novo barbudo já veio à luz para divulgar "a palavra". O Lula renascido é Guilherme Boulos. Consoante com os tempos da nova esquerda, ele não vem do chão de fábrica, mas dessas milícias supostamente benignas a que chamam "movimentos sociais".
Achando que um é pouco, o rapaz comanda dois movimentos: o MTST e a Frente Povo Sem Medo. Deveria logo abrir uma incubadora de produtos ideológicos do gênero. Se houver impeachment, o novo profeta promete "incendiar o país". Dito de outro modo: se o Congresso não vota como quer Boulos, ele não reconhece o resultado.

Lula nasceu para a política quando a esquerda foi levada a aderir à "democracia como um valor universal", para citar um texto de 1979, de Carlos Nelson Coutinho. Boulos será o líder de um período partidário em que a tolerância perderá até seu valor instrumental. Sem violência, ele está convicto, não haverá redenção. Sai Coutinho do altar, entra um delinquente intelectual como Slavoj Zizek.

Não se descarte, anotem aí, a criação de uma nova sigla que funda o que restar de PT, PSOL, PSTU e outras excrescências mais à esquerda. Como no começo.  A certeza de que o impeachment virá e a necessidade de organizar a resistência com os apaniguados expulsos do paraíso levam Dilma e Lula a anunciar país e mundo afora que um golpe está em curso no Brasil.

Fora do ministério, ele apenas exercita a retórica irresponsável de sempre, cada vez mais típica de um Lula que se mostra uma farsa de si mesmo. Ela, no entanto, se o que está na Constituição é para valer, está incorrendo em novo crime de responsabilidade ao acusar, na prática, o Supremo Tribunal Federal, que votou o rito do impeachment, de fazer parte de uma arquitetura golpista.

Não se descarte, ainda, que alguns cadáveres possam integrar essa narrativa da partida. Eles sempre estão no imaginário delirante e essencialmente criminoso das esquerdas. Ora, o que são alguns mortos quando o que está em jogo é a salvação da humanidadee algumas contas secretas na Suíça?

Fonte: Folha de São Paulo - Reinaldo Azevedo


 

segunda-feira, 14 de março de 2016

O Brasil não quer mais o PT e voltará às ruas se necessário; até a cambada sair



O terrorismo do governo e seus sequazes foi inútil e só multiplicou a adesão aos atos. Nota da presidente tem seu caráter ridículo: é democracia ou é golpe, minha senhora?

A presidente Dilma Rousseff e os petistas apostaram no insucesso — lá à moda deles — da manifestação deste dia 13 e quebraram a cara. Vejam vocês! Sempre considerei um cretinismo, e considero ainda, que a manifestação da hora tenha de ser superior à anterior e menor do que a próxima.

Isso corresponde a querer transformar um movimento em adversário de si mesmo. Agride a lógica. O necessário é que seja expressivo. Ou será que, caso haja outro protesto, ele só terá importância se botar na rua mais de 3,5 milhões? Isso é uma bobagem em si.

A escolha do erro, no entanto, costuma trazer maus resultados até para quem decide ser o seu beneficiário. O governo e setores da imprensa resolveram criar esse critério idiota, saído do nada. Assim, ainda na noite de sábado, alimentava-se no petismo a esperança de que os protestos deste domingo não superariam os do dia 15 de março do ano passado. E, assim, o Palácio e seus súditos sairiam por aí a afirmar que o tema do impeachment já estaria superado.

Aqui vou abusar de um jargão: o tiro saiu pela culatra. Se um evento menor do que o maior já havido evidenciaria a morte do impeachment, o que significará então quando ele não é apenas maior, mas o dobro? Mesmo os números do Datafolha, com os quais muita gente não se conforma, apontam 500 mil na Paulista neste domingo — naquele março de 2015, teriam sido 210 mil. Ferramenta utilizada pelo Movimento Brasil Livre, que registra IPs de telefones celulares, aponta 1,4 milhão de pessoas, mesmo número estimado pela Polícia Militar.

O governo ficou perplexo e emitiu uma nota. Leiam:
“A liberdade de manifestação é própria das democracias e por todos deve ser respeitada. O caráter pacífico das manifestações ocorridas neste domingo demonstra a maturidade de um país que sabe conviver com opiniões divergentes e sabe garantir o respeito às suas leis e às instituições”. É mesmo? O caráter pacífico de agora repetiu o padrão das três manifestações do ano passado. Insisto nesse aspecto porque ele é subestimado — quando não é malvisto — pela imprensa: os que pedem o impeachment da presidente Dilma Rousseff são pessoas pacíficas, que estudam, que trabalham, que têm família, que respeitam as regras da civilidade, que têm apreço pelas leis democráticas, que compreendem o alcance do estado de direito, que zelam pelo patrimônio público e privado, que entendem os limites do outro, que respeitam as regras da civilidade e da cordialidade.

Assim, soou ridícula, apontei isto aqui, a conversa mole da presidente, ainda no sábado, afirmando que esperava que não houvesse violência nas manifestações. Ora, violência de quem, cara- pálida? Quem poderia promovê-la? As pessoas decentes que estavam nas ruas? Certamente não! Os únicos que poderiam querer confusão eram os petralhas, a serviço do Planalto.

Vamos ser claros? Ao vir com aquela ladainha, parece-me evidente que a quase-mandatária, que foi golpeada por Lula, esperava assustar a opinião pública. Mas ninguém caiu no truque. Como não lembrar aqui a entrevista terrorista concedida por Gilberto Carvalho à Folha, afirmando que temia que houvesse conflitos neste domingo, acenando com o risco de venezuelização do Brasil?

Ah, este senhor é aquele que confessou, também em entrevista, que, em 2013, fez várias reuniões com os black blocs, os marginais mascarados que, felizmente, não ousam dar as caras nos protestos pró-impeachment. Mas fiquem certos: eles comparecerão às manifestações das esquerdas no dia 18. Eles gostam de bandidos e lidam com eles. São seus aliados objetivos.

Volto à nota
Mas volto à nota da presidente Dilma. Ela tem de se decidir se o que se deu neste domingo foi uma manifestação legítima, organizada segundo os valores democráticos, ou foi uma manifestação golpista, não é mesmo? Ou não foi ela quem saiu por aí vociferando que impeachment é golpe?

Dilma, nos estertores do seu mandato, paga o preço de todos os erros. A população está, sim, indignada com a roubalheira e se espanta com o lixão em que se transformou a administração pública. Isso é suficiente para ir às ruas. Mas a indignação também é dirigida contra a arrogância do PT, que, embora minoria hoje em dia, insiste em deslegitimar o adversário. E o adversário do PT, hoje, é o povo brasileiro.

Ou não vimos João Pedro Stedile, o burguês do capital alheio, chefão do MST, a dizer a seus militantes que, neste domingo, os fascistas sairiam às ruas — hipótese, então, em que haveria ao menos 3,5 milhões de fascistas no país?  Nada funcionou. As ameaças terroristas foram inúteis. Ao contrário: quando os petistas decidiram convocar contramanifestações para este dia 13, apostando que haveria um recuo daqueles que chamam “coxinhas”, os anúncios de adesão ao protesto se multiplicaram exponencialmente. Esses caras, para o bem do Brasil, e isto conduzirá à queda da presidente Dilma, perderam o eixo.

Afirmei na madrugada deste domingo que o Brasil renunciaria a Dilma já que Dilma insiste em não renunciar ao governo do Brasil, o que encurtaria o sofrimento de todo mundo. E foi o que se viu neste domingo. O Brasil não quer mais o PT no poder. E voltará às ruas quantas vezes for necessário fazê-lo para que triunfe a lei e para que essa cambada nos deixe em paz.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo