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terça-feira, 15 de novembro de 2022

Aos gritos de "Forças Armadas, salvem o Brasil", manifestantes lotam QG do Exército

Bolsonaristas lotam o QG portando faixas, placas e cartazes com pedidos de intervenção militar, posicionamentos contrários à Justiça, ao comunismo e em defesa da "liberdade de expressão"

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) já começam a chegar ao Quartel General do Exército, no Setor Militar Urbano (SMU), em Brasília, onde manifestantes acampam há duas semanas. Desde a manhã desta terça-feira (15/11), feriado da Proclamação da República, os manifestantes ocupam o QG para protestar contra a eleição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Por volta das 10h, o movimento começou a tomar mais corpo. Ao longo do caminho do Eixo Monumental até o QG, os manifestantes fazem protestos de cunho golpista. Além de não reconhecer a derrota de Bolsonaro nas urnas, o grupo pede intervenção militar.
 
Manifestantes se reúnem em frente ao QG do Exército em Brasília
Valter Campanato/Agência Brasil
Concentrados desde a derrota do presidente nas urnas, os manifestantes pró-Bolsonaro ficaram sem luz na noite desta segunda-feira (14), após as chuvas. O acampamento conta com carros, caminhões, ônibus e barracas na Praça dos Cristais, no Setor Militar Urbano, bem em frente ao Quartel General da Força. 

Em frente ao QG do Exército está o maior ponto de concentração e onde estão os manifestantes mais efusivos. Em alguns momentos são puxados coros de "Forças Armadas, salvem o Brasil", em meio a ataques ao presidente eleito e cânticos exaltando o patriotismo.

Eles também levaram muitas faixas, placas e cartazes com pedidos de intervenção militar, posicionamentos contrários à Justiça, ao comunismo e em defesa da "liberdade de expressão". [após auditores fiscais do GDF, que a pretexto de apreender barracas dos manifestantes,  pretendiam provocar os cidadãos que se manifestavam, de forma pacífica e ordeira, serem escoltados, sob vaias dos manifestantes,  por soldados da Polícia do Exército para fora da ÁREA MILITAR, não mais apareceram apoiadores do presidente eleito tentando perturbar a ORDEM PÚBLICA.] 

 

UMA IMPOSIÇÃO DO PTSE

Apesar do pedido de intervenção por parte dos manifestantes, os militares não corroboram o discurso de fraude nas urnas. Pelo contrário, no último dia 9, o Ministério da Defesa publicou um relatório com a auditoria do resultado das urnas, confirmando não ter havido fraude no processo eleitoral.[por favor, antes de qualquer conclusão  sobre a narrativa do presente parágrafo,  LEIAM COM ATENÇÃO a NOTA OFICIAL emitida pelo Ministério da Defesa e a NOTA OFICIAL CONJUNTA emitida pelos Comandantes das Três Forças.]

 Política - Correio Braziliense


domingo, 14 de junho de 2020

Manifestantes bolsonaristas protestam em frente ao QG do Exército

E Ibaneis faz o de sempre: exonera alguém - desta vez o subcomandante da PMDF [só na área de saúde, ele exonerou em 17 meses de governo uns cinco secretários e uns dez diretores de hospitais = e a Saúde cada dia pior.]

Depois de serem retirados, de maneira pacífica, da Esplanada dos Ministérios pela Polícia Militar, militantes bolsonaristas seguiram para o quartel-general do Exército, no Setor Militar Urbano (SMU), onde fazem um ato na tarde deste domingo (14/6). Cerca de 50 pessoas estão no local.

A Esplanada foi fechada por decisão do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), para evitar aglomerações em meio à pandemia de covid-19. Por isso, antes de chegarem ao SMU, os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fizeram um buzinaço em frente ao Palácio do Buriti sede do Executivo local —, aos gritos de "Ibaneis ditador".

O QG do Exército já foi palco de outra manifestação antidemocrática. Em 19 de abril, bolsonaristas estiveram no local com faixas que pediam intervenção militar e fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, o próprio presidente compareceu ao ato e disse que estava lá porque "acreditava" nos manifestantes. Os apoiadores pedem a presença de Bolsonaro novamente neste domingo.

Interdição da Esplanada
Ibaneis Rocha decretou o fechamento da Esplanada dos Ministérios neste domingo (13/6). A determinação leva em consideração as aglomerações que têm ocorrido durante as manifestações, inclusive atos antidemocráticos. O trânsito de veículos e pedestres ficará proibido entre a 0h e as 23h59 deste domingo. O acesso aos prédios públicos federais será permitido apenas a autoridades devidamente identificadas e a servidores públicos federais que estejam em serviço.  
Pouco antes da decisão, uma operação da Secretaria de Segurança Pública e do DF Legal havia desmontado acampamentos de apoiadores de Bolsonaro, também na Esplanada. Após a retirada, os bolsonaristas chegaram a tentar invadir o Congresso Nacional. À noite, integrantes do movimento "300 do Brasil" — grupo liderado pela ativista Sara Winter e que mantinha um acampamento na Esplanada — apontaram fogos de artifício para o Supremo Tribunal Federal (STF) e gravaram vídeos para distribuir nas redes sociais com ataques aos ministros e ao governador Ibaneis Rocha.

Fogos no STF derrubam comando da PM
A ação de remoção de manifestantes bolsonaristas na Esplanada dos Ministérios e a omissão diante dos fogos de artifício dirigidos ao Supremo Tribunal Federal (STF) acabaram resultando em uma crise na Polícia Militar do DF. O governador Ibaneis Rocha (MDB) exonerou nesta manhã de domingo (14/06) o subcomandante-geral da PM, Coronel Sergio Luiz Ferreira de Souza, responsável pelo comando geral neste fim de semana.


Toda a ação de ontem (13/06) de desmonte dos acampamentos dos “300  pelo Brasil“ e do QG Rural causou controvérsia. Se por um lado, houve reclamações de uso de spray de pimenta diretamente voltado para manifestantes e para ativistas que rezavam ajoelhados, por outro, houve constrangimentos entre oficiais pela postura do comando da ação de não  dar voz de prisão à líder do movimento, Sara Winter.



Ela xingou e gritou com PMs. [Os policiais militares cumpriam ordens. Alguém precisa orientar a ativista - desacato é dificil de suportar,  inaceitável.] Agiu com agressividade, como se esperasse uma reação, segundo avaliação de policiais militares. Mas não foi incomodada. À noite, manifestantes fizeram um protesto, soltando fogos de artifício em direção ao STF, com críticas, ameaças e xingamentos a ministros. O presidente do STF, Dias Toffoli, ligou para Ibaneis preocupado e indignado pela situação.

Em nota, Toffoli afirmou: “O Supremo jamais se sujeitará, como não se sujeitou em toda a sua história, a nenhum tipo de ameaça, seja velada, indireta ou direta e continuará cumprindo a sua missão”.


Guardião da Constituição 
E o presidente do STF acrescentou: “Guardião da Constituição, o Supremo Tribunal Federal repudia tais condutas e se socorrerá de todos os remédios, constitucional e legalmente postos, para sua defesa, de seus Ministros e da democracia brasileira”.
O ato também foi dirigido contra Ibaneis. Ao acender os fogos, um dos bolsonaristas afirmou: “Essa daqui vai para o senhor Ibaneis Rocha, pela covardia que o senhor fez hoje com os acampamentos”.

A crise na PM tem potencial para virar descontrole porque a corporação é majoritariamente bolsonarista. Um novo comandante precisa ter pulso e controle da tropa, sem partidarismos, enquanto a família do presidente Jair Bolsonaro apóia os manifestantes. Depois do ato no STF, a Polícia Militar divulgou uma nota em que aponta não ter visto nada de grave na ação dos 300.  “Segundo informações cerca de 30 pessoas realizaram um culto na praça, por volta de 21h, e após o término soltaram alguns foguetes. Logo após, entraram em um ônibus e se retiraram do local.”
Com informações da Agência Estado 


E agora, Ibaneis? - Manifestantes bolsonaristas protestam em frente ao quartel-general do Exército - O Estado de S. Paulo



Protesto Brasília apoiadores Bolsonaro
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro fazem ato em frente ao quartel-general do Exército em Brasília. Foto: REUTERS/Adriano Machado

O QG do Exército já foi palco de protesto contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) e favorável à intervenção militar antes, no dia 19 de abril. Nesse dia, Bolsonaro prestigiou o ato e discursou sobre uma caminhonete. A manifestação foi criticada não apenas pelo caráter antidemocrático, mas também pelo simbolismo da escolha do local, sede das Forças Armadas, que representam uma instituição de Estado, e não de governo, e causou desconforto na cúpula militar.
Também desagradou parte da cúpula de militares da ativa o teor da nota divulgada na noite de sexta-feira, 12, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro, pelo vice-presidente general Hamilton Mourão e pelo ministro da Defesa, general Fernando Azevedo. Ela foi interpretada por alguns oficiais-generais da ativa como mais uma tentativa de uso político das Forças Armadas, segundo apurou o Estadão/Broadcast. 

Na avaliação desses militares, mais uma vez, em reação a movimentos do Supremo Tribunal Federal e agora, também do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a respeito da possível cassação da chapa Bolsonaro-Mourão, o presidente da República reage com declarações que são interpretadas como ameaças veladas e descabidas de emprego das Forças Armadas — como se elas fossem um instrumento ao alcance de suas mãos. O entendimento é de que toda essa gritaria é uma ação midiática para atender ao presidente Bolsonaro, que insiste nesse clima de tensão e enfrentamento para manter a sua militância ativa e aguerrida.

Ataque ao STF
Neste sábado, 13, à noite, um grupo de pessoas autodenominado “300 do Brasil” simulou, com fogos de artifício, um ataque ao STF. Os fogos foram disparados às 21h30 na direção do edifício principal do Supremo, na Praça dos Três Poderes, enquanto os manifestantes xingavam ministros.
“Isso para mostrar ao STF e ao (Governo do Distrito Federal) GDF que nós não vamos ‘arregar’. Repararam que ângulo dos fogos está diferente da última vez? Se preparem, Supremo dos bandidos”, ameaçou um manifestante em vídeo nas redes sociais.
“Desafiem o povo. Vocês vão cair. Nós vamos derrubar vocês, seus comunistas”, ameaça um manifestante em outro vídeo, no qual também xinga o ministro do STF, Gilmar Mendes.

Esse foi mais um ato realizado pelo grupo liderado pela militante Sara Winter, ex-assessora de confiança da ministra Damares Alves, da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Após ter acampamentos ilegais desmantelados pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), cerca de uma dúzia de manifestantes invadiu a cúpula do Senado. O grupo deixou o prédio do Congresso pacificamente após intervenção da Polícia Legislativa. Na manhã de sábado, agentes da PMDF, do Corpo de Bombeiros e da Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal) desmontaram e recolheram faixas, material de lona e estrutura metálica dos acampamentos. A PM usou gás de pimenta para dispersar um pequeno grupo que resistiu à ação.

Esplanada fechada
Neste sábado, 13, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) decretou o fechamento da Esplanada dos Ministérios durante todo o domingo. No texto, Ibaneis cita "ameaças declaradas por alguns dos manifestantes" e destaca necessidade de "contenção de riscos, danos e agravos à saúde pública". A medida proíbe trânsito de veículos e determina acesso aos prédios apenas por autoridades, da 0h até as 23h59 de domingo.

O texto prevê que manifestações poderão ser realizadas, "desde que comunicada com antecedência e devidamente autorizada pelo Secretário de Segurança do Distrito Federal". O governo local, no entanto, não informou se há algum protesto marcado para este domingo com autorização para ocorrer. Mesmo com a proibição para pedestres e veículos na Esplanada dos Ministérios, cerca de 15 apoiadores do presidente Jair Bolsonaro chegaram a circular pela Praça dos Três Poderes com bandeiras. Policiais militares, no entanto, convenceram essas pessoas a deixar o local.

Em suas redes sociais, Sara Winter acusou o governador Ibaneis Rocha de "ditador" e cobrou a revogação do decreto que fechou a Esplanada, "Revogue agora mesmo esse decreto inconstitucional ou haverá consequências! Se você tirar o direito de ir e vir do povo, tiraremos o seu também!", escreveu.

O Estado de S. Paulo - Politica 

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Quando o procurador Aras vai procurar Bolsonaro? - Blog do Josias

O  inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal para apurar quem organizou e financiou as manifestações antidemocráticas do último domingo está crivado de ironias e de dúvidas. A primeira ironia é o uso de ferramenta da ditadura — a Lei de Segurança Nacional— para processar pessoas que pedem a volta do regime militar. A segunda, o fato de as manifestações terem sido magnificadas pela presença de um presidente que sustenta que não houve ditadura no Brasil. 

Quanto às interrogações, as duas mais incômodas são as seguintes: Por que manter o inquérito sob sigilo? Alega-se que há a suspeita de envolvimento de parlamentares. Mais uma razão para submeter a apuração à luz do Sol.

 Por que Bolsonaro foi previamente excluído do rol de investigados? Sustenta-se que o presidente "apenas" participou do ato. 
[o Presidente da República continua sendo cidadão - portanto, em pleno exercício de seus direitos constitucionais, incluindo o de livre expressão - e por ocupar um cargo político se espera que participe de eventos políticos.

O evento já ocorria quando o presidente chegou ao local onde era realizado e fica próximo ao destino original da comitiva presidencial: Forte Apache = QG do Exército, Setor Militar Urbano, Brasília, DF.

Lá discursou por menos de três minutos, não disse nenhuma palavra contra nenhum dos Poderes da República, não criticou o isolamento imposto à população do DF por decisão exclusiva do chefe do Poder Executivo do DF - que agora não sabe como sair do isolamento que impôs - , manteve a distância de segurança fixada pelo GDF,  ainda que tal distância de isolamento tenha sido estabelecida com base no 'chutômetro', não abraçou nem apertou a mão de nenhum manifestante. 
Investigá-lo com base em que?]

Ora, o episódio ganhou relevância justamente porque um presidente que deveria zelar pela ordem democrática discursou em ato urdido por defensores do estilhaçamento da democracia. A exclusão de Bolsonaro é injustificável. Fica a impressão de que o procurador-geral da República Augusto Aras ainda não se deu por achado. Ele tem dificuldades para perceber que deve obrigações não ao presidente que o indicou para o cargo, mas à Constituição e ao brasileiro que lhe paga o salário. Há uma outra esquisitice no inquérito. Não ficou claro como o pedido de Aras foi parar na mesa do ministro Alexandre de Moraes. Ele é relator de outro inquérito secreto, aberto no Supremo em março do ano passado, por iniciativa do presidente da Corte, Dias Toffoli. Coisa destinada a apurar supostas notícias falsas contra o Supremo e ataques aos seus ministros.

Esse inquérito de Toffoli, cuja legalidade é contestada, tornou-se multiuso. Já serviu até para censurar notícia verídica contra Toffoli. Se a investigação que excluiu Bolsonaro for acoplada a esse outro inquérito maroto, começará com o pé esquerdo. Ficará demonstrado que as coisas nem sempre são tão ruins quanto parecem. Elas podem ser muito piores.

 Blog do Josias - Josias de Souza, jornalista - UOL


 Quando o procurador Aras vai procurar Bolsonaro? ... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2020/04/21/quando-o-procurador-aras-vai-procurar-bolsonaro.htm?cmpid=copiaecolaO inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal para apurar quem organizou e financiou as manifestações antidemocráticas do último domingo está crivado de ironias e de dúvidas. A primeira ironia é o uso de ferramenta da ditadura —a Lei de Segurança Nacional— para processar pessoas que pedem a volta do regime militar. A segunda, o fato de as manifestações terem sido magnificadas pela presença de um presidente que sustenta que não houve ditadura no Brasil. Quanto às interrogações, as duas mais incômodas são as seguintes: Por que manter o inquérito sob sigilo? Alega-se que há a suspeita de envolvimento de parlamentares. Mais uma razão para submeter a apuração à luz do Sol. Por... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2020/04/21/quando-o-procurador-aras-vai-procurar-bolsonaro.htm?cmpid=copiaecolaO inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal para apurar quem organizou e financiou as manifestações antidemocráticas do último domingo está crivado de ironias e de dúvidas. A primeira ironia é o uso de ferramenta da ditadura —a Lei de Segurança Nacional— para processar pessoas que pedem a volta do regime militar. A segunda, o fato de as manifestações terem sido magnificadas pela presença de um presidente que sustenta que não houve ditadura no Brasil. Quanto às interrogações, as duas mais incômodas são as seguintes: Por que manter o inquérito sob sigilo? Alega-se que há a suspeita de envolvimento de parlamentares. Mais uma razão para submeter a apuração à luz do Sol. Por... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2020/04/21/quando-o-procurador-aras-vai-procurar-bolsonaro.htm?cmpid=copiaecola

terça-feira, 21 de abril de 2020

Os novos sócios de Bolsonaro - O Globo

José Casado

Ele atravessou os últimos 15 dias em acertos com líderes do Centrão

O negro gato desfilou diante das lentes do fotógrafo Orlando Brito e buscou abrigo do sol de domingo embaixo do automóvel presidencial, estacionado numa quadra da Asa Norte, em Brasília. No apartamento em frente, Jair Bolsonaro e filhos degustavam milho com ketchup, ao lado de uma metralhadora na parede.

O negro gato fugiu antes de o presidente subir no carro preto e seguir para o QG do Exército. Ativistas o aguardavam, como vivandeiras mascaradas, temerosas da morte pelo vírus, invisível e democrático na contaminação. Apelavam para uma ditadura liderada, claro, por Bolsonaro. Na cena havia algo fora da ordem institucional. O comandante em chefe das Forças Armadas usava a portaria do QG do Exército para um comício planejado, com coro contra o “bando de ladrões no STF, Senado e Câmara”. Presidia um ato de potencial desqualificação do poder militar, inédito também porque jamais se permitiu comício no portão do Forte Apache, como é conhecido o Setor Militar de Brasília. [atualizando:
Forte Apache é a denominação oficiosa de um conjunto de vários Blocos que sedia o Quartel General do Exército, situado no Setor Militar Urbano, em Brasília.] Bolsonaro sorria e, frequentemente, tossia.


Foi para casa, vestiu camiseta amarela, bermuda e chinelos pretos e sentou-se para assistir a críticas de Roberto Jefferson, seu antigo líder no PTB, ao deputado Rodrigo Maia (DEM). Outro jogo combinado. 
Bolsonaro quer eleger o sucessor de Maia na Câmara. Sonha com novos sócios no bloco de centro direita, o Centrão, para dominar a pauta legislativa na campanha eleitoral em crise econômica, marcada pelo número de vítimas da “gripezinha”.

Em público diz que não pretende “negociar nada. Mas atravessou os últimos 15 dias em acertos com líderes do Centrão, entre eles Roberto Jefferson (PTB), Valdemar Costa Neto (Progressistas, antigo PP), Gilberto Kassab (PSD) e Marcos Pereira (Republicano/Igreja Universal). Alguns são personagens do mensalão e da corrupção na Petrobras. Todos, como Bolsonaro, tentam garantir a sobrevivência política na crise pós-coronavírus, se possível culpando outros pela imprevidência — o número de mortos já é o dobro da semana passada.

José Casado, jornalista - O Globo