Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador The New York Times. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador The New York Times. Mostrar todas as postagens

domingo, 17 de dezembro de 2017

Populismo: um brado de- 1ª parte

Sobre a luta para manter o governo nas mãos dos homens livres.


“Logo se descobriu que a forma de um governo livre e os fins de um governo arbitrário não eram coisas de todo incompatíveis entre si.”
Edmund Burke, Pensamentos sobre a causa dos presentes descontentamentos.

É curioso como algumas palavras acumulam uma nuvem de significados positivos enquanto outras, semanticamente tão inócuas quanto aquelas, acabam carregando sobre seus ombros uma gama de más intenções.  Considere, por exemplo, a diferença de significação entre os termos “democracia” e “populismo”.  Você conhece alguma pessoa responsável que admitiria estar contra a democracia? Exceto uma pessoa multimilionária, que não precisasse ganhar mais dinheiro, ninguém se arriscaria a dizer isso. Porém, muitas pessoas declarar-se-ão anti-populistas com gosto. Essa discrepância é curiosa por diversos motivos.

Primeiramente, é uma evidência da resiliência quase darwiniana da palavra “democracia”. Na acirrada batalha das ideias por sua sobrevivência, “democracia” não apenas sobreviveu como prosperou. E isto se deu apesar do fato de que pensadores políticos como Platão e Aristóteles, passando por Cícero e chegando aos dos tempos modernos fossem profundamente suspeitos a seu respeito. Aristóteles entendia-a como a pior forma de governo, que necessariamente se degeneraria em oclocracia ou governo das massas, o qual não é governo nenhum.

No ensaio Federalista nº 10, James Madison sabidamente alertou para o fato histórico de que regimes democráticos haviam, em geral, sido tão curtos em suas vidas quanto violentos em suas mortes.” “Políticos teoréticos”, ele escreveu – e seria difícil encontrar uma aplicação mais desprezível da palavra “teorético”-, até podem ter defendido a democracia, mas isso só ocorreu por causa de sua ignorância perigosa e utópica acerca da natureza humana. Para Madison, não estava claro ser a democracia uma guardiã confiável da Liberdade.

Não obstante, praticamente todo mundo quer associar a si mesmo com a palavra “democracia”. Regimes totalitários gostam de descreverem-se como a “República Democrática” do que quer que seja. Conservadores alardeiam as vantagens do “capitalismo democrático”. Planejadores centrais de todos os tipos avidamente implementam programas propagandeados como engrandecedores ou expansores da “democracia”. Até mesmo James Madison acabou por ladear-se a uma subespécie de democracia, ainda que uma filtrada pela influência moduladora de uma grande e diversificada população, bem como por um bem elaborado esquema de representação que aliviasse (embora Madison dissesse “excluísse”) a influência “do povo em sua capacidade coletiva.

“Democracia”, resumidamente, é uma palavra elegíaca, aquilo que o filósofo prático Stephen Potter definiu, em outro contexto, como uma “palavra bonita”. E vale a pena notar, algo que Potter ter-nos-ia alertado de pronto, que as pessoas que as pronunciam deliciam-se em propagandearem-se a si mesmas como “pessoas bonitas,” além de geralmente serem assim consideradas por outras pessoas. Com efeito, os elementos de pertencimento a uma classe e de aprovação moral – os quais algum gênio resumiu como “sinalização de virtude” – são a chave para entender isso.

É bem o oposto com “populismo”. À primeira vista, isto parece estranho porque a palavra “populismo” ocupa, semanticamente, um espaço quase adjacente a “democracia”. “Democracia” significa “governo pelo demos,” o povo. Do mesmo modo, “Populismo,” segundo o The American Heritage Dictioanary, descreve “uma filosofia política dirigida para as necessidades das pessoas simples e que busca uma distribuição mais equitativa de qualidade de vida e poder” – ou seja, justamente o tipo de coisas que o povo, se fosse governar, buscaria.

Ocorre que, a bem da verdade, “populismo” é, na melhor das hipóteses, uma palavra ambivalente. Às vezes, é verdade, uma pessoa carismática consegue fazer sobreviver e até mesmo adornar o rótulo “populista” como uma auréola pessoal. Bernie Sanders conseguiu esta proeza entre os eco-conscientes, racialmente onívoros, não-estereotipados-por-gênero, anti-capitalistas beneficiários do capitalismo que compuseram o núcleo de seu eleitorado.

No entanto, sempre tive a impressão de que neste caso o termo “populista” fora encampado menos por Sanders ou seus apoiadores do que por seus rivais e pela mídia, em uma tentativa de fixá-lo na imaginação do povo como mais um dos diversos exemplos lamentáveis de candidatos-que-não-eram-Hillary-Clinton, sendo ela presumidamente popular mas não populista.

Com efeito, há ao menos dois modos de associação negativa contra os quais o termo “populista”  deve se defender. O primeiro é a questão da demagogia: alguns intérpretes nos dizem que “populista” e “demagogo” são essencialmente sinônimos (embora eles raramente ressalvem que demagogos simplesmente significa “um líder popular,” como Péricles). A associação de demagogia e populismo descreve o que nós poderíamos chamar de aspecto de “comando-e-controle” do populismo. É dito que o líder populista abandona a razão e a moderação a fim de atiçar as paixões mais baixas e crônicas de um povo semianalfabeto e espiritualmente raso.

O outro é a questão sobre o “solo fértil mas não edificante” do populacho sobre o qual o líder demagógico opera. Qualquer um que tenha visto os comentários sobre o Brexit, a campanha e os primeiros meses da administração Trump, ou a recente eleição francesa terá notado isso. Considere, para ficar com apenas um exemplo, a frequência com que a palavra “ódio” e seus cognatos estão sendo empregadas para evocar as falhas psicológicas e morais tanto da multidão populista quanto de seus presumidos líderes. Em uma invectiva memorável e apocalíptica publicada nas primeiras horas de 9 de novembro de 2016, David Remnick, o editor do The New Yorker, alertou que o mandato de Trump representava “uma rebelião contra o próprio progressismo,” um “odioso ataque” contra os direitos civis das mulheres, negros, imigrantes, homossexuais e incontáveis outros. Outros comentaristas posteriores alertaram sobre nossos “tempos de ódio e cinismo”, sobre o tom “bruto, odioso e ressentido” da retórica de Trump, sobre “o ódio” não aplacado daqueles americanos que sentiam “terem sido deixados para trás”. “O ódio de Trump pode descambar em uma estrada tenebrosa” disse a CNN. “Por dentro do ódio e da impaciência de Trump – e sua súbita decisão de demitir Comey”, o The Washington Post. “Como o Ódio putrefato contra Comey Resultou em Sua Demissão”, o The New York Times.

Até há, pela imprensa, algumas concessões ocasionais de que o “ódio” diagnosticado pode ser compreensível, até justificável, mas nós somos deixados com a inconfundível impressão de que o fenômeno, em sua inteireza, é algo mal e irracional. Lemos nela referências ao ódio “que apodrece”. Ele conduz a decisões “súbitas”, ou seja, impulsivas. Diz ela também que o caminho para onde estamos sendo conduzidos pode ser “tenebroso” (Ah, como uma possibilidade pode ser rasteira: quando lemos que algo “pode ser” tenebroso, nós chegamos a pensar, como deveríamos, que este mesmo algo bem pode não o ser?)

O Populismo parece incapaz de escapar de associações com demagogia e corrupção moral. Assim como os fétidos ferimentos de Filoctetes, o mal cheiro é aparentemente incurável. Também pudera, há razões históricas e em abundância acerca da associação entre demagogia e populismo, como bem nos recordam os irmãos Tibério e Caio Graco, Padre Coughlin e o senador Huey Long.

Ainda assim, eu suspeito que, na presente situação, a associação aparentemente inseparável entre populismo e demagogia tem menos a ver com qualquer afinidade natural do que com seu ardiloso uso como rotulação retórica. O termo “Populismo”, é bom que se diga, está sendo brandido não tanto como um conceito descritivo senão como um termo deslegitimador. Acuse com sucesso alguém de simpatizar com o populismo e você conseguirá, gratuitamente e sem mais esforço, também imputar-lhe a pecha de demagogo e do que foi famosamente ridicularizado como bando “deplorável” e “imperdoável”. O sentimento de desprezo existencial é quase palpável.

Também o é o elemento de condescendência. Inseparável do diagnóstico de “populismo” vem a sugestão não apenas de incompetência mas também de uma rudimentaridade em parte estética e em parte moral do populista ou de seu apoiador. Por isso não deixa de ser curiosa a aversão visceral expressada pela opinião das elites pelos sinais de simpatia do povo por populistas. Quando Hillary Clinton acusou metade dos apoiadores de Donald Trump de serem um “bando de deploráveis”, “imperdoável”, e quando Barack Obama rotulou os eleitores republicanos que viviam em cidades pequenas de serem um pessoal “amargurado” que “se apega a armas ou religião ou que antipatiza com pessoas que não são como eles ou nutrem sentimentos anti-imigrantes ou anti-comércio”, o que eles expressaram foi antes uma repulsa condescendente do que sua mera discordância.


Continua Parte 2  e Parte 3
Roger Kimball, crítico cultural norte-americano, é o editor da revista The New Criterion e autor de vário livros, dentre os quais, “Radicais nas Universidades – Como a Política Corrompeu o Ensino Superior nos Estados Unidos da América” e “Experimentos Contra a Realidade – O Destino da Cultura na Pós-Modernidade”.
Tradução: Filipe Catapan

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Não é só tara. É sobre poder

O poder sempre inebriou os homens. O que mudou foi a coragem e a posição das mulheres na sociedade 

Não sei se é preciso ser mulher para se enojar com os relatos das atrizes de Hollywood sobre os métodos de seleção do poderoso produtor de cinema Harvey Weinstein, bilionário aos 65 anos. Ao ler em detalhe os depoimentos das vítimas de Weinstein, todas no viço dos 20 anos quando foram atacadas pelo predador sexual grande e forte, pensei: quando chegará o momento de desmascarar os tarados poderosos no Brasil? Por enquanto, só quem ejacula em ônibus acaba preso.

O primeiro sentimento é de incredulidade. Como esse cara ficou décadas assediando e estuprando moças – e continuou a ser mandachuva em Hollywood? O “sistema” fecha os olhos a homens que usam o poder para atacar mulheres entre quatro paredes. Weinstein não era muito criativo, repetia o padrão. Chamava a aspirante a atriz para uma festa ou uma reunião de negócios imaginária, convidava uma executiva de sua empresa para estar presente por minutos como álibi, inventava uma desculpa para mostrar cenas em seu quarto de hotel.

Partia para o ataque deprimente: dizia que precisava de uma massagem, jogava seu peso físico e profissional sobre as mulheres, tentava tirar a roupa delas, tomava ducha com porta aberta, ficava pelado só com roupão ou já as recebia no quarto com esse figurino, fazia ameaças verbais ao futuro delas, dizia que todas transavam com ele, pegava o rosto delas e empurrava para baixo, exigia sexo oral. Muitas lutaram com ele. As que cediam se sentiram degradadas depois. Um áudio divulgado pela polícia de Nova York revela sua pressão nojenta para tocar os seios de uma modelo de 22 anos. Quando elas se trancavam no banheiro ou tentavam fugir, Harvey Weinstein se masturbava na frente delas. Algumas abandonaram o cinema, por pensar: “É assim?”.

Depois que o jornal The New York Times e a revista New Yorker divulgaram os métodos de Weinstein, aconteceu algo parecido ao que, no Brasil, acabou levando à prisão o médico estuprador Roger Abdelmassih. Uma onda. Começaram a chover os depoimentos de atrizes assediadas ou estupradas pelo produtor. Gwyneth Paltrow, Ashley Judd, Mira Sorvino, Angelina Jolie, Rosana Arquette, Léa Seydoux, Kate Beckinsale, Cara Delevingne são algumas das dezenas que denunciaram Weinstein.

O que faziam elas? Umas, nada, com medo que ele desse um fim a suas carreiras. Só o evitavam. Weinstein produziu filmes que renderam Oscar, como Shakespeare apaixonado, O artista, O paciente inglês. Ele era uma espécie de patrono para diretores como Quentin Tarantino e Steven Soderbergh. Algumas vítimas o denunciavam em particular – Gwyneth contou a seu então namorado, Brad Pitt, e ele confrontou Weinstein. Ela e outras receberam de Weinstein telefonemas ameaçadores. “Cale a boca, pare de falar no assunto.” Ou sutis: “Está precisando de algo?”. Algumas levaram a denúncia a canais oficiais. A resposta foi o silêncio. E houve as que fizeram acordos milionários com advogados do produtor, que tentavam evitar um escândalo.


A versão de Weinstein: “Relações sexuais sempre foram consensuais”. Depois, pediu desculpas “sinceras” publicamente por traumas provocados por seu “comportamento inadequado”. Também atribuiu seus avanços sexuais à “cultura dos anos 1960 e 1970”, quando “as regras eram diferentes de como se portar em lugares de trabalho com mulheres”.

Hã? Não parece ter convencido sua linda mulher, a estilista de 41 anos Georgina Chapman, mãe de seus filhos de 4 e 7 anos. Georgina anunciou a separação: “Meu coração está dilacerado por todas essas mulheres que sofreram uma imensurável dor por causa dessas atitudes imperdoáveis”. Weinstein agora se diz “devastado”, promete buscar terapia e pede “uma segunda chance”.


Não é um fenômeno só de Hollywood. Nem de democratas ou republicanos. Bill Clinton conseguiu sexo oral com estagiária no Salão Oval da Casa Branca. Sua mulher, Hillary, continuou a seu lado. Donald Trump é comparado a Weinstein nos métodos e na prepotência. Um áudio de Trump vazou na campanha eleitoral: “Quando você é poderoso, elas deixam você fazer tudo. Agarrá-las pela x...ta”. Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos e sua mulher, Melania, continua a seu lado. Não é só nos Estados Unidos. No Brasil, a seleção de jovens atrizes foi batizada de “teste do sofá”.

Weinstein foi demitido de sua própria empresa. Pode ser banido da indústria cinematográfica. Caiu em desgraça. Poderia ser condenado a 25 anos de prisão se comprovadas as denúncias. Mas isso não acontecerá. O poder sempre inebriou os homens. Conhecemos várias histórias de assédios, também em redações de jornais e revistas. Não mudaram as regras. O que mudou foi a coragem das mulheres. E a posição delas na sociedade. Que se inspirem nos chefes corretos e não abusem de ninguém – moral ou sexualmente.


Fonte: Ruth de Aquino - Época

 >> Mais colunas de Ruth de Aquino

 

terça-feira, 29 de agosto de 2017

O novo banqueiro

Investigado por lavagem de dinheiro e corrupção, o ministro da Agricultura Blairo Maggi ganhou do governo Temer autorização para operar um banco comercial

Ministro da Agricultura, Blairo Maggi acaba de ingressar no restrito clube dos donos de casas bancárias. Ele ganhou do governo Michel Temer autorização para operar um banco comercial em Cuiabá, sede das empresas agrícolas, de navegação e de energia que renderam à sua família um patrimônio de R$ 14 bilhões, equivalente a 25% do Produto Interno Bruto de Mato Grosso.

Natural para um bilionário. Exceto pelo fato de que o novo banqueiro está sendo investigado por lavagem de dinheiro e corrupção em negócios públicos, usando bancos privados como Daycoval, BicBanco, BMG e Rural (em liquidação).  Na quinta-feira 10 de agosto, o Banco Central permitiu-lhe a abertura do Banco Amaggi S.A. Isso aconteceu 72 horas depois de Maggi ter se mobilizado no Supremo Tribunal Federal por informações sobre inquéritos nos quais é personagem. Tropeçou no segredo de justiça, só levantado na última terça-feira, 22.

Ele é retratado nos autos como líder de um “ecossistema delitivo” no Mato Grosso durante década e meia. Foram pagos quase R$ 1 bilhão em subornos no Executivo, Legislativo e no Tribunal de Contas durante seu governo (2003 a 2010), de Silval Barbosa (2010 a 2015) e de Pedro Taques (desde 2016).  Documentos, gravações e 150 confissões mostram um histórico de corrupção em contratos de obras muitas inacabadas; no socorro a vítimas de enchentes; na saúde e até na distribuição de óculos a pobres. A propina fluía em dinheiro vivo; créditos falsificados; incentivos; promissórias, e até em barras de ouro.  Pagava-se pela “governabilidade, alimentando o ‘sistema’ montado na gestão Blairo e herdado dele, com seu conhecimento e atuação ativa” — contou Silval Barbosa, ex-governador.

Maggi ganhou um mandato de senador, do qual se licenciou para ser ministro. Integra o partido Progressistas, antigo PP, recordista em investigados por corrupção (32) na Lava-Jato. Um deles, o senador piauiense Ciro Nogueira, leva o nome do ministro-banqueiro no bolso como moeda para a disputa presidencial de 2018.  Maggi, 61 anos, é um empresário que aprendeu a vestir o figurino do político sem culpa.

Em 2004 governava Mato Grosso quando ocorreu desmatamento recorde da Floresta Amazônica. “Um aumento de 40% no desmatamento não significa nada” — disse ao jornal “The New York Times”, acrescentando: “Não sinto a menor culpa sobre o que fazemos aqui.” Acabou premiado com a Motosserra de Ouro, do Greenpeace.

Sábado passado, em Esteio (RS), o ex-governador explicou como via a corrupção em Mato Grosso: “Quando me elegi, algumas lideranças da Assembleia me procuraram. O governo anterior fazia repasses para que pudessem ter uma complementação de salário ou coisa parecida (...) Disse a eles que colocassem tudo que tinham necessidade dentro do seu orçamento, que o governo passaria para o orçamento do Legislativo, que eles que administram: ‘Façam como querem, do jeito que querem, e da maneira que podem fazer.’”
Simples assim, como o sorriso quase ingênuo do ministro, banqueiro noviço, olhos apertados no rosto arredondado, papada distendida sobre o colarinho azul imaculado.

Fonte: José Casado - O Globo
 
 

terça-feira, 15 de agosto de 2017

O misterioso desaparecimento de jornalista após embarcar num submarino que afundou - sem ela

Uma trama misteriosa envolve o desaparecimento da jornalista sueca Kim Wall, de 30 anos, vista pela última vez na noite da quinta-feira em um submarino na Dinamarca. O inventor Peter Madsen, dono da embarcação, foi acusado de homicídio por negligência e está detido. A polícia acredita que ele, que é dinamarquês, deliberadamente afundou seu próprio submarino, mas há pouca informação sobre o sumiço da repórter.

Os investigadores acreditam que Kim possa estar morta. Mergulhadores das Forças Armadas e cães policiais participam das buscas. Uma jornalista independente respeitada, Wall apurava um artigo sobre Madsen, um inventou que construiu seu submarino privado de 40 toneladas, o UC3 Nautilus, com recursos de uma campanha de crowdfunding (vaquinha virtual) em 2008. 


Ela já publicou seu trabalho em publicações como The New York Times, Guardian, Vice e South China Morning Post.Madsen e Wall se encontraram por volta de 19h de quinta-feira em Refshaleoen, um porto de Copenhague. A repórter embarcou no Nautilus (como mostrado na imagem acima) e foi dada como desaparecida por seu namorado às 2h30 de sexta-feira. 

A última fotografia de Madsen e Wall na torre de comando do submarino foi tirada às 20h30 por um homem que estava em um cruzeiro, pouco antes do pôr do sol. O que aconteceu com ela em seguida ainda é desconhecido ou foi mantido em sigilo pelas autoridades dinamarquesas. Mas Madsen acabou acusado de homicídio por negligência após um interrogatório no sábado.

Sua advogada Betina Hald Engmark afirmou à BBC que ele não é culpado, mas que como o caso ainda está sendo analisado pela Justiça, ela não tem permissão para divulgar nenhuma informação. 

Mudança de versão
Peter Madsen disse inicialmente que deixou Wall por volta de 22h30 de quinta-feira no restaurante Halvandet, em Refshaleoen, próximo ao local onde eles se encontraram mais cedo. Segundo a polícia, Bo Petersen, dono do restaurante, entregou imagens de segurança - Madsen teria em seguida mudado sua versão do incidente, embora nenhuma informação tenha sido divulgada sobre o novo relato.

Na manhã de sexta-feira, um alarme de emergência soou, mas como o submarino não tem rastreador de satélite, o serviço de resgate demorou a encontrar a embarcação. Funcionários de um farol em Oresund foram os primeiros a avistá-lo por volta das 10h30. Meia hora depois, o submarino afundou na baía de Koge.
Peter Madsen estava nele, e foi resgatado. 

'Triste'
O inventor, bastante conhecido no país por suas atividades com seu submarino e seu foguete, foi entrevistado por repórteres dinamarqueses após o episódio. Até aquele momento, não se suspeitava do homicídio. Madsen afirmou aos repórteres que estava bem, mas triste pelo naufrágio. 

Após o início das investigações, a polícia de Copenhague confirmou que "o naufrágio do submarino foi supostamente consequência de um ato deliberado". A grande questão agora é: o que aconteceu com Kim Wall? A busca por seu corpo continua por terra e mar, e a polícia de Copenhague pediu às pessoas que já viajaram com Peter Madsen para ajudá-los a explicar o que acontece em suas viagens.


DNA
Embora o submarino tenha sido trazido à superfície no sábado, a água do mar pode ter removido provas de DNA a bordo.  A polícia informou que apreendeu uma "grande quantidade de eletrônicos", mas pediu ajuda para recompor a rota do submarino de 21h30 à meia-noite. Se há qualquer amostra de DNA no submarino, a polícia não mencionou o fato. 

E acrescentou que um navio mercante o avistou às escuras no noroeste da ponte de Oresund por volta da meia-noite. A corporação disse que ele cruzava o canal da Dinamarca em direção à Suécia, mas não deu mais detalhes.  A falta de informações sobre um caso como esse não é rara na Dinamarca. Nem a advogada de Peter Madsen pode divulgar a versão de seu cliente, apenas dizer que ele é inocente. 

Quando questionada pela BBC por que Madsen mudou sua versão inicial, ela explicou que não poderia informar, uma vez que o que é dito em interrogatório deve ser mantido em sigilo. A acusação de homicídio por negligência é vista como um primeiro passo para manter o réu sob custódia até o início de setembro. Isso significa que houve um acidente a bordo e que a acusação poderia mudar no futuro. 

Fonte: BBC Brasil 




quarta-feira, 8 de março de 2017

Espionagem chinesa grampeou mais de 700 milhões de smartphones

Mais de 700 milhões de smartphones foram espionados pela China, sobretudo na América Latina, na Ásia e na própria China, alertou o jornal espanhol El Mundo.

 Foi descoberto um software pré-instalado em smartphones Android monitorando onde os usuários iam, com quem conversavam e para quem escreviam mensagens de texto. Todos esses dados eram enviados para uma central em Shangai.

Por sua vez, o The New York Times denunciou que uma empresa estatal chinesa de software estava combinada com fabricantes de smartphones para espionar e enviar SMS secretos para a China.  A responsável pelo software espião é a empresa Shanghai Adups Technology, pertencente ao governo chinês e que trabalha de acordo com empresas como ZTE, Huawei e Blu.

O gancho para atrair as vítimas foi oferecer modelos baratos e até bons demais para serem tão em conta: potência e durabilidade difíceis de acreditar.  A empresa norte-americana Kryptowire fez a descoberta em vários modelos da marca Blu, que enviavam dados dos contatos, histórico das chamadas e outras informações para um servidor em Xangai sem que os usuários soubessem.

O sistema operativo de fábrica já trazia a possibilidade de instalar aplicações de forma remota, enganando o proprietário. Obviamente a empresa Blu declarou que não sabia nada dessas irregularidades. E respondeu imediatamente ao The New York Times que tinha atualizado o sistema operacional para identificar e eliminar qualquer software de espionagem. A Blu acrescentou em seu site oficial que havia rompido todas as relações com a empresa do governo Adups e que melhorará a segurança de seus smartphones.

O grampo de centenas de milhões de telefones no Ocidente e até na própria China – fornece uma impressionante capacidade de ciberataques, ou formas de “guerra híbrida”, para o momento que Pequim considerar oportuno. 
E a China vem se mostrando muito agressiva em relação aos EUA nos últimos semestres, inclusive militarmente. O governo chinês, que foi tão inescrupuloso no caso dos smartphones, não deixará de tentar novas vias para recuperar o “poder de fogo” para sua guerra da informação.
E ninguém disse que os smartphones chineses baratos foram os únicos “escravizados”...


http://pesadelochines.blogspot.com


terça-feira, 22 de março de 2016

A última semana do verão assombroso precipitou a tempestade perfeita: para Lula e Dilma, abril será o mais cruel dos meses

É mais que uma pesquisa de opinião o que o Datafolha divulgou neste sábado. É o atestado de óbito do lulopetismo. É o boletim médico sobre um paciente em estado terminal. É o anúncio fúnebre da morte política de Lula. É também o retrato do novo país que se mira no exemplo da república de Curitiba. E é o convite para o carnaval temporão que festejará o fim da Era da Canalhice. Até a estatal da estatística se rendeu à realidade visível a olho nu.

O Datafolha já admite que, em cada dez brasileiros, sete acham ruim ou péssimo o governo Dilma Rousseff, apoiam o impeachment e sabem que Lula quer virar ministro para escapar da Lava Jato pelo atalho do foro privilegiado. O truque obsceno só serviu para engordar a impopularidade do farsante, hoje espraiada por todas as classes microeconômicas. Desde novembro, a taxa de rejeição a Lula subiu dez pontos porcentuais: já são quase 60% os que não votariam de jeito nenhum no embusteiro desmascarado pela Lava Jato.

Passam de 80% os que aplaudem a decisão do juiz Sérgio Moro que obrigou o dono do sítio que não é dele a depor na Polícia Federal. No ranking dos governos mais corruptos da história, a turma de Lula só perde para o bando de Dilma. Conjugados, os índices produzidos pelo levantamento estraçalharam a fantasia vendida aos devotos que se juntaram na Avenida Paulista neste 18 de março. Eles se imaginavam participantes de um ato político. Era um funeral.

A última semana deste verão foi a mais assombrosa semana do mais assombroso dos verões. A vertiginosa sucessão de espantos começou no domingo em que milhões de brasileiros protagonizaram a maior manifestação popular desde a chegada das caravelas. Na segunda-feira, ao convidar o padrinho em apuros para assumir o ministério que lhe aprouvesse, Dilma Rousseff confirmou que não perde nenhuma chance de enfiar o sorvete na testa.

Na terça-feira, mais revelações do senador Delcídio do Amaral mostraram Lula e Dilma afundados até o pescoço no lamaçal do Petrolão. No mesmo dia, uma conversa gravada provou que o ministro Aloizio Mercadante tentou comprar o silêncio de Delcídio e a Câmara dos Deputados desengavetou o fantasma do impeachment. Na quarta-feira, a nomeação para a chefia da Casa Civil de um caso de polícia fez a temperatura aproximar-se do ponto de ebulição.

Esse limite foi alcançado no mesmo dia pelo recrudescimento das manifestações de protesto — e amplamente ultrapassado pela divulgação de conversas gravadas pela Polícia Federal que escancaram a mente escura e a alma sórdida de Lula e parceiros. Na quinta-feira, Dilma ratificou a opção preferencial pela boçalidade com a intensificação de ataques frontais a Sérgio Moro.

Na sexta-feira, The New York Times dedicou à crise brasileira um editorial que qualificou de “ridículas” as explicações gaguejadas por Dilma para justificar a nomeação de Lula — suspensa pelo ministro Gilmar Mendes até que o plenário do Supremo Tribunal Federal delibere sobre o caso. Um dos tantos iludidos pelas tapeações do mágico de cabaré, o mais importante jornal do mundo descobriu que o pai dos pobres era a camuflagem de um meliante.

Na manhã de sábado, a capa de VEJA destacou uma das muitas afirmações de alto teor explosivo que emergem da entrevista exclusiva com Delcídio do Amaral: “Lula comandava o esquema”. O esquema a que se refere o ex-líder do governo no Senado envolve a presidente da República, ministros de Estado e outros figurões que, para se safarem do castigo reservado aos arquitetos do Petrolão, tentaram sabotar a Operação Lava Jato. No fim da tarde, o Datafolha publicou a pesquisa.

Os últimos sete dias do verão precipitaram a tempestade perfeita. O outono vai lavar a alma do país que presta. Lula e Dilma terão motivos de sobra para acreditar que abril é mesmo o mais cruel dos meses.

Fonte: Veja - Coluna do Augusto Nunes

 

sábado, 12 de setembro de 2015

PT, o quinto dos infernos

Entre os desserviços proporcionados pela Era PT, um tem efeito devastador e exigirá muito tempo para ser recomposto: a perda do grau de investimento moral da sociedade civil organizada. Em certo sentido, esse dano é ainda maior que o da perda do grau de investimento, recuperável pela adoção de medidas econômicas adequadas, em ambiente político mais confiável.

Mas o dano moral de privar a sociedade de tribunas qualificadas, espaços não estatais de interlocução pública, não tem preço. Entidades como OAB, ABI, CNBB e UNE levaram décadas para construir sua reputação, com participação ativa em todos os movimentos cívicos de envergadura do século XX. São, porém, os grandes omissos em uma das maiores crises da história republicana brasileira – e, em certos aspectos, a maior.

Não se ouviu delas uma única palavra condenatória a respeito da roubalheira na Petrobras, que o jornal mais importante dos EUA, o The New York Times, considerou, em volume e abrangência, o maior caso de corrupção da história humana. Muito ao contrário, houve quem relativizasse o escândalo. Aparelhadas pelo PT, hoje vocalizam os interesses desse partido, cuja própria sobrevivência está em risco, tal a diversidade de delitos já capitulados. Os ditos movimentos sociais – CUT, MST, MTST, entre outros já nasceram sob a égide partidária, com a missão de cumprir uma agenda ideológica que está longe de exprimir um ideário comum à sociedade brasileira.


Têm, pois, coerência e representatividade a soldo. Seu declínio acompanha o do governo petista e das legendas que os patrocinam. Vivem de dinheiro público, à revelia do público. Já as entidades da sociedade civil não pertencem a ninguém em especial. Foram forjadas nas lutas políticas hoje inscritas na história. A OAB, por exemplo, surge na sequência da Revolução de 1930 e tem participação ativa na luta contra a ditadura do Estado Novo, a partir de 1937.

Apoiou a queda do governo Goulart, em 1964, mas, uma vez configurada a determinação militar de não devolver o governo aos civis, tornou-se voz destacada na luta pela redemocratização. Exerceu, por meio de seu então presidente, Raymundo Faoro, interlocução junto ao governo Geisel para construir a agenda da transição para a democracia, de que constavam, entre outras coisas, o restabelecimento do habeas corpus e das eleições diretas para presidente da República, que só retornariam de fato com a Constituinte, em 1988.

A CNBB, por sua vez, num país que já foi bem mais católico, perdeu musculatura moral ao se tornar força militante atrelada aos chamados movimentos sociais que, por sua vez, obedecem a comando partidário. Deixou de ter qualquer importância, ao ponto de escassos católicos saberem o nome de quem a preside. [sou católico e não sei quem a preside e nem faço questão de saber. Afinal a CNBB apoia todos os chamados 'movimentos sociais' que nada mais são do que organizações criminosas, aglomerados de bandidos. O mais estranho é que os membros de tais movimentos em sua maioria assaltam,  roubam, furtam, invadem propriedades privadas, matam e mesmo assim a CNBB os apoia.]

A sociedade foi às ruas, somente este ano, por três vezes, em manifestações que lotaram as ruas e avenidas das principais capitais. Disseram, por conta própria, tudo o que esperavam ouvir das entidades que sempre se ocuparam em vocalizá-la. E o que elas disseram, quando ousaram romper o silêncio? Exatamente o que o PT e seus aliados à esquerda repetiam: que se tratava de gente rica, coxinhas, que nada tinham a ver com o verdadeiro povo (entidade abstrata que só ganha concretude se se filiar aos movimentos sociais).

O aparelhamento supôs ser possível promover uma revolução em silêncio, a revolução bolivariana, privada de qualquer debate público, a partir de uma engenharia política restrita a essas entidades, às quais se somou o que se pode classificar como uma síntese delas: o Foro de São Paulo.  O logro foi percebido a tempo de sustá-lo.

Alguns dos principais cabeças, na órbita partidária, como José Dirceu, estão na cadeia. Outros, como o próprio Lula, têm tudo para lá chegar. A revolução, sob o patrocínio de Simon Bolívar, personagem estranho à nossa história, abusou do princípio de que os fins justificam os meios e concentrou-se nos meios, de que a rapina à Petrobras dá um pálido exemplo – e que não é único.

 Inferno: mantido cuidadosamente à temperada adequada esperando por Lula, Dilma, Zé Dirceu e o restante da petralhada. 
Lênin, Stalin, Mao, Castro, Chávez  e outros vermes da mesma estirpe lá já se encontram

A Era PT chegou ao fim, ainda que a remoção do governo possa levar algum tempo. A classe média, sem a qual não haveria PT, nem muito menos as revoluções – tudo começa e termina nela e com ela -, rompeu com o establishment petista. E é sob seus escombros que se buscará algum remédio para o recomeço, para a sofrida tentativa de recolocar o Brasil de volta não a um paraíso, cada vez mais distante, mas ao singelo Terceiro Mundo. No momento, estamos no quinto – o quinto dos infernos.

Por:  Ruy Fabiano