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sexta-feira, 21 de julho de 2023

Fábricas de espantalhos - Percival Puggina

Leio em O Globo:

A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que as plataformas de redes sociais apresentem todas as publicações do ex-presidente Jair Bolsonaro referentes a eleições, urnas eletrônicas, Forças Armadas e o próprio STF, entre outros temas.

O subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos, responsável pelas investigações dos atos golpistas, ressalta que essa solicitação já havia sido feita, mas que não foi analisada por Moraes. Por isso, Santos reiterou o pedido nesta segunda.

(...)

Além disso, quer que as redes apresentem as métricas de cada publicação, como visualizações, curtidas, compartilhamentos e comentários. Ainda foi solicitada uma lista completa dos seguidores de Bolsonaro.

        São 70 ou 80 milhões de pessoas (a notícia teria produzido um rápido crescimento no número de seguidores), mas – calma pessoal! – segundo o subprocurador afirmou na semana passada, o investigado é apenas o ex-presidente, e, ademais, a PGR não teria como processar milhões de cidadãos. Antes do esclarecimento, eu tinha certeza disso. Agora já não tenho mais, como veremos adiante.

Todos esses quantitativos solicitados as próprias plataformas disponibilizam por publicação. As incertezas começam quando aparece a palavra “comentários” porque estes são individualizados.

Essa história não tem lado bom. Um lado devassa as opiniões políticas de dezenas de milhões de cidadãos e o outro rompe com objetivos do sigilo do voto, inerente às democracias. [entendemos conveniente ressaltar que a nossa democracia é relativa, daquela com alguns absurdos, dos quais destacamos que muitas vezes a pretexto de preservá-la uma autoridade pode causar mais danos do que a infração que busca coibir.]
 O sigilo do voto protege o eleitor de quem lhe possa causar dano (ou recompensa) por suas opiniões não voluntariamente expressas, que se revelam quando se sabe em quem ele votou ou não votou. 
Se “avaliar o conteúdo” se referir apenas ao vídeo do ex-presidente, o pedido deveria ser de outra natureza; ao incluir os conteúdos dos comentários, o que acontecerá com as pessoas cujas opiniões não forem do agrado do escrutinador? Quem deu ao Estado esse direito? Ah, pois é!
 
A democracia requer instituições, mas também depende de como elas procedam. 
O que está em curso no Brasil é um arremedo do regime e dos meios de ação narrados no conhecido filme “A vida dos outros” (Das leben der Anderen, Oscar de melhor filme estrangeiro de 2007).  
Até 1990, o regime comunista da Alemanha Oriental e seu partido único, o SED, contavam com os serviços da Stasi, para controlar a vida dos alemães orientais, oprimir opositores e dar suporte ao SED. A Stasi chegou a dispor de 90 mil servidores fixos e 170 mil informantes. “Funcionou bem?”, indagará o leitor. Sim, durou 40 anos, respondeu por 250 mil prisões, sustentou o luxo da elite partidária e o rotundo fracasso do comunismo na terra do velho Karl! 
Em todos os países satélites atuavam filhotes da KGB, como a própria SED, a KDS búlgara, a Securitate Romena, a StB tcheca.
 
Muito me preocupa o que vejo acontecer. Tenho saudades da Constituição de 1988, mesmo com seus gravíssimos equívocos.  
A cada dia mais e mais esqueletos são levados para o armário da memória e dos arquivos. As bobagens proferidas não voltam para a boca e a censura não apaga o que os olhos viram. 
Alguém ainda vai ganhar muito dinheiro com documentários sobre estes anos loucos e suas fábricas de espantalhos.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


domingo, 3 de abril de 2022

Um Oscar para o Oscar - Ana Paula Henkel

Foi-se o tempo das manhãs de ressaca por ter ido dormir de madrugada depois de passar horas assistindo à cerimônia e torcendo para o filme A ou a atriz B levarem a famosa estatueta. Hollywood há alguns anos se tornou um show de hipocrisia, ataques políticos a apenas um lado do espectro político-ideológico e piadas sem graça feitas por e para os hedonistas da indústria. Se você, assim como eu, há muito tempo não assistia à cerimônia, certamente agora você já sabe que Will Smith decidiu dar um tapa na cara de Chris Rock durante a transmissão do Oscar no último domingo. Depois de esbofetear o mestre de cerimônia, Smith voltou ao seu lugar e gritou: “Mantenha o nome da minha esposa fora da m… da sua boca”, mostrando estar consternado com uma piada que Rock fez sobre o cabelo raspado de Jada Pinkett Smith, esposa de Will. Jada tem uma condição chamada alopecia, que resulta em perda de cabelo, e Chris brincou sobre ela estar em G.I. Jane 2, referindo-se a uma continuação de G.I. Jane, filme estrelado por Demi Moore, em que ela raspa a cabeça para encenar uma mulher que passa por um treinamento de operações militares. Poucos momentos depois do tapa, antes que alguém pudesse realmente digerir a cena vista no palco, Smith ganhou o prêmio de melhor ator e em seu discurso se desculpou, em lágrimas, com a Academia, dizendo que sentia que precisava defender sua família.

Will Smith é um conhecido ator de blockbusters, como Homens de Preto, no entanto, não foi a primeira vez que o estrelato de Will Smith foi definido mais por sua vida pessoal do que por seus papéis na tela. Recentemente, ele documentou sua perda de peso em um programa no YouTube chamado Best Shape of My Life. Ele também apareceu na série do Facebook de sua esposa Red Table Talk, para discutir o casamento que há anos demonstra sinais de uma crise permanente com assumidos casos de traição por parte dela. Na série Welcome to Earth, do gigante Walt Disney, Smith testou sua coragem pessoal em aventuras na natureza ao redor do mundo. 

Em novembro do ano passado, revelando segredos profundos, o ator escreveu em Will, seu livro de memórias e que esteve durante vários meses nas listas de best-sellers: “O que você passou a entender como ‘Will Smith’, o aniquilador de alienígenas, a estrela de cinema maior que a vida, é em grande parte uma construção — um personagem cuidadosamente elaborado e afiado — projetada para me proteger”. Em uma recente entrevista, Jada Smith, que já admitiu ter tido outras relações fora do casamento com Will, declarou que gostaria de viver um “casamento aberto” e que “casamento não é prisão”.

Enquanto muitos debatiam quem estava com a razão na bofetada agora vista por milhões e milhões de pessoas no mundo, se a piada de Chris Rock foi apenas uma piada de mau gosto ou um ataque à honra de Jada Smith e, por isso, Will estava coberto de razão em defender a honra de sua esposa, eu, como moradora da Califórnia há muitos anos e observadora das ações, reações e estratégias da bolha hollywoodiana, não pude deixar de contemplar alguns aspectos, no mínimo curiosos, no episódio. Como se trata de Hollywood, eu também não descartaria a hipótese de uma encenação.

Primeiro, não pude deixar de notar que os dois grandes patrocinadores do Oscar neste ano eram dois grandes nomes das big pharmas: Biontech e Pfizer. Sim, a Pfizer da pandemia e das controversas vacinas. Devido à condição capilar de Jada Smith, exposta pela “piada” de Chris Rock, a alopecia foi um dos assuntos mais debatidos e procurados nas ferramentas de busca nas 48 horas após o Oscar. Dentre os milhões de cliques e links, a cura para a doença estava entre as palavras mais pesquisadas. Curiosamente (coloque seu chapéu de alumínio agora!), em 2018, a Pfizer iniciou testes para um medicamento chamado Allegro 2b/3. Em agosto de 2021, a farmacêutica anunciou os resultados positivos dos testes finais da medicação e agora, em 24 de fevereiro, o NIH (National Institute of Health), o órgão administrador de pesquisas médicas dos EUA, publicou oficialmente os resultados do Allegro2b/3, que — curiosamente — promete tratar e curar a alopecia, a doença de Jada Smith que causa a queda de cabelo. Exposição planejada?

Bem, teorias conspiratórias à parte, o que não consegui deixar de notar foi a série de eventos hipócritas dentro de um evento bizarro, ensaiado ou não. Voltemos a fita um pouco. Há alguns anos, Hollywood encabeçou a criação do “Me Too”, movimento de “empoderamento feminino” contra o assédio sexual na indústria. Muitas atrizes de Hollywood que hoje são festejadas como “quebradoras do silêncio” passaram anos numa bizarra mudez alimentando uma perturbadora cumplicidade com produtores endinheirados e que acabou protegendo predadores sexuais. Enquanto roteiros de filmes eram trocados e fotos no tapete vermelho com vestidos de grife eram tiradas, outras mulheres sem a mesma projeção que as “empoderadas” de Hollywood eram vítimas de estupros e assédio sexual.  Por que demoraram tantos anos para se tornar “a voz das mulheres”?

Enquanto essas mulheres poderosas e milionárias davam belos discursos com os olhos marejados sobre o assédio e a violência contra a mulher, elas também fingiam não saber quem eram os predadores, alguns deles na plateia, como Harvey Weinstein. Celebridades, homens e mulheres consagrados que escolheram se calar por anos e anos contra os algozes de quem não tinha a mesma voz. 

Perdoem meu francês, mas como respeitar mulheres que descem a roupa para subir mais rápido na vida e depois de conquistar todo dinheiro e sucesso posam de porta-vozes contra o assédio e a violência sexual? 
Quantas mulheres tão ou mais talentosas e aptas para seus postos abriram mão de estar no topo para manter a própria dignidade? 
É bom deixar bem claro: os vilões dessas histórias de assédio são evidentemente os assediadores, mas quem topa voluntariamente trocar sexo por uma promoção ou um caminho mais curto para a fama não merece prêmios nem respeito pelo simples motivo de que muitas mulheres, na mesma situação, recusaram a oferta. Outras ainda denunciaram seus agressores, correndo todo tipo de risco para que esses monstros não cometessem mais crimes e fizessem mais vítimas. E isso é só uma parte de Hollywood.

E se Chris Rock fosse um comediante branco fazendo uma piada horrorosa com uma mulher negra?

Nos últimos anos, temos sido bombardeados com a vil agenda do atual progressismo segregacionista. Mulheres contra homens, filhos contra pais, negros contra brancos, homossexuais contra heterossexuais. É a máxima da estratégia de guerra, tão usada pela seita marxista: dividir para conquistar, agora de roupa nova. No caso de Hollywood, de roupa de grife. Há quanto tempo escutamos que tudo é racismo, tudo é misoginia, tudo é homofobia… Tudo é tudo! O que faz com que todos sejamos racistas, homofóbicos, misóginos, ninguém, de fato, é. Na nação mais livre e empreendedora do mundo, onde a ascensão através do trabalho árduo anda de mãos dadas com oportunidades, parte doente da atual sociedade norte-americana vive entoando que a América é dominada pelo racismo estrutural, presente no seu DNA. O racismo sistêmico, assim pregam, está por todo lado. 

Policiais matam negros apenas por causa da cor de sua pele. Negros não conseguem lugares de destaque na racista sociedade norte-americana e discursos em festas como o Oscar pregam a injustiça contra pessoas negras que não têm oportunidades no seletíssimo clube hollywoodiano. O fato curioso da semana, ou a realidade esbofeteando a bolha, é testemunharmos três personagens milionários da nata do entretenimento três afro-norte-americanos —, moradores de bairros ricos e elegantes de Los Angeles e do Estado com o maior PIB dos EUA e o quinto do mundo, sendo protagonistas no polêmico evento visto por milhões e milhões de pessoas no mundo. O ingresso mais barato do show de Chris Rock passou de US$ 80 para US$ 350.

Outros pontos interessantes sobre a bofetada são perguntas que deixaram a esquerda norte-americana confusa e sem resposta: se Jada Smith teve sua honra ferida por uma piada de gosto duvidoso (seja lá o que honra signifique para o casal que vive em um casamento aberto), o que aconteceu com a tal “masculinidade tóxica”? Homens defendendo suas esposas? Um pilar do conservadorismo norte-americano? Shame! Onde já se viu isso, progressistas? Mulheres empoderadas não precisam de homens! Como é mesmo a frase que as feministas do “Me Too” costumam dizer aqui? Ah, é… We are enough, ou nós somos suficientes. Hum.

Outra pergunta que é impossível não fazer: e se Chris Rock fosse um comediante branco fazendo uma piada horrorosa com uma mulher negra? E se Chris Rock tivesse feito uma piada com uma doença de uma atriz branca e seu marido loiro de olhos azuis tivesse se levantado e dado um tapa na cara do comediante negro? 

Sim, estaríamos na Terceira Guerra Mundial. E mais: a turma que prega amor entre todos os seres humanos, como é mesmo que eles dizem?…Ah! Love is love, agora valida a agressão física quando ofensas verbais são proferidas, ou temos que analisar antes a cor da pele, o gênero, a orientação sexual e, claro, o lado no espectro político-ideológico? A pergunta é retórica.

A Academia disse na quarta-feira que iniciou processos disciplinares contra Will Smith por violar seus padrões de conduta, “incluindo contato físico inadequado, comportamento abusivo ou ameaçador e comprometer a integridade da Academia”. Smith terá pelo menos 15 dias para responder sobre suas violações e poderá oferecer uma resposta por escrito. As punições podem incluir suspensão, expulsão ou outras sanções, disse o comunicado da Academia. O conselho se reúne novamente em 18 de abril. Na segunda-feira, Smith pediu desculpas a Chris Rock, à Academia e aos espectadores do programa em um post no Instagram, chamando seu comportamento de “inaceitável e imperdoável”.

Em Hollywood e para Hollywood, tudo é possível. Se o tapa foi pura encenação, só o tempo dirá, mas, assim como nas telas, é claro como o brilho das estatuetas que estas celebridades escondem verdades inconvenientes para blindar uma vida de festas, glamour, dinheiro e mentiras. Hipocrisia e atuações dignas de um Oscar.

Leia também “Uma agressão às mulheres”

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste

domingo, 2 de janeiro de 2022

Prêmio Seringa Press 2021 - Revista Oeste

Guilherme Fiuza

Confira a lista dos agraciados

Chegamos enfim ao momento mais aguardado do ano: a divulgação dos vencedores do Prêmio Seringa Press 2021 — o Oscar do lobby vacinal. Segue a lista dos agraciados:

— Melhor Infectologista: Bill Gates.

— Melhor Epidemiologista: Bill Gates.

— Melhor Virologista: Bill Gates.

— Melhor Sanitarista: Bill Gates.

— Melhor Oráculo da Ciência: Bill Gates.

— Melhor Profeta de Pandemia: Bill Gates.

— Melhor Clínico: Bill Gates.

— Melhor Cínico: Bill Gates.

— Melhor Pediatra: Bill Gates.

— Melhor Enfermeiro: Bill Gates.

— O Cara Que Sabe O Que É Bom Pra Tosse: Bill Gates.

— Melhor Médico de Família: Bill Gates.

— Melhor Amigo da Família: Bill Gates.

— Melhor Amigo da Mamãe Farma: Bill Gates.

— Melhor Amigo da OMS: Bill Gates.

— Melhor Amigo das Agências Reguladoras de Saúde: Bill Gates.

— Melhor Amigo da Ditadura Chinesa: Bill Gates.

— Melhor Amigo dos Amigos do Laboratório de Wuhan: Bill Gates.

— Melhor Amigo do Aloprado Doutor Fauci: Bill Gates.

— Melhor Amigo do Jornalista Carente: Bill Gates.

— Melhor Socorrista da Imprensa Falida: Bill Gates.

— Melhor Benemérito das Milícias Checadoras: Bill Gates.

— Melhor Benfeitor das Consciências de Aluguel: Bill Gates.

— Melhor Conselheiro das Horas Difíceis: Bill Gates.

— Cara Mais Legal Que Tem Por Aí: Bill Gates.

— Maior Guardião da Verdade Universal: Bill Gates.

— Muso Onisciente das Plataformas Digitais: Bill Gates.

— Maior Exterminador Do Que É Errado: Bill Gates.

— Maior Viralizador Do Que É Certo: Bill Gates.

— Maior Viralizador: Bill Gates.

— Maior Velocista da História das Vacinas: Bill Gates.

— O Cara Que Acabou Com Aquela Burocracia Chata De Ter Que Esperar Anos De Estudos Pra Saber Se Uma Vacina Era Boa: Bill Gates.

— O Cara Que Ensinou À Ciência O Que É Propaganda na Veia: Bill Gates.

— O Cara Que Amoleceu Uma Multidão de Corações Com Seus Belos Olhos: Bill Gates.

— O Cara Mais Mão-Aberta Que Eu Já Conheci: Bill Gates.

— O Cara Que Mais Se Preocupa Com A Sua Saúde: Bill Gates.

— Melhor Higienizador Do Ambiente: Bill Gates.

— Melhor Purificador da Humanidade: Bill Gates.

— Melhor Cara Pra Te Dizer Quantas Picadas Têm Que Constar No Seu Passaporte Sanitário: Bill Gates.

— Melhor Fiador do Esquema Vacinal Completo: Bill Gates.

— Melhor Pessoa Pra Segurar A Coleira Que Vai Te Guiar Pelo Mundo da Imunidade Imaculada: Bill Gates.

— Melhor Pessoa Pra Arrancar A Máscara Dos Nazistoides Alucinados Fantasiados De Salvadores da Espécie: Você.

 

Leia também “Darwin e a apoteose vacinal”

O jornalismo nessa pandemia semeou medo, alerta jornalista

Revista Oeste


sexta-feira, 13 de novembro de 2020

O primeiro remédio eficaz contra o Alzheimer entrará em análise pela FDA

O medicamento capaz de retardar o avanço da doença no organismo passará pelo crivo da agência regulatória americana

“Eu tenho medo de olhar para você e não saber quem você é”, disse Alice Howland (Juliane Moore, no papel que lhe deu o Oscar de melhor atriz em 2015), protagonista do filme Para Sempre Alice, acometida pelos primeiros sintomas de Alzheimer. De fato, poucos males são tão cruéis como viver sob a imposição do esquecimento e ter consciência desta condição. Assim vivem os pacientes da doença nas fases iniciais. Principal causa de demência em homens e mulheres com mais de 60 anos, ela afeta 45 milhões de pessoas em todo o mundo, 1,2 milhão no Brasil. Há aproximadamente vinte anos as notícias não foram boas em relação aos tratamentos — os remédios se limitavam a postergar o avanço inexorável dos problemas cognitivos. Depois de décadas sem novidades, há uma mudança em movimento. O primeiro remédio capaz de retardar a enfermidade poderá ser aprovado pela FDA, a agência reguladora americana. [FDA, a Anvisa norte-americana, aprovará ou rejeitará o  medicamento, com total independência. 

Absolutamente certo que nenhum ministro da Suprema Corte vai interferir, a qualquer título ou pretexto.  Os ministros da Suprema Corte dos EUA não buscam o protagonismo, não desejam contar para os bisnetos que tal remédio existe porque ele - de forma monocrática ou colegiada -  permitiu a liberação.]

Fabricado pela empresa de biotecnologia americana Biogen, em parceria com a japonesa Eisai, o aducanumabe mostrou conseguir ser capaz de reduzir o declínio neurológico, melhorando em especial a memória, o sentido de orientação e a linguagem dos voluntários. Além disso, também houve benefícios nas atividades diárias, incluindo administração de finanças pessoais, realização de tarefas domésticas como limpar, fazer compras e lavar roupa. A terapia consiste em uma infusão mensal e foi desenhada para pacientes nos estágios iniciais de Alzhei­mer. A conclusão da análise do órgão regulatório está prevista para o início de 2021. Um relatório publicado recentemente pela FDA concluiu que a Biogen mostrou evidências “excepcionalmente persuasivas” de que seu medicamento experimental é eficaz, o que aumenta as possibilidades de uma aprovação rápida. Um painel de especialistas, contudo, chegou a recomendar nesta semana que a FDA não aprovasse o medicamento, por falta de estudos que comprovem sua eficácia.

 A possibilidade de negativa deflagrou rápida reação de grupos de pacientes que temem atrasos. “O tempo perdido para os doentes, cônjuges, parceiros, mães, pais, avós, avôs, tias, tios, amigos e vizinhos não pode ser recuperado. No equilíbrio dessas considerações, pedimos aprovação”, escreveu a Associação Americana de Alzheimer em uma carta ao painel.

Há o clamor por urgência pela notória falta de recursos da medicina contra o Alzheimer. Existem apenas quatro remédios disponíveis e todos agem nos sintomas da doença — e não na origem do problema em si. O novo remédio pertence a uma das novas e promissoras classes de substância, chamada de anticorpo monoclonal, que imita o funcionamento das células de defesa do organismo humano. Esse tipo de droga já é usada com enorme sucesso para câncer e está sendo testada com expectativa também em casos de Covid-19.

Vale para o Alzheimer o que é imperativo em outros acometimentos: o investimento em métodos de diagnóstico precoce. Diz a psiquiatra Tania Ferraz Alves, diretora das enfermarias do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo: “Até cerca de uma década atrás, um paciente diagnosticado com Alzheimer chegaria às fases mais graves da doença em apenas oito anos. O acompanhamento precoce praticamente dobrou esse prazo”. Isso porque uma pessoa precisava ter demência para ser diagnosticada com doença de Alzheimer. Hoje já é possível rastrear (ou ao menos suspeitar) com sinais muito sutis, como leve perda de memória e repetições. O objetivo da medicina agora é criar técnicas que detectem até mesmo antes do aparecimento de qualquer indício perceptível ao paciente, como acontece com diabetes ou doenças cardiovasculares. O processo de perda de neurônios e mudanças estruturais do cérebro começa de 15 a 20 anos antes de aparecerem os sintomas iniciais. “A intervenção nessa fase inicial de desenvolvimento da doença poderia mudar completamente o curso da doença”, diz o geriatra Otavio Castello, presidente da Associação Brasileira de Alzhei­mer regional Distrito Federal.]

Um dos exames mais impressionantes, desenvolvido pela Universidade Washington, nos Estados Unidos, poderá medir alterações na proteína beta-amiloide ao menos uma década antes dos primeiros estragos perceptíveis, por meio de um exame de sangue. Qualquer esforço é magnífico. “Nossa memória é nossa coerência, nossa razão, nossa ação, nosso sentimento. Sem ela, não somos nada”, escre­veu o cineasta espanhol Luis Buñuel (1900-1983) na autobiografia Meu Último Suspiro, sobre o Alzheimer que acometeu sua mãe. Vencer mais esse mal será uma grande vitória para a humanidade.

Publicado em VEJA, edição nº 2713,de 18 de novembro de 2020

Veja - Saúde


terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Funcionalismo - O parasita e o carregador de piano - Alexandre Garcia

Gazeta do Povo

"Parasita" foi o grande vencedor do Oscar deste ano e o diretor do filme, também premiado, divide com Paulo Guedes o uso desse título que frequenta o noticiário. O sul-coreano com o filme e o ministro com esta manifestação, pronunciada na Fundação Getúlio Vargas: “O funcionalismo teve aumento de 50% acima da inflação. Tem estabilidade de emprego, tem aposentadoria generosa, tem tudo. O hospedeiro está morrendo, e o cara virou um parasita. O dinheiro não chega ao povo, e ele quer aumento automático. Não dá mais”.

Os parasitas e os que não são parasitas ficaram furiosos. O ministro da Economia pediu desculpas pela generalização. Mas o episódio deu munição para os que querem torpedear qualquer transformação no Estado brasileiro que tire do conforto os que vivem uma situação privilegiada em relação aos demais contribuintes brasileiros.

No fundo, no fundo, a denúncia de que há parasitas deve ter sido aplaudida pelos que "carregam o piano". Em qualquer instituição pública que se examine vai se identificar aqueles que deixam o paletó no espaldar da cadeira, os que ficam no cafezinho, os que saem para tratar de seus assuntos particulares, os que ficam de enganação dias, meses e anos, e aqueles hospedeiros dos parasitas, sobrecarregados, que precisam realizar as tarefas, como quietas vítimas da injusta distribuição do peso. "Carregam o piano" em hospitais públicos, nos postos de saúde, nas escolas públicas, na previdência, nos ministérios, nas estatais.

O concurso público é a forma mais justa de admissão em carreira do Estado, porque avalia o mérito. Mas esse mérito precisa ser continuamente avaliado no desempenho do servidor do público. No entanto, a estabilidade e o direito adquirido são tentações a que muitos não resistem, ao encontrar quem trabalhe em seu lugar. E não se pode elogiar o "carregador de piano" sem que isso signifique admitir como simbiose essa relação entre parasita e hospedeiro. É preciso libertar esse hospedeiro.

A agenda de transformação administrativa do Estado que vai ser oferecida ao Congresso quer romper isso para o futuro, já que no presente não pode ofender o direito adquirido, que está abrigado pela Constituição. As propostas de mudanças vêm da experiência crítica dos melhores das carreiras do Estado, os que dominam todas as nuances desse intrincado ser que é o inchado Estado brasileiro. Agente público escolhido e mantido por mérito, sem militância partidária, de caráter incorruptível, sem ser servidor de um governo ou de outro, mas do povo brasileiro e para as próximas gerações.

Ao longo dos anos, separou-se dos demais brasileiros um contingente estatal com mais direitos que os outros, contrariando a Constituição, que fala em igualdade, "sem distinção de qualquer natureza". E, convenhamos, as diferenças não são apenas entre os servidores do público e o público. Existem distinções também entre os próprios servidores, com a coexistência de parasitas e de "carregadores de piano".
 

Veja Também: Um coronavírus preocupa muita gente. Mas a dengue preocupa muito mais

Alexandre Garcia, colunista - Vozes - Gazeta do Povo

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Tolerância - Nas entrelinhas

”A xenofobia, a misoginia, a homofobia, a justiça pelas próprias mãos e o desrespeito aos direitos e às garantias individuais são ameaças à democracia, ainda que aparentemente sejam isolados os casos

O consagrado ator José de Abreu anunciou no Instagram que embarca hoje para a Nova Zelândia, onde pretende morar. Depois de muita malcriação nas redes sociais — para dizer o mínimo —, resolveu dar um tempo e curtir a namorada Carol Junger, com quem recentemente fez um périplo de 75 dias, por 11 países. Radical aliado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cai fora do rodamoinho em que entrou depois das grosserias que fez com a também consagrada atriz Regina Duarte, que aceitou o convite para ser secretária de Cultura do governo Bolsonaro.

Os ataques de José de Abreu a Regina Duarte deixaram perplexos até mesmo os seus aliados: “Fascista não tem sexo. Vagina não transforma uma mulher em um ser humano. Eu não vou parar, eu sou radical mesmo e estou em um caminho sem volta”, declarou ele, em áudio enviado para a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, depois de várias postagens nas redes sociais atacando a atriz.
Saiu de cena como quem resolveu curtir a vida sem maiores compromissos: “Amanhã, começaremos uma nova fase de nossa vida em comum, vamos morar na Nova Zelândia. No começo, em Auckland. Se gostarmos, ficamos. Se não, Wellington ou Christchurch. Opções não faltam: país lindo, padrão de vida comparado aos países escandinavos, mas sem o ônus do frio. Pequeno, povo bacana, natureza… Que Deus nos ilumine e proteja #newzealand #newzealandlife #auckland #expatlife #novazelandia #vidamaluca”, escreveu.

Um radical que bate em retirada por livre e espontânea vontade da cena política brasileira deve ser motivo de comemoração, seja ele de esquerda, seja de direita. Às vésperas do Oscar, a cineasta Petra Costa, cujo filme Democracia em vertigem está entre os finalistas da categoria documentário, também sofre uma campanha intensa na internet por causa de sua abordagem sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff. De forma inédita, a secretaria de Comunicação do governo classificou a cineasta como uma “ativista anti-Brasil”.

Mas quem acabou indo para o pelourinho foi o jornalista Pedro Bial, que fez duras críticas ao filme e à cineasta, que narrou o filme. Segundo ele, Petra protagonizou uma “miada” insuportável. Em sua crítica, Bial disse que a cineasta ficou choramingando o filme inteiro, o que mobilizou uma cadeia de solidariedade à diretora, liderada pela ex-presidente Dilma Rousseff, personagem central do documentário. Bial está sendo atacado até mesmo por ex-colegas da TV Globo.
Estabeleceu-se uma polêmica sobre o filme que mistura alhos com bugalhos. O simples fato de ter sido selecionado como finalista do Oscar já garante à diretora Petra Costa o reconhecimento pela qualidade de sua obra, o que não tem nada a ver com concordar com a sua interpretação dos fatos, ainda mais quando sabemos que os documentários norte-americanos nunca primaram pela isenção política e ideológica. Onde está a intolerância? Nos ataques pessoais à diretora, não nas críticas ao filme, que podem ser consideradas justas ou injustas, dependendo do interlocutor.

Os limites
A tolerância requer aceitar as pessoas e consentir com suas práticas mesmo quando as desaprovamos fortemente, não é uma atitude intermediária entre a absoluta aceitação e a oposição imoderada. Um assassinato, por exemplo, não é tolerável. Nossos sentimentos de contrariedade ou desaprovação são intoleráveis quando movidos por preconceito racial ou étnico, por exemplo. Não se trata de tolerar aqueles que execramos, mas de não execrar as pessoas só porque parecem diferentes ou provêm de uma origem diferente.

Conflitos e desentendimentos políticos e ideológicos são totalmente compatíveis com o pleno respeito por aqueles de quem discordamos. A democracia, a rigor, existe para que isso ocorra num ambiente de coexistência, no qual o direito ao dissenso seja respeitado pela maioria. A tolerância religiosa, por exemplo, é o legado histórico das guerras religiosas europeias, ainda que muito sangue ainda seja derramado em alguns lugares do mundo, em nome do Criador. No Brasil, hoje, essa questão está vivíssima, porque a radicalização política e a intolerância estão instrumentalizando valores religiosos de uma forma que nunca deu bons resultados.

A tolerância exige valores e tem seus riscos, mesmo numa ordem democrática consolidada. A xenofobia, a misoginia, a homofobia, a justiça pelas próprias mãos e o desrespeito aos direitos e às garantias individuais são ameaças à democracia, ainda que aparentemente sejam isolados os casos. Ou seja, o limite da tolerância é o respeito à Constituição de 1988.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense

 

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

“ DEMOCRACIA EM VERTIGEM”: A CORRUPÇÃO QUE COMPRA DOCUMENTÁRIO E OSCAR - Sérgio Alves de Oliveira




A cineasta Petra Costa, Diretora do filme “Democracia em Vertigem” ,um documentário original da Netflix, foi extremamente infeliz  com o  título escolhido para a sua obra. Mas na  verdade a “democracia em vertigem” não seria exatamente o período pós-2014, a partir do impeachment de Dilma Rousseff,como o filme  pretende “enganar”, porém ANTES,de 1985 a 2014, a partir do Governo Sarney, [inicio da famigerada 'Nova República", época   em que o assalto ao cofres públicos passou a ser a meta maior da maioria dos políticos, incrementada à quase totalidade,  98,999%, a partir da posse da organização criminosa = perda total = pt -]  mais fortemente  na  etapa  governada pelo  PT (2003 a 2014), porém o próprio filme, que no fundo “inverte” os tempos, tentando  fazer do PIOR período da fragilizada  democracia brasileira, o MELHOR.

Dar a entender que no período governado pelo PT, de 2003 a 2014,teria havido uma “melhor” democracia do que   ANTES ou DEPOIS, é corromper a verdade. Não é possível confundir a “democracia” e a “liberdade” política existentes exclusivamente dentro dos   Três Poderes - que no período petista funcionaram na plena “harmonia” da troca de favores, do “toma  lá-dá-cá” sem limites com a verdadeira democracia que tem por fim último o bem comum do povo.  Nesse período de trevas da  democracia, da democracia deturpada, degenereda, que teria sido o melhor, na visão do filme, ela foi usada  exclusivamente como um FIM para os políticos e  todas as demais autoridades públicas, usando para isso o povo  meramente como MEIO. O filme inverte os fins e os meios.  Nessa ótica, evidentemente  corrompida,os anos compreendidos entre  2003 a 2014, teriam sido o “melhor período da democracia”.

Mas não foi o melhor, e sim  o pior período  da democracia. Pior até mesmo que no  Regime Militar,que durou de 1964 até 1984, onde as limitações da democracia e das liberdades atingiram tão somente os agitadores e subversivos de esquerda, e mais fortemente ainda  a criminalidade comum, à   vista das leis penais, e que  efetivamente  perderam a “democracia” e as  “liberdades” para o crime, como passaram  a ser toleradas  mais tarde.    Nesse “nefasto” período (64 a 84), segundo a deturpada  visão da esquerda, e do próprio filme,que “coincidem”, a democracia e as liberdades civis  eram muito intensas  do que o “paraíso democrático” desenhado no documentário da Netflix. Na visão corrompida do filme, a democracia brasileira verdadeira  teria começado com a eleição de Lula da Silva, em 2003, entrando em  colapso, em estado de “vertigem” ,após o impedimento de Dilma,em 2014,quando  o então vice-Presidente, Michel Temer, tomou o seu lugar.

A visão esquerdista do documentário é manifesta.  Do início do filme  até mais ou menos 2/3 do seu tempo de exibição, ele tenta manter um certo distanciamento de favorecer um lado, ou outro, inclusive dando  algumas “alfinetadas” nos governos do PT, mas sem jamais esconder alguma preferência pela esquerda.  Mas no “terço” final do documentário, a cineasta Petra Costa “desmunheca” pró- PT. As  filmagens reais “in loco”  da despedida de Lula lá no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, para ser conduzido à prisão em Curitiba, foi na verdade uma  obra de arte na escolha e manipulação das imagens. E se existisse  essa modalidade de competição  cinematográfica para fins de “Oscar”,o fime realmente mereceria ser premiado. As filmagens reais  das pessoas, principalmente mulheres, chorando, ”churumingando”, gritando,tristes,e até entrando em desespero, pela prisão do “deus” Lula,numa dramaticidade jamais vista, podem explicar muito bem as razões que deram origem à concepção de   que Lula teria sido na verdade  um grande “encantador de burros”. [pedimos licença ao articulista para, em seu nome, pedir desculpas aos muares pela comparação ofensiva, que apequena e humilha,  da qual foram vítimas.]

Ora,é evidente que tanto para a produção do documentário “Democracia em Vertigem”, quanto  a sua praticamente  certa premiação ao “Oscar” de “melhor documentário”, nos próximos dias,custaram   muito dinheiro, alguns milhões de dólares, para quem “investiu” e “encomendou” essa produção e “premiação”. Mas  essa quantia seria absolutamente insignificante, uns  meros “trocadinhos”, para os  grandes interesses da esquerda, principalmente de  retorno ao poder  total , em 2022,  que certamente estaria “investindo”   somente uma pequena parcela  retirada da “poupança” que conseguiu  acumular com os 10 trilhões de reais, superior ao valor do PIB brasileiro,  que roubou do erário, durante o tempo em que governou.

Fora eu o detentor do direito de premiar o filme com algum “Oscar”,com certeza  eu concederia  essa “estatueta” pela filmagem real  que fizeram do impeachment de Dilma Rousseff, em 2014,no Congresso Nacional. Mas seria o OSCAR da “loucura”, uma nova modalidade .  O Congresso mais parecia um “manicômio”,um “hospício”,tomado por “loucos” (furiosos)  de toda espécie, com  mandatos eletivos ,cada qual gritando e querendo “aparecer” mais que o outro. Mas infelizmente  esses  são os “representantes do povo”.

Mas o filme ainda mereceria outro “Oscar”. Seria o Oscar da “cretinice”,se houvesse. E não poderia ficar por menos, em razão dos dois cartazes isolados , apresentados separadamente, no final do     documentário. Um é que o “bandido” que julgou o condenou Lula,ou seja, o Juiz Federal Sérgio Moro, chegou a assumir o cargo de Ministro  da Justiça e Segurança Pública no Governo Bolsonaro. O outro é que a  “vítima” e “mocinho”, o corrupto  Lula da Silva, continuava, ”absurdamente”, preso. 
O que nesses cartazes se insinua com certeza é que o juiz Sérgio Moro deveria estar preso, e Lula ser o  Presidente da República .É muita cara de pau, para meu gosto !!!

Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo