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terça-feira, 19 de novembro de 2019

Um general de US$ 20 bilhões - O Globo

José Casado

Adido militar é protagonista de um dos maiores escândalos financeiros da década

Ele passou os últimos cinco anos numa vida discreta, encoberto como diplomata, mantendo quatro mil quilômetros de distância da tragédia humanitária que ajudou a construir no seu país, a Venezuela. 

Em Brasília poucos sabem, mas Manuel Antonio Barroso Alberto, 51 anos, adido militar no Brasil da cleptocracia comandada por Nicolás Maduro, é protagonista de um dos maiores escândalos financeiros da década: o sumiço de US$ 20 bilhões (ou R$ 84 bilhões) das reservas cambiais venezuelanas. A fraude aconteceu no governo Hugo Chávez, entre 2006 e 2013, durante a euforia das exportações de petróleo a preços recorde — o barril chegou a US$ 120. Barroso era coronel e presidia a Comissão de Administração de Divisas (Cadivi), órgão que autorizava empresas a remeter dólares ao exterior. 

Em 2012 o Banco Central venezuelano estimou em US$ 20 bilhões o valor das licenças cambiais “sem justificativa” dadas por Barroso. As “importações fictícias”, via empresas-fantasmas, foram confirmadas pelos ministros Jorge Giordani (Planejamento) e Edmée Betancourt (Indústria e Comércio). Anunciou-se um “rigoroso inquérito”, o ditador Maduro extinguiu o Cadivi, demitiu Barroso, depois o promoveu a general e mandou-o a Brasília como adido militar. 

Em Caracas, as investigações continuam interditadas pelo trio que patrocinou a carreira de Barroso, desde a secretaria do falecido Chávez (2001) ao generalato (2015). Por coincidência, são personagens influentes da cleptocracia e que ainda sustentam Maduro no poder: Diosdado Cabello, líder do partido chavista; Vladimir Padrino López, ministro da Defesa; e Jesús Suárez Chourio, comandante do Exército. 

Semana passada, Barroso se envolveu num incidente com adversários do regime que tentavam ocupar a embaixada em Brasília. Discreto e com uma vida sem dificuldades financeiras, como os demais diplomatas venezuelanos, o general “Manolo” Barroso guarda a pista de um grande segredo da cleptocracia chavista: a lista dos favorecidos pelo Cadivi com o desaparecimento de US$ 20 bilhões das reservas cambiais da Venezuela. 

 
José Casado, jornalista - O Globo
 
 
 

domingo, 4 de agosto de 2019

Existe uma campanha internacional contra o Brasil para atacar o governo, diz Mourão - O Globo

Eliane Oliveira

Ser aliado dos EUA extra-Otan não tem nada a ver com ideologia, diz Mourão

Vice-presidente, que alega haver uma campanha internacional contra o Brasil, defende uma visão pragmática em relação aos países vizinhos e com os EUA

Em entrevista ao GLOBO, o vice-presidente Hamilton Mourão defende uma posição pragmática e flexível do Brasil na relação com todos os países, independentemente do sistema político. Ele alega que o governo brasileiro é alvo de uma campanha internacional, supostamente fomentada por grupos que perderam a eleição, no ano passado, para o presidente Jair Bolsonaro . Para o general, que foi adido militar na Venezuela quando o país tinha como presidente Hugo Chávez e, recentemente, escreveu o prefácio do livro "Como destruir um país", de Marcelo Suano, existe uma receita que garante a manutenção do líder chavista Nicolás Maduro no poder: oposição desunida, militares doutrinados, empresários corruptos, medo e repressão. 

Na sua opinião, o que mantém Nicolás Maduro no poder? 
Ao longo de todo esse período do chavismo, a oposição adotou estratégias totalmente erradas. Deixou de participar de eleições e, só nos últimos tempos, passou a ter voz junto à comunidade internacional. A oposição venezuelana está desunida. E aí entra o núcleo desse governo venezuelano, que são as Forças Armadas. As dissidências que têm ocorrido no âmbito são muito pequenas para que haja, efetivamente, um racha lá dentro. Há um processo de doutrinação das Forças Armadas, que começou nas décadas de 1960 a 1970. Chávez foi instrutor de um grande número de cadetes na academia militar, e posteriormente elevou essas pessoas a cargos importantes e as manteve. Por outro lado, temos a questão dos cubanos, que controlam o sistema de inteligência e as milícias. Com isso, exercem uma pressão pelo medo em cima das famílias daqueles militares que poderiam se opor ao governo. E a classe empresarial venezuelana saiu do país. Os poucos que ficaram resolveram aproveitar a corrupção do regime para enriquecer. Esse somatório mantém Maduro no poder, a começar pelo medo e a repressão. É só você ver o relatório da Michelle Bachelet (comissária de direitos humanos da ONU), que mostra que, nos últimos dois anos, em torno de 6.500 pessoas foram mortas pelo regime, fora a quantidade de presos torturados. Existe uma repressão forte ocorrendo lá. 

Há uma clara e pública torcida do presidente Jair Bolsonaro pela vitória de Maurício Macri na eleição da Argentina, em outubro deste ano. 
E se a chapa que tem Cristina Kirchner como candidata a vice vencer, como ficam as relações entre os governos brasileiro e argentino?
A relação tem de ser de Estado para Estado, independentemente do governo de turno. Há objetivos comuns dos dois países, que são ligados à área comercial, como o acordo com a União Europeia e outro que pode ser assinado com os Estados Unidos e beneficiará todo o Mercosul. É óbvio que a reeleição do Macri daria um caráter mais pessoal ao relacionamento, mas esse relacionamento tem de ser mantido. 

Isso também se aplica aos Estados Unidos, na hipótese de Donald Trump não ser reeleito ano que vem? 
Sim. A posição brasileira tem que ser pragmática e flexível. Temos que buscar o melhor para o Brasil, com relações que resultem em ganhos para ambos os lados, e entender para onde o vento está indo em determinado momento para acompanhá-lo.

Os Estados Unidos deram ao Brasil o status de aliado preferencial extra-Otan. O que isso significa? 
O Brasil ficar preso ao fornecimento de armas para os EUA, ou amarrado à estratégia militar americana na região?
Não tem nada a ver. A Organização do Tratado do Atlântico Norte ( Otan ) nasceu para se contrapor ao Pacto de Varsóvia na defesa da Europa, e os EUA apareceram como fiadores dessa defesa. A nossa parte está muito mais ligada à área comercial, de produtos de defesa. Nosso material estará dentro dessa catalogação internacional da Otan e, ao mesmo tempo, teremos acesso a um mercado maior e a condições melhores na compra de armamento. Hoje, temos muitas compras pelo [programa americano] Foreign Military Sales, o FMS. Os americanos têm muito material excedente que serve para nós e são adquiridas pelo Exército, pela Marinha e pela Força Aérea.

(...)
A pouca idade do deputado Eduardo Bolsonaro, além de ser filho do presidente da República, não o descredencia a assumir a embaixada do Brasil em Washington? 
Ele está dentro das condições que a nossa legislação prevê para as pessoas que não são da carreira diplomática. Uma elas é a idade mínima de 35 anos. Esta é uma escolha pessoal do presidente da República, que julga que a presença do filho como embaixador nos EUA , pelas ligações que possui com a família do atual presidente, irão facilitar o relacionamento entre os dois países. 

(...)
Recentemente, houve um problema com dois navios iranianos, que só conseguiram ser abastecidos pela Petrobras e voltar ao Irã graças a uma decisão do Supremo Tribunal Federal. 
E a estatal brasileira ainda corre o risco de sofrer sanções. O senhor considera o Irã um parceiro comercial importante para o Brasil? 
Nós temos um fluxo comercial com o Irã que está muito centrado na venda de alimentos, como milho e proteína animal, que são produtos que não estão dentro das sanções dos americanos. A questão principal que houve em relação aos navios era a importação de ureia, que usamos para defensivos agrícolas, mas que também pode ser utilizada na fabricação de explosivos. Nós vamos continuar negociando com o Irã dentro desse pacote que já temos. Nosso fluxo comercial está na faixa de U$ 4 bilhões a US$ 5 bilhões por ano. Não é um baita fluxo, mas é um número interessante. 

O Brasil tem recebido críticas no exterior por causa de sua postura em relação ao meio ambiente, direitos humanos e outros fatores. O que dizer sobre isso?
Existe uma campanha internacional contra o Brasil, fomentada daqui de dentro mesmo por aqueles que perderam a eleição e que usam suas conexões, principalmente nos países europeus, para atacar o governo do presidente Jair Bolsonaro. A questão do desmatamento temos que combater, não tenha a mínima dúvida, e sabemos que o problema está concentrado no Sudeste do Pará, onde a penetração de rodovias atrai todo tipo de aventureiro, garimpeiro, grileiro e é uma área de conflito. Tanto que as próprias Forças Armadas já estiveram operando lá várias vezes para apoiar as ações do Ibama.

(...)

O senhor acredita no aquecimento global? 
Não tenho dúvida que a temperatura da Terra mudou. O que eu coloco sempre em discussão, e falo isso em todos os lugares aonde vou, é se isso veio para ficar ou é mais uma das sazonalidades que a vida na Terra já enfrentou. Agora, o Brasil não é o culpado do aquecimento global. Muito pelo contrário. Nossa matriz energética é 85%, 86% de energia limpa e renovável, enquanto o resto do mundo tem apenas 25%. Então, o resto do mundo queima petróleo, queima carvão para se aquecer, para produzir, e quer botar a culpa em cima do Brasil? Não pode ser assim. [essa foi no centro do alvo;
os países desenvolvidos destruíram suas florestas, acabaram com o meio ambiente e agora querem conter o desenvolvimento do Brasil, impedindo que o Brasil expanda suas fronteiras destinadas à expansão da agropecuária - com  desmatamento em níveis admissíveis. 
Agora milhares e milhares de hectares demarcados como reservas indígenas,  que sequer são utilizadas para qualquer finalidade útil, aqueles países aceitam.
Confira aqui:Hoje, o maior latifundiário do País é o índio’, diz Nabhan.
 
O Brasil assumiu uma postura mais conservadora em fóruns internacionais, no que diz respeito a temas como gênero e aborto. Isso não contribui para as críticas?
Trata-se de uma agenda de costumes. Direitos humanos é para tudo. Por exemplo, o programa Mais Médicos não respeitava os direitos daqueles que estavam trabalhando aqui. A partir do momento em que a pessoa não podia trazer sua família para cá, ou tinha que mandar parte do salário dela para o país de origem, isso era contra os direitos humanos. Essa agenda de costumes que vem sendo discutida na modernidade é uma questão da sociedade, que vai se adaptando aos novos momentos. É preciso entender que tem coisas que valem como discussão para determinadas áreas do nosso país, que têm uma visão cultural mais distinta e mais cosmopolita, enquanto há outras áreas do Brasil, que é o Brasil rural, o Brasil mais profundo, que não estão interessadas nessa discussão. 

[questões de gênero e liberação do aborto devem ter a discussão proibida.
O aborto é crime, que precisa ter as penas aumentadas - falar em direitos humanos e ao mesmo tempo ser favorável ao aborto é algo escatológico.
Quanto a discussão sobre gênero não tem sentido, visto gênero ser algo imútavel.
Eventuais práticas diferentes, devem ser realizadas de forma reservada, a visão das mesmas não pode ser imposta à sociedade. É frase antiga, mas, sempre válida: o direito de um termina onde começa o do outro. ]

Entrevista - O Globo 

 

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

A cabeça de Maduro

“A crise venezuelana estava se transformando no epicentro da disputa dos Estados Unidos com a Rússia e a China, muito distante das fronteiras quentes em que ocorre desde a guerra fria” 


A queda do presidente da Venezuela, Nícolas Maduro, é uma espécie de troféu para a nova política externa do governo Jair Bolsonaro. Traduziria no plano internacional a ruptura política que sua eleição representou. Ocorre que a política externa brasileira, desde o barão do Rio Branco, é uma política de Estado. Quando tudo parecia que a disjuntiva entre uma coisa e outra era um fato consumado, a realidade começou a se impor com toda a força à nossa diplomacia. O Brasil meteu a colher na política interna da Venezuela como nunca antes, pero no mucho. Os militares cuidaram de jogar um balde de água fria na estratégia de confronto com Maduro.

Há razões para isso. O Brasil não está preparado para uma guerra de verdade e não tem uma cultura militar intervencionista. Uma coisa é mobilizar as Forças Armadas e a população para se defender de uma agressão. Outra coisa, muito diferente, é participar de uma intervenção militar ou mesmo apoiá-la num país vizinho. A paz nas nossas fronteiras da Amazônia foi uma conquista diplomática, não foi um estatuto estabelecido militarmente, com exceção do Acre. Os militares sabem muito bem disso, assim como o Itamaraty, mas parece que foi preciso o vice-presidente Hamilton Mourão, que foi adido militar brasileiro na Venezuela, explicar aos parceiros da nova diplomacia do chanceler Ernesto Araújo que nosso alinhamento aos Esta- dos Unidos tem um limite.

Ontem, durante o encontro do Grupo de Lima, em Bogotá (Colômbia), Mourão afirmou que o governo brasileiro defende uma solução “sem qualquer medida extrema”. O Grupo de Lima foi criado em 2017, por iniciativa do governo peruano, com o objetivo de pressionar Maduro a restabelecer a democracia na Venezuela. Além de: “O Brasil acredita firmemente que é possível devolver a Venezuela ao convívio democrático das Américas sem qualquer medida extrema que nos confunda com aquelas nações que serão julgadas pela história como agressoras, invasoras e violadoras das soberanias nacionais”, disse Mourão.

Em termos geopolíticos, para ser bem claro, a crise venezuelana estava se transformando no epicentro de uma disputa dos Estados Unidos com a Rússia e a China, muito distante das fronteiras quentes em que historicamente ela ocorre desde a guerra fria. Há muito petróleo em jogo, como no Oriente Médio, e também uma espécie de simetria com os casos da Ucrânia e da Síria, onde a Rússia teve seus interesses estratégicos ameaçados pelos Estados Unidos. A guerra comercial com a China põe mais lenha na fogueira. Para os adversários de Trump, a crise venezuelana é uma espécie de feitiço contra o feiticeiro.

Intervenção
Os militares brasileiros não estão nessa, não vão riscar um palito de fósforo perto de um barril de pólvora. Pode ser que Maduro caia mais rapidamente do que se imagina, mas o fato é que ele tem todas as condições de se manter no poder por mais tempo com o apoio das Forças Armadas venezuelanas e a ajuda da Rússia e da China, a não ser que haja uma intervenção militar norte- americana que arrase suas instalações e tropas militares.

Qual seria a repercussão disso nos demais países do continente? Seria a volta da política de “Big Stick” do presidente Theodore Roosevelt, como corolário da Doutrina Monroe, segundo a qual os Estados Unidos deveriam exercer a sua política externa como forma de deter as intervenções europeias.  Por ironia, o canal do Panamá, construído para consolidar a hegemonia norte- americana, hoje serve aos interesses comerciais chineses, que ainda pretendem construir na Nicarágua um canal três vezes maior, com 80km, ao custo de US$ 40 bilhões (cerca de R$ 85 bilhões), aproximadamente quatro vezes o PIB nicaraguense. A escalada intervencionista protagonizada pelos Estados Unidos, a partir da ajuda humanitária articulada pelo “presidente interino” Juan Guaidó, que atravessou a fronteira para a Colômbia com objetivo de liderar a entrada de caminhões com alimentos e kits de primeiros socorros, é uma jogada de alto risco. Se foi um erro ou não, só saberemos quando tentar voltar, mas o fato é que a maioria dos generais está com Maduro.

O caminho para superação do problema não é a intervenção militar. É a negociação política no plano internacional e no plano interno, com a convocação de novas eleições e uma anistia geral. O comprometimento com a corrupção e o tráfico de drogas por parte dos líderes militares da Venezuela são um complicador para qualquer acordo que não lhes garanta a uma certa impunidade. É aí que está o grande entrave à saída de Maduro, por mais que sua cabeça tenha sido posta a prêmio.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB

terça-feira, 27 de novembro de 2018

O Haiti é aqui

“A manutenção da Secretaria de Governo com status de ministério e a atual configuração esvaziará a Casa Civil, principalmente a relação política com o Congresso e com os movimentos sociais” 

[para que servem os movimentos sociais? 

Por muita inutilidade e mínima utilidade e serem, também, nocivos, não tem serventia - ao contrário, atrapalham, no mínimo, por perturbação da ordem pública.]


A indicação do general de divisão Carlos Alberto dos Santos Cruz para comandar a Secretaria de Governo consolidou na cúpula do governo um grupo de ex-integrantes da missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, formado ainda pelo general Augusto Heleno, futuro chefe do Gabinete de Segurança Institucional, e pelo general Fernando Azevedo e Silva, que será o ministro da Defesa. Sua missão mais importante, porém, foi comandar a missão de paz na República Democrática do Congo, integrada por 23,7 mil militares de 20 países, de 2013 a 2015.

Santos Cruz foi o chefe da Secretaria Nacional de Segurança Pública durante parte da gestão do presidente Michel Temer, ostentando ainda no currículo uma passagem por Moscou, como adido militar, em 2001 e 2002, e atuação como conselheiro do Banco Mundial para a elaboração do Relatório de Desenvolvimento Mundial 2011 e do grupo da ONU para a revisão do reembolso aos países que contribuem com tropas em missões de paz. Sua indicação surpreendeu, pois a Secretaria de Governo inicialmente seria incorporada à Casa Civil, sob comando do ministro Ônix Lorenzoni.

Hoje, a Secretaria de Governo da Presidência reúne as subsecretarias de Assuntos Parlamentares, Assuntos Federativos e Juventude, além da Secretaria Nacional de Articulação Social. A manutenção da pasta com status de ministério e essa configuração esvaziará a Casa Civil, principalmente a relação política com o Congresso e com os movimentos sociais. Além disso, fortalece o grupo de generais que forma o estado-maior do governo Bolsonaro, integrado ainda pelo vice-presidente Hamilton Mourão, que não passou pelo Haiti, mas atuou na Missão de Paz em Angola e foi adido militar na Embaixada do Brasil na Venezuela.

Outro militar deverá comandar o Ministério da Infraestrutura, para o qual está cotado o general Joaquim Brandão, atual chefe de gabinete do ministro Sérgio Etchegoyen, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Michel Temer. O tenente-coronel da Aeronáutica Marcos Pontes, ex-astronauta, no Ministério de Ciência e Tecnologia, completa o naipe de militares que ocupam posições no primeiro escalão. Até
 agora, ninguém da Marinha foi nomeado para um cargo de destaque no governo.

Segurança
Ontem, o futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, anunciou a criação de uma Secretaria de Operações Policiais Integradas, que ficará a cargo do delegado da Polícia Federal Rosalvo Franco, ex-superintendente da PF no Paraná, que atuou na Operação Lava-Jato. “A ideia da secretaria é coordenar operações policiais a nível nacional. Hoje nós temos muitos grupos criminosos que transcendem as fronteiras estaduais, e essa ação precisa muitas vezes de coordenação a nível nacional”, explicou. Atualmente, esse tipo de operação vem sendo realizada pelo Ministério da Segurança Pública, que será extinto.


Moro também escolheu o delegado da Polícia Federal (PF) Fabiano Bordignon para o comando do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), também com atuação no Paraná. Além de chefiar a PF em Foz do Iguaçu, Borgidnon foi diretor de penitenciária federal de Catanduvas (PR). Moro teve contato com o delegado quando era juiz corregedor da penitenciária. “É uma função estratégica, nós todos sabemos que os presídios no Brasil constituem uma espécie de problema devido à questão de superlotação e fragilidade de certos presídios”, declarou Moro.

A indicação de procuradores e delegados federais para funções estratégicas no Ministério da Justiça, porém, já está gerando insatisfação entre os integrantes da chamada “bancada da bala” no Congresso, principalmente entre os parlamentares que são policiais militares e estão sendo pressionados pelos coronéis da ativa. O maior foco de insatisfação está em São Paulo, corporação à qual pertence o deputado e recém-eleito senador Major Olímpio.

Diretor da Associação dos Oficiais da Polícia Militar do Estado de São Paulo, o parlamentar é uma estrela em ascensão na política paulista e já exerce grande liderança entre os parlamentares do PSL, partido de Bolsonaro, porque é um dos mais experientes da bancada. Foi deputado estadual e assumiu seu primeiro mandato como deputado federal após ser eleito no pleito de 2014, com 179.196 votos. Agora, em 2018, foi eleito senador por São Paulo, com 9.039.717 votos.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB