Bolsonaro não abandonou o discurso de campanha nem na posse nem depois dela
Com menos de uma semana do governo declaradamente de direita de Jair
Bolsonaro, é possível identificar na direção da máquina do Estado alguns
nichos já muito bem definidos. Uns trabalham em silêncio, ou já
adiantam medidas que pretendem tomar, como os ministros da Economia,
Paulo Guedes, e da Justiça, Sérgio Moro; outros mostram ponderação, como
os ministros das áreas de infraestrutura; e há os que fazem um barulho
danado com suas posições polêmicas, seja por declarações, seja por
manifestações nas redes sociais. Entre estes últimos estão os ministros
da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, e das
Relações Exteriores, Ernesto Araújo. O presidente da República é outro
que está no meio dos barulhentos. [Damares e Araújo, da mesma forma que qualquer outro ministro, podem e até devem se manifestar sobre assuntos da pasta que dirigem - em entrevista ou ao lado do presidente da República;
desaconselhável é se, e quando, a manifestação envolva assuntos de outras pastas - que devem ser apresentadas pelo titular da pasta, e/ou pelo presidente da República ou por porta-voz - por isto, o nosso clamor por em POST de ontem, para chamar o Alexandre Garcia.].
Bolsonaro não abandonou o discurso de campanha nem na posse nem depois
dela. É provável que vá mantê-lo por um bom tempo, enquanto sentir
necessidade de falar as coisas que seu eleitor gosta de ouvir: liberação
da posse e flexibilização do porte de armas, [inaceitável que só os bandidos e policiais (estes quando em serviço, fora de serviço só com porte, exclusivo para maiores de 25 anos) possam andar armados] fim do auxílio-reclusão, [o trabalhador perde o emprego e fica, juntamente com a família, à míngua; o bandido comete um assalto, é preso, perde o emprego, e recebe auxílio reclusão superior a um salário mínimo]
adeus ao indulto de fim de ano para presos, [soltar bandido no final do ano para cometerem mais crimes !!!] manutenção da prisão para
condenados em segunda instância, [o cara é julgado em primeiro grau já deve começar a puxar a cadeia, em segundo grau não deveria caber mais recursos = cana braba mesmo.] salvo-conduto para policiais no
enfrentamento com bandidos, [óbvio que o policial tem o DIREITO e o DEVER de fazer o necessário para que em um confronto ele sobreviva - está lá cumprindo o DEVER, o bandido está por opção] ataque à corrupção, [corrupto é tão criminoso quanto o autor de crime hediondo e tem que, a exemplo do Lula, ser preso e puxar cana pesada.] combate ao PT para que a
bandeira nacional nunca seja vermelha e enxotamento do socialismo do
País (dois exageros), [o pt - perda total teve sua chance de governar, roubou por treze anos seguidos, acabou, agora é fechar as portas e lacrar a sepultura - JAIR MESSIAS BOLSONARO GANHOU e É o PRESIDENTE, fará um EXCELENTE GOVERNO com chances de reeleição.] , agora é acabar para citar alguns dos temas que garantiram
popularidade ao presidente.
Jair Bolsonaro sabe que, ao abordar esses assuntos nos discursos, nas
entrevistas ou pelas redes sociais, ele consegue falar diretamente com o
eleitor que votou nele. Então, mãos à obra. Ao mesmo tempo, seus
técnicos, no caso Guedes, Moro e os ministros da infraestrutura, vão
preparando as reformas que serão enviadas ao Congresso, o plano de
privatização e de investimentos. Enquanto as medidas na área econômica não vêm, e elas precisam vir para
dar à sociedade a sensação de que as coisas vão mesmo mudar, e com
profundidade, o presidente fica no palanque, funcionando como aquele que
distrai a plateia para que outros possam preparar as atrações
principais. É um estilo curioso de governar.
Nesse papel, Bolsonaro se incumbe também de ser o presidente bonzinho
para com a população. Quer que ela pague menos imposto, diz que a
alíquota de 27,5% do Imposto de Renda da Pessoa Física já está de bom
tamanho e que o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) deve ser o
menor possível. E também que a idade mínima para a aposentadoria deve
ser de 62 anos para os homens e 57 para as mulheres, menor do que a
atual para os servidores públicos, de 65 e 60 anos, respectivamente. Só não dá mesmo é para tolerar o PT e seus agregados, que teriam [teriam???]
implantado o socialismo no País, arruinado sua economia e corrompido
geral. Quando confrontado com a realidade, que jamais esse país foi
socialista, Bolsonaro não se importa. Responde que o socialismo só não
chegou por aqui porque os militares não deixaram. Uma forma simplista de
ver as coisas, mas que fala ao eleitor. Se fala ao eleitor, por que não
tirar também as cadeiras vermelhas do Palácio da Alvorada, onde ele
passou a morar com a família, e substituí-las pelas azuis? Foi isso o
que o presidente fez.
Quem sabe entre os servidores comissionados há uma legião de petistas? [há este risco, só que é fácil identificar um petista = em sua maioria, com pouquíssímas exceções, são incompetentes e ladrões.]
Então, que sejam todos demitidos, como fez o ministro da Casa Civil,
Onyx Lorenzoni, ao exonerar 320 sob seu comando, com recomendação para
que os outros ministros façam o mesmo.
O capitão Jair Bolsonaro, que serviu na arma da Artilharia quando
estudou na Academia Militar das Agulhas Negras, aprendeu que o sucesso
dele como aluno dependia, entre outras coisas, o cálculo de tiro e do
acerto na mira. Agora no comando, a mira é o PT. [a mira está no alvo, que é ORDEM e PROGRESSO, para o Brasil e os brasileiros.] Socialista ou
social-democrata. Não importa.
João Domingos - O Estado de S. Paulo