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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

A Desumanização - O Estado de S.Paulo

Elena Landau

Este governo teima em separar, desunir e antagonizar

A Desumanização é o título de um lindo livro de Valter Hugo Mãe. Em tempos de discussão sobre gravidez precoce, sua leitura é imperdível. Mostra numa escrita quase poética as consequências cruéis da falta de acolhimento familiar nesses casos. [fica a dúvida se a falta de acolhimento familiar é da mãe que quer ter o filho ou é a recusa em acolher a aborteira = assassina.] Roubei para usar aqui no seu sentido literal. Cai como uma luva para ilustrar a falta de humanidade deste governo, intolerante aos diferentes dele.

Presidente, filhos, ministros e colaboradores perderam a censura e com ela a cortesia. Pode ser bom que revelem o que realmente pensam, sem disfarces. Mas choca porque estão no comando de políticas públicas para todos os brasileiros, e não apenas seus eleitores. Políticas que deveriam ser desenhadas para integrar, unir, gerar oportunidades a quem não tem. Essa é a essência do liberalismo. Mas este governo teima em separar, desunir e antagonizar. Cada vez parecem se sentir mais à vontade para suas impropriedades, e vão subindo o tom. Não é só o conteúdo que ofende, mas a forma, que amplifica a ofensa. Gestos impróprios na porta do Palácio, # com palavrões, xingamentos a seguidores nas redes sociais. A agressividade dos seus apoiadores é estimulada pelo exemplo de cima, transformando a internet em uma praça de guerra.

Não deveria ser surpresa. Afinal, Bolsonaro começou sua campanha na votação do impeachment homenageando Ustra. Nada mais desumano e covarde que a tortura.

Todo dia é um 7 a 1. Compartilham ataque covarde e sexista a uma jornalista. Outra foi mandada de volta para o Japão. Debocham das aparências das mulheres. Aplaudem vídeos nos quais o homossexualismo é apresentado como origem de perversidades e dizem que portadores de HIV pesam no orçamento. Se divertem quando jornalista do “círculo do poder” faz chacota de brasileiro em palestra. [houve alguma confusão no comentário, já que HIV e homossexualismo não estão relacionados.]

O Goebbels tupiniquim só foi demitido, a contragosto do chefe, porque se sentiu tão à vontade que saiu do armário. Na Fundação Palmares está alguém que acha que a escravidão foi uma bênção para os negros. [mais um fato que a interpretação escolhida é sempre a  que pode induzir o leitor a considerar racista o comentáiro.
1º  - Ver racismo no comentário do a época titular da Fundação Palmares, não tem o menor sentido -  por ele ser um afrodescendente.
Além do que se nos despirmos de preconceitos de qualquer natureza, constataremos que os afrodescendentes que vivem no Brasil, majoritariamente os aqui nascidos,  são em sua quase totalidade descendentes de escravos - não fosse a realidade, as cotar já sem sentido, discriminatórias, perderiam toda e qualquer razão de existirem, ainda que tal razão seja mínima.
Comparem a vida que levam no Brasil com a de grande parte da população dos países africanos dos quais vieram seus antepassados. A deles, aqui, é superior - educação, saúde, emprego,as vezes, devido as cotas, até mais vantajosas que a de muitos descendentes de outras raças; 
2º - Os compradores de escravos não eram quem  capturavam os futuros escravos, que eram capturados por seus irmãos de raça, em guerras tribais e vendidos como escravos a quem oferecesse o menor preço.]
 Um ministro, que nos remete ao personagem Justo Veríssimo, acha que pobre não sabe poupar, destrói o meio ambiente e não pode ir a Miami. Vivem numa bolha. E partilham das mesmas ideias.

Tudo isso é condenável, não porque atrapalha andamento das reformas ou nos faz passar vergonha em fóruns internacionais. A falta de empatia, combinada com uma tendência autoritária, é perigosa.Os exemplos desses despautérios são muitos. Vou me concentrar na questão da Aids, porque revela não só preconceito, mas total falta de preparo para analisar e implementar políticas públicas

O programa brasileiro de prevenção e tratamento da Aids é reconhecido mundialmente pela sua excelência. Iniciado em meados dos anos 90, permitiu reverter as projeções mais pessimistas do início daquela década. O plano se baseia em distribuição gratuita de medicamentos e camisinha; testes gratuitos; profilaxia para a pré-exposição de pessoas que se relacionam com infectados. Há muito preconceito nessa área. A testagem é importante para reduzir o risco de transmissão e fundamental para melhorar a qualidade e expectativa de vida do portador. Exames para diabetes e colesterol são feitos com naturalidade, já HIV não faz parte da rotina, mas deveria. A prevenção é a chave.

Quando o coquetel foi descoberto, em 1995, o Brasil e a África do Sul tinham a mesma porcentagem de sua população infectada pelo HIV. Os dois países seguiram estratégias diferentes. Hoje são 10% de sul-africanos, maiores de 15 anos, portadores. Porcentual que aplicado ao Brasil equivaleria a 17 milhões, em lugar dos 800 mil brasileiros infectados hoje. É resultado da distribuição gratuita de medicamentos, que reduzem a carga viral e a transmissão. São milhões de vidas poupadas. A distribuição de medicamentos custa aos cofres públicos apenas R$ 1,8 bilhão ao ano. Seria importante registrar também as despesas evitadas para tratamento da doença no SUS. A quebra de patentes e o uso de genéricos permitiu a redução sistemática do custo dos medicamentos antirretrovirais, que significa hoje menos de 0,06% dos gastos públicos anuais.

Apesar disso, o presidente Bolsonaro declarou em entrevista que “pessoa com HIV é despesa para todo o Brasil”. Faz dobradinha com o ataque ao jornalista com “cara de homossexual terrível”. [insistimos que a mídia sempre que noticia algum comentário do presidente Bolsonaro, procura apresentar com a roupagem mais prejudicial ao Governo Federal.
FATO: qualquer doente, seja de uma simples gripe a outra moléstia mais grave (não estamos esquecendo que nem sempre uma gripe é uma doença simples) incluindo HIV, problemas cardíacos, diabetes, etc, atendido pela saúde pública é uma despesa para todo o Brasil - já que despesa pública é coberta com recursos públicos = dinheiro de todos os brasileiros.
Mas, sendo possível, apresentar a versão que possa  comprometer a imagem do presidente Bolsonaro, junto aos brasileiros incautos, se apresenta.]

Todo tratamento, de qualquer doença, é despesa, seja pressão alta, diabetes ou sarampo. Com sua forma peculiar de fazer política pública, a declaração foi baseada no relato de uma obstetra amiga. Palpite caseiro. Ao ser cobrado pela imprensa, deu uma banana para os jornalistas. Por todo conjunto de sua obra, parece evidente que o problema do presidente com o HIV não é o custo do tratamento. Já é lugar comum apontar as impropriedades ditas por este governo. Às vezes, voltam atrás, mas, na maioria dos casos, colocam a responsabilidade na imprensa. As falas são sempre retiradas do contexto. A culpa é sempre dos outros.

Mas as palavras ficam. [e a interpretação pode mudar todo o sentido da mensagem, que o autor quis transmitir.

Elena Landau, economista e advogada  - Economia - O Estado de S. Paulo

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Leões, hienas e abutres - O Estado de S.Paulo

Eliane Cantanhêde

As feras estão à solta, mas quem é mais perigoso: hienas ou leões pró-ditaduras?

Assim como o vídeo das hienas, os movimentos do presidente Jair Bolsonaro e dos seus filhos têm um objetivo: mobilizar os “leões conservadores e patriotas”, ou seja, os bolsonaristas. Não exatamente para defender a Pátria, mas para guerrear contra os inimigos, reais ou imaginários.

Bolsonaro e seu filho Carlos brincaram de empurra-empurra no caso do vídeo, retirado das redes depois de poucas horas e muitas reações. Na peça, Bolsonaro é um leão atacado por “hienas”, bichos de péssima reputação: Supremo, partidos, mídia, OAB, ONGs e até a ONU. No final, o “leão conservador e patriota”, representando os bolsonaristas de toda ordem, vem unir-se a ele contra as feras.

Há dúvidas, porém, sobre quem são as feras, principalmente depois que o líder do PSL na Câmara Eduardo Bolsonaro, ex-quase embaixador em Washington, dispensou metáforas e filmetes ridículos e ameaçou o País com a volta do AI-5, o mais demoníaco instrumento formal da ditadura militar, que permitiu fechar o Congresso, perseguir ministros do STF, censurar a imprensa, suprimir as garantias individuais. [O AI-5 - ATO INSTITUCIONAL N° 5, foi um instrumento legal forte, enérgico e adequado para combater os inimigos do Brasil da SOBERANIA e da SEGURANÇA NACIONAL.
Só é temido pelo que tem intenções e/ou comportamentos atentatórios contra  INDEPENDÊNCIA e SOBERANIA do Brasil.]

Os dois depoimentos nebulosos do tal porteiro do condomínio de Bolsonaro no Rio serviram de carne aos leões e de munição para a guerra contra as instituições. A longa reação do presidente, de madrugada, num país longínquo, saiu da seara da legítima defesa para a do ataque à “hiena” mídia e ao governador Wilson Witzel. Mais uma vez, soou como chamamento irado aos “leões conservadores e patrióticos”.

Em sua fala, Bolsonaro referiu-se ao que considera uma perseguição implacável contra ele, seus filhos, sua mulher, seus irmãos, seu governo, apontando motivos eleitorais no caso de Witzel e ideológicos no da mídia. Se o ex-presidente Lula chegou a ver, da prisão, deve ter no fundo concordado com tudo, já que ele, tirando o nome de Witzel, tinha exatamente as mesmas reclamações dessa mídia “canalha” que divulga o que eles não querem.

Nas redes, Carlos juntou “abutres” às “hienas”. Na CPI das Fake News, Eduardo guerreava com o deputado Alexandre Frota, um ex-“leão conservador e patriótico” que virou tucano e acaba de ser convertido em hiena. Um zoológico cômico, não fosse trágico. Tira o foco dos resultados econômicos e comerciais da viagem do presidente a países asiáticos e árabes. Ninguém mais fala de mudar a embaixada de Israel para Jerusalém e ele volta para casa com promessas de investimentos de US$ 10 bilhões só da Arábia Saudita. [o presidente Bolsonaro ao priorizar o comércio com os países árabes, mostra ser um estadista, com visão para os aspectos econômicos das relações entre países - deve sempre fazer a opção mais vantajosa para o Brasil.
Esse comportamento do presidente mostra que tem capacidade política e pode comandar os ministros sérios citados no parágrafo abaixo.] Uma ditadura brutal, mas isso é outra história.

Enquanto Bolsonaro e os filhos guerreiam contra as instituições, Paulo Guedes e os ministros sérios se articulam exatamente com as “hienas e abutres” da Câmara, Senado e STF, para retomar o desenvolvimento, destravar a economia, reduzir o dirigismo estatal e, em consequência, como eles esperam, gerar inclusão social. Todo esse otimismo com um círculo virtuoso ocorre apesar dos Bolsonaro, que parecem aguardar ansiosos os dois próximos capítulos para defender autoritarismo e convocar os “leões”.

Primeiro, o fim da a prisão em segunda instância no STF, cutucando onças e leões, conservadores ou não, com vara curta. A leãozada já estará então a ponto de bala para o capítulo final: o Lula livre. Nada mais forte e eficaz para desenjaular de vez os “leões conservadores e patrióticos” do que soltar essa hiena gigante.

Ninguém jamais dirá isso no Planalto, mas para quem adora AI-5, Ustra, Pinochet e Stroessner é uma festa o STF derrubar a prisão de segunda instância e livrar Lula, criando o ambiente ideal para os leões. Nesse script, o porteiro da Barra seria o novo Márcio Moreira Alves: apenas um pretexto. Ainda bem que tudo não passa de pura ficção.
 
Eliane Cantanhêde, colunista  - O Estado de S. Paulo 


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

TJ de SP condenou Ustra com base em blog que recebia dinheiro do governo do PT

Por 3 a 0, o Tribunal de Justiça de São Paulo acolheu o recurso de apelação interposto pelo Cel. Ustra em 2012 (três anos antes de seu falecimento) contra decisão que o condenou ao pagamento de indenização de 100 mil reais à família do militante comunista Luiz Eduardo da Rocha Merlino.  Os autores da ação acusavam o militar de ser o responsável pelas torturas que levaram à morte do militante. Nos documentos oficiais da época, essa morte é descrita como suicídio.

Preso em 1972, logo após retornar de Paris em encontros com a IV Internacional, Luiz Eduardo estava sendo levado por agentes do DOPS de São Paulo de carro para o sul do país, onde entregaria outros comparsas de sua organização comunista, o POC – Partido Operário Comunista. Segundo os policiais que o acompanhavam, durante o trajeto, o militante disse que precisava ir ao banheiro. Os agentes fizeram a parada em um posto da rodovia Regis Bittencourt, e foi que em um segundo de distração dos policiais que o rapaz teria corrido em direção à rodovia e se jogado na frente nos carros.

A família e a ex-companheira de Luiz Eduardo, também um ex-membro do POC, sustentavam que ele havia morrido nas dependências do DOI-CODI, departamento de inteligência do exército.  O relator do recurso do Cel. Ustra no Tribunal, o desembargador Salles Rossi, foi o primeiro a votar, entendendo que o processo prescreveu.

Ele defendeu ainda que não havia provas e nem testemunhas  presenciais que comprovassem a participação de Ustra na tortura de Merlino.  Concordou com ele o desembargador Milton Carvalho. Já o terceiro desembargador da câmara, Mauro Conti Machado, entendeu que a família esperou “39 anos para entrar com a ação, 22 anos após a Constituição”.
Em 2016, o Terça Livre contou o caso aqui.

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Aprendam a conviver com o nome BOLSONARO - ele será o futuro presidente do Brasil e já tem 9% de intenção de voto

Um palanque para o ódio

O Supremo Tribunal Federal transformou o deputado Jair Bolsonaro em réu por injúria e incitação ao crime de estupro. Ele será processado porque afirmou, na tribuna da Câmara, que uma colega "não merecia" ser estuprada.  Depois do ataque no plenário, o deputado repetiu a ofensa em entrevista. "Ela não merece [ser estuprada] porque ela é muito ruim, porque ela é muito feia, não faz meu gênero. Jamais a estupraria", disse.

A Procuradoria-Geral da República considerou que as declarações não foram apenas grosseiras: também incentivaram a violência contra a mulher. Bolsonaro não negou as frases, mas alegou que não poderia ser processado, já que a Constituição garante imunidade aos parlamentares por "opiniões, palavras e votos".

O discurso não colou no Supremo. O ministro Luiz Fux concluiu que o destampatório não teve "teor minimamente político". "Não se pode subestimar os efeitos dos discursos que reproduzem o rebaixamento da dignidade da mulher", afirmou. A denúncia foi aceita por 4 votos a 1.

Ontem Bolsonaro voltou ao noticiário por outro episódio de incontinência verbal. Ele será julgado no Conselho de Ética por ter homenageado um torturador da ditadura durante a votação do impeachment. [IMPORTANTE: Ustra foi alvo de várias ações que o acusavam de torturador e todas foram arquivadas.

Será que todos os juízes erraram? Insistem na tentativa de tornar USTRA - coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra - HERÓI NACIONAL em um criminoso, mas, não vão conseguir. PERGUNTA: e o deputado do PSOL que ao votar na mesma ocasião que Bolsonaro fez rasgados elogios ao porco terrorista Carlos Marighella. Não vai ser denunciado e processado?]

É razoável que o Supremo tome medidas para evitar que a imunidade parlamentar vire licença para a apologia de crimes e criminosos. [o procurador-geral da República tem o DEVER de denunciar o deputado do PSOL (cujo nome não vale a pena se gastar bytes para escrever) por apologia ao terrorismo.]  Na Câmara, o desafio é evitar que o deputado transforme o Conselho de Ética num palanque para se promover.  Ele já começou a fazer isso, apresentando-se como vítima de uma perseguição ilusória e recitando frases de efeito nos telejornais.

O truque de Bolsonaro é conhecido. Em 2014, ele se tornou o deputado mais votado do Rio graças ao discurso de ultradireita e à habilidade para fabricar polêmicas vazias. [o POVO que é quem vota, as vezes erra - exemplo:  quando elegeu e reelegeu Lula e Dilma - mas, acerta quando vota em BOLSONARO, coerente, firme, sério,  a favor da FAMÍLIA,  da MORAL e dos BONS COSTUMES. Tanto que a mais de dois anos das eleições já tem pouco mais de 9% de intenções de voto.] Em alguns casos, a melhor forma de lidar com um radical que prega o ódio não é discutir os absurdos que ele diz, e sim deixá-lo falando sozinho.


Fonte: Folha de São Paulo - Bernardo Mello Franco

domingo, 24 de abril de 2016

Valentina de Botas: Os que absolvem a máfia lulopetista se escandalizam com erros de concordância e homenagens à família

O que sinaliza em cada um de nós a trilha dos nossos desterros – de sonhos, histórias, ganhos, perdas, caos e paz? Nas repugnantes homenagens dos deputados Glauber Braga (PSOL-RJ) ao terrorista Marighella e Jair Bolsonaro ao torturador coronel Ustra – covardes glorificando covardes –, domingo passado, vimos criaturas desterradas da noção de democracia e de liberdade.


Figuras de torpe extremismo que não suportam a democracia porque ela enseja adversários, coisa percebida como alvo de cusparadas, tortura e paredão. Deveriam ter o mandato cassado, mas, para tanto, o Brasil precisaria redescobrir o valor da democracia nos limites que ela implica. Enquanto isso, vigora o fetiche da liberdade total, uma impossibilidade tirânica.

Desse desprezo aos limites e de cinismo patológico padece a presidente que ataca as instituições e a nação com a lenga-lenga do golpe fictício. Na trilha do próprio desterro como combatente pela democracia – segundo a entendem Bolsonaro e Braga –, Dilma Rousseff obteve de quem a torturou mais do que uma experiência pavorosa: obteve uma biografia, à qual sempre volta e que é tudo o que tem para exibir. [Dilma é uma mentirosa: não existem provas que foi torturada, assim como não existem provas de que o coronel CARLOS ALBERTO BRILHANTE USTRA tenha sido torturador:
FATO: O coronel USTRA foi denunciado inúmeras vezes pela acusação de torturador, só que NÃO FOI CONDENADO e TODOS OS PROCESSOS FORAM ARQUIVADOS.]

Tratando-se de pessoa de caráter degradado, mesmo esse currículo mínimo é fraudulento porque raramente menciona a participação dela na terrorista VAR-Palmares. Não, ela não foi torturada “porque mereceu”, mas porque o Estado criminoso agia fora da lei. Falar em merecimento legitima os crimes daquele regime e obriga a legitimar os do castrismo ou os de Vargas porque tortura e terrorismo não têm lado, exceto aquele oposto ao da civilização.

Muita gente afirma ter sido feliz na ditadura, convicta de que os crimes do regime são inventados, só atingiram “quem merecia” ou são pequenos perante o bem que produziu. Ora, não foram a tortura e o assassinato que evitaram o Brasil se tornar uma ditadura comunista, pois o regime era forte o bastante sem apelar à selvageria; e degenerados como Ustra também eram dispensáveis para o tal milagre econômico do regime estatizante, burocrata e anticapitalista. Nasci com a ditadura já instalada e também fui feliz naquele tempo – apesar dele; é que mesmo sob ditaduras há festas de aniversário, incontáveis primeiros beijos, bailes de adolescentes, almoços de família, noites doces e dias luminosos porque a plasticidade do espírito humano encontra brechas de felicidade na amargura.

Contudo, descobrir que a ditadura brasileira fazia o mesmo que qualquer outra da Cortina de Ferro, por exemplo, me encheu de nojo e indignação; assim também vivo sob o mafioso Estado lulopetista. Repudio ambos. Mas, no país onde o óbvio tem versões, não surpreende que as redes sociais desqualifiquem a votação numa crítica velada ao resultado que, insistindo na mística vigarista de que os crimes do lulopetismo são invencionices ou pequenos perante as bondades dele, escandalizaram-se com erros de concordância nominal e verbal, as homenagens à família e a evocação a Deus.

Que pena não termos 513 doutores na Câmara, não é mesmo? Talvez porque o país também não tem 150 milhões de eleitores doutores. No Brasil, em tudo empobrecido e que tenta redescobrir a vergonha na cara, seriam esses deputados piores do que um ex-chefe do Executivo que, antes de falhar na transposição do rio São Francisco, transpôs o Atlântico separando o Brasil e os Estados Unidos? Ou do que a presidente que deseja estocar vento?

Entre as homenagens odiosas, celebrar a família foi apenas bizarrice inofensiva. Nas redes e em certo jornalismo desfigurado, sensíveis espíritos republicanos toleram que o jeca compre aquela gente semiletrada e cristã, mas não admitiram que ela ameaçasse a laicidade do Estado quando apelou a Deus ao votar. A laicidade se manteve, graças a Deus, e a presidente criminosa se danou. Condição insuficiente, mas indispensável para que no país desterrado do próprio futuro o óbvio se imponha: não há lado que redima um Estado criminoso nem fim que o valide.

Fonte: Valentina de Botas - Coluna Augusto Nanes - VEJA 

 

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Bolsonaro defende torturador, e ex-BBB que defende tudo que não presta, cospe nele




Antigos rivais, o deputado do PSOL-RJ e ex-BBB e Jair Bolsonaro (PSC-RJ),  protagonizaram no plenário da Câmara uma cena digna de briga de bar. Bolsonaro deixou o plenário dizendo ter sido alvo de uma cusparada do ex-BBB.  De acordo com ele, o deputado do PSOL teria tomado a atitude porque não aprovou o encaminhamento de seu voto, em que elogiou o coronel da ditadura militar Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI-CODI e notório torturador. [Nota: não existem provas de que o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, herói na luta contra o terrorismo, tenha sido torturador; destaque-se que todos os processos movidos pela esquerda revanchista e por procuradores contra o saudoso coronel Ustra foram devidamente arquivados por decisão judicial.]
 
O ex-BBB, que admite a cusparada, se justifica alegando apenas ter reagido a uma provocação de Bolsonaro após declarar voto contrário ao impeachment de Dilma Rousseff. O ex-BBB argumenta que a menção a Ustra é mais grave que cuspir no colega. Os dois também divergem sobre a pontaria do deputado psolista. Bolsonaro afirma ter sido atingido por "apenas 30%" da saliva do ex-BBB - os outros 70% teriam castigado o pepista gaúcho Luis Carlos Heinze - enquanto o socialista relata ter atingido o rival em cheio.

Fonte: Veja - Brasília


quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Morre Brilhante Ustra, ex-chefe do Doi-Codi – Ustra, um símbolo da luta pela democracia



Coronel reformado tinha 83 anos e se tratava de um câncer
O coronel reformado Carlos Brilhante Ustra, 83 anos, que chefiou o Doi-Codi do 2º Exército, morreu na madrugada desta quinta-feira. Ele estava internado na UTI do Hospital Santa Helena, em Brasília, em estado gravíssimo. Ustra teve complicações a partir de um câncer de próstata, que provocou uma metástase. Ele também foi acometido de forte pneumonia. O corpo de Ustra será velado a partir das 16h de hoje, na capela do Hospital das Forças Armadas. Ele será cremado na sexta-feira.

MORTE TRAZ SENTIMENTOS OPOSTOS
O coronel da reserva Pedro Ivo Moézia, que foi subordinado de Ustra no Doi-Codi, lamentou a morte de seu superior.  — Foi uma grande perda para o Brasil e para o Exército. O Ustra era o único grande herói nacional vivo. Ele cumpriu missões difíceis. Foi um dos principais responsáveis por termos acabado com o terrorismo e a subversão, mas que, infelizmente, não obteve o valor devido do Exército. Como amigo e subordinado, sinto muito. Foi um injustiçado. Um símbolo da nossa resistência e que toda essa estrutura de governo, do PT, se debruçou para acabar com ele — disse Moézia.

— Mesmo a morte de uma pessoa que cometeu as maiores atrocidades é de se lamentar. Foi tirado dele, nessa existência, a oportunidade de se arrepender e confessar seu papel perverso na máquina estatal de tortura de seres humanos. Vamos ficar com essa lacuna na reconstituição de nossa história recente — disse o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).

— Perdemos hoje um símbolo da luta pela democracia. O coronel Ustra esteve na linha de frente no combate a guerrilheiros formados em Cuba e financiados pela União Soviética para aqui impor a ditadura do proletariado. Devemos a ele parte da liberdade que ainda gozamos no Brasil lamentou o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ).

Já o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, criticou o fato dele não ter sido punido em vida: - O Supremo Tribunal Federal aguarda que todos morram antes de decidir definitivamente sobre a validade da Lei da Anistia e sobre a obrigatoriedade da execução da sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos que estabelece o dever de responsabilização dos crimes da ditadura. A Lei da Anistia é a verdadeira lei da vergonha e da impunidade no Brasil - disse Abrão.

A família de Ustra registrou a morte do militar nas redes sociais. São vários os comentários elogiosos de internautas: "Torturador de vermelho. Vai fazer falta"; 
"obrigado por proteger o Brasil do inimigo comunista em um passado recente";
 "exemplar combatente das forças patrióticas";
 "um excelente brasileiro que ajudou a livrar o país da corja comunista";
 "morreram ou mataram?".

Fonte: O Globo