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sexta-feira, 28 de julho de 2023

Governo quer povo calado e indefeso - Alexandre Garcia

Vozes - Gazeta do Povo

Democracia em crise

Calibre 38 é o mais usado por empresas de segurança privada.-  Foto: Arquivo/Agência Brasil

O governo está tentando demover a população do exercício da política, da manifestação política, da crítica, da oposição. 
Quando houve aquela manifestação grande, lamentavelmente empanada pela invasão de prédios públicos com quebra-quebra, foi todo mundo para a cadeia: 1.390 pessoas presas, das quais 200 ainda estão detidas. 
 Estão pedindo que o ministro dos Direitos Humanos pelo menos dê o sinal de sua graça, [aquele cidadão está bem mais preocupado com os DIREITOS DOS MANOS do que com os DIREITOS dos HUMANOS DIREITOS. Além do mais ele quer, antes de tudo, é a sinecura na qual o penduraram.]  
A senadora Damares Alves lembrou que, se Silvio Almeida ainda for ministro em agosto, que dê uma olhada lá na Colmeia e na Papuda, para ver a situação dos presos, pois estamos quase empatados com a Venezuela, que tem 280 presos políticos.
 
Enquanto isso, o presidente Lula cada vez mais restringe a possibilidade de o cidadão ter armas. 
Agora, estão noticiando que o calibre 38 será restrito, deixando uma incerteza muito grande nas empresas de segurança, que se proliferaram no país porque o Estado brasileiro não deu a proteção que os pagadores de impostos desejariam. Para quê isso?  
Nos Estados Unidos, a Constituição prevê a posse de armas para evitar, originariamente, a opressão do Estado. 
Na Europa, se criaram as sociedades de tiro na Alemanha, em defesa contra a opressão dos senhores feudais. Essa é a democracia: o direito de a pessoa não ser oprimida pelo Estado.
 
Foi isso que se impôs ao João Sem Terra em 1215, e 800 anos depois ainda estamos discutindo isso no Brasil de hoje, que não respeita sequer o caput do artigo 5.º dos direitos e garantias individuais, que diz que todos são iguais perante a lei, independente de distinção de qualquer natureza. Mas o governo quer estabelecer penas dignas de crime hediondo para quem xingar autoridade, para quem agredir autoridade. 
O governo está criando uma diferença, em que a autoridade é mais importante que o cidadão.  
O cidadão é a origem do poder; a autoridade só tem o poder porque lhe foi conferido pelo cidadão, isso é óbvio. Democracia é isso. E, no entanto, temos a impressão de que o presidente Lula olha para os seus 77 anos, vê que terá 81 quando terminar o mandato, e está com pressa, cada vez mais fortalecendo o Estado sobre a nação.
 
A delação premiada sem prêmio
A nação são as pessoas. O Estado é a organização da nação para que preste serviços públicos.  
A arrecadação de impostos precisa ter alguma relação com os serviços públicos, mas não é o que acontece. Aí começam a dizer coisas como “olha, estamos pegando o Maxwell”. Está num presídio federal de segurança máxima aqui em Brasília, para evitar que haja queima de arquivo, que ele seja morto. 
Mas faz três anos que ele estava em endereço certo e sabido, se apresentando à Justiça, cumprindo pena de quatro anos de prisão domiciliar. 
Todos sabiam onde ele estava e ele não sofreu nenhum atentado. 
Outra coisa estranha é que o delator premiado não ganhou prêmio nenhum. 
Élcio Queiroz fez uma delação, o Ministério Público do Rio disse que não fez nenhuma proposta de redução de pena, ou algum favor, mas ele delatou mesmo assim, uma delação premiada sem prêmio.  
São coisas estranhas que nos fazem questionar se não não há algo de errado aí.
 
Investigação contra os Mantovani viola Código Penal
Como tem algo de errado nesse inquérito contra os Mantovani, por causa do xingamento no aeroporto de Roma, a despeito do que está escrito no artigo 7.º do Código Penal
A lei diz que o crime praticado por brasileiro no exterior só está sujeito a punição no Brasil se tiver sido tipificado como passível de extradição, o que não é o caso, porque no máximo se tratou de desacato. 
Mesmo em relação ao filho do ministro Alexandre de Moraes, o máximo que teria acontecido foi vias de fato, que é contravenção.  
Essas coisas estranhas que nos fazem olhar mais uma vez para a Constituição e chamar a atenção das pessoas: a Constituição é a nossa Bíblia secular. Ela precisa ser cumprida, ou as coisas não podem correr bem, porque ficamos sem devido processo legal e sem Estado Democrático de Direito.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Diante do Legislativo de direita, quem poderá governar?

Diante do legislativo de direita e centro-direita, a pergunta é: quem poderá governar com esse congresso?

Os brasileiros estão fixados no próximo dia 30, em que serão decididos o presidente da República e 12 governadores. No entanto, as eleições que mais importam já se realizaram no dia 2: a escolha dos poderes legislativos no nível federal e estadual.  
O Legislativo é o mais poderoso dos poderes. Ele pode tirar presidente e governador; aprovar e tirar ministro do Supremo e desembargador do Tribunal de Justiça. 
A Câmara e o Senado formam o único poder que pode mudar a Constituição, desde que não seja cláusula pétrea. [lembrando: ao que entendemos, o Presidente da República pode convocar uma Constituinte e também o POVO = representado pelo Congresso Nacional; e uma Constituinte pode criar uma nova Constituição, reformar, o que inclui modificar cláusulas pétreas.]  O Congresso Nacional e as assembleias podem mudar, criar, revogar leis; podem aprovar ou recusar propostas do presidente da República ou do governador
E suas composições, sua cor política e ideológica, já foram decididas no dia 2. 
É um destino que já está escrito. [em nossa opinião, em um país que vive em um regime democrático, em um 'estado democrático de direito' o Congresso Nacional é o maior dos poderes, já que representa o titular absoluto do PODER = o POVO; só uma situação de revolução, de golpe de estado - que só está sendo cogitado nas narrativas dos pseudo defensores da democracia - cria um poder superior ao do POVO.]
 
No Senado e na Câmara, depois de décadas de força centro-esquerda, o eleitor escolheu dar maior peso à direita e à centro-direita e fez um Congresso conservador, que assume no próximo ano. 
A esquerda raiz ficou minoritária em menos de 20% no Senado e pouco mais de 25% na Câmara. [percentuais que nos parecem ainda elevados, tendo em conta as inúmeras demonstrações de incompetência da esquerda, talvez um décimo dos percentuais citados seja o ideal.]  
Um presidente de esquerda teria imensa dificuldade para governar. 
O Congresso que saiu das urnas no dia 2 é o sonho de presidente de direita
O partido do candidato à reeleição terá a maior bancada na Câmara e a maior no Senado.  
A soma de seus apoiadores, na Câmara e no Senado, ficará com grande poder de decisão. 
O mesmo na relação entre as novas assembléias legislativas e os governadores. 
Por exemplo, a do maior colégio eleitoral do país, São Paulo, onde vai haver 2º turno, está pronta para um governador de direita ou centro-direita. 
O partido de Bolsonaro fez a maior bancada e os apoiadores de Tarcísio vão ocupar no mínimo 55% das cadeiras. Seria problema difícil para um governador de esquerda.

Para o novo Senado, foram eleitos críticos do ativismo de ministros do Supremo
Senadores como Sergio Moro, Hamilton Mourão, Damares Alves, Magno Malta, certamente vão somar-se aos outros para induzir o Supremo a voltar à letra da Constituição e anular aquilo que o ministro Marco Aurélio chamou de Inquérito do Fim do Mundo.  
Afinal, já anularam, contrariando a razão jurídica, sob pretexto de incompetência territorial, condenações perfeitas e acabadas. 
 E como a Constituição(art.57 §4º) proíbe reeleição para o mesmo cargo no período imediatamente seguinte, Rodrigo Pacheco já não estará com o poder de sentar sobre requerimentos de impeachment. 
 
Privatizações, reformas, defesa da vida e da família, lei penal mais severa, questões fundiárias e ambientais, tributos e burocracia terão voto suficiente para deslanchar e modernizar o país, com o voto fácil do Congresso que recém saiu das urnas. Fazer o oposto disso, com esse novo Congresso, será inviável.
 
No 1º turno buscou-se voto útil para induzir a terceira via a uma decisão no dia 2. 
Agora os resultados na Câmara e no Senado nos põem diante de um voto útil inevitável. Um voto prático e racional.  
Diante do Legislativo de direita e centro-direita, a pergunta é: quem poderá governar com esse Congresso?
Seria inútil escolher um presidente que venha ficar paralisado, tentado a procurar repetir o mensalão, ante um Congresso com a esquerda em minoria. [Brasileiros e Brasileiras, precisamos ser práticos, racionais, para um Congresso Nacional de direita é necessário, indispensável um presidente de direita = Bolsonaro é sem dúvida este presidente.
Para assembleias estaduais com o sentido de direita, os governadores precisam ser de direita.]
O voto do primeiro domingo de outubro cria o dilema a ser votado no último domingo do mês, entre governabilidade e ingovernabilidade. A sorte está lançada desde 2 de outubro.

 Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense


terça-feira, 12 de julho de 2022

Na disputa com Arruda, Ibaneis se prepara para anunciar chapa com Celina e Damares

ANA MARIA CAMPOS

O governador Ibaneis Rocha (MDB) vai reunir presidentes de partidos nesta quarta-feira (13) para um ultimato. Quer saber quem está de verdade a seu lado na corrida à reeleição. [os brasilienses que realmente gostam de Brasília e querem o melhor para o Distrito Federal, precisam envidar todos os esforços para Arruda ser candidato e assim o Ibaneis e sua INcompetência sejam EXPULSOS definitivamente da política do DF. 
Que vá ser vereador em Correntes, lá no Piauí. 
O DF está se acabando, sem transporte público que preste, sem Saúde Pública, sem Segurança Pública, sem Assistência Social, sem Educação, sem CRAS, sem DETRAN
Ibaneis  enrola iniciando obras que podem lhe dar alguma visibilidade, mas, estão todas atrasadas - o túnel de Taguatinga teve sua inauguração adiada para Dezembro próximo  - data que dificilmente será cumprida. 
A recuperação da Hélio Prates também está com a conclusão atrasada.
Arruda tem condições de expulsar o Ibaneis e o Iges. 
Arruda tem a preferência do presidente Bolsonaro.]

Com toda a movimentação pela candidatura do ex-governador José Roberto Arruda (PL), Ibaneis acertou uma nova chapa, com a deputada federal Celina Leão (PP-DF) como vice e a ex-ministra da Família, Mulher e Direitos Humanos Damares Alves (Republicanos) na disputa ao Senado.

Presidente do PL-DF, a deputada federal Flavia Arruda era o nome para o Senado na chapa de Ibaneis, mas como o Arruda está liberado para disputar as eleições, o grupo que estava unido em torno de Ibaneis agora está rachado.

Nos últimos dias, Ibaneis costurou acordos para manter dois partidos da base bolsononarista a seu lado, o PP e o Republicanos, apesar da preferência de Bolsonaro por Arruda. Há ainda interlocutores dos dois lados trabalhando por uma união. Mas Arruda tem sido incentivado por aliados a disputar a eleição ao governo para retomar o projeto político interrompido há 12 anos.

Ibaneis disse a pessoas próximas que vai enfrentar Arruda, se essa for a disposição do ex-governador. Arruda ainda não decidiu e pode optar por uma candidatura de deputado federal, como forma de ajudar o PL a eleger uma bancada maior no DF.

CB - Poder - Correio Braziliense


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

PEDAGOGOS SOCIAIS OU MINISTROS DO SUPREMO? - Percival Puggina

A muitos pareceu natural o comparecimento da ministra Cármen Lúcia ao encontro de feministas na casa de Marta Suplicy. O evento, como se sabe, tinha a finalidade de propor pautas feministas aos candidatos à presidência da República. 

Presentes, entre outras, a senadora Simone Tebet (pré-candidata do PMDB), a deputada Gleisi Hoffmann (presidente do PT), Patricia Vanzolini (presidente da OAB-SP), Anielle Franco (diretora do Instituto Marielle Franco), Carmen Silva (líder do Movimento dos Sem-Teto do Centro), Preta Ferreira (artista e ativista). Não, a ministra Damares Alves não foi convidada. [certamente não compareceria - a maioria dos presentes não tornava aconselhável a presença da ministra.]

A mim, isso não parece natural. O acúmulo de funções, associado à crescente exposição pública e protagonismo multiforme, age contra a imagem da Suprema Corte. 

O STF é o topo do Poder Judiciário nacional. Seus membros cumprem funções de corte constitucional. São tribunal penal para julgamento de crimes cometidos por quem tenha foro privilegiado. Imoderados, assumem-se como suposto “poder moderador” da República. Heranças do petismo!

Tem mais. Diante da dificuldade de se formar maioria para qualquer coisa num Congresso com 24 partidos, os ministros viraram “parlamento paralelo”, ou “legislativo recursal”, onde deputados e senadores buscam entre os 11 as maiorias que não conseguiram de seus plenários. Individualmente, opinam sobre tudo e se veem, de modo crescente, como pedagogos sociais, pregando em eventos suas visões de mundo, de história, de pessoa humana, de sociedade, etc..

É excessivo, não tem como dar certo! O Congresso deveria reduzir-lhes as atribuições. Por exemplo, retificar a Constituição, determinando que os processos de quem tenha “foro especial por prerrogativa de função” sejam julgados nos andares inferiores do Judiciário, limpando-se, assim, as prateleiras onde hoje aguardam prescrição. Por exemplo, também, determinar que o Superior Tribunal de Justiça, com seus 33 ministros, sua Corte Especial, seções e turmas especializadas, seja o “juízo final” de todos os processos. Bye, bye quarta instância!

Ministros do STF deveriam encerrar suas atuais carreiras como pedagogos sociais voluntários, como ativistas, e se espelharem nos colegas da Suprema Corte dos EUA (uma dentre tantas outras com conduta e exposição pública contida e discretas no agir). É nos autos dos processos que a sociedade deve “ouvir” seus ministros.

O Congresso Nacional, por seu turno, precisa pensar menos em reeleição e mais no interesse nacional, pondo fim a essa balbúrdia que se formou nas instituições do país. Balbúrdia que o ministro Barroso saudou como o longo período de estabilidade que sobreveio à proclamação da Constituição de 1988. Dá-me forças, Senhor!

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


sábado, 23 de outubro de 2021

Comissão de Anistia - PT quer interferir no trabalho da comissão da anistia a perseguidos do regime militar - Gazeta do Povo

Vozes - Cristina Graeml

Já se vão quase 20 anos da criação da Comissão da Anistia para analisar pedidos de indenização feitos por pessoas presas ilegalmente ou de alguma forma prejudicadas pelo Estado brasileiro e o governo segue tendo trabalho nessa área.

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 Não é nada relativo a casos atuais de exilados ou de presos políticos neste ano de 2021 ainda que qualquer um atento ao noticiário sabe que estão acontecendo. No momento há dezenas de pessoas vítimas de inquéritos ilegais, perseguidas por alguns integrantes de tribunais superiores, algumas até presas sem acusação formal ou o devido processo legal. Isso, com certeza, ainda vai gerar indenizações futuras.

O assunto do artigo de hoje, porém, é o dos processos analisados pela Comissão da Anistia para tentar reparar danos causados a vítimas de tortura e perseguição durante o regime militar nas décadas de 60 e 70 ou para pagar indenizações a parentes de pessoas que sumiram ou foram mortas naquele período, supostamente por perseguição política.

A Comissão da Anistia voltou às manchetes por causa de um projeto apresentado na Câmara dos Deputados pela bancada do PT (PDL 779/2021). Os 34 deputados federais petistas querem interromper a revisão da anistia que está sendo feita pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH).

Comissão da Anistia mudou no Ministério de Damares Alves
O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos é o atual responsável por analisar pedidos de indenização feitos por pessoas que se dizem prejudicadas pelo regime militar que vigorou no Brasil de 1964 a 1985.

Semanas atrás o MMFDH estabeleceu novas normas para o andamento dos 820 processos administrativos de revisão de anistia que estão em andamento. E é contra essas normas que o PT tenta aprovar um projeto de decreto legislativo.

Juristas questionam decisões de Fux favoráveis a prefeitos que implantaram passaporte da vacina

Funcionário admite financiamento dos EUA a pesquisas com coronavírus de morcegos em Wuhan

A história de um dos cancelamentos mais absurdos de 2021

Os deputados petistas reclamam das revisões nas concessões a anistiados políticos aprovadas nos governos Lula e Dilma. Dizem que é  “perseguição política em pleno ambiente democrático” e outras frases de efeito semelhantes. Analisando o que fez a Comissão da Anistia desde que foi criada é fácil entender que revisões são mesmo bem-vindas. Há suspeitas de que muitas indenizações foram concedidas de forma errada.

Reportagem publicada pela Gazeta do Povo na última segunda (18) mostrou que o governo Bolsonaro vem recusando a maior parte dos pedidos de indenização e também questionando decisões anteriores, através de revisão dos benefícios concedidos anteriormente. O Conselho da Comissão da Anistia decidiu, por exemplo, não aceitar mais pedidos de indenizações de ex-cabos da Força Aérea Brasileira (FAB). O caso dos ex-cabos é exemplar, por ser muito diferente daqueles dos artistas, jornalistas, militantes ou políticos comunistas, foram presos, torturados ou fugiram do país para não ser perseguidos.[lembrando que grande parte desses 'inocentes' agiam como terroristas.Os cabos teriam supostamente sido prejudicados na progressão da carreira por causa de uma lei da época do regime militar.

Caso dos ex-cabos da FAB anistiados políticos
Em 1964 a Aeronáutica publicou uma portaria (1.104/GM3/1964), prevendo a possibilidade de dispensar automaticamente cabos da Força Aérea Brasileira depois de oito anos de serviço. Era uma medida administrativa, que pretendia reorganizar a hierarquia da FAB. Só que em 2002, quando a Comissão da Anistia começou a atuar, o Ministério da Justiça entendeu que aquela portaria de 1964 representava perseguição política.

Com base nessa interpretação, foram concedidas 2.529 indenizações a ex-militares, que nunca sofreram tortura ou prisões irregulares, como outros casos daquela época. Por isso o governo Bolsonaro optou por revisão os benefícios concedidos. As indenizações pagas a todos esses ex-cabos da FAB custam para a Aeronáutica R$31,5 milhões por mês. Foram beneficiadas, inclusive, cerca de 500 pessoas que entraram para a FAB depois de 1964, ano da publicação da portaria. É no mínimo estranho que esses ex-militares tenham alegado que foram perseguidas politicamente, já que a regra já existia quando eles entraram para a FAB.

O caso dessas indenizações, concedidas nos governos Lula e Dilma, foi parar no STF e ainda não foi julgado. Outros mil pedidos de indenização com base nessa interpretação da portaria estão pendentes de análise.
Benefícios aprovados pela Comissão da Anistia. Em quase 20 anos de atividades, a Comissão de Anistia aprovou o pagamento de indenizações para outros casos tão polêmicos quanto esse dos ex-cabos da FAB. 

Greves, por exemplo.
Em geral, sempre que um grupo de trabalhadores entrou em greve durante a ditadura e depois alegou que foi politicamente perseguido, a comissão optou por pagar indenizações mesmo quando ficou provado que as paralisações tinham acontecido por mera discussão trabalhista. Desde 2002, a Comissão da Anistia aprovou cerca de 39 mil processos, que já somaram mais de 10 bilhões de reais em benefícios pagos. Segundo a lei que criou a Comissão da Anistia em 2001, o governo pode pagar até R$100 mil a título de indenização para quem comprove que sofreu perseguição política durante o regime militar.

E quem consegue provar que tinha vínculo empregatício na época em que foi perseguido pode receber, além da indenização, valores mensais proporcionais ao cargo que estaria ocupando hoje, se tivesse continuado trabalhando. Nos governos Lula e Dilma a Comissão da Anistia aprovou o pagamento de benefícios até para filhos e netos de supostos perseguidos políticos, que alegaram ter sofrido traumas na família.

Preciso deixar claro que não estou menosprezando a dor de nenhuma família nem defendendo que pessoas efetivamente prejudicadas por perseguição política durante o período de governo militar, nas décadas de 60, 70 e começo dos anos 80, não devam ser indenizadas. Mas está muito claro que o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, hoje encarregado de analisar esses pedidos de indenização, precisa ser mesmo muito rigoroso na análise e na concessão dos benefícios, ainda que os deputados petistas façam coro para gritar contra a revisão e o trabalho atual da Comissão da Anistia.[além de proceder a rigoroso reexame nos processos concedidos, deve revogar os fraudados, exigir a devolução dos valores pagos devido às fraudes e punir administrativa, civil e penalmente todos os beneficiados indevidamente os que de algum modo colaboraram para o êxito da fraude.]

Cristina Graeml, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

sábado, 30 de janeiro de 2021

Bolsonaro para Michelle: 'Deu barriga o leite condensado?'

No Palácio do Planalto hoje, Bolsonaro se definiu como “o mito do leite condensado”

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez uma piada com a primeira-dama Michelle Bolsonaro durante a cerimônia de lançamento dos Jogos Escolares Brasileiros (JEBS) 2021, nesta sexta-feira (29/1). 

Deu barriga o leite condensado?”, perguntou o presidente.

Durante discurso, um apoiador chama Bolsonaro de “mito”, e o presidente responde: “O mito do leite condensado?”

O evento aconteceu no Palácio do Planalto e reuniu atletas e convidados. Entre eles, a primeira-dama Michelle Bolsonaro e a ministra da Mulher e Direitos Humanos, Damares Alves.
 
A brincadeira do presidente faz referência à informação de que o governo gastou R$ 1,8 bilhão em compras de alimentos no ano passado.  Anteriormente, ao falar do assunto, Bolsonaro mandou a 
 
O áudio original do vídeo foi editado. Por isso, para a divulgação das imagens, o jornalista Samuel Pancher sincronizou o vídeo com o som de uma live feita durante a cerimônia.

As imagens foram divulgadas pelo Twitter.
 
Política - Correio Braziliense  
 

terça-feira, 14 de abril de 2020

Uma crise instalada - Nas entrelinhas

”A queda na arrecadação é tratada por Bolsonaro como uma espécie de castigo aos governadores que estão defendendo o isolamento social

[o presidente Bolsonaro tem que ficar atento aos desmandos dos governadores - em sua maioria gastam muito e mal.
Assim, não pode concordar em dar um cheque em branco para os governadores e/ou prefeitos.
Aos governadores - procurando se encontra algumas exceções - interessa gastar e gastar, aos prefeitos idem.
Se for dado um cheque em branco, ideia original do deputado que preside a Câmara, seria criado e honrado o slogan: 'podemos gastar, o Bolsonaro paga'.
O mais adequado é um percentual - 30% é um bom percentual já que para cada R$ 100 gastos, suas excelência sabem que terão que repor 70 e a União 30 - isso conterá a gastança.] 
O choque entre o presidente Jair Bolsonaro e seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, é a face mais visível de uma crise de maiores proporções entre a União e os estados, numa recidiva da velha contradição centralização versus descentralização. A epidemia de coronavírus e a recessão mundial dela decorrente exacerbaram o conflito, que se manifesta na discussão sobre aprovação do chamado Plano Mansueto, ou seja, a ajuda a estados e municípios. Bolsonaro está em litígio aberto com os governadores e prefeitos que estão na linha de frente do combate à epidemia de coronavírus e não esconde o incômodo com o alinhamento entre eles e o ministro Mandetta.

Uma decisão de Bolsonaro é emblemática quanto às dificuldades que cria para os governadores na implementação da estratégia de distanciamento social adotada pelo Ministério da Saúde para conter a velocidade da epidemia. No fim de março, as operadoras de telecomunicações ofereceram ao Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) um mapa de calor para mostrar a geolocalização da população. [São Paulo já usa e  fosse o geo referenciamento eficiente o estado não seria líder absoluto no índice de letalidade.] O intuito era identificar aglomerações e situações de risco de contaminação do novo coronavírus. Bolsonaro vetou o uso das informações, que seria mais uma arma no combate à Covid-19, pois o georreferenciamento permite a pronta atuação das autoridades locais para reduzir essas aglomerações.

O ministro Marcos Pontes chegou a gravar um vídeo anunciando a implantação do sistema nesta semana. No sábado, porém, Bolsonaro ligou para Pontes e suspendeu tudo. Alegou que há riscos para a privacidade do cidadão e que a Presidência precisa estudar melhor o tema, apesar de um parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) aprovar o uso da ferramenta proposta pelas teles, uma solução semelhante à que foi adotada pela Coreia do Sul, um dos países com menores taxas de mortalidade pela Covid-19. A decisão de Bolsonaro tem endereço certo: o governador tucano João Doria, que está controlando o nível de isolamento social no estado de São Paulo pelo monitoramento dos celulares. Para se ter uma ideia de como isso é útil, a diferença de 50% para 70% da população em regime de distanciamento social, para efeito da propagação da epidemia por pessoa, salta de uma média de dois para quatro novos contaminados, ou seja, um crescimento exponencial.

Nada disso importa. A tese que empolga Bolsonaro é a do ex-ministro da Cidadania Osmar Terra, para quem a epidemia já atingiu o seu pico e entrará em declínio, acabando em maio, o que não bate com os modelos matemáticos da equipe do Ministério da Saúde. Segundo Terra, que é médico, o isolamento social não tem eficácia e apenas aprofunda a recessão, além de retardar a autoimunização da maioria da população. A tese também está sendo endossada pelo líder do governo na Câmara, deputado Victor Hugo (PSL-GO), que vem defendendo abertamente a saída de Mandetta do governo. Ontem, Mandetta não falou com a imprensa. Sua permanência no governo é incerta.

Ajudas
A estrela da entrevista de ontem no Palácio do Planalto foi a ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, que anunciou medidas destinadas a proteger grupos de risco, como indígenas, quilombolas, ciganos, moradores de rua e idosos em asilos. Damares também contrariou a orientação do Ministério da Saúde e defendeu o chamado isolamento vertical, ou seletivo, focado nesses grupos. Na ocasião, anunciou a distribuição de cestas básicas e o confinamento de tribos indígenas, quilombolas e acampamentos ciganos, além de uma rede de proteção aos moradores de rua e outras populações de risco, formada por instituições filantrópicas e religiosas.


Mas o maior conflito é mesmo a negociação do Plano Mansueto. O ministro da Economia, Paulo Guedes, convenceu Bolsonaro a não ceder a governadores e prefeitos, que pedem socorro financeiro em razão da queda da arrecadação. Eles são responsabilizados pela recessão e o desemprego. A queda na arrecadação é tratada por Bolsonaro como uma espécie de castigo aos governadores que estão defendendo o isolamento social.

As negociações entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e os líderes partidários com o governo, nos últimos dias, foram muito tensas. Guedes foi duro: “O desenho deste projeto é muito perigoso, é um cheque em branco para governadores e prefeitos fazerem uma gestão descuidada, levando todo ônus para o contribuinte, justamente no momento em que mais precisamos da boa gestão para proteger os mais vulneráveis”, declarou.

Rodrigo Maia, entretanto, articulou mudanças no projeto para garantir a aprovação da nova versão do chamado Plano Mansueto, que foi limitada à instituição de um seguro-garantia de arrecadação para estados e municípios, com impacto estimado de R$ 80 bilhões. “A posição que ouvi majoritária entre os líderes é que nós façamos como se fosse um seguro. Se arrecadação era 100 e caiu pra 70, o governo recompõe 30. Se daqui a quatro meses a arrecadação era 100 e foi 100 (novamente), o governo não precisa dar um real”, afirmou Maia.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense


quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

ARAS E DAMARES - Bolsonarismo captura conselho de direitos humanos - O Globo

Bernardo Mello Franco

A dobradinha Aras e Damares

A procuradora Deborah Duprat é conhecida por defender os direitos humanos e o respeito às minorias. Sua independência honra o Ministério Público, mas tem incomodado o governo Bolsonaro. [essa procuradora, salvo improvável engano, sofreu várias derrotas em denúncias que apresentou contra o coronel CARLOS ALBERTO BRILHANTE USTRA e que nunca se transformaram em sentenças condenatórias definitivas. Sempre caiam. Quando não tombavam  no primeiro, caiam na segunda instância.]
 
Nos últimos meses, Duprat se opôs a medidas como a liberação do porte de armas, a nomeação de militares para a Comissão de Anistia [um general preside atualmente a Comissão de Anistia. 

A ilustre procuradora tem a mesma sina daquele senador,  acho que eleito pelo Amapá, parece que da Rede, que perde todas.] e a ordem para comemorar o golpe de 1964 nos quartéis. Foi retaliada com ataques e tentativas de intimidação. Em abril, sete deputados do PSL se organizaram para torpedeá-la na Câmara. Em agosto, um deles pediu a abertura de processo disciplinar contra a procuradora. Alegou que ela exerceria “atividade político-partidária” ao emitir notas técnicas contra projetos que considera inconstitucionais.

Na segunda-feira, Duprat levou uma rasteira em sua própria instituição. Sem aviso, o procurador-geral Augusto Aras decidiu removê-la do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH). Nomeou para seu lugar o procurador Ailton Benedito, que se notabilizou pela militância bolsonarista nas redes.  A troca surpreendeu as organizações da sociedade civis que integram o conselho. Em nota, 176 entidades acusaram Aras de praticar um “ato autoritário”. “Não é natural extinguir conselhos de participação, não é natural cassar mandatos de conselheiros, não é natural nomear presidentes biônicos”, afirma o documento.

O procurador-geral não agiu sozinho. Articulou a manobra com a ministra Damares Alves, que representa a bancada evangélica no governo. Duprat assumiria a presidência do CNDH em janeiro. Com seu afastamento, o cargo deverá ser entregue a um aliado do Planalto.  “Há uma intenção clara de ferir a autonomia do conselho. O que parece é que o procurador-geral da República está a serviço do governo”, diz o atual presidente do órgão, Leonardo Pinho.
Com a tomada do CNDH, o bolsonarismo dá mais um passo para esvaziar e capturar os órgãos de controle. Sem freios, o governo segue a cartilha dos regimes autocratas. Desta vez, com a ajuda do chefe do Ministério Público Federal.
Bernardo Mello Franco, colunista - O Globo
 
 

sábado, 5 de janeiro de 2019

A mira é o PT [o pt = perda total é tão insignificante que não merece sequer ser alvo de uma cusparada.]

Bolsonaro não abandonou o discurso de campanha nem na posse nem depois dela

Com menos de uma semana do governo declaradamente de direita de Jair Bolsonaro, é possível identificar na direção da máquina do Estado alguns nichos já muito bem definidos. Uns trabalham em silêncio, ou já adiantam medidas que pretendem tomar, como os ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Justiça, Sérgio Moro; outros mostram ponderação, como os ministros das áreas de infraestrutura; e há os que fazem um barulho danado com suas posições polêmicas, seja por declarações, seja por manifestações nas redes sociais. Entre estes últimos estão os ministros da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, e das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. O presidente da República é outro que está no meio dos barulhentos. [Damares e Araújo, da mesma forma que qualquer outro ministro, podem e até devem se manifestar sobre assuntos da pasta que dirigem - em entrevista ou ao lado do presidente da República;
desaconselhável é se, e quando, a manifestação envolva assuntos de outras pastas - que devem ser apresentadas pelo titular da pasta, e/ou pelo presidente da República ou por porta-voz - por isto, o nosso clamor por em POST de ontem, para chamar o Alexandre Garcia.].

Bolsonaro não abandonou o discurso de campanha nem na posse nem depois dela. É provável que vá mantê-lo por um bom tempo, enquanto sentir necessidade de falar as coisas que seu eleitor gosta de ouvir: liberação da posse e flexibilização do porte de armas, [inaceitável que só os bandidos e policiais (estes quando em serviço, fora de serviço só com porte, exclusivo para maiores de 25 anos) possam andar armados] fim do auxílio-reclusão[o trabalhador perde o emprego e fica, juntamente com a família, à míngua; o bandido comete um assalto, é preso, perde o emprego, e recebe auxílio reclusão superior a um salário mínimo]  adeus ao indulto de fim de ano para presos, [soltar bandido no final do ano para cometerem mais crimes !!!] manutenção da prisão para condenados em segunda instância, [o cara é julgado em primeiro grau já deve começar a puxar a cadeia, em segundo grau não deveria caber mais  recursos = cana braba mesmo.] salvo-conduto para policiais no enfrentamento com bandidos, [óbvio que o policial tem o DIREITO e o DEVER de fazer o necessário para que em um confronto ele sobreviva - está lá cumprindo o DEVER, o bandido está por opção]  ataque à corrupção, [corrupto é tão criminoso quanto o autor de crime hediondo e tem que, a exemplo do Lula, ser preso e puxar cana pesada.] combate ao PT para que a bandeira nacional nunca seja vermelha e enxotamento do socialismo do País (dois exageros), [o pt - perda total teve sua chance de governar, roubou por treze anos seguidos, acabou, agora é fechar as portas e lacrar a sepultura - JAIR MESSIAS BOLSONARO GANHOU e É o PRESIDENTE, fará um EXCELENTE GOVERNO com chances de reeleição.] , agora é acabar para citar alguns dos temas que garantiram popularidade ao presidente.

Jair Bolsonaro sabe que, ao abordar esses assuntos nos discursos, nas entrevistas ou pelas redes sociais, ele consegue falar diretamente com o eleitor que votou nele. Então, mãos à obra. Ao mesmo tempo, seus técnicos, no caso Guedes, Moro e os ministros da infraestrutura, vão preparando as reformas que serão enviadas ao Congresso, o plano de privatização e de investimentos. Enquanto as medidas na área econômica não vêm, e elas precisam vir para dar à sociedade a sensação de que as coisas vão mesmo mudar, e com profundidade, o presidente fica no palanque, funcionando como aquele que distrai a plateia para que outros possam preparar as atrações principais. É um estilo curioso de governar.

Nesse papel, Bolsonaro se incumbe também de ser o presidente bonzinho para com a população. Quer que ela pague menos imposto, diz que a alíquota de 27,5% do Imposto de Renda da Pessoa Física já está de bom tamanho e que o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) deve ser o menor possível. E também que a idade mínima para a aposentadoria deve ser de 62 anos para os homens e 57 para as mulheres, menor do que a atual para os servidores públicos, de 65 e 60 anos, respectivamente. Só não dá mesmo é para tolerar o PT e seus agregados, que teriam  [teriam???]  implantado o socialismo no País, arruinado sua economia e corrompido geral. Quando confrontado com a realidade, que jamais esse país foi socialista, Bolsonaro não se importa. Responde que o socialismo só não chegou por aqui porque os militares não deixaram. Uma forma simplista de ver as coisas, mas que fala ao eleitor. Se fala ao eleitor, por que não tirar também as cadeiras vermelhas do Palácio da Alvorada, onde ele passou a morar com a família, e substituí-las pelas azuis? Foi isso o que o presidente fez.

Quem sabe entre os servidores comissionados há uma legião de petistas? [há este risco, só que é fácil identificar um petista = em sua maioria, com pouquíssímas exceções, são incompetentes e ladrões.]  Então, que sejam todos demitidos, como fez o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, ao exonerar 320 sob seu comando, com recomendação para que os outros ministros façam o mesmo.

O capitão Jair Bolsonaro, que serviu na arma da Artilharia quando estudou na Academia Militar das Agulhas Negras, aprendeu que o sucesso dele como aluno dependia, entre outras coisas, o cálculo de tiro e do acerto na mira. Agora no comando, a mira é o PT. [a mira está no alvo, que é ORDEM e PROGRESSO, para o Brasil e os brasileiros.]  Socialista ou social-democrata. Não importa.
João Domingos - O Estado de S. Paulo

domingo, 23 de dezembro de 2018

Damares Alves vê ministério como 'chamado divino'

Escolhida por Bolsonaro, futura titular da pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos é conhecida por defender ‘direito à vida’ e políticas conservadoras

Na manhã do dia 6 de dezembro, Damares Alves, como de costume, auxiliava seu então chefe, o senador Magno Malta (PR-ES), na condução da CPI dos Maus Tratos no Senado. A comissão investiga crimes contra crianças e adolescentes, assunto caro à evangélica Damares. Ela, no entanto, deixou a sala antes do fim da reunião. Quando Malta encerrou as discussões, voltou ao gabinete, e encontrou sua assessora dando entrevistas como futura ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos. [os temas que dão nome ao ministério,  que será ocupado por Damares, não justificam mais uma pasta - os três assuntos poderiam ser tratados pelo Ministério da Cidadania, apesar de haver dúvidas se há necessidade de uma pasta para cuidar da 'cidadania'.
É também um tema que ficar muito bem cuidado com o status de Secretaria e vinculado a um ministério, digamos, tradicional.]

Segundo amigos próximos, Damares foi surpreendida pelo convite de Jair Bolsonaro e decidiu aceitá-lo porque entendeu que se tratava de um “chamado divino”. A decisão foi previamente discutida em seus grupos de WhatsApp. Malta sabia do interesse do presidente eleito pela sua assessora, mas levou um susto com o anúncio. A história acabou estremecendo a relação entre os dois. [o senador 
esnobou convite do presidente eleito, para ser seu vice e, obviamente, a recusa deixou a impressão de desinteresse em fazer parte do futuro governo - apesar de ter participado com grande empenho da campanha do capitão.]


Assim que seu nome foi anunciado, internautas resgataram vídeos de palestras em igrejas, em que Damares contava que viu Jesus em um pé de goiaba. A história, colocada fora de contexto, levou a uma onda de memes que irritaram o presidente eleito. No Twitter, Bolsonaro disse ser “extremamente vergonhoso debocharem do relato”. A futura ministra acabou esclarecendo que a aparição havia se dado durante um quase suicídio, após sofrer sucessivos estupros quando criança, cometidos por pastores. Para o grande público, tudo foi uma grande e chocante novidade, mas o assunto fazia parte de suas pregações pelo País.

Em vídeos no YouTube, é possível ver uma futura ministra que brada contra a discussão de temas relacionados a gênero nas escolas e diz que a educação sexual precisa ser autorizada pelos pais. Mas também que afirma que “os cristãos sempre acolheram os gays”. A retórica é simpática, eloquente e emocional.  Damares faz apresentações didáticas, com uso de slides. Um deles mostra um material feito pelo Ministério da Saúde sobre prevenção do HIV, com cenas de sexo. A evangélica afirma que ele foi mandado para escolas, “para crianças de 10 anos”. “Vocês não estão prestando atenção ao que está acontecendo com seus filhos nas escolas brasileiras”, dizia aos fiéis, anos antes de livros contra a homofobia, apelidados de “kit gay”, se tornarem tema das eleições. Procurado, o Ministério da Saúde informou que o material é para adultos e “nunca foi distribuído às escolas”. 

Aborto e gays.
“Se a gravidez é um problema que dura só nove meses, o aborto é um problema que caminha a vida inteira com a mulher”, disse Damares, para indignação das feministas, em uma das suas primeiras declarações como futura ministra da Mulher. E, mais ainda, vai apoiar um projeto que dá direitos ao feto e restringe o acesso ao aborto legal. A proposta foi vista como uma espécie de “bolsa-estupro” para mulheres que decidirem não abortar.
O amigo e deputado federal Sóstenes Cavalcanti (DEM-RJ) conta que Damares é admirada no meio evangélico pela “dedicação para valorizar a vida, os direitos humanos e conservadores”. E é isso que a maioria do povo brasileiro quer, acredita ele. “Ela tem competência técnica e experiência para ser uma ministra em plena sintonia com Bolsonaro.”
 
Damares Regina Alves, de 54 anos, nasceu em Paranaguá, no Paraná, mas se mudou cedo para Sergipe. “Me autodeclaro sergipana por ser o lugar mais lindo do mundo”, disse ela, em mensagem de WhatsApp ao Estado. Morou ainda na Bahia e São Paulo, acompanhando o pai pastor. Formou-se professora e advogada. “Não esquece de colocar na matéria que, segundo pesquisas, sou a pastora mais bonita do Brasil, corintiana feliz e convicta.”  Em 1999, mudou-se para Brasília para trabalhar no gabinete do tio, o deputado e pastor Josué Bengtson (PTB-PA). Três anos depois de deixar a assessoria, em 2006, o parlamentar foi alvo da Operação Sanguessuga, acusado de desviar recursos para compra de ambulâncias. As ações prescreveram. Até 2015, quando começou a trabalhar com Malta, foi ainda secretária parlamentar de cinco deputados da bancada conservadora. 

Índios
Damares é divorciada, adotou uma menina indígena, hoje com 20 anos, e quer adotar mais duas crianças. O abuso na infância a teria impedido de ter filhos. A garota foi salva do que ela chama de “infanticídio indígena” e que se tornou uma de suas principais causas. Ao conhecer mães que haviam fugido de aldeias porque discordavam da cultura de matar crianças com deficiências ou doenças graves, ela resolveu fundar uma ONG sobre o assunto. “A batalha dela é pela vida. Já recebeu famílias indígenas em casa porque não tinham onde ficar”, conta a advogada Maíra Barreto Miranda, cofundadora da ONG Atini. As duas lutaram na Câmara pela aprovação de uma lei para proteger as crianças indígenas. Mas um filme sobre o tema, coproduzido pela Atini, foi proibido de ser divulgado pelo Ministério Público Federal. O órgão entendeu que ele leva à discriminação do índio.

Ao Estado, Damares contou também que já está pensando em programas para prevenção da automutilação e do suicídio infantil. “Esse tema não teve o olhar dos gestores públicos. Os pais estão desesperados.” Os casos de suicídios no Brasil têm crescido na faixa etária de 15 a 19 anos, segundo o Ministério da Saúde. Entre crianças, os números são baixos, com exceção das indígenas.

Segundo o assessor Luiz Carlos Bassuma, que trabalhou com Damares, pesou na decisão dela a transferência da Funai para a pasta que vai comandar. “Eu disse a ela: ‘você não buscou isso, não pleiteou, não pode negar’. É um chamado de natureza espiritual, para cumprir uma missão na nação.”
Pela falta de missionários evangélicos no Nordeste, Damares se tornou pastora muito jovem. Atuou primeiro na Igreja Quadrangular, da qual seu pai foi fundador, e hoje está na Igreja Batista da Lagoinha. Ambas são neopentecostais. “A igreja evangélica cresceu demais, amém, mas o que de fato está fazendo para mudar a sociedade?”, perguntava numa palestrava em 2013. Ela mesma dava a resposta. “Deus está nos preparando para uma nova fase, que é a transformação da sociedade.”

O Estado de S. Paulo

 

sábado, 8 de dezembro de 2018

Tensão permanente

Qualquer coisa que atinja os filhos do presidente respingará no governo


Pela composição da chapa presidencial, pelo resultado da eleição para a Câmara e para o Senado, e pela escolha de alguns ministros que tendem a se pautar pela ideologia ou mesmo pela fé religiosa, é bastante provável que o governo de Jair Bolsonaro venha a ter no mínimo três focos permanentes de tensão.

O principal deles, e desse não há como escapar, está na família do presidente eleito. Pela primeira vez na história recente do País, e é possível que em todo o período republicano, um presidente da República terá três filhos com mandato parlamentar: Eduardo, deputado, Flávio, senador, estes dois pelo PSL, e Carlos, vereador no Rio de Janeiro pelo PSC. Todos eles conselheiros do pai, ativos politicamente, e muito atuantes pelas redes sociais.

Qualquer opinião deles a respeito de seja lá o que for, qualquer articulação que fizerem, qualquer coisa que os atinja, respingará no governo e será notícia com destaque.   Natural que seja assim, porque não há como desvincular o pai dos filhos sabendo-se que são tão unidos e que têm o pensamento praticamente igual. 

[lamentavelmente, sempre que possível, com uma interpretação contra o presidente eleito, ou uma omissão de um detalhe que, se mencionado,  deixaria a notícia mais clara e até  evitaria ilações negativas para o presidente eleito.

Ontem, uma emissora de TV noticiou que ex-assessor Fabricio foi exonerado, omitindo que tal exoneração se deu a pedido do mesmo, para tratar de sua aposentadoria.

A omissão deixou espaço para conjecturas sobre a exoneração ter sido por iniciativa do  parlamentar, devido algum comportamento inadequado do ex-assessor.]


Exemplos da grande repercussão de tudo o que envolve os filhos já há aos montes. Em abril o deputado w.d.. (PT-RJ) xingou o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, e disse que a solução para a Corte seria o seu fechamento, transformando-a em tribunal constitucional. O deputado Eduardo Bolsonaro disse em julho, numa palestra, no Paraná, que bastavam um cabo e um soldado para fechar o Supremo. O choque maior foi causado pela fala de Bolsonaro, pois ele vive a expectativa do poder. Damous já o perdeu.

Quando a disputa pelas presidências da Câmara e do Senado começar, qualquer coisa que Flávio Bolsonaro fizer no Senado, ou o irmão fizer na Câmara, será visto como um ato consentido do pai, o presidente da República, mesmo que nada tenha a ver com ele. Se por um lado Jair Bolsonaro pode dizer, como tem dito, que é um pai feliz por ter três filhos em cargos eletivos, por outro ele terá de aceitar que, pelas circunstâncias que envolvem o poder, os filhos são também um peso.

O segundo possível foco de tensão do governo de Bolsonaro estará no recém-criado Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Em primeiro lugar, porque é um ministério que atuará em áreas sensíveis da sociedade, envolvendo índios, minorias, direito das mulheres, comunidade LGBT e as novas siglas que a ela vão se interligando e direitos humanos. O ministério será um ímã para atrair a atenção dos grupos sociais mais organizados e engajados do País, levando-se em conta as opiniões conhecidas da futura ministra da pasta, a advogada e pastora Damares Alves.

Ela já se disse contrária ao aborto, que ninguém nasce gay, que não é a política, mas a igreja evangélica que vai mudar a Nação, e que as feministas promovem uma guerra entre homens e mulheres [exceto na parte que atribui a igreja evangélica mudar a Nação, endossamos plenamente as demais posições da ministra;
quanto a guerra 'promovida' pelas feministas, algumas mais radicais realmente buscam uma guerra entre os sexos - provavelmente por não curtirem o prazer advindo do relacionamento homem x mulher.]  

Não há dúvidas de que a polêmica vai se instalar nessa área. Para piorar, o Ministério Público abriu ação civil pública contra uma ONG de Damares por “dano moral coletivo decorrente de suas manifestações de caráter discriminatório à comunidade indígena” por causa da divulgação de um filme sobre infanticídio indígena feito pela organização. Os procuradores pedem que a ONG seja condenada a pagar R$ 1 milhão. [quem cobra um valor exagerado, certamente  sabe que não tem elementos que lhe propicie a vitória ou não pretende receber.
Além do mais, Bolsonaro pretende estabelecer a igualdade entre os índios e demais brasileiros (os índios são tão cidadãos quanto os demais brasileiros e devem ter os mesmos DIREITOS e DEVERES.
Estabelecida essa justa igualdade, situações que agora podem ser até consideradas discriminatórias, deixarão de ser.]
O terceiro possível foco de tensão no governo de Bolsonaro está no vice-presidente, o general Hamilton Mourão. Acostumado a falar o que pensa sobre tudo e sobre todos, da política externa à política trabalhista, da necessidade de aprovação da reforma da Previdência à privatização de estatais, o vice causa barulho. Mesmo que diga que perdem tempo os que acham que vão intrigá-lo com Bolsonaro, suas declarações sempre vão causar impacto.
O Estado de S. Paulo


sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

MINISTÉRIO DA CONFUSÃO 1: Damares, ministra de Bolsonaro, integrará o grupo de pastas sob real comando do eleito. Desatinos

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL-RJ) nomeou a pastora e advogada Damares Alves para o Ministério das Mulheres, Família e Direitos Humanos. Vai pendurar na pasta a Funai, a Fundação Nacional do Índio. De saída, pode-se dizer sem medo de errar: existem as alas do governo que serão quase imunes a Bolsonaro, pela ordem: a dos generais, a de Paulo Guedes e a de Sérgio Moro. 

E há aquelas em que o então presidente vai tentar impor a sua marca, e a confusão é certa como a luz do dia. Ou as trevas da noite: Relações Exteriores, com Ernesto Araújo; Educação, com Ricardo Vélez Rodrigues, e agora essa mistura de Bíblia com cocar, que ficara sob os cuidados de Damares. A coisa nasce com um imenso potencial para gerar notícias negativas dentro e fora do Brasil. Além de muito berreiro na Internet.

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Blog do Reinaldo Azevedo

[Presidente Bolsonaro, algumas práticas ainda que antigas permanecem atuais e necessárias;
se o senhor tivesse optado por compor seu ministério no estilo Geisel, as críticas, em sua maioria infundadas, não existiriam.

Parte da imprensa critica a ministra do  Ministério das Mulheres, Família e Direitos Humanos - ministério que em nosso modesto entendimento é desnecessário

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Bolsonaro quer índio ‘igual a nós’! O que é igual?





Um grupo de cerca de 80 indígenas, representantes de 40 etnias, foi ao escritório do governo de transição para tentar um contato com Jair Bolsonaro. Eles tinham um pedido a fazer: queriam que a Funai permanecesse no Ministério da Justiça, que será comandado por Sergio Moro. Os índios não foram recebidos. E a reivindicação que eles não tiveram a oportunidade de fazer foi ignorada. 

Depois de cogitar o encaixe da Funai no organograma da Agricultura, onde as terras indígenas ficariam automaticamente subordinadas aos interesses do agronegócio, Bolsonaro decidiu enfiar a entidade que cuida dos índios dentro do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. A pasta será chefiada pela pastora evangélica Damares Alves —uma espécie de sub-Magno Malta, de quem ela foi assessora.

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