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segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Um disco arranhado até 2026 - Ana Paula Henkel

 Revista Oeste

Vamos repetir que elegemos um condenado e preso por corrupção para presidente do Brasil e que a honestidade deixou de ser uma condição essencial para 60 milhões de cidadãos 

 A eleição de Jair Bolsonaro em 2018 mexeu nas entranhas do establishment e desordenou toda uma sequência de um teatro que enganou o brasileiro durante décadas.deep state se reorganizou para expurgar aquele que, considerado do baixo clero no Congresso, não apenas apontou o caminho de um projeto de nação com alguns erros e muitos acertos —, mas aterrorizou os monstros do cerrado com a ameaça de um movimento que, ainda um pouco desordenado, desnudou a falsa rivalidade entre PT e PSDB.
 
Apoiadores de Lula, durante campanha eleitoral em São Paulo, setembro de 2022 | Foto: Shutterstock
Apoiadores de Lula, durante campanha eleitoral em São Paulo, setembro de 2022 | Foto: Shutterstock  

Geraldo Alckmin está de volta à cena do crime abraçado ao ex-presidiário Lula. O retrato do cenário político brasileiro começa a ser desenhado com o que parecia ser possível apenas em um pesadelo. Os fantasmas de quem testemunhou o aparelhamento do Estado por militantes cleptomaníacos, feitiçarias econômicas, a pilhagem bilionária dos cofres públicos, verdadeiras fortunas “emprestadas” a ditaduras companheiras, a total incapacidade de viabilizar no país um ambiente favorável ao investimento e à geração de empregos está de volta… O Dia das Bruxas no Brasil que pode durar quatro anos.

Enquanto a bolha de falsos conservadores e liberais, jornalistas militantes e celebridades hedonistas se preocupavam com o pagamento de pedágio ideológico e a proteção de seus próprios vícios e perversões, manobras ativistas e inconstitucionais foram tomadas pelo STF e TSE para que um governo extremamente técnico fosse expurgado de Brasília. A imprensa de necrotério, completamente impregnada com seus agentes políticos torpes, foi mais um tentáculo na volta à cena do crime. O braço usado como assessoria de imprensa de um projeto de poder agora vai, finalmente, sair do “despiora”. Diante do evidente caminho tortuoso que será (re)pavimentado pelo partido mais corrupto da nossa história, e dessa vez com requintes de vingança pessoal, não demorará muito para o brasileiro ler nas manchetes que nosso futuro está “desmelhorando”.

Não houve antiácido suficiente para assistir às cenas das entrevistas de Lula nos últimos dias. Fica a pergunta se os mais jovens que fizeram o “L” durante a campanha política mais suja que este país já viu, e assim marcaram pontos extras nas redes sociais com os colegas das carcomidas universidades brasileiras, sabiam quem estava nas fotos com Lula: o cara do dinheiro na cueca, o cara dos R$ 52 milhões no apartamento, aquele que foi ministro do Esporte e acusado de corrupção na pasta, o que saqueou a Petrobras… Ê, Seu Geraldo, mais de uma década governando o Estado mais rico da República e a semana foi marcada como o ponto alto de sua vida pública — o baixo nível, o mais baixo possível, a que o senhor se submeteu. A volta à cena do crime com toda a gangue petista que o senhor tanto demonizou durante anos. Hoje sabemos que tudo não passou de um teatrinho.

Chapa à Presidência de Lula e Alckmin é aprovada pelo TSE - 
Foto: Divulgação

A volta à cena do crime. Sim, vamos repetir isso durante quatro anos, Geraldo. Na verdade, a partir desta semana, não apenas pressionaremos o Congresso a realizar nossas demandas, assim como pressionaremos o Senado para que um processo de impeachment de Alexandre de Moraes obtenha robustez e vá para o plenário. O Brasil já superou os nefastos caminhos petistas uma vez — por muito pouco, fato! —, e até podemos fazer de novo. Mas o país não sobreviverá à tirania do Judiciário e a vilões como Moraes e Barroso, que, claramente, interferiram nas eleições.

Mas não vamos ficar apenas nisso, não. Vamos repetir sem parar e sem medo de sermos tachados de chatos que o Brasil testemunhou em 2022 uma subversão da realidade e uma relativização de premissas verdadeiras, já que Alexandre de Moraes não queria “conclusões erradas”. Vamos falar durante quatro anos da censura imposta à imprensa.

Vamos repetir que elegemos um condenado e preso por corrupção para presidente do Brasil e que a honestidade deixou de ser uma condição essencial para 60 milhões de cidadãos. Vamos repetir que a nossa Suprema Corte cometeu a vergonha suprema de rasgar a Constituição e coroar a impunidade. Vamos repetir, como um disco arranhado, que, por causa da “desordem informacional”, o mundo vai testemunhar a desordem moral e institucional — e que o crime no Brasil compensa.

Vamos repetir que entre trancos e barrancos, na UTI sobrevivendo por aparelhos, o Brasil deu um suspiro de vida e esperança com a Lava Jato. Que o país viu os roteiros de Hollywood saltarem das telas para a nossa realidade com políticos e cidadãos poderosos e influentes sendo encarcerados e verdadeiras fortunas desviadas dos cofres públicos devolvidas. Ah… o tal império da lei… estávamos quase lá… mas que o Supremo Tribunal Federal soltou um corrupto condenado em três instâncias, com “provas de sobra”.

O país elegeu um ex-condenado, preso por corrupção, que nunca foi inocentado e deu a ele um cheque em branco

Já avisamos ao Geraldo que vamos repetir sem dó nem piedade que ele ESCOLHEU voltar à cena do crime com Lula. Mas vamos repetir também que Simone Tebet, [a descontrolada - ficou histérica durante uma sessão da CPI covid-19 = Circo Parlamentar de Inquérito]  irxcque bradou em inúmeras entrevistas que o PT era o partido do Mensalão e do Petrolão, agora mostra sua face mais oportunista pela esmola de um ministério, uma pastinha qualquer: mesmo ouvindo de sua companheira de chapa presidencial, Mara Gabrilli, que Lula seria o mandante do assassinato de Celso Daniel, Tebet foi parar no escurinho do cinema com Lula. De mãos dadas com o PT, a senadora que diz proteger as mulheres, mas que não protegeu as médicas Nise Yamaguchi e Mayra Pinheiro na CPI da Covid diante dos covardes ataques de figuras como Renan Calheiros e Omar Aziz, agora senta no sofá com quem estuprou o Brasil.

Vamos ser um disco arranhado também — e vamos voltar a fita e apertar o play durante quatro anos — das imagens de Gilmar Mendes chorando emocionado prestando homenagens ao advogado do corrupto de estimação do STF. E que tal “Eleição não se ganha, se toma”, de Barroso? Não, não esqueceremos por mais que eles queiram apagar ou reescrever o passado, no melhor estilo Renata Vasconcellos “fique em casa, SE PUDER”.

O sistema judiciário do Brasil foi desmontado para que Lula pudesse concorrer à Presidência, e seremos um disco arranhado para mostrar isso todo santo dia
A cruzada contra Jair Bolsonaro destruiu por completo a separação, a autonomia e a independência entre os Poderes. 
O Judiciário legislou, abusou, brincou, riu, debochou e governou o país livremente sem qualquer questionamento ou anuência do Parlamento que beijou o anel do monarca Moraes
Um parlamentar foi preso de ofício, sem processo, sem defesa, sem leis. Sim, repetiremos isso durante os próximos quatro anos.
 
Antes que tentem reescrever a história, vamos repetir todo o passado e o manual de operações do PT, como o envio de dinheiro ilegal para paraísos fiscais, a CPI do Banestado, que mostrou os primeiros sinais de corrupção generalizada no governo Lula.  
Vamos repetir sobre o desvio de dinheiro dos transportes envolvendo o ministro petista Anderson Adauto quando, em junho de 2003, veio à tona o esquema de corrupção no DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte), com desvio de R$ 32,3 milhões de recursos destinados à construção de estradas.

Vamos falar sem parar também do pedido de propina de Waldomiro Diniz, primeiro grande escândalo de corrupção no governo Lula, quando, em 2004, o então assessor da Casa Civil da Presidência da República foi filmado por Carlinhos Cachoeira cobrando propina para campanhas eleitorais do PT. Correios? Sim, vamos ser um disco arranhando e refrescar a memória dos mais jovens que não sabem que, em 2005, um esquema que rifava o comando das estatais brasileiras ao interesse de políticos e partidos da base do governo Lula no Congresso foi desmascarado. Mais uma vítima de saques durante anos, os Correios também amargaram terríveis prejuízos.

Claro que em nossa coleção de discos arranhados não vão faltar as malas de dinheiro do escândalo do Mensalão. 
Ei, você aí com 18 anos e que fez o “L”! Chega aqui. 
Antes que Alexandre de Moraes mande mudar o verdadeiro roteiro do que foram, de fato, as páginas do Mensalão, vamos registrar: o esquema consistia na compra de parlamentares com dinheiro desviado de estatais e órgãos públicos para que o governo Lula aprovasse projetos que viabilizaram mais desvios de recursos para bolsos e caixas de campanha, favorecendo a perpetuação do PT no poder. 
O escândalo resultou na prisão de grandes figuras do PT, como José Dirceu, então chefe da Casa Civil de Lula, que foi condenado por ser apontado como chefe do esquema criminoso. [e outros bandidos que agora circulam livremente e ávidos para voltar a roubar os cofres público nos corredores  do CCBB, onde preparam a posse do eleito no comando da vítima - o Brasil - prevista para 1º janeiro 2022.]
 
Geraldo, corre aqui que você vai gostar desse disco: lembra dos dossiês forjados dos “Aloprados” do PT? Ô, Alckmin, não lembra? 
Daqueles petistas foram presos em 2006 pela Polícia Federal tentando negociar dossiês forjados contra o senhor e José Serra? 
Não lembra que os dossiês ligavam os tucanos à Máfia dos Sanguessugas, que desviou dinheiro da Saúde durante os governos de FHC? 
Geraldo, eu sei que o senhor agora é vice do Lula, mas temos de repetir para os esquecidos que fizeram um “L” que a fábrica de dossiês falsos do PT era famosa em Brasília e pode até ser reconhecida como a “mãe” das fake news no Brasil.

Vamos repetir também que Antônio Palocci, homem forte de Lula, estampou inúmeras manchetes com escândalos de corrupção por ter chefiado um esquema de corrupção na época em que era prefeito de Ribeirão Preto. Palocci teria cobrado “mesadas” de até R$ 50 mil mensais de empresas que prestavam serviços à prefeitura. O dinheiro seria destinado aos cofres do PT para financiar campanhas eleitorais e fraudar a democracia.

Dirceu, Lula e Palocci
O chefe da Casa Civil, ministro José Dirceu, o presidente Luiz Inácio 
Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, 
na solenidade de lançamento do pacote de medidas de microcrédito, 
em Brasília, 25/6/2003 | Foto: J. Freitas/Agência Brasil

Lista de propinas da Odebrecht? Temos. Segundo um dos operadores da lista, os apelidos eram utilizados para que os funcionários da empresa não soubessem quem eram os beneficiários finais das propinas pagas. Viagra, Barbie, Vampiro, Maçaranduba, Amante e Kibe são alguns dos apelidos encontrados nas planilhas da Odebrecht. As pessoas por trás desses apelidos? Algumas estavam com Lula e Alckmin ontem na TV. Acabou seu antiácido? Compre mais, serão intensos quatro anos. Mas seguiremos com a nossa vitrolinha.

Será que o STF vai deixar a gente relembrar da prisão do senador petista Delcídio do Amaral e a revelação dos planos contra a Lava Jato, quando o político foi preso em flagrante ao tentar comprar o silêncio do delator Nestor Cerveró? 
Ou as pedaladas fiscais e os crimes de responsabilidade que derrubaram Dilma?

Eu não vou cansar a beleza daqueles que, como eu, têm idade suficiente para lembrar de tantos esquemas de Lula, o novo velho presidente do Brasil. Mas se você tem algum sobrinho ou enteada que acreditou que fazer o “L” era “cool”, peça aos pupilos para fazerem uma pesquisa rápida sobre os anos em que a sociedade brasileira assistiu a um festival de escândalos na gestão do Brasil pelo PT. 

Além dos casos acima, jamais vamos esquecer sobre o escândalo dos bingos; o escândalo dos Fundos de Pensão dos Correios (Postalis), que trouxe um rombo de R$ 5 bilhões para nossos cofres; o escândalo dos Fundos de Pensão da Petrobras, com rombo de R$ 20 bilhões; o escândalo dos Fundos de Pensão do Banco do Brasil, com rombo de R$ 13 bilhões; o escândalo dos Fundos da CEF (Funcef ), com rombo de R$ 12,5 bilhões; a Operação Porto; o caso Erenice Guerra do PT, ministra de Minas e Energia de Dilma; o Caso Fernando Pimentel, do PT de Minas Gerais, que foi ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; e o caso de tráfico de influências; os escândalos envolvendo o Ministério dos Transportes da presidente Dilma Rousseff; e os casos de irregularidades no ministério que envolviam desde pagamentos de propina ao partido da base do governo petista e controlador da pasta; o escândalo do Ministério do Trabalho, em 2011, pasta acusada de cobrar propina de organizações não governamentais que eram obrigadas a pagar “pedágio” para receber recursos.

Ah! E, claro, não poderia faltar o caso do Ministério dos Esportes. Outro ministério da era petista que se envolveu em escândalos. O comunista Orlando Silva foi acusado de estar envolvido em um emaranhado esquema de desvio de dinheiro em programas da pasta, visando a beneficiar seu partido, o PCdoB.

Mas claro que nenhum dos esquemas de corrupção anteriores da era petista se comparou ao Petrolão. As investigações e as delações premiadas mostraram que estavam envolvidos em grandes e complexos esquemas de corrupção membros administrativos da Petrobras, políticos dos maiores partidos do Brasil, incluindo presidentes da Câmara e do Senado, governadores de Estados, empresários de grandes empresas brasileiras e, claro, um presidente do Brasil. Esse mesmo que acabou de ser eleito com as bênçãos e todas — todas! — as proteções da Suprema Corte no Brasil.

Vamos repetir também que até o que o queridinho da esquerda no Brasil e no mundo, Barack Obama, disse sobre Lula: “Escrúpulos de chefão do crime e corrupção bilionária”.

O país elegeu um ex-condenado, preso por corrupção, que nunca foi inocentado e deu a ele um cheque em branco. O que esse cheque compra no lado de cá? Uma vitrola e 58 milhões de discos arranhados.

Leia também “E agora?”

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste

 


quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Temporada de caça às bruxas - Ana Paula Henkel

Revista Oeste

Estamos vendo a divisão entre os que estão dispostos a usar o poder do Estado para silenciar seus oponentes e os que estão preocupados com a liberdade e o império das leis

Foram quatro ininterruptos anos de uma perseguição histórica. Desde a campanha presidencial, Donald Trump vem sendo caçado pelos democratas como nunca se viu com qualquer outro presidente. 
E falo isso com muita tranquilidade, o bufão laranja não era meu candidato favorito nas primárias republicanas em 2016. Em novembro daquele ano, confesso que não estava animada com o desfecho da eleição presidencial. A corrida para a Casa Branca, entre Donald Trump e Hillary Clinton, ficou marcada como uma corrida de dois nomes ruins para os norte-americanos. 

Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos | Foto: Evan El-Amin/Shutterstock
Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos | Foto: Evan El-Amin/Shutterstock

Mas Donald Trump me surpreendeu com a sua administração. E acredito ter surpreendido muita gente que comprou a embalagem, e não o conteúdo. É verdade que o conteúdo só pôde ser conhecido, de fato, depois de vê-lo por algum tempo no Salão Oval. Mas, rapaz… que conteúdo. Não vou me estender aqui desmiuçando as políticas dos quatro anos de Trump na Casa Branca, há vários artigos honestos na internet sobre esse período, mas hoje atesto sem vergonha (e também com vergonha por não ter apostado que ele seria um bom “CEO da América”!) que os Estados Unidos estariam em lençóis muito piores se o malvadão do século não tivesse entrado na rota dos norte-americanos como Commander in Chief.

Pois bem, mesmo depois de uma conturbada e ainda cheia de mistérios — eleição presidencial em 2020, os democratas voltaram ao poder. Além da Presidência, eles retomaram também a Câmara e o Senado. Bufão fora da Casa Branca, vamos tocar nossa agenda radical e jogar Trump no esquecimento! Certo? Errado. Donald Trump continua fazendo estragos no caminho político dos democratas até hoje.


A volta do malcriado do Twitter
O movimento MAGA (Make America Great Again), iniciado por Trump em 2016, parece estar mais forte do que nunca, e isso pode ser medido pelos resultados de eleições locais nos Estados. Desde 2021, os republicanos vêm tomando territórios importantes do tabuleiro político norte-americano, como o governo do Estado da Virgínia e quase todos os cargos eletivos importantes, região que votava com os democratas havia muitos anos. No caminho das eleições de midterms agora em novembro, Trump continua incomodando democratas e até republicanos que torcem o nariz para ele. Depois da rodada do último fim de semana para as cadeiras da Câmara e do Senado, dos 187 candidatos apoiados por Trump dentro das primárias do partido republicano, 173 saíram vitoriosos e 14 foram derrotados. Um impressionante aproveitamento de 93% em suas indicações.
 
Mas há muito mais nesse caminho, além das eleições de midterms, que apavora os democratas. Diante de tamanho engajamento — mesmo com toda a demonização de sua figura política durante os quatro anos na Casa Branca —, Trump ameaça com uma cartada que pode ser devastadora para o partido do senil Joe Biden, hoje sem nenhum legado ou herdeiro político com porte presidencial: sua volta a Washington e ao Salão Oval em 2024. Trump sofreu algumas tentativas de impeachment enquanto presidente, e pelas razões mais ridículas que os norte-americanos poderiam ver. 
Um processo até passou na Câmara, mas foi derrubado no Senado. 
Mais um plano de impeachment, um seguro arquitetado por Nancy Pelosi usando o 6 de janeiro, foi colocado em prática para evitar a volta do malcriado do Twitter e se iniciou logo após sua saída da Presidência, mas também não obteve sucesso. 
Nesta semana, mais uma tentativa de impedir que o 45º presidente dos Estados Unidos se torne o 47º presidente de sua história entrou em curso
 
(...)

Os agentes ocuparam e vasculharam a casa inteira, incluindo o guarda-roupa da ex-primeira-dama Melania Trump. A incursão do FBI à casa do ex-presidente Donald Trump algo nunca visto na história dos Estados Unidos pode energizar ainda mais os eleitores republicanos que não esqueceram que Hillary Clinton excluiu 33 mil e-mails de quando era secretária de Estado e ganhou apenas um tapinha na mão. Em 2016, o então diretor do FBI, James Comey, anunciou que a candidata Hillary Clinton era culpada de destruir os e-mails — um provável crime relacionado ao seu mandato como secretária de Estado. No entanto, ele praticamente prometeu que ela não seria processada devido ao seu status de candidata presidencial.

Um número crescente de republicanos e independentes (e brasileiros) percebe que, se quiserem realizar alguma coisa na próxima vez que estiverem na Casa Branca (e no Planalto), terão de reformar o serviço público e a política

 (...)

Durante décadas, o serviço federal tornou-se cada vez mais um bastião para os democratas progressistas (leia-se regressistas).  

Absolutamente todos os estudos mostram que seus membros estão quase uniformemente à esquerda. Para dar apenas um exemplo, em 2016, 95% dos burocratas federais que fizeram doações registradas para um candidato na eleição presidencial doaram para Hillary Clinton. O controle dos democratas sobre a lealdade dos burocratas significa que esses funcionários podem atrapalhar e até parar qualquer tentativa dos conservadores de implementar políticas de que não gostam. 
Isso foi particularmente problemático para um presidente como Trump, que não queria jogar pelas regras convencionais estabelecidas pelos sociais-democratas em Washington e establishment que também inclui republicanos como Mitt Romney e Liz Cheney. 
Os presidentes podem fazer 4 mil nomeações políticas para cargos do governo, com cerca de 1,2 mil delas sujeitas à confirmação do Senado. Mas 50 mil burocratas têm autoridade para tomar decisões sobre questões políticas, e isso implode a lisura de um sistema justo de dentro para fora.

Um ato político
Há menos de 90 dias de uma eleição de meio de mandato, e com a possibilidade de os republicanos retomarem ambas Casas legislativas (a Câmara com um “banho de sangue”, como dizem os analistas), o evento em Mar-a-Lago fica caracterizado não apenas como um ataque, mas um ato político. 
Para Adam Geller, especialista em pesquisas internas para o Partido Republicano, o ataque e a maneira como foi orquestrado e relatado dão aos eleitores republicanos e indecisos um choque que essencialmente respingará nas eleições de midterms e talvez além: “Não há dúvida de que os republicanos e o presidente Trump podem aproveitar isso para seu benefício político até 2024”. 
Para a estrategista democrata Carly Cooperman, Trump, com razão, transformará isso em uma oportunidade política: “Ele está reunindo sua base e alimentando seus apoiadores. Isso se encaixa perfeitamente com o que ele gosta de argumentar sobre o exagero do governo. Se isso não for nada muito sério, o evento realmente ajudará sua estratégia.”

O cenário político para 2022 na América está se definindo rapidamente. O Partido Democrata deverá sofrer perdas históricas em novembro. Donald Trump estava prestes a anunciar sua candidatura presidencial para a corrida de 2024. No último domingo em Dallas, Texas, ele falou por quase duas horas no encerramento do CPAC, evento conservador norte-americano, e mostrou que em muitas pesquisas continua sendo o republicano favorito para a indicação — e bem à frente do atual presidente Joe Biden em uma suposta revanche em 2024.

Assim como no Brasil, uma atual republiqueta devido ao ativismo porco de membros judiciário e do atual STF, o deep state” pode ser de enorme ajuda para os democratas, que buscam de maneira radical transformar o governo e a economia para se adequarem à sua agenda ideológica de extrema esquerda sem a presença de membros do Congresso. Os republicanos (assim como milhões de brasileiros) que querem drenar o pântano de Washington (e de Brasília) hoje se deparam com um serviço público não eleito, ativista e irresponsável que atua como um quarto Poder extraconstitucional do governo, e com veto efetivo sobre as políticas dos políticos eleitos.

(...)

 A União Soviética possuía “leis de direitos” que garantiam a “liberdade de expressão e direitos iguais”. 
 E os bolcheviques assassinaram seus adversários políticos e enviaram seus dissidentes aos gulags
Lavrentiy Beria, o chefe da polícia secreta mais implacável e mais antigo no reinado de terror de Joseph Stalin na Rússia e na Europa Oriental, se gabava de poder provar uma conduta criminosa contra qualquer pessoa, até mesmo um inocente: “Mostre-me o homem e eu lhe mostrarei o crime”. Essa era a infame ostentação de Beria.
 
O que nos mantém funcionando, mesmo com todos os defeitos detectados em nossas leis, diferentemente dos bolcheviques, é que nossas Constituições separaram os Poderes para impedir uma união partidária em torno de apenas um.  
Eleições têm consequências. As espinhas dorsais das eleições no Brasil, em outubro, e nos Estados Unidos, em novembro, nunca estiveram tão próximas e talvez nunca foram tão importantes não apenas para as Américas, mas para o Ocidente.
 
Revista Oeste - MATÉRIA COMPLETA
 

Leia também “As verdades inconvenientes de Jordan Peterson”

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste

 

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Tecnocracia autoritária - Rodrigo Constantino

Foto: Montagem Revista Oeste/STF Divulgação
Foto: Montagem Revista Oeste/STF Divulgação

Pouco depois, o ministro Dias Toffoli deu uma declaração bem estranha em evento em Portugal, afirmando que o Brasil já tem um regime de semipresidencialismo na prática, com o STF no papel de Poder Moderador, e ainda citou o exemplo da pandemia para ilustrar seu ponto. O Brasil não realizou nenhum plebiscito para mudar de regime, e, pelo que consta em nossa Constituição, somos um país presidencialista, com atribuições claras a cada Poder para criar um mecanismo de freios e contrapesos, impedindo o abuso de algum deles.

O que os dois casos parecem ter como denominador comum é uma mentalidade vigente principalmente na elite tecnocrática que trai certo desprezo pela opinião popular. Nos discursos, todos defendem a democracia, a soberania nacional, a pluralidade. Mas, na prática, muitos servidores do Estado alimentam uma crença arrogante de que são ungidos e precisam guiar as massas mais ignorantes, “empurrar a história” rumo ao “progresso”.

Isso não vem de hoje. Bismarck tinha fé semelhante nos burocratas da Prússia, e os democratas americanos tentam há décadas criar uma casta de especialistas que deveria concentrar mais poder. Woodrow Wilson e os “progressistas” basearam-se nos exemplos dos intelectuais tecnocráticos da Revolução Francesa, como Henri de Saint-Simon, ao defender que o governo poderia ser confiado a uma classe profissional de funcionários não eleitos, mas “especialistas”, os precursores dos modernos “tecnocratas”.

Sob essa ótica, o povo seria muito ignorante e emocional para ter autonomia
O crescimento do poder burocrático tem sido assustador, e se serve dessa mentalidade elitista. 
Em 2019, cerca de 450 agências federais americanas contavam com 2,7 milhões de burocratas. O Federal Register agora numera mais de 175 mil páginas de vários códigos, abrangendo 235 volumes. Seu tamanho aumentava anualmente — até 2017 e os esforços de última hora de Donald Trump na desregulamentação radical e algum enfraquecimento da burocracia.

O grande denominador comum dessa gente é o desprezo em relação às escolhas populares

Esse sentimento elitista ficou ainda mais escancarado durante o governo Trump, pois a elite “progressista” se recusou a aceitar o resultado das urnas, e desde o começo fez de tudo para derrubá-lo. Trump prometeu “drenar o pântano” em Washington, declarou guerra ao deep state, e este reagiu de maneira um tanto golpista. Inúmeras declarações de representantes dessa tecnocracia mostram como esses servidores de Estado embarcaram numa cruzada política, imbuídos da crença de que estavam lutando para impedir a destruição da própria democracia e uma suposta ameaça fascista. Para preservar as instituições, esses tecnocratas esgarçaram as próprias instituições republicanas.

O caso de maior destaque talvez seja o de James Comey. O ex-diretor do FBI involuntariamente simboliza o tema de maneira irônica em seu livro de memórias, A Higher Loyalty. Comey inadvertidamente publicou a noção hipócrita dodeep statede que violar leis e protocolos a serviço de suas supostas agendas éticas mais elevadas — neste caso, a oposição ao polêmico presidente Trump — era mais do que justificado. E, de fato, Comey deixou bem claro que não tinha lealdade às funções de seu cargo, mas, sim, ao seu messianismo de eliminar Trump da política. Com essa postura, arrastou a imagem do FBI para a lama.

Ao contrário da crença popular, o termo “deep state” nunca implicou uma cabala secreta. Muito menos agora transmite qualquer noção de filiação oficial. Em vez disso, é uma aliança natural e frouxa daqueles que se consideram guardiões permanentes do poder, da moralidade e da influência dos Estados Unidos. O Washington Post publicou um editorial em 2020 cujo título já estampava essa crença, alegando que era chegada a hora de as elites terem mais voz na escolha do presidente. O grande denominador comum dessa gente é a desconfiança ou mesmo o desprezo em relação às escolhas populares.

Robert Nisbet observou há muito tempo a irônica simbiose entre democracia e burocracia: “Por meio da democracia, a burocracia tem se expandido constantemente, resultado do número crescente de funções sociais e econômicas assumidas pelo Estado Democrático. Mas, quando a burocracia atinge um certo grau de massa e poder, ela se torna quase automaticamente resistente a qualquer vontade, incluindo a vontade eleita do povo, que não seja de sua própria autoria”.

Esses burocratas não eleitos querem não só proteger seus privilégios, mas governar os demais, mesmo que ignorando suas próprias escolhas democráticas. Ideologia de gênero, mudança climática, mulheres nas unidades de combate da linha de frente e casamento gay, entre 2008 e 2020, foram transformados de tópicos de discussão e debate legítimos em ortodoxias rígidas e politicamente corretas — muitas vezes mais por reguladores do que legisladores. O poder de legislar vem sendo usurpado do povo e delegado aos tecnocratas “iluminados”.

As metáforas são abundantes para o relacionamento entre democracia e burocracia, seja o parasita que eventualmente corrói seu hospedeiro, o monstro Frankenstein que não pode ser controlado por seu criador humano ou o computador de ficção científica que se torna rebelde e devora seu inventor. A necessidade de separar o poder entre legisladores, executivos e juízes repousava em uma visão pessimista da natureza humana: os funcionários sempre procurariam consolidar o poder e o fariam sob o pretexto de servir ao bem público ou a causas nobres.

O establishment americano usou muito a expressão “adultos na sala” para justificar a obstrução ao governo do presidente eleito, pois julgava Trump incapaz e perigoso para os “interesses nacionais”. A ameaça burocrática à cidadania clássica, segundo o historiador Victor Davis Hanson, é a ascensão de uma aristocracia virtual não eleita ou oligarquia fraudulenta que exerce o poder de uma maneira que não reflete um governo consensual. Com Trump, esse risco saltou aos olhos da maioria.

Seus opositores se autoproclamavam “a resistência”, como se fossem os guardiões da democracia fingindo que não fora a própria democracia quem colocara o magnata no poder. Os oponentes do presidente não se autodenominavam a tradicional “oposição leal” ou mesmo se viam como meros “oponentes”. Em vez disso, eles escolheram deliberadamente um termo da França ocupada na Segunda Guerra Mundial. Os combatentes do La Résistance formaram alianças “clandestinas” em toda a sociedade francesa, especialmente para organizar ataques militares às forças de ocupação nazistas e seus colaboradores de Vichy. Se a meta é tão nobre como expulsar nazistas, então vale tudo!

O establishment tem um papel importante na condução das coisas de Estado, sem dúvida. O staff carrega conhecimento importante para dar continuidade aos trabalhos durante as trocas políticas nos comandos. Mas de uma ideia razoável chegamos a um estágio preocupante, em que esse staff quer mandar em tudo, independentemente de quem o povo escolha como comandante. Isso é antidemocrático e extremamente perigoso. Hoje, é impossível ser um verdadeiro defensor da democracia e não condenar esse abuso de poder de uma tecnocracia cada vez mais autoritária.

Leia também “A volta do tribalismo”

Rodrigo Constantino, colunista - Revista Oeste



quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Bolsonaro e os demônios - O Estado de S.Paulo

William Waack

Os fatos que atrapalham o presidente não são excepcionais, não fossem demônios

Jair Bolsonaro sente-se e age como homem cercado. Em parte, os motivos para essa autopercepção são práticos e “palpáveis”. Em parte, sente-se acuado por demônios de criação própria em geral, a combinação dos dois leva os personagens da política a cometer erros. É real o cerco que sofre no Judiciário. O filho Flávio é investigado pelo conhecido esquema das rachadinhas”, uma série de inquéritos faz menções a ligações do clã Bolsonaro com milícias no Rio, o TSE está tratando da acusação do envio de mensagens durante a campanha eleitoral de 2018. Porém, tratam-se de dores de cabeça que, tomadas isoladamente, até aqui não são arrasadoras. [o ponto comum a todas, pelo menos até agora, é a falta de provas.
Por enquanto, e tudo indica assim permanecerá - lembrem do caso Temer - a base de tudo são indícios, vazamentos ilegais e coisas do tipo.]

Como é perfeitamente normal em sistemas políticos abertos, atribulações com o Judiciário são fartamente utilizadas por adversários. Que agem segundo o habitual método (nem foi a Lava Jato que inventou isso) dos vazamentos de inquéritos ou, nos últimos dias, de divulgação de áudios de figuras como Fabrício Queiroz, essa espécie de assessor “faz-tudo” que é muito útil no dia a dia dos políticos e muito perigoso pelo o que podem dizer.

Note-se que adversários, nesses casos mais recentes, não são apenas a oposição composta por correntes políticas antagônicas, empenhadas como em qualquer outro lugar em atrapalhar o governo. Os ex-companheiros de luta do próprio presidente são hoje seus mais ferozes críticos, e os mais raivosos ao prometer vinganças. É o resultado comum de ondas disruptivas como a das eleições de 2018: depois da vitória, os diversos componentes dela vão disputar o poder entre si, e Bolsonaro sempre favoreceu seu clã em detrimento do resto. Fatos concretos levaram o “mito” a criar fortes laços de dependência em relação a duas instâncias políticas que ele, como candidato, jurou que desprezaria ou transformaria radicalmente. 

A primeira é o âmbito do STF, através sobretudo da figura de seu presidente, ministro Dias Toffoli, visivelmente empenhado em aliviar dores de cabeça políticas e pessoais de Bolsonaro. Mas, se quiser, pode aumentá-las substancialmente. A segunda é a esfera da “política tradicional”, à qual Bolsonaro se dedica agora de forma tácita, porém não declarada, pois admitiu com perigosa lentidão que não governa sem ela.

O desarranjo de suas próprias forças, ilustrado no episódio das brigas do PSL, tem como óbvia consequência a necessidade incontornável de se apoiar e depender de outros grupos, a exemplo do que já acontecia com a liderança do governo no Senado. Com um pouco de distanciamento, percebe-se que esse contexto acima nada tem de excepcional, muito menos as brigas de Bolsonaro com setores da imprensa (pode-se dizer que há décadas a história política do Brasil está recheada desse tipo de conflito entre governantes e grupos de mídia). 

Ocorre que os verdadeiros donos de sabedoria política tratam de exercitar a serenidade e o cálculo frio, essenciais para se navegar em águas turbulentas – mas o que Bolsonaro está exibindo é a caricatura de um personagem consumido no caldeirão fervente de seus próprios demônios, às vezes chamados de “hienas”. Ele prefere enxergar sobretudo conspirações e inimigos ocultos (seu ídolo, Donald Trump, fala sempre de um “deep state”) mancomunados para derrotá-lo em sua missão divina e tornada possível por um milagre (sobreviver à facada), num tipo de visão de mundo que inclui mesmo o resto do mundo(conspirações ou forças do mal arquitetando-se no Chile, Argentina, óleo nas praias, Amazônia, etc.). [os itens entre parênteses são reais, causas conhecidas;
 
o que demonstra ser um novo ataque dos inimigos do Brasil é o óleo na praia  - até os leigos hão de concordar que um vazamento de óleo que perdura a faz meses é estranho - será que algum 'poço de petróleo', deu uma de vulcão, entrou em erupção, com intervalos pequenos e irregulares, lançando petróleo no mar e a 'lava' (no caso petróleo) segue sempre o mesmo rumo = costas brasileiras?]  

Lutando contra seus demônios, vai sendo engolido pelo “buraco” (a expressão é do próprio Bolsonaro) no qual está um País estagnado, recuperando-se muito lentamente da mais brutal recessão da sua história, habitado por milhões cujas expectativas não atendidas crescem tanto quanto sua impaciência – isto sim, é diabólico.
 
William Waack - O Estado de S. Paulo