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segunda-feira, 27 de julho de 2020

ACONTECEU! - Percival Puggina.

Pois aconteceu. Numa infeliz combinação de desacertos, as orientações iniciais referentes à covid-19 transformaram os estados sulinos nas grandes vítimas da política e do jornalismo militante. Este último, ao adotar a mesma orientação geral em suas ações desde a proclamação do resultado da eleição de 2018, apoiou com severidade a irracional paralisação das atividades. Afinal, se o presidente, preocupado com a recessão e o desemprego, era contra a indiscriminada quarentena nacional, impunha-se fazer soar cotidianamente contra ele as trombetas de Jericó da mídia militante.

 Para reforçar a crise, assim que o vírus chegou ao Brasil, começaram aquelas reuniões vespertinas com o Dr. Mandetta. Simpático, falastrão, bom comunicador, louvado pela mídia e em rota de colisão com o presidente da República, o ministro da Saúde era tudo de que o noticiário precisava. O Dr. Mandetta dizia que era para não usar máscara. Depois, que era para usar máscara. Seguiam-se lições sobre distanciamento.

Conselhos eram dados para só procurar o hospital quem sentisse falta de ar ou febre. Tratamento precoce parecia fora de qualquer cogitação. Em seguida, sobreveio o fechamento de shoppings, escolas, comércio de rua, e uma lista infinita de atividades sentenciadas à míngua. Tudo por “quinze dias” que duraram meses. Se o vírus estava em multiplicação em São Paulo, no Rio de Janeiro, no Nordeste e no Norte do país, aqui no Sul nem havia chegado. Mas a ordem era parar tudo e ai de quem mostrasse um pouco de bom senso!
O conhecido médico gaúcho Dr. Júlio Pereira Lima, em recente artigo, afirma a esse respeito:
Entre 15/3 e 31/5, os médicos assistiram à maior epidemia de saúde de nossa história. Hospitais vazios, UTIs vazias, ambulatórios despovoados.
A bem descrita cena, que por circunstâncias particulares acompanhei de perto, atesta insensibilidade e irracionalidade. A economia do Rio Grande do Sul foi gravemente ferida. Se você considerar que no intervalo de datas acima os três estados sulinos atrelaram-se desnecessariamente à quarentena nacional, não há como não se indignar com o monstruoso prejuízo causado à sua população, suas empresas e suas economias.

[e a pregação por  distanciamento e isolamento sociais continua; fique em casa, continua forte, obsessivo.
Números são manipulados, os ruins enfatizados, os bons não citados - quando o são é no meio do pacote, com destaque zero.
Em Brasília, desde que começou a se verificar que o número de recuperados nas últimas 24h, superava o dos confirmados no mesmo período, o último deixou de ser citado nos noticiários - para obtê-los só via Secretaria de Saúde.]

E o fizeram desnecessariamente, induzidos por políticos e pelo jornalismo militante. Cirurgias não emergenciais adiadas, consultas postergadas, exames cancelados. Moléstias variadas se expandindo, escondidas de um vírus que não estava aqui. E uma crise descomunal, que afetava tanto a lojinha de capa de celular quanto o grande hospital privado, forçados a despedirem funcionários por prolongada falta de demanda.

Agora, chegado o inverno, tempo de hospitais, emergências e UTIs habitualmente lotados, o novo coronavírus chegou à região. E a recomendação, depois de meses com atividades suspensas, sem qualquer pedido de desculpas – sem sequer um Oops! Erramos... – é manter as portas fechadas. E não falar mais no que ficou para trás.

 Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

domingo, 5 de abril de 2020

A guerra invisível - Nas entrelinhas


“A epidemia atingiu primeiro a classe média alta, disseminada por pessoas que viajaram ao exterior. Com a transmissão comunitária, chegará aos pobres”


Não me saem da cabeça as cenas dos médicos e paramédicos combatendo as epidemias na África
Qual é a semelhança com o novo coronavírus (Covid-19)? 
A febre hemorrágica Ebola é uma doença muito mais grave, com taxa de letalidade que pode chegar até os 90%, enquanto a do coronavírus gravita em torno dos 5%. É uma zoonose cujo reservatório mais provável é o morcego
O vírus foi transmitido para seres humanos a partir de contato com sangue, órgãos ou fluidos corporais de animais infectados, como chimpanzés, gorilas, antílopes e porcos-espinho, na África subsaariana, ocasionando surtos esporádicos.

O novo coronavírus foi identificado pela primeira vez na China, é transmitido pelo ar e pelo contato físico, de forma muito mais rápida, antes mesmo de as pessoas manifestarem os sintomas da doença. Presume-se também que o hospedeiro de origem seja algum espécime de morcego. Os coronavírus humanos mais comuns causam infecções respiratórias de brandas a moderadas, de curta duração. Os sintomas podem envolver coriza, tosse, dor de garganta e febre. O novo coronavírus é mais letal, porque também ataca violentamente as vias respiratórias inferiores, como pneumonia. Esse quadro é mais comum em pessoas com doenças cardiopulmonares, com sistema imunológico comprometido ou em idosos.

A transmissão do Ebola se dá por meio do contato com sangue, tecidos ou fluidos corporais de animais e indivíduos infectados (incluindo cadáveres), ou a partir do contato com superfícies e objetos contaminados. Não há registro na literatura de isolamento do vírus no suor e pelo ar. É possível detectar os infectados com mais facilidade, porque a transmissão não ocorre sem os sintomas: febre, cefaleia, fraqueza, diarreia, vômitos, dor abdominal, inapetência, odinofagia, manifestações hemorrágicas. Por isso, foi possível isolar o Ebola geograficamente e evitar uma pandemia.

Até hoje não existe vacina e nem remédio específico para tratar o Ebola. Os cuidados são de suporte precoce com hidratação e tratamento sintomático, como no coronavírus. O tratamento se restringe ao controle dos sintomas e suporte/estabilização do paciente. Iniciar o tratamento de maneira oportuna aumenta as chances de sobrevivência dos pacientes. Uma vez que a doença foi curada, a pessoa está imune ao Ebola.

Camuflagem
Não se sabe se os pacientes curados do coronavírus estarão imunizados contra uma nova epidemia. Os pesquisadores ainda estudam as formas de transmissão, mas a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a infecção por gotículas respiratórias ou contato, é uma guerra na qual não se sabe onde o inimigo se esconde, até que a pessoa infectada manifeste a doença. A maioria não tem sintomas aparentes. É como se a força atacante principal fosse formada por soldados com a camuflagem mais perfeita, entrincheirados numa pessoa igual às outras, às vezes um membro da própria família, dentro de sua própria casa.

Gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro; toque ou aperto de mão; objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos são como granadas e tiros. A vida social é um campo minado. Eram inimagináveis as cenas de colapso do sistema de saúde da Itália e da Espanha, com grande número de mortos. Muito menos que grandes potências, como França, Inglaterra, Alemanha e Japão, corram o risco de um Efeito Orloff: eu sou você amanhã. Com todo o seu poder econômico, os Estados Unidos contabilizaram 4,5 mil mortos somente no último sábado. Vejam bem: são países que nem de longe se comparam ao sul do Sudão e ao norte da República Democrática do Congo, na bacia do Rio Ebola.

No Brasil, a epidemia atingiu primeiro a classe média alta, disseminada por pessoas que viajaram ao exterior. Com a transmissão comunitária, agora chegará às parcelas mais pobres da população, exatamente aquelas que, em certas regiões, vivem em condições muito precárias e estão enfrentando mais dificuldades para sobreviver com a política de isolamento social. O número de casos está subnotificado, muitas pessoas estão morrendo com síndrome respiratória aguda sem serem diagnosticadas. Na América Latina, o pior cenário até agora é o do Equador, cujo sistema de saúde entrou em colapso: pessoas morrem sem assistência médica e são incineradas nas ruas, por cidadãos em pânico.

O risco que corremos não é de assistir a cenas iguais às da Italia e da Espanha, muito menos norte-americanas. É de um cenário igual ao do Equador, se a política de isolamento social for revogada pelo presidente Jair Bolsonaro, como ele ameaça, contra a orientação do seu próprio ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Nosso sistema de saúde não tem condições de absorver a rápida elevação do número de casos de coronavírus que isso provocaria. Não foi à toa que a Câmara dos Deputados aprovou a proposta de emenda à Constituição que cria um orçamento paralelo, chamado de “orçamento de guerra”, para destinar recursos exclusivos às medidas de combate ao coronavírus. Estamos dormindo com o inimigo.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense


quarta-feira, 1 de abril de 2020

A lição do SUS para o mundo - Elio Gaspari

Folha de S. Paulo/UOL  - O Globo

Capotou o Brasil Paraíso dos grandes grupos de medicina privada     A conta da Covid-19 está nas costas do patinho feio de medicina nacional

Em agosto passado, numa entrevista à repórter Érica Fraga, o professor José Pastore avisou: “Nosso mercado de seguros e previdência ainda não despertou para o fato de que 50% da população economicamente ativa estão na informalidade”. Com que proteção? “Nada, zero. Nem proteção trabalhista, nem CLT, nem previdência, nem seguro-saúde, nada.” Ele foi adiante: “No novo mundo do trabalho, você tem três enfermeiras num mesmo hospital. Uma é fixa, outra é terceirizada e a outra, free-lancer. Fazem a mesma coisa, mas têm remuneração e benefícios diferentes. Isso é um escândalo para o direito do trabalho convencional.”

Tristemente, esse Brasil Fantasia explodiu com a epidemia da Covid-19. Capotou a economia que estava a “um milímetro do paraíso” (palavras de Paulo Guedes) com 38 milhões de brasileiros na informalidade. Capotou também o Brasil Paraíso dos grandes grupos de medicina privada. A conta da Covid-19 está nas costas do SUS, o patinho feio de medicina nacional. Alguém poderia supor que num país desigual a desigualdade seria desigualmente repartida. Ilusão.

Quando surgiu a necessidade dos testes para detecção do coronavírus foi preciso que a Agência Nacional de Saúde determinasse a obrigatoriedade da cobertura pelos planos de saúde. Feito isso, a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), guilda das 15 grandes operadoras de planos, informou as condições para que essa cobertura fosse honrada.A pessoa precisava estar com febre acima de 37,8 graus, tosse ou dificuldade para respirar. Segundo a guilda, “o exame específico será feito apenas nos casos em que houver indicação médica para casos classificados como suspeitos ou prováveis de doença pela Covid-19.”Essas exigências seriam razoáveis, sobretudo sabendo-se que não há testes suficientes à mão. A guilda informou também que “a cobertura do tratamento a pacientes diagnosticados com Covid-19 já é assegurada a beneficiários de planos de saúde, conforme a segmentação (ambulatorial, hospitalar ou referência) contratada. Em casos indicados, o beneficiário terá direito a internação caso tenha contratado cobertura para atendimento hospitalar e desde que tenha cumprido os períodos de carência, se houver previsão contratual.” Não contratou? Está fora. As operadoras sabem que a conta irá para o patinho feio do SUS. Jogo jogado.
O silêncio e o rigor da rede de medicina privada pressupõem que ela existe no país dos com plano, que se subdivide entre os que tiverem “contratado cobertura para atendimento hospitalar” e aqueles que, azarados, não a contrataram. Nos Estados Unidos, onde não há SUS, mas há capitalismo de verdade, o jogo foi outro. Na semana passada a seguradora Aetna (22 milhões de segurados) anunciou que não cobraria alguns pagamentos laterais exigidos nos contratos. A iniciativa espalhou-se com a rapidez do vírus, e 78 operadoras anunciaram diversas modalidades de ajuda. David Cordani, CEO da seguradora Cigna (12 milhões de segurados), informou: “Nossos clientes com Covid-19 devem se preocupar com a luta contra o vírus e em prevenir sua propagação. Enquanto eles estiverem focados na recuperação de suas saúdes, terão nossa proteção.” As operadoras americanas não bancarão todos os custos dos tratamentos. Apenas mostram que estão acordadas e preocupadas com a saúde de seus clientes.

Folha de S. Paulo/UOL  - O Globo - Elio Gaspari, jornalista 


segunda-feira, 30 de março de 2020

Comida na mesa - Alexandre Garcia

Gazeta do Povo

Proponho um “aplausaço” aos soldados do alimento

Muito se falou sobre os desentendimentos entre o presidente Jair Bolsonaro e os governadores. Eu acho que essa seria a hora de união, de fazer uma trégua.  É preciso esquecer todas as divergências pessoais, políticas e eleitorais. Porque acima de tudo está o Brasil e com duas grandes crises, a sanitária e a econômica. Nós temos que resolver as duas ao mesmo tempo.

Não tem como perder tempo com picuinhas pessoais. Desavenças como a de Bolsonaro com João Doria, que governa São Paulo, o estado com o maior número de casos de coronavírus e de mortes. O presidente perdeu também um aliado importante que é o governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Os dois divergiram acerca de ter ou não o confinamento social.

Acho que está na hora de acabar com isso. Eles podem voltar a discutir depois que tudo estiver resolvido tanto na economia, quanto na saúde. A gente não sabe nem até quando essa crise vai se estender. Prefeitos pegam carona na doença É possível que as eleições municipais sejam adiadas. Está cheio de prefeito achando que por conta do coronavírus vai conseguir mais votos durante o pleito e isso não é dedicação ao país.
Winston Churchill, por exemplo, disse que se aliaria ao diabo para combater Hitler. E tem gente que está se aliando ao coronavírus para ver se atrapalha o presidente BolsonaroEstão pegando carona no corona. Não é hora disso, está na hora de pensar em algo mais importante que é defender as pessoas do vírus e defender a economia da possibilidade de uma depressão econômica.

Suécia paga para ver
O Japão não ordenou que os habitantes do país fiquem em quarentena, exceto quem está no grupo de risco como os que estão com suspeita da doença, os mais idosos e os que já tem doenças prévias. A economia está  crescendo.
A Suécia por outro lado não está fazendo nada porque quer ver como o vírus se comporta e está sendo criticada por isso. A Suécia é um país muito frio, diferente do Brasil que tem temperaturas altas e população jovem.

Coronavírus tem o seu ciclo
Tenho notícia de duas pessoas que se recuperaram do coronavírus, o general Augusto Heleno e o Fábio Wajngarten. O general já está no Palácio do Planalto trabalhando, ele tem 73 anos.
Wajngarten conta que só tomou dois remédios de Novalgina quando estava com febre e muita vitamina C. Segundo o secretário de Comunicação, ele sentiu dor no  corpo e febre. Disse que teve efeitos colaterais piores quando teve gripe.
Esse é o coronavírus. Ele tem um ciclo. Além  disso, a doença atinge majoritariamente pessoas que já tem outras doenças cardíacas, respiratórias ou outras.

[as três categorias, adiante citadas,  merecem aplausos,  e os profissionais de saúde já estão recebendo - merecidamente.

Os que produzem alimentos - em todas as etapas - também merecem os aplausos.

Os caminhoneiros também - nossos dois leitores sabem que não concordamos com esta categoria (somos a favor do transporte ferroviário..... mas, isto é para outra hora).
Agora reconhecer que eles são essenciais e estão fazendo tudo para ajudar - trabalhando sem apoio e sem ceder à tentação do lucro fácil. 
Falta a borracharia, refeições - tudo consequência do para total.
Fica prejudicado o borracheiro - na penúria - o dono do restaurante que não tem mais clientela - e, nos  digam que aglomerado causa uma borracharia de beira de estrada?
Vai chegar uma hora que o pessoal da boleia não aguenta - espero que todos lembrem, especialmente os isolacionistas, o que 30 dias sem caminhoneiro faz.]


Salva de palmas
O pessoal aplaudiu muito os profissionais de saúde, mas os que fazem a comida chegar na nossa mesa também merecem esse tipo de atitude. Todos os que plantaram, colheram, venderam e transportaram merecem nossos aplausos. Tem motorista que está fazendo de tudo para enfrentar a BR mesmo sem os serviços de beira de estrada, como almoço e borracharia, porque está tudo fechado. Esses são os soldados do alimento e também merecem os nossos aplausos.

Alexandre Garcia, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo



sexta-feira, 20 de março de 2020

Como combater a doença - Sintomas de coronavírus? Saiba o que se deve fazer - CB

Em casos de suspeitas para Covid-19, a Secretaria de Saúde indica que a população entre em contato pelos números de emergência 190, 193 ou 199 

Tosse seca, febre e dificuldade de respirar. Os principais sintomas da Covid-19 devem ser examinados com atenção. Para evitar a propagação em massa, a Secretaria de Saúde orienta que quem apresentar qualquer indício da doença; tenha retornado de viagem de área afetada; ou tenha tido contato com algum caso confirmado ou suspeito, ligue para o 190 (Polícia Militar), 193 (Corpo de Bombeiros) ou 199 (Defesa Civil) e informe a situação.

De acordo com a pasta, o número do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs),  (61) 99221-9439, não está mais disponível para esclarecimentos da doença. A recomendação para quem apresentar os sintomas, mas não tenha viajado ou tido contato com suspeitos, é de procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima. 
 
Também estão atuando no combate à doença equipes de atendimento volante - profissionais de saúde que vão à casa de pessoas com suspeita do novo coronavírus e que tenham voltado de viagem recentemente, ou que tenham tido contato com algum caso suspeito ou confirmado para Covid-19. A demanda alta, no entanto, não tem permitido que todos os chamados sejam atendidos.  O infectologista Guilherme Marreta afirma que não é possível realizar testes para todas as pessoas do DF. “Não tem teste para todos, mesmo em laboratórios privados”, explica. Portanto, a recomendação é fazer os exames em caso de dois ou mais sintomas da doença e não procurar os sistemas de saúde, seja o público, seja o privado, se o sintoma for brando.
“O coronavírus não tem remédio, é como as inúmeras outras infecções virais. A situação prevê repouso e hidratação", reforça. Ele lembra ainda a importância de essas pessoas esperarem o resultado em quarentena. A recomendação do profissional da saúde é a prevenção. “Lavar as mãos com água e sabão, usar álcool em gel e evitar contato com as pessoas”, informa.  
 
Por dia, são realizados cerca de 100 exames para o diagnóstico do coronavírus (Covid-19), incluindo o painel viral e o kit. “Este último pode levar até quatro dias para sair o resultado. Os materiais dos testes estão sendo enviados pelo Ministério da Saúde de maneira gradativa e constante. As medidas a serem adotadas futuramente serão avaliadas conforme a evolução da doença”, afirmou a pasta, em nota. 

 Excesso de demanda
Têm sido constantes as reclamações a respeito do atendimento pelos canais oficiais. A ex-deputada Maninha (PSol), postou relato em rede social reclamando da falta de kits para confirmar o diagnóstico. Ela procurou atendimento para a neta, portadora de asma e que teve contato com estrangeiros. Não conseguiu que o teste fosse feito em hospital privado e recorreu ao sistema público. "Retornamos, nos telefones anunciados pela Secretaria de Saúde. O primeiro, do Corpo de Bombeiros, me forneceu outro telefone. Nesse fui informada que os atendimentos domiciliares só serão feitos em casos graves. E no Hran a informação é a mesma. Fui orientada a procurar uma UPA. Ou seja, o teste não foi feito, ela continua sob suspeita."

 "O isolamento ainda é parcial, a testagem comprovadamente ineficiente e a estrutura do SUS sem reforço. Como imaginar as nossas populações vulneráveis sendo atingidas sem retaguarda. O caos!", continou no texto. 
 
Em resposta, a Secretaria de Saúde informou que os números de telefone disponibilizados são para tirar dúvidas e encaminhamentos para exames dos casos que se enquadram como suspeitos.

Como combater a doença
1. Identifique os sintomas. São eles: tosse seca, febre e dificuldade de respirar.

2. Caso observe qualquer um deles, mantenha-se em isolamento e reforce hábitos de higiene.

3. Procure uma unidade de saúde apenas se os sintomas se agravarem.

4. O teste de coronavírus só é indicado para quem preencher requisitos avaliados pelo profissional de saúde.

5. Previna-se: lave as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos; use antisséptico de mãos à base de álcool gel 70%; cubra o nariz e a boca ao espirrar ou tossir; mantenha os ambientes bem ventilados e limpos; evite apertos de mão, abraços e beijos; não compartilhe objetos pessoais; evite tocar os olhos, boca ou nariz antes de higienizar as mãos.

Correio Braziliense


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Febre e pneumonia

“Bolsonaro não seguiu o protocolo médico ao pé da letra, porque não se desligou do cargo para tratar somente da saúde. Insistiu em reassumir a Presidência dois dias depois da operação”

A recuperação do presidente Jair Bolsonaro está mais complicada do que se imaginava. Segundo a equipe médica do Hospital Alberto Einstein, uma tomografia de tórax e abdome mostrou “boa evolução do quadro intestinal e imagem compatível com pneumonia”. O boletim médico também registrou febre na noite de quarta-feira. Bolsonaro passou por uma cirurgia para retirar uma bolsa de colostomia e refazer a ligação entre o intestino delgado e parte do intestino grosso, em 28 de janeiro, sequelas da facada que levou em Juiz de Fora na campanha eleitoral.

Voltamos assim ao tema da necessidade de separação entre o paciente e o presidente, que já abordamos aqui na coluna. A verdade é que Bolsonaro não seguiu o protocolo médico ao pé da letra, porque não se desligou do cargo para tratar somente da saúde. Insistiu em reassumir a Presidência dois dias depois da 
operação, quando deveria deixar a função a cargo do vice-presidente, Hamilton Mourão, por mais que isso incomode aos seus partidários ciumentos. No fundo, é uma grande bobagem, porque a situação em que se encontra, lutando para restabelecer a saúde, reforça o “mito”; isto é, ao mesmo tempo, deifica e humaniza sua imagem.

Segundo o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, foram feitos exames viral e bacteriano, e descartaram o viral. “Trata-se de uma causa bacteriana”, disse, ou seja, há uma infecção a ser combatida. Por isso, os médicos trataram de reforçar a dose de antibióticos. Bolsonaro não sente dor, continua com uma sonda nasogástrica e um dreno no abdome. Recebe alimentação parental e líquidos por via oral; faz exercícios respiratórios e caminha pelos corredores. É um paciente que está em recuperação, que precisa de cuidados especiais, mas não corre risco de vida.

Também não corre o menor risco político, apesar das teorias conspiratórias em relação a Mourão. A oposição não tem interesse que o vice substitua Bolsonaro, simplesmente porque prefere um político na Presidência; um general, não. Os demais generais que já mandam no governo não pretendem trocar um ex-capitão com 30 anos de experiência parlamentar e grande popularidade, eleito por voto direto, por um colega eleito de carona. O que existe nos bastidores do governo é uma disputa entre a turma do bom senso, que prefere um ambiente de negociação com o Congresso e diálogo com a sociedade, e a tropa de choque de Bolsonaro, que ascendeu ao governo e ainda não desceu do palanque eleitoral.

Apoio condicionado
Enquanto o presidente permanece hospitalizado, o governo vai bem, obrigado, na relação com o Congresso. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), está alinhado com as reformas e mantém diálogo fácil com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Na Presidência do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) é um aliado de primeira hora. A propósito, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, surpreendeu a oposição com o movimento de reaproximação com a ala derrotada do MDB no Senado, ao pedir que Alcolumbre sondasse o senador Fernando Bezerra (MDB-PE) para saber se o político pernambucano aceitaria ser o líder do governo na Casa. Aceitou de pronto.

O reequilíbrio nas relações do Palácio do Planalto com o MDB no Senado segue a velha receita da política de conciliação; o partido já se reposiciona para negociar seu apoio com o Palácio do Planalto. Essa aproximação deve se consolidar com a indicação de um deputado do MDB para a liderança do governo no Congresso. O mais cotado é o deputado Alceu Moreira (RS), gaúcho e líder ruralista.  O ponto fora da curva é o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), que sofre com o fogo amigo. Pisou na bola ao convocar uma reunião de parlamentares do “apoio consistente” e do “apoio condicionado”, ou seja, da oposição. Os grandes partidos da base do governo não foram à reunião. Estreante na Câmara, lida com um problema que não é novo. A negociação da reforma da Previdência está sendo feita diretamente entre o ministro Paulo Guedes e o presidente da Casa, Rodrigo Maia, mais ou menos como aconteceu com o Plano Real, quando o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, passou a negociar diretamente com o presidente da Câmara, Luiz Eduardo Magalhães (PFL-BA).

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB

Saúde, presidente!

Febre e pneumonia nunca é bom, muito menos para presidente recém-empossado

 Elogiável o presidente Jair Bolsonaro manter a sociedade informada sobre o seu quadro clínico, com boletins e entrevistas do porta-voz, Otávio Rêgo Barros. Dito isso, não é possível achar que a situação está absolutamente sob controle, após dez dias no hospital Albert Einstein. Não é tão tranquila e reconhecer isso não é “sensacionalismo”, como advertiu Bolsonaro pelo Twitter, mas sim trabalhar com a realidade.  Normalmente, fechar uma colostomia é um procedimento rápido, de baixo risco, sem complicações. Não é o que vem ocorrendo no caso do presidente, esfaqueado grave e covardemente num comício em que era carregado pela multidão.

A bolsa seria retirada em dezembro, mas adiaram para janeiro. A cirurgia era estimada em três horas, mas durou sete. Ele sairia do hospital na quarta-feira passada, mas os médicos adiaram a alta, sem nova previsão. Primeiro, enjoo e vômitos. Depois, febre. Em seguida, volta ao semi-intensivo. E, ontem, a notícia de que, apesar dos antibióticos, os exames de tórax detectaram pneumonia. Bom não é.Do ponto de vista do governo, o impacto é quase imperceptível, já que Bolsonaro vem recebendo todas as informações no hospital, os dois ministros-chave, Paulo Guedes e Sérgio Moro, estão a mil por hora e o Planalto e o próprio governo estão sob o controle do ministro Augusto Heleno, do GSI.

Guedes cumpre uma agenda cheia, com governadores, presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo, assuntando, sentindo o ambiente político, vendendo a reforma da Previdência. E Moro repete o script, estreando inclusive numa seara que não costuma ser muito fácil para neófitos em política: o corpo a corpo com parlamentares, para ouvir mais do que falar e garantir viabilidade ao seu pacote – que, na verdade, são dois em um, contra a corrupção e contra o crime organizado.
 Assim, o que incomoda na internação de Bolsonaro, mais longa do que o previsto e mais difícil do que o desejável, é que ele continua sendo coadjuvante no seu governo, assim como na sua campanha à Presidência. Após a facada, a campanha andou sozinha e Bolsonaro se limitava a posts pelas redes sociais e a entrevistas pontuais à mídia mais camarada. Com a terceira cirurgia, ele está comandando o País a partir do hospital e do Twitter e o governo também anda sozinho.

Na campanha, o resultado foi a forte entrada em cena de seus trs ilhos mais velhos, Flávio, agora senador, Eduardo, o deputado metido em política externa, e Carlos, o responsável pela imagem do pai. No governo, o resultado é um constrangimento: a desenvoltura do vice Hamilton Mourão.  General de quatro estrelas, bem preparado, com opiniões fortes sobre tudo e sem papas na língua, Mourão deu de ombros à ordem de Bolsonaro para todos calarem a boca durante as eleições e também dá de ombros à sugestão (em falta de uma palavra melhor) de Augusto Heleno, seu colega de farda e de Alto-Comando do Exército, no mesmo sentido. Não calou a boca na campanha, não cala agora no governo.

Bolsonaro e seu entorno providenciaram um “gabinete de emergência” no hospital, mas as visitas estão vetadas, as videoconferências não deslancharam e eles não estão conseguindo evitar o protagonismo do vice-presidente.
Se mudança houve, foi no tom de Mourão. Na eleição, conservador e polêmico. No governo, equilibrado e até surpreendente. Já falou com naturalidade sobre aborto, embaixada em Israel e ameaças contra o ex-deputado Jean Wyllys. E, ontem, recebeu a CUT, nada mais nada menos. Mourão politicamente correto?
Homem saudável e razoavelmente jovem, Jair Bolsonaro deve estar louco para ter alta logo e assumir, de fato, a Presidência. Bons votos!