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domingo, 16 de outubro de 2022

Lobos em pele de cordeiros - Ana Paula Henkel

Revista Oeste

Não bastou o novo “crime de opinião”. Agora temos o “crime de conclusão”! Você vai ver fatos reais, ler notícias verdadeiras — mas não pode tirar suas próprias conclusões 

 Ditador da Nicarágua, Daniel Ortega e Luiz Inácio Lula da SIlva | Foto: Wikimedia Commons 
Ditador da Nicarágua, Daniel Ortega e Luiz Inácio Lula da SIlva | Foto: Wikimedia Commons  
 

Explicar o Brasil. Essa tem sido uma tarefa impossível de ser realizada no meu cotidiano nos Estados Unidos. Se já era difícil durante a Lava Jato, ela ficou ainda mais complicada durante a manobra companheira do Supremo Tribunal Federal para soltar um corrupto condenado em três instancias. Agora, durante a era Alexandre de Moraes/TSE, essa tarefa é praticamente inexequível.

Acho curioso quando os iluministros do STF/TSE citam os “Pais Fundadores da América” com a pompa de quem tem o mínimo respeito por tudo aquilo que eles defendiam. A história da América mostra que os Pais Fundadores da nação mais próspera do mundo discordavam em vários pontos na estruturação do novo país nos tempos pós-revolucionários. Thomas Jefferson, por exemplo, almejava maior independência e autonomia dos Estados. Alexander Hamilton acreditava que o governo federal deveria ser o centro do poder e das grandes decisões. As discordâncias entre eles eram comuns e, talvez por isso, na respeitosa e rica troca de ideias por um bem maior, a nação mais livre do mundo tenha se formado em pilares sólidos e inegociáveis.

E, mesmo com algumas profundas discordâncias filosóficas, aqueles homens tinham um ponto de convergência sagrado na formatação do que seria vital na nova nação. A absoluta e irrestrita liberdade de se expressar. 
A Primeira Emenda à Constituição dos EUA protege a liberdade de expressão, religião e imprensa. Também protege o direito a protestos pacíficos e a peticionar ao governo. 
A emenda foi adotada em 1791, junto com outras nove emendas que compõem a Declaração de Direitos (Bill of Rights) — um documento escrito que protege exatamente as liberdades civis. 
A emenda, com quase 231 anos, é uma das mais protegidas até hoje, diz: “O Congresso não fará nenhuma lei a respeito de um estabelecimento de religião ou proibindo o livre exercício do mesmo; ou abreviar a liberdade de expressão ou de imprensa; ou o direito do povo de se reunir pacificamente e de pedir ao governo uma reparação de queixas”.

Benjamin Franklin, um dos Pais Fundadores, escrevia constantemente em seus artigos que a liberdade de expressão é o principal pilar de um governo livre e, que quando esse apoio é retirado, a constituição de uma sociedade livre é dissolvida e a tirania é erguida em suas ruínas. E ainda acrescentou: “Se todas as impressoras estivessem determinadas a não imprimir nada até terem certeza de que não ofenderiam ninguém, haveria muito pouco para impressão”.

Crime de conclusão
Pois bem, nessa minha árdua tarefa de explicar o inexplicável para o norte-americano, no capítulo desta semana tive de acrescentar as absurdas censuras do TSE a veículos de imprensa no Brasil. Nas canetadas vermelhas do tribunal-jaboticaba, trechos da história de nossa política que são mostrados em documentários da Brasil Paralelo terão de ser excluídos. Segundo a corte, eles são verdadeiros, masPASMEM! — podem levar o telespectador a conclusões falsas! Não bastou o novo “crime de opinião”, criado recentemente por esses monstros jurídicos. Agora temos o “crime de conclusão”! Você vai ver fatos reais, ler notícias verdadeirasmas não pode tirar suas próprias conclusões, apenas aquelas que os deuses do olimpo eleitoral permitirem!

Ah! Não podemos também falar do conteúdo da delação de Marcos Valério à Polícia Federal em que ele descreve as ligações pra lá de próximas entre o PT e o PCC. E aproveitando a bondade da tirania eleitoral na feira de censura, essa semana o PT acionou novamente o puxadinho-companheiro do STF com um pedido de retirada de conteúdo do site do jornal Gazeta do Povo que explica assim como a Brasil Paralelo, com fatos históricos — a relação do ex-presidiário Lula com o ditador nicaraguense Daniel Ortega.  

O partido também quer a censura prévia para que o jornal seja impedido de fazer novas reportagens que demonstrem a ligação de Lula com ditadores. No início do mês de outubro, o ministro da corte eleitoral Paulo de Tarso Sanseverino (ou assessor de imprensa do PT, como queiram) já havia determinado a remoção do tuíte de uma notícia publicada pela Gazeta do Povo cujo título era: “Ditadura apoiada por Lula tira sinal da CNN do ar”.

Nas ações do partido mais corrupto da história do Brasil, os asseclas legais de Lula alegam que: “As publicações dessa natureza são compartilhadas e espalhadas em velocidade exponencial, de modo a aumentar significativamente o alcance das desinformações aos eleitores e às eleitoras, ampliando, desta forma, o impacto negativo das publicações objeto desta representação”. O partido também deseja “que o Twitter, o Instagram e provedores de internet adotem todas as providências cabíveis quanto ao ponto — de modo a excluir essas e outras publicações que também versem sobre a fantasiosa relação de Lula com o ditador Ortega”.

“…fantasiosa relação de Lula com o ditador Ortega”.

Nada para ver aqui. Circulando. Os laços entre o ditador nicaraguense e o líder do PT e do Foro de São de Paulo são apenas imaginação da sua e da minha cabeça. Aliás, o Foro de São Paulo foi, durante muito tempo, apenas uma invenção, uma teoria conspiratória, daquele velho doido que morava na Virginia, aquele tal de Olavo de Carvalho.  
Não leia o que está escrito no documento do movimento que o TSE pode não gostar. Eu vou deixar aqui um resumo do que está lá, mas leia por sua própria conta e risco.
Reunião de membros do Foro de São Paulo. O grupo apoia a eleições 
de candidatos de esquerda em qualquer lugar da América Latina - 
 Foto: Reprodução

Os objetivos iniciais do Foro de São Paulo estão expressos na “Declaração de São Paulo”, documento que foi aprovado no final do primeiro encontro, na cidade de São Paulo, em 1990: “(…) o objetivo do foro é aprofundar o debate e procurar avançar com propostas de unidade de ação consensuais na luta anti-imperialista e popular, promover intercâmbios especializados em torno dos problemas econômicos, políticos, sociais e culturais que a esquerda continental enfrenta após a queda do muro de Berlim”. O documento afirma que o encontro foi inédito por sua amplitude política e pela participação das mais diversas correntes ideológicas da esquerda. A declaração também diz encontrar “a verdadeira face do Império” nas renovadas agressões a Cuba e também à Revolução Sandinista na Nicarágua, no aberto intervencionismo e apoio ao militarismo em El Salvador, na invasão e ocupação militar norte-americana do Panamá, nos projetos e passos dados no sentido de militarizar zonas andinas da América do Sul sob o pretexto de lutar contra o “narcoterrorismo”. E, assim, eles reafirmam sua solidariedade em relação à Revolução Cubana e à Revolução Sandinista, como seu apoio em relação às tentativas de desmilitarização e de solução política da guerra civil de El Salvador, além de se solidarizarem com o povo panamenho e com os povos andinos que “enfrentam a pressão militarista do imperialismo”.

Ok, é um documento do Foro de São Paulo que liga a esquerda em toda a América Latina. Ah, mas dizer que há uma relação de Lula com o ditador Daniel Ortega? Ah! Não… isso é coisa da cabeça de quem só quer sujar a reputação do ilibado ex-presidiário que também foi acusado, por mais de uma vez, por Mara Gabrilli, vice na chapa de Simone Tebet que hoje apoia Lula de estar envolvido diretamente no assassinato de Celso Daniel. [Ana, a do vôlei,  concluímos a leitura;  só que surgiu uma dificuldade: a quem devemos perguntar que conclusão devemos tirar da leitura?]

(Imaginou agora minha dificuldade em explicar a política do Brasil?)

Lula e Ortega
A desejada censura neste caso — com a ajuda do TSE e Alexandre de Moraes — se faz necessária porque os fatos que ligam Lula a Ortega são muito claros. 
Mais claro ainda é o regime totalitário do companheiro do PT que agora persegue e prende padres, freiras, persegue cristãos e fecha igrejas no país. A ditadura da Nicarágua está criminalizando a democracia, e a violência à qual os nicaraguenses estão sendo submetidos também está alimentando a migração ilegal desenfreada para os EUA, ajudando a causar a maior crise migratória da história norte-americana. 
Por que Lula não quer ser visto com o companheiro Ortega? 
Seria porque na Nicarágua de Ortega as empresas são extorquidas por policiais mafiosos, líderes católicos são perseguidos por apoiarem a democracia, moradores de todas as nacionalidades são detidos e condenados por décadas e organizações da sociedade civil foram fechadas? 
Ou porque essa dinastia familiar — assim como outra dinastia familiar companheira de Lula, os Castros — criminalizou a democracia, garantindo que a liberdade de expressão, a de participação política, movimento e crenças sejam legalmente eliminadas? Daniel Ortega e sua família transformaram a Nicarágua em um Estado pária.

O regime do amigo e parceiro de Lula eliminou todas as formas de pluralismo político e social. Cerca de 2 mil organizações sem fins lucrativos foram extintas por causa da proibição de liberdade de associação. Essas organizações trabalhavam em projetos de desenvolvimento social muito necessários, sendo que metade delas era focada na educação. As perdas materiais — em um país onde as crianças têm poucas oportunidades e a educação média está abaixo da 4ª série — chegam a pelo menos US$ 200 milhões por ano. Quase 60 organizações internacionais sem fins lucrativos também foram extintas e expulsas do país, afetando quase 1 milhão de beneficiários. No entanto, o impacto não é apenas material, mas ideológico. O regime redefiniu as regras da educação, subordinando o ensino à total obediência à ditadura, banindo livros, literatura e reescrevendo a história. Aqueles que desviarem do caminho imposto e ditado por Ortega são excluídos dos “direitos” aos serviços públicos (incluindo o acesso à saúde) e podem ser julgados por atos criminosos de conspiração contra o Estado.

As consequências do que o amigo do PT vem fazendo são terríveis para os nicaraguenses, que, através da imigração, fogem de maneira desesperada para os Estados Unidos. Desde 2018, pelo menos 200 mil pessoas escaparam da Nicarágua (em um cálculo conservador, quase 5% de sua população), especialmente após a fraude eleitoral em novembro de 2021. O inepto governo de Joe Biden testemunhou em primeira mão os ataques à imprensa, a autoridades religiosas, independência eleitoral, liberdade acadêmica e pluralismo, bem como ataques aos Estados Unidos. Dentre os vários mantras pregados por Ortega, o ditador acusa os Estados Unidos de conspirarem contra o regime. A resposta dos EUA incluiu sanções a 22 funcionários do governo de nível médio e menos de 100 tuítes condenando a repressão. Sim, tuítes… (Saudades do laranjão?)

Mas a caótica situação humanitária não é suficiente para um tirano que se preze. O revolucionário sandinista que se tornou ditador nunca foi favorável à Igreja Católica. A perseguição aos cristãos tem sido uma ocorrência comum em grande parte do Oriente Médio e na China, mas uma perseguição igualmente virulenta está exatamente sob o domínio do amigo de Lula — e com mínima atenção global.

Até hoje, os católicos espalhados pelo mundo, e atônitos diante das barbáries cometidas contra seus irmãos e irmãs na Nicarágua, aguardam uma palavra firme do papa Francisco contra as ações do ditador amigo de Lula

A Igreja Católica tem sido alvo comum de desprezo e acusações de minar o regime de esquerda, apesar das sementes firmemente plantadas da teologia da libertação e do ativismo pró-esquerda na Nicarágua. Ortega, que voltou ao poder em 2007 depois de governar a Nicarágua por mais de uma década na década de 1980, nunca foi favorável à Igreja Católica. Desde que o clero emprestou seu apoio aos manifestantes estudantis em 2018, no entanto, seu governo aumentou significativamente a perseguição contra qualquer setor da sociedade civil que se atreva a falar.                 E os católicos do país resolveram romper o silêncio para tantas barbaridades. Claro que por um preço alto. Até junho deste ano, Ortega mantinha mais de 200 presos políticos.

Perseguição aos católicos
Desde 2018, a Igreja Católica na Nicarágua enfrentou mais de 190 ataques distintos, desde incêndios criminosos, ataques paramilitares do governo e o exílio de proeminentes padres e figuras religiosas críticas ao regime de Ortega. 
Um total de 18 freiras católicas das Missionárias da Caridade foram destituídas de seu status legal em 28 de junho e escoltadas pela polícia para fora da Nicarágua e para o exílio na vizinha Costa Rica sob acusações de subversão política e apoio ao terrorismo. Em um relatório recente do Observatório Pró-Transparência e Anticorrupção, um grupo da sociedade civil da América Latina, a advogada Martha Patricia Molina Montenegro afirmou que o regime de Ortega “iniciou uma perseguição indiscriminada contra bispos, padres, seminaristas, religiosos, grupos leigos e a tudo o que tenha relação direta ou indireta com a Igreja Católica”.

Em resposta aos esforços da Igreja Católica para mediar os protestos em 2018 e defender os diretos civis, Ortega e seus aliados rotularam a igreja como “comprometida com os golpistas e parte do golpe”. Silvio Baez, monsenhor e um crítico proeminente do regime, foi forçado a fugir do país em 2019 depois de receber um telefonema da Embaixada dos EUA avisando-o de uma iminente tentativa de assassinato. Baez já havia sido espancado e esfaqueado por agressores desconhecidos. Antes de conseguir sair do país, ele recebia constantes telefonemas ameaçadores que falavam em tortura e morte. A Igreja Católica e seu clero têm sido críticos da corrupção e da violência do governo já há alguns anos, mas desde 2018 a violência tem sido mais direcionada, como visto pela situação com Baez. Embora os protestos que originalmente estimularam a repressão do governo nicaraguense tenham sido reprimidos em sua maior parte, o regime de Ortega continua a atacar a Igreja e seus crentes em uma busca para expurgar toda e qualquer dissidência.

O episódio mais recente dessa perseguição foi a prisão do monsenhor Rolando José Álvarez, bispo de Matagalpa, que está em prisão domiciliar desde 4 de agosto, quando a polícia da ditadura Ortega o impediu de ir à Catedral para celebrar a missa. Como alguns andam querendo apagar ou reescrever as páginas da história, não custa apontar que não é a primeira vez que acontece todo esse pesadelo na Nicarágua. A marca local do comunismo, através do sandinismo, já perseguia os cristãos na década de 1980. Em 2003, Ortega pediu desculpas por isso quando estava na oposição. Uma vez que ele voltou ao poder, o líder comunista recuperou a campanha anticatólica. Parece familiar? Alô, Brasil!!

João Paulo II
Para quem me acompanha aqui em Oeste ou em outras mídias, faço sempre questão de expressar meu mais profundo respeito àquele que foi, em minha opinião, não apenas um líder religioso de histórica magnitude, mas um dos homens mais importantes da humanidade: o papa João Paulo II. E foi exatamente na Nicarágua que o santo pontífice demonstrou sua coragem e seu propósito. Em 4 de março de 1983, o papa pousou em Manágua para uma visita oficial. As autoridades da Junta Governativa Sandinista esperavam pelo líder religioso, incluindo o coordenador da junta, Daniel Ortega, e sua esposa, Rosario Murillo. O papa polonês havia chegado ao país que estava em uma época em que seus cidadãos estavam à beira de uma guerra civil.

No aeroporto, havia uma faixa que dizia “Bem-vindo à Nicarágua livre graças a Deus e à revolução”. Nesse cenário, Ortega fez um discurso de apoio ao regime sandinista. João Paulo II cumprimentou as demais autoridades que o esperavam, bem como Ernesto Cardenal, padre e ativista marxista da teologia da libertação que ocupava um importante cargo público como ministro da Cultura do regime, algo incompatível com o ministério dos padres católicos.

Papa João Paulo II, no Vaticano em 1991 | Foto: Wikimedia Commons

Quando Joao Paulo II chegou aonde Cardenal estava, o marxista tirou sua boina e ajoelhou para beijar o anel do pontífice. Joao Paulo II não deixou que ele beijasse o anel e, com dedo em riste, chamou a atenção, em absoluto tom de reprovação, do ativista disfarçado de padre. O vídeo correu o mundo logo após seu discurso de chegada em que o papa disse que “em nome Daquele que deu sua vida por amor pela libertação e redenção de todos os homens, desejo dar minha contribuição para que cesse o sofrimento dos povos inocentes desta região do mundo”.

Na época, Cardenal era um dos quatro padres que trabalhavam para o regime. Ele e seu irmão, o jesuíta Fernando Cardenal, serviam ao governo revolucionário sandinista além de Miguel d’Escoto, como ministro das Relações Exteriores, e Edgar Parrales, um diplomata. Cardenal acreditava que seu serviço como ministro da Cultura era uma extensão de seu ofício sacerdotal. João Paulo II, que viu e viveu de perto as dores do comunismo, discordava veementemente e fez questão de não esconder isso — mesmo em público.

O corajoso ato de Joao Paulo II foi uma prévia do restante da viagem do papa. Ele também não escondeu sua oposição ao governo sandinista que pregava a integração dos ideais cristãos e marxistas (absolutamente incompatíveis!), e sua desaprovação daqueles cristãos, como Cardenal — que, abjetamente, viram na revolução nicaraguense uma oportunidade para promover a nefasta doutrinação marxista através da “caridade”.

Quando os padres do governo da Nicarágua recusaram a exigência do papa de que deixassem seus cargos, eles foram excomungados e privados de suas faculdades sacerdotais. No caso de Cardenal, essa situação continuou até 2020, quando o papa Francisco lhe concedeu a “absolvição de todas as censuras canônicas”. Até hoje, os católicos espalhados pelo mundo, e atônitos diante das barbáries cometidas contra seus irmãos e irmãs na Nicarágua, aguardam uma palavra firme do papa Francisco contra as ações do ditador amigo de Lula.

A visita de João Paulo II à Nicarágua, em 1983, deixa lições até hoje — principalmente para o Brasil, que enfrenta a tentativa de total ruptura de um possível estado de ordem e liberdades, mesmo com a atual insegurança jurídica perpetuada pelo STF, a um absoluto caos revolucionário proporcionado pela possível volta do lulocomunismo ao poder. Durante a homilia de João Paulo II em Manágua, além dos fiéis aplaudindo o papa, grupos de sandinistas também gritavam slogans a favor de sua revolução: “Entre o cristianismo e a revolução não há contradição”, “Poder ao povo”, “O povo unido nunca será vencido”, “A Igreja do povo” e “Queremos a paz” foram algumas das palavras de ordem que gritavam.

Os gritos enfureceram o papa, que pediu silêncio mais de uma vez e finalmente lhes disse: “Silêncio. A Igreja é a primeira a querer a paz”. João Paulo II então saiu do roteiro e disse: “Cuidado com os falsos profetas. Eles se apresentam em pele de cordeiro, mas por dentro são lobos ferozes”.

Ah, santo homem… que falta o senhor faz entre nós.

João Paulo II tinha um profundo amor pelo Brasil. João de Deus, nessa hora de aflição e medo do mal que pode devorar nossa nação e nosso futuro, rogai por nós.

Leia também “A proteção à vida em 2023”

Ana Paula Henkel (@AnaPaulaVolei

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste

 


terça-feira, 9 de agosto de 2022

O Brasil na encruzilhada - Revista Oeste

Silvio Navarro

Ponto a ponto, os caminhos opostos que o país pode tomar com a reeleição de Bolsonaro ou com a retomada do projeto de poder do PT

 Na terça-feira 2, o site de Oeste foi um dos poucos no país a registrar um dado impressionante: o Brasil vai receber R$ 3 trilhões em investimentos por meio de concessões e privatizações em até dez anos. 
É o resultado previsto no plano de voo do ministro da Economia, Paulo Guedes. Mas não há garantias. 
Depende de quem o eleitor vai eleger nas eleições de outubro deste ano.

Lula e Jair Bolsonaro | Foto: Revista Oeste/Ricardo Stuckert/Marcos Corrêa/PR
Lula e Jair Bolsonaro | Foto: Revista Oeste/Ricardo Stuckert/Marcos 
Corrêa/PR 
 

Os investimentos privados obtidos por meio de concessões e privatizações são só um exemplo do que separa os modelos de Estado em jogo nas urnas. Em linhas gerais, “mais ou menos Estado”. Os recursos já compromissados vão alavancar as áreas de energia, transporte, saneamento e telecomunicações. A lista tem 900 projetos para rodovias, trilhos e portos.  

Somam-se a ela projetos mais ambiciosos, como a privatização da Petrobras, de outros gigantes estatais e o que fazer com bancos públicos.


Na atual administração, o governo arrecadou R$ 300 bilhões com desinvestimentos e venda de empresas, segundo levantamento do site Poder360. A maior delas foi a Eletrobras — outorga de R$ 67 bilhões.

No ano passado, as empresas estatais tiveram lucro líquido de R$ 188 bilhões, revertendo um longo ciclo de prejuízos puxados por Infraero, Correios, Eletrobras e Petrobras pilhada por corrupção, como a Lava Jato descobriu. Na era petista, o déficit foi de R$ 40 bilhões.


Outra novidade implementada foi a montagem de um inventário com milhares de imóveis públicos, no valor de R$ 1,5 trilhão. Boa parte deles está colocada à venda desde 2020 — vão gerar R$ 100 bilhões até dezembro.

Enxugar o Estado é um processo lento — e burocrático. A atual administração esbarrou em entraves, especialmente na resistência do Congresso Nacional. A reforma administrativa, que mexe com o funcionalismo público, empacou. A votação da Eletrobras foi a mais difícil articulação na Câmara desde a Reforma da Previdência. Neste ano, uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) precisou ser aprovada na Câmara para vender terrenos da Marinha, resquícios do Brasil colonial. Áreas na costa marítima e em margens de rios e lagoas eram reservadas à Coroa Portuguesa.

O feirão de imóveis da União

Defesa do inchaço
As diretrizes da campanha de Lula vão na contramão de tudo isso. O texto que aponta o rumo que os petistas almejam fala em “recompor o papel indutor e coordenador do Estado e das estatais”. Aliados do ex-presidente afirmam abertamente que pretendem rever privatizações e concessões recentes, como a da Eletrobras, e impedir a venda dos Correios.“Nos opomos fortemente à privatização em curso da Petrobras e da Pré-Sal Petróleo S.A. A Petrobras será colocada de novo a serviço do povo brasileiro e não dos grandes acionistas estrangeiros (…) O pré-sal será novamente um passaporte para o futuro” (plano de governo do PT).
 
Pibinho do Mantega e rombo da Dilma

A distância entre as agendas de Paulo Guedes e as dos gurus da campanha petista, Aloizio Mercadante e Guido Mantega, não para por aí. O PT pretende revogar a Reforma Trabalhista feita na gestão de Michel Temer, recuperar os sindicatos e impor um novo regime fiscal. O teto de gastos públicos é alvo de ataques do próprio ex-presidente, que defende o inchaço da máquina e o manejo do Orçamento sem rédeas.


Historicamente, o partido é contra a autonomia do Banco Central, um avanço do governo atual os dirigentes do banco agora têm mandatos de quatro anos, que não coincidem com o do presidente da República. Em 2014, a mais famosa peça de campanha de Dilma Rousseff, elaborada pelo marqueteiro do Petrolão, João Santana, mostrava um banqueiro retirando um prato de comida da mesa de uma família.

A “onda vermelha”
O modelo de negociações internacionais também mudou na administração Bolsonaro. O país deixou de privilegiar o socorro a países comunistas, como Cuba e Venezuela, e negociações com o Mercosul, organização em franca decadência no continente. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) era uma verdadeira “caixa-preta” na era petista. Cuba, Venezuela e Moçambique devem mais de US$ 1,5 bilhão ao banco.

No ano passado, mesmo com o impacto global da pandemia, o Brasil atingiu uma corrente comercial de US$ 500 bilhões. As exportações bateram US$ 280 bilhões. “O superávit, num cenário de guerra comercial, foi de US$ 61 bilhões”, afirmou Marcos Troyjo, ex-secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia no governo Bolsonaro. “Isso vai crescer mais neste ano, pela performance dos cinco primeiros meses. Mostra que, além do cenário interno, temos vocação para crescer no exterior. Somos um dos cinco principais destinos de investimento direto. Temos a maior corrente comercial da história.”

Para o consórcio de imprensa que apoia Lula, se eleito, a resposta seria a censura de conteúdos publicados em suas próprias plataformas — batizada de “regulação da mídia”

Em junho, o governo comemorou o aval para integrar a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Já a esquerda tem usado à exaustão o discurso de que há uma onda vermelha em curso na América Latina e que isso pode aproximar o país dos vizinhos. De fato, há uma maré de esquerda nos arredores. Mas por que o Brasil se beneficiaria de economias em espiral de ruína?

A Argentina é o maior problema na extensa lista. A dupla Alberto Fernández e Cristina Kirchner tem feito acenos constantes a Lula. 
O petista foi, inclusive, estrela de um ato em Buenos Aires no ano passado, ao lado do folclórico José Mujica, do Uruguai. 
Cristina vai concorrer à Presidência no ano que vem e um eventual socorro brasileiro é a única carta para achar uma saída ante a maior crise econômica da história. 
Os platinos não têm mais reservas nem crédito internacional e o país é o maior devedor do Fundo Monetário Internacional (FMI).

O Brasil “despiorou”

 

15 mil ONGs
O programa de governo do PT tem ainda outras propostas para desconstruir parâmetros da sociedade em pouco tempo. Por exemplo: uma agenda para impor a tal linguagem neutra nas escolas as crianças vão assassinar a língua pátria com o “todes” — e o uso de banheiros sem sexo definido
Isso foi instituído na Argentina na semana passada. 
Também é o caso do aborto, liberado no país vizinho, ou como na Colômbia, com até seis meses de gestação.

A cartilha divulgada pelo PT em junho fala em “assegurar às mulheres o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos”. A proibição do aborto é um dos temas mais caros para Bolsonaro, cuja base eleitoral reúne a maioria das igrejas evangélicas e os conservadores. O PT ainda sugere um plano robusto de imposição de cotas raciais que extrapole as universidades federais e os concursos públicos. Não há detalhes de como essas cotas seriam exigidas na iniciativa privada.[vale lembrar que em novembro próximo o Congresso Nacional vai rever a política de cotas, com grandes possibilidades de serem abolidas = passando a valer o MÉRITO.]

Engana-se quem acha que as disparidades param por aí. A gestão de florestas e a expansão do potencial agrícola e de mineração são temas sensíveis. O ativismo ambiental da esquerda, que sustenta 15 mil ONGs na Amazônia, entrou em pane com a falta de verbas públicas desde a chegada de Bolsonaro ao Palácio do Planalto
 A coisa piora quando se mexe num vespeiro chamado “terras indígenas”.
 
O país tem hoje 1,2 milhão de quilômetros quadrados de áreas destinadas aos povos indígenas. Nesse espaço somado, vivem 517 mil dos 818 mil índios brasileiros — um índio por quilômetro quadrado.  
O restante que se declara indígena está espalhado pelo território. Para ilustrar o que significa essa área, é algo como os territórios de Mato Grosso e Tocantins somados. Ou a fusão da França com a Inglaterra, para uma população menor do que São Bernardo do Campo (SP) ou Nova Iguaçu (RJ).


O “Ministério do Índio”
A proposta de Bolsonaro, que irrita ativistas pelo mundo, do funcionário da Fundação Nacional do Índio (Funai) ao ator Leonardo DiCaprio, é rever parte das demarcações dessas terras, incorporando-as às novas fronteiras agrícolas.  
Já Lula prometeu no mês passado criar o Ministério do Índio. 
Não é preciso dizer que a ideia ganhou o coração do consórcio de imprensa e da Comunidade Europeia.

Para o consórcio de imprensa que apoia o retorno de Lula, se eleito, a resposta seria a censura de conteúdos publicados em suas próprias plataformas e nas redes sociais — batizada de “regulação da mídia”. Trata-se de algo que o PT já tentou tirar do papel duas vezes. A primeira delas ocorreu no início do governo de Lula, com um Conselho Federal de Jornalismo. O projeto de José Dirceu e Luiz Gushiken acabou não vingando, porque os jornais fizeram forte mobilização. Depois, Franklin Martins deixou outra ameaça redigida na mesa de Dilma Rousseff, que não quis arriscar sua já enxovalhada popularidade.

Faltam menos de dois meses para o primeiro turno das eleições. O Brasil está diante de uma encruzilhada.

Leia também “A bandeira do consórcio da imprensa”

Silvio Navarro, colunista - Revista Oeste

 

sexta-feira, 15 de julho de 2022

Se eleito, Lula vai censurar a imprensa e desde já mostra como - Gazeta do Povo

J.R. Guzzo

De tudo o que Lula promete que vai fazer de ruim para o Brasil e para os brasileiros, caso seja eleito para a presidência da República na próxima eleição, nada está tão claro, desde hoje, como a censura à imprensa.  
Lula faz questão de dizer isso em público; na verdade, garante que a guerra oficial contra a liberdade de expressão será uma das “prioridades” do seu governo. Ele e o PT não dizem que querem a censura, é claro falam em “controle social da mídia”, mas é exatamente a mesma coisa, em termos práticos. Trata-se aí, unicamente, de impedir a circulação de notícias, de opiniões ou de qualquer coisa que o governo não queira que se publique. Fazer isso é censurar


                          Foto: EFE/Joédson Alves

Na verdade, a esquerda organizada em torno do ex-presidente já está dando uma prévia de como seu governo vai agir nessa área. Um grupo que se apresenta como “movimento dos sem-teto”, em São Paulo, fez um comício de protesto nas portas da rádio Jovem Pan; 
não admitem que a emissora, onde Lula é abertamente criticado, diga as coisas que está dizendo. 
Inventaram que estavam protestando contra o “machismo” do noticiário da Jovem Pan - por conta da cobertura sobre um episódio de estupro. Conversa. O que eles, a esquerda em geral e o PT não toleram na Jovem Pan é a sua postura de independência
Ao contrário do que faz quase toda a mídia brasileira, Lula é tratado ali não como o santo que vai “salvar o Brasil”, mas como quem ele realmente é: um condenado na justiça pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, em três instâncias e por nove juízes diferentes.

Ele e o PT não dizem que querem a censura, é claro – falam em “controle social da mídia”, mas é exatamente a mesma coisa, em termos práticos

Lula quer proibir que se diga isso; quer proibir, na verdade, que se diga um monte de coisas, do passado e do presente. 
Hoje ele manda militantes profissionais às portas dos veículos de comunicação, tentando calar a voz de quem discorda do PT e dele mesmo. Amanhã, vai usar o “controle social da mídia” e a força do governo para fazer isso
 
Vai ter o apoio do Supremo Tribunal Federal, das elites e da maioria dos próprios jornalistas e donos dos órgãos de imprensa – que no Brasil, por razões ideológicas e de outras naturezas, são contra a liberdade de expressão, em vez de serem a favor. Vão receber de Lula, com certeza, a censura que estão pedindo.
 
J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
 
 

terça-feira, 5 de julho de 2022

O silêncio ensurdecedor da imprensa sobre a ligação do PT com o PCC - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino

A revista Veja divulgou semana passada a delação de Marcos Valério, o operador do esquema corrupto petista, em que a ligação entre o PT e o PCC é revelada, além de um caixa clandestino de R$ 100 milhões que ele movimentava para a quadrilha disfarçada de partido.

Ligações entre o PT e o crime organizado não chegam a surpreender ninguém minimamente atento. 
Lula fundou com o tirano Fidel Castro o Foro de SP, que sempre defendeu a narcoguerrilha sequestradora na Colômbia. 
 Lula chama marginal de "menino" e pediu a soltura de sequestradores
O Comando Vermelho não tem esse nome em homenagem a cor do sangue
Um vereador petista de SP é denunciado por lavar dinheiro do PCC em operação de ônibus. 
O contador de Lula era também responsável por lavar dinheiro do PCC, segundo denúncia. 
Quanta coincidência, não? A esquerda radical e o crime organizado sempre dividiram afinidades ideológicas e pragmáticas.
 
O que mais chamou a atenção, portanto, foi a reação da imprensa
Os principais veículos de comunicação preferiram basicamente ignorar a revelação de Valério.  
É como se o elo com a maior organização criminosa do país não tivesse qualquer importância, sendo que Lula é o favorito nas pesquisas. 
Para derrubar Bolsonaro, os nossos "jornalistas" agem como cúmplices até de mafiosos!

A deputada Bia Kicis desabafou: "O PT é um partido com seus tentáculos no crime. Precisa ser varrido da história do país e não voltar ao Poder.Está tudo aí e nas diversas delações que vem sendo a anuladas ou ignoradas. Criminosos não podem gerir o país. Isso é antidemocrático e anti republicano, além de imoral".

O jornalista Silvio Navarro, autor de um livro sobre o assassinato de Celso Daniel, comentou: Marcos Valério pegou 37 anos de prisão só no mensalão (tem outras condenações). Foi jogado numa cadeia em Minas e apanhou muito (entre outras coisas). Agora ele quer falar. Não é o caso de uma CPI? Uma CPI do Crime (PT-PCC) poderia reexaminar a operação policial batizada “Operação Cruzada”
Ouvir o MP de Presidente Venceslau e de Santo André. 
Ouvir Ronan Maria Pinto e Silvio Pereira. 
Só eu acho que é bomba CPI do “PT-PCC”, com caso Celso Daniel (empresas de ônibus e Ronan Maria Pinto/Klinger de Oliveira Souza)? Vão descobrir muita coisa.

Leandro Ruschel também denunciou o silêncio cúmplice da mídia: "Já faz 4 dias que vazou a delação de Marcos Valério, associando o PT ao PCC, relacionando com a morte de Celso Daniel, e a Globo, Folha e Estadão, a linha de frente do "Consórcio", não publicaram uma única linha sobre o assunto. Passou da negligência, é cumplicidade, mesmo".

Mas o que quer a esquerda radical nesse momento? Mais uma CPI circense, dessa vez sobre o MEC, apesar de a prisão do ex-ministro Milton Ribeiro já ter sido derrubada no dia seguinte pelo desembargador Ney Bello, mostrando que o juiz agiu de maneira um tanto politizada. A esquerda não tem qualquer compromisso com a ética, com a realidade. Não demonstra qualquer senso de proporção ou prioridade. Os laços da extrema esquerda com o crime são antigos e conhecidos. Há farto material sobre isso.

Não obstante, nossos militantes disfarçados de jornalistas não querem investigar nada disso.  
Não querem sequer repercutir as denúncias de gente de dentro dessas quadrilhas, como o deputado do partido de Evo Moralles que denunciou o financiamento do narcotráfico às campanhas deles.  
O braço direito do ditador Nicolás Maduro é notório traficante. 
Cuba virou hub do tráfico de drogas internacional e do terrorismo sob os Castro. 
Quem pode fingir surpresa quando o assunto é a ligação do comunismo com o tráfico de drogas?!

É lamentável o esforço de nossa velha imprensa para ocultar tudo isso do público e ajudar o líder da quadrilha petista voltar ao poder no Brasil.

Rodrigo Constantino,  colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

domingo, 19 de junho de 2022

A nova histeria da esquerda - Revista Oeste

Foto: Shutterstock
Foto: Shutterstock

Quando se trata de obter notícias sobre governo e política, existem diferenças ideológicas gritantes nas fontes de informação que os norte-americanos usam. Em uma pesquisa antes da histórica eleição presidencial norte-americana de 2016, quando, inesperadamente, Donald Trump ganhou o tíquete para sentar no Salão Oval na Casa Branca, os entrevistados foram perguntados a qual meio de comunicação eles recorriam com maior frequência para notícias sobre governo e política. As menções mais frequentes eram duas redes a cabo: CNN e Fox News. De lá para cá, as diferenças ideológicas se tornaram mais acirradas, a confiança em uma única fonte aumentou e a polarização política foi anabolizada.

Aqueles com valores políticos conservadores são orientados em torno de um único meio a Fox News — em grau muito maior do que em qualquer outro grupo ideológico. Numa pesquisa de 2014, quase metade daqueles dos conservadores nomeou a Fox como sua principal fonte para questões políticas. 
Os canais de rádio ocuparam o segundo lugar, com Dennis Prager, Sebastian Gorka e Larry Elder. O hoje famoso âncora da Fox News, Sean Hannity, ganhou seu próprio show no canal de televisão depois do sucesso absoluto de seus programas no rádio. À esquerda, as opções são variadas, com CNN, NPR, MSNBC e New York Times no topo da lista.
 
O viés ideológico é uma das grandes preocupações de todos os norte-americanos com relação à mídia. 
A maioria deles, contudo, acredita que o viés esquerdista é predominante e pernicioso. 
De acordo com uma pesquisa Gallup de 2017, feita logo depois da vitória de Trump sobre Hillary, 64% dos norte-americanos acreditavam que a mídia favorecia o Partido Democrata — em comparação com 22% que disseram acreditar que favorecia o Partido Republicano. A consternação com o viés esquerdista na grande mídia é desenfreada, abrindo caminho para comentários de especialistas políticos e acadêmicos sobre o atual estado da imprensa.

Mas, em uma era em que as redes sociais desempenham um papel importante na desconstrução de falácias e roteiros ensaiados por alguns veículos, para onde correr quando o assunto é apenas notícias, sem viés ideológico nem distorções?

Pedágios ideológicos
No Brasil, sabemos que o solo é árido e a terra quase seca quando o assunto passa a ser fontes conservadoras de notícias, que apresentam os fatos como eles são e depois debruçam-se em análises sérias, doa a quem doer.  
Durante muito tempo, os brasileiros foram acostumados a engolir sem muitos questionamentos o que o Jornal Nacional colocava na mesa. Hoje, diante de milhões de agências checadoras nas palmas de nossas mãos, não é difícil entender por que o outrora consagrado programa se tornou obsoleto. 
Seu antigo poder de mudarou manter — opiniões dos telespectadores não existe mais. A influência de grandes grupos na decisão de um voto, como Globo e CNN, atualmente é quase nula. A torcida engoliu as opiniões sérias, e a velha imprensa se tornou apenas mais um partido político de oposição ao atual governo.

Mas o preço chega para esse ativismo tosco em que “fascistas e nazistas” passeiam pelo Brasil e pelos Estados Unidos com as bandeiras de seus países e “a democracia está a um passo da destruição”. Nos Estados Unidos, por exemplo, depois de apenas um mês no ar, um movimento surpreendeu os mundos da mídia e da tecnologia. A Warner Bros. Discovery encerrou todas as operações da CNN+ depois de um investimento astronômico no canal para assinantes. A paralisação dos serviços depois de tão pouco tempo foi um fim ignominioso para uma operação na qual a CNN investiu centenas de milhões de dólares.

Enquanto no Brasil há pouquíssimas fontes para esse jornalismo factual, nos Estados Unidos as coisas são um pouco diferentes

O canal entrou em colapso apenas dois dias depois que a Netflix divulgou um declínio trimestral nas assinaturas pela primeira vez em uma década, um possível sinal de alerta para grandes empresas de mídia que se juntam ao campo cada vez mais lotado de serviços de streaming aliados a vieses políticos ou agendas ideológicas. O fim abrupto da CNN+, bem como a projeção da Netflix de que perderá mais 2 milhões de assinantes nos próximos três meses, levantou questões sobre quantas pessoas estão dispostas a pagar por vários serviços de streaming, bem como quão lucrativas essas empresas podem se tornar nos próximos anos pagando todos os possíveis e imaginários pedágios ideológicos existentes no planeta.

Vale o fato
Quando um juiz conservador é nomeado para a Suprema Corte dos Estados Unidos, os detratores gostam de dizer que ele é “conservador” demais, com posições retrógradas e ultrapassadas. 
Na verdade, juízes conservadores na América são conhecidos por um único ponto: seguir à risca a Constituição e a letra fria das leis.        Para o juiz norte-americano Antonin Scalia, um magistrado deve apenas aplicar a lei, jamais legislar ou atuar sem ser provocado. 
Nomeado pelo quadragésimo presidente norte-americano, Ronald Reagan, Scalia serviu à Suprema Corte dos Estados Unidos de 1986 até pouco antes da sua morte, em 2016. Era considerado um dos pilares jurídicos e intelectuais do originalismo e textualismo na defesa da Constituição dos Estados Unidos. Ou seja, vale o que está escrito. Sem ativismo, sem política. Como deveria ser também com o jornalismo. Vale o fato.

Enquanto no Brasil há pouquíssimas fontes para esse jornalismo factual, e aqui expresso minha honra em poder fazer parte de duas dessas fontes nossa Revista Oeste e o programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan —, nos Estados Unidos as coisas são um pouco diferentes. É claro que não é difícil encontrar facilmente conteúdo conservador on-line, mas pode ser difícil encontrar fontes que forneçam informações confiáveis. Algumas publicações são simplesmente destinadas a chamar sua atenção e dar cliques, enquanto outras são dedicadas a realmente educá-lo sobre tópicos relevantes.

A National Review continua sendo o principal destino do pensamento conservador e é um dos principais sites de informações sobre política externa. A revista foi fundada pelo autor William F. Buckley Jr., em 1955, e, desde a sua fundação, tem desempenhado um papel significativo no desenvolvimento do conservadorismo nos Estados Unidos, ajudando a definir suas fronteiras e promovendo fusões, enquanto se estabelece como voz de liderança na direita norte-americana.

O The Blaze, site do experiente jornalista Glenn Beck, apresenta notícias de última hora, comentários exclusivos e outros conteúdos independentes criados e entregues em formato de revista de notícias, muitas vezes acompanhados de vídeos. Esta publicação se orgulha de ser patriótica e objetiva.

O Red State, originalmente fundado por Erik Erickson, oferece artigos de opinião conservadores exclusivos e únicos em um formato de estilo blog. O conhecido grupo organiza uma reunião todos os anos. Políticos e aspirantes a candidatos presidenciais costumam participar para tentar convencer os conservadores a votar neles.

Uma combinação de notícias e opiniões, o LifeSiteNews.com cobre regularmente tópicos como família, fé e liberdade. Esta publicação não se esquiva de falar sobre as questões da eutanásia, pesquisa com células-tronco, bioética e aborto e é conhecida por destacar ativistas pró-vida em todo o país. As histórias também estão disponíveis em boletins diários.

O The Federalist se concentra em três temas principais: cultura, política e religião. Esta publicação produz um conteúdo único e mais objetivo do que um site de notícias comum e, embora ainda de tendência conservadora, segue a linha “Scalia”. Facts fisrt.

Embora o blog American Thinker não o surpreenda com gráficos, vídeos chamativos ou um lado multimídia apelador, ele o surpreenderá com muito conteúdo de opinião conservadora. O American Thinker publica informações exclusivas que não podem ser encontradas em nenhum outro lugar, geralmente de norte-americanos com antecedentes políticos impressionantes, uma opinião e um teclado. Esta publicação também convida os leitores a participarem de discussões sérias.

Fundado em 2012, o Washington Free Beacon oferece uma ampla variedade de conteúdo novo que inclui jornalismo investigativo exclusivo e sátira mordaz. Embora o veículo ofereça regularmente informações sólidas e risos, ele se aproxima mais do jornalismo opinativo.

O The Daily Wire é um site de notícias fundado em 2015 pelo comentarista político Ben Shapiro. Hoje já é a segunda editora mais popular no Facebook e produz podcasts como The Ben Shapiro Show. Muitas histórias do Daily Wire visitam o jornalismo de organizações de notícias tradicionais do passado, ao mesmo tempo em que adicionam opiniões conservadoras embasadas em princípios do conservadorismo norte-americano. As “agências checadoras” de fatos disseram que algumas histórias compartilhadas pelo veículo não podem ser verificadas e que o Daily Wire muitas vezes deturpa os fatos para promover uma visão partidária. Se as agências de checagem estão incomodadas, é sinal de que estão no caminho certo.

Outro campeão de brigas com as tais “agências de checagem” é o Daily Caller, fundado por Tucker Carlson, campeão absoluto de audiência na Fox News. Aliás, os números de seu programa diário, Tucker Carlson Tonight, já são há algum tempo inatingíveis para qualquer concorrente, seja na TV a cabo, seja na TV aberta no horário. Depois de Tucker levantar US$ 3 milhões em financiamento, o site Daily Caller nasceu, em 2010, como uma “resposta conservadora ao The Huffington Post, apresentando seções em uma ampla gama de assuntos além da política.

Em uma entrevista de 2010 com a Columbia Journalism Review, Tucker Carlson descreveu o público potencial do The Daily Caller como “aqueles que desconfiam das organizações de notícias convencionais”. Carlson disse que a cobertura de eventos políticos importantes o surpreendia sempre por sua estupidez.

Não são apenas os partidos de oposição ao atual governo no Brasil — incluindo o STF que vivem de panfletagem e ativismo
A velha imprensa, hoje completamente descaracterizada e que se ajoelhou às turbas ideológicas, também abusa da cartilha que prega que tudo é racismo, fascismo, homofobia, opressão, misoginia. Páginas de militância cega para a implementação de doutrinas extremas e perigosas, empurradas por meio de cancelamentos e coações psicológicas.

O que então está por trás dessa nova histeria da esquerda sobre o suposto fim iminente da democracia? Na verdade, é bastante simples. A esquerda espera perder o poder nos próximos anos, tanto pela forma como o conquistou e o usou, quanto por causa de suas agendas radicais, que, de fato, nunca tiveram apoio público.

Leia também “América indomável”

Ana Paula Henkel,  colunista - Revista Oeste



domingo, 22 de maio de 2022

Decreta logo Lula o presidente! - Revista Oeste

Rodrigo Constantino

Todo o comportamento supremo exala partidarismo, arrogância, autoritarismo e desprezo pela democracia, uma vez que o presidente que seus ministros tentam derrubar foi eleito com quase 60 milhões de votos

Lula e os ministros do STF | Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock/STF/SCO
Lula e os ministros do STF  Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock/STF/SCO

A postura de nossa Corte Suprema se tornou totalmente partidária e enviesada, e não faltam exemplos para ilustrar o que todos já sabem. Temos ministros do STF que consideram o presidente Bolsonaro a incorporação do “mal”, do atraso, e que por isso tentam “empurrar a história” para certa direção, almejando derrubar o atual presidente. Há também ministros que perseguem bolsonaristas sem a menor cerimônia, ao arrepio das leis e da Constituição, inventando crimes novos de opinião e punindo até deputado com imunidade parlamentar.

A ala militante da imprensa, porém, fala em “atrito” entre os Poderes, e ainda dá um jeito de responsabilizar o presidente pela situação. O truque é semântico: chamar críticas ao STF de “ataques”, colocar a pecha de antidemocrático no presidente, e assim justificar cada ato irregular que vem do Supremo. A narrativa do momento é o suposto golpe bolsonarista, isso porque o presidente, ao lado de milhões de brasileiros, desconfia do processo eleitoral opaco que temos e clama por maior transparência. Isso seria inaceitável para quem confia cegamente em Barroso e garante que nossa urna é inviolável, a despeito de o sistema ter sido violado.

Todo o comportamento supremo exala partidarismo, arrogância, autoritarismo e desprezo pela verdadeira democracia, uma vez que o presidente que seus ministros detestam e tentam derrubar foi eleito com quase 60 milhões de votos. Não custa lembrar que Lula, o favorito segundo as “pesquisas”, só está solto e elegível graças a malabarismos supremos com base em filigranas jurídicas e tecnicidades bobas, como o CEP de onde o ex-presidente corrupto foi julgado. 
Ou seja, soltaram Lula e tentam criminalizar a todo custo todo apoiador bolsonarista próximo do presidente, além do próprio Bolsonaro.
O presidente entrou com queixa-crime nesta semana no STF contra Alexandre de Moraes por abuso de poder. A ação ajuizada é bastante embasada juridicamente e deixa evidente o caráter irregular do inquérito das fake news, usado como um “vale-tudo” de Moraes para perseguir aliados do governo
Mesmo sabendo da mínima chance de prosperar, pois é o próprio STF quem julga o caso, valeu como documento histórico para registrar o nível de absurdo supremo contra  Bolsonaro.

A relatoria caiu com Dias Toffoli, o ex-advogado do PT e criador do inquérito das fake news, que apontou no “dedaço” a relatoria para Moraes. Toffoli rejeitou a ação em tempo recorde, de bate-pronto, mandando arquivá-la, para a surpresa de ninguém. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, falou depois em “anormalidade institucional”, referindo-se à ação de Bolsonaro. Só não apontou quais seriam as tais anormalidades

Autoridades, por acaso, podem abrir inquéritos contra os seus críticos, instruir esses inquéritos, julgá-los, contrariando as posições do Ministério Público? Os acusados não devem ter acesso às peças acusatórias?  
Esses inquéritos podem ficar abertos por anos? 
Qualquer estudante do 1° ano de Direito sabe que estamos diante de enorme abuso de poder. 
Qualquer jurista mequetrefe, se tiver um pingo de honestidade intelectual e imparcialidade, saberá que Bolsonaro e seus aliados são alvos de uma perseguição política incabível. No entanto, a velha imprensa aplaude, pois odeia Bolsonaro.

A mídia trata as Forças Armadas como uma espécie de apêndice bolsonarista, como se os militares fossem capachos do presidente

O caso das urnas é igualmente chocante: numa canetada suprema, eis que um simples (e obsoleto) aparato tecnológico virou algo sacrossanto, uma cláusula pétrea da Constituição, blindada de qualquer crítica popular. Externar qualquer desconfiança com o processo eleitoral centralizado no TSE virou crime, pela ótica distorcida dos ministros. Mas, como escreve a procuradora Thaméa Danelon em sua coluna na Gazeta do Povo, “cada indivíduo é livre para acreditar ou não em determinados equipamentos eletrônicos; e também o é para ter sua opinião sobre qual mecanismo de apuração de votos é o mais adequado”. Ela lança uma pergunta retórica e provocadora: “Afinal, penso que vivemos em uma democracia, certo?”

Voltemos à cronologia dos fatos, pois isso é revelador: o próprio TSE convidou os militares para um tal Comitê de Transparência, sem muita transparência. [Transparência em que o sigilo é a regra - como bem diz Guilherme Fiuza em sua coluna na Gazeta do Povo:" 1) Criar uma Comissão de Transparência e colocar em sigilo todos os dados dessa comissão. Como todos sabem, a alma da transparência é o sigilo." ]

As Forças Armadas, com os melhores técnicos de informática do setor público, até porque precisam lidar com guerra cibernética e garantir a defesa da soberania nacional, apresentam várias críticas, apontam os pontos fracos e oferecem sugestões. Isso tudo é tratado pelo TSE como mera “opinião”, e cada uma das sugestões é rejeitada.

Em seguida, o presidente Edson Fachin, que foi garoto-propaganda de Dilma Rousseff e é simpatizante do MST, resolve alfinetar as Forças Armadas e, num trocadilho infame, afirma que eleição é coisa de forças desarmadas. Esse é o mesmo Fachin, vale lembrar, que falou de risco de ataque hacker ao sistema, mencionando especificamente a Rússia quando Bolsonaro estava em viagem diplomática no país. 
O que faz a mídia diante disso? Prefere tratar as Forças Armadas, a instituição que goza de maior prestígio popular no país, como uma espécie de apêndice bolsonarista, como se os militares fossem capachos do presidente e fizessem parte de um complô golpista ao “atacar” as urnas!

É tudo tão bizarro, tão surreal que é preciso ser muito alienado ou cínico para simular normalidade no processo eleitoral deste ano. A ficha já caiu para milhões de brasileiros: o “sistema” quer se livrar de Bolsonaro custe o que custar, e não por eventuais defeitos seus, mas, sim, por suas virtudes. A patota do butim quer voltar a abrir torneiras que foram fechadas. A turma da pilhagem quer ministérios tratados como feudos partidários uma vez mais. Empresários safados querem a volta da corrupção comandada desde dentro do Palácio do Planalto. Artistas querem tetas estatais suculentas novamente. Ongueiros clamam desesperados pelo retorno de suas boquinhas. São muitos grupos de interesse organizados por motivos obscuros, e mascarando isso como “defesa da democracia”.

A julgar pelo grau de ousadia dos canalhas, seu desejo era logo decretar Lula o novo presidente e não precisar passar pelo esforço constrangedor do fingimento. O problema é que tem o povo, esse “ingrato”, essa cambada de “imbecis” que agora possuem voz pelas redes sociais. E há também as próprias Forças Armadas, que não parecem muito contentes com o teatro patético de quem tenta destruir nossa democracia em seu nome.

Leia também “O profeta supremo”

Rodrigo Constantino, colunista - Revista Oeste

domingo, 8 de maio de 2022

Cabeça a cabeça? (*) - Alon Feuerwerker

 Análise Política

No início de maio do ano eleitoral de 2014, a então candidata à reeleição Dilma Rousseff tinha cerca de um terço de ótimo + bom, e a avaliação dela vinha piorando levemente. Bateu no piso em meados de julho. Depois começou a melhorar, também por uma razão: incumbentes têm na campanha eleitoral uma oportunidade especial de rebater as notícias negativas. O que se mostra ainda mais valioso quando o ambiente de imprensa é desfavorável.

Jair Bolsonaro vai chegando à largada da corrida com cerca de um terço de aprovação (não confundir com o bom + ótimo). Bem, a análise deve sempre fugir da tentação de tirar conclusões definitivas, ou quase, a partir de números de diferentes levantamentos e que oscilam dentro das margens de erro. Uma diferença importante entre os dois incumbentes, fora das margens de erro: naquele julho, Dilma tinha metade do ruim + péssimo que Bolsonaro tem hoje, por todos os levantamentos. No caso de Dilma, diferente de Bolsonaro, uma maioria simples do eleitorado acomodava-se no regular.

Como a história registra, Dilma reelegeu-se, mesmo com índices de popularidade na zona de risco. Contribuiu decisivamente uma campanha duríssima para elevar a rejeição dos adversários. O resultado final veio de uma chegada cabeça a cabeça. Três milhões e meio de votos sobre Aécio Neves, num eleitorado de mais de 140 milhões de potenciais votantes. E os reflexos daquela disputa de rejeições para a política brasileira estão bem registrados, sentem-se até hoje.

Já mostrei antes aqui os números de um levantamento da Ipsos, a partir de 300 eleições em que incumbentes tentaram se reeleger mundo afora nos últimos trinta anos. Com 35% de aprovação (não confundir com ótimo + bom) a seis meses da eleição, a chance de vitória é 36%. Se a aprovação sobe cinco pontos, a probabilidade de ganhar vai a 58%. 
Se a aprovação vai a 45%, são 78% de chance de continuar na cadeira.

Ora, se o incumbente pode reeleger-se mesmo com uma aprovação abaixo de 50%, a conclusão é inescapável, ao menos nos sistemas em que se exige a maioria absoluta dos votos: o caminho para a vitória está em fazer os concorrentes terem uma rejeição maior ainda que a própria. Pois, se um pedaço dos que o rejeitam tampouco desejar o desafiante, ele pode perfeitamente levar a taça ainda que enfrente a oposição da maioria.

O eleitor que está no ruim + péssimo não costuma migrar direto para o bom + ótimo, em geral faz uma escala no regular. E pode muito bem ficar por ali até o dia da urna, quando será tentado a escolher não quem deseja mais, mas quem rejeita menos. Qual é o desafio de Jair Bolsonaro, que mantém em grandes números seu apoio do primeiro turno de 2018? Fazer quem votou nele no segundo turno e hoje está no ruim + péssimo migrar para o regular e ter mais aversão à vitória de Lula que à reeleição dele.

E qual o caminho de Lula, ou de alguma eventual surpresa, hoje improvável? Impedir isso. Pode parecer acaciano, mas é por aí.

Se Bolsonaro tiver sucesso em fazer migrar uma quantidade razoável de eleitores do ruim + péssimo para o regular, teremos uma eleição cabeça a cabeça em outubro. Como foi em 2014. É prudente preparar-se para esse cenário.

(*) Esta análise complementa a da semana passada (Sem barreiras intransponíveis

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político