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sábado, 6 de abril de 2019

'Aposentadoria de juiz não é privilégio', defende presidente do STJ

Presidente do STJ diz que a reforma da Previdência é uma necessidade, porém defende benefício integral a magistrados. Sobre o pacote anticrime de Moro, afirma que a legislação precisa ser melhorada, mas que o combate à criminalidade se dá com educação

Discreto e atento aos fatos da República, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro João Otávio de Noronha, afirma que o acesso da população aos tribunais superiores é o maior legado destes 30 anos da Corte, completados amanhã. Em entrevista exclusiva ao Correio, em seu gabinete, ontem, ele discorre sobre os mais variados assuntos — das mudanças nas aposentadorias dos magistrados, neste projeto da nova Previdência, ao pacote anticrime do ministro da Justiça, Sérgio Moro, tema sobre o qual ainda não havia comentado em público: “Não vai se acabar com a violência no Brasil mudando a lei. A saída é a educação”, diz.

Sobre o Poder Judiciário, Noronha considera que magistrado tem de ser protegido. “A gente precisa blindar o juiz. E, quando falo isso, alguns acham que estou propondo corporativismo. Blindar juiz da influência de terceiros, de amigos, da família. Na hora de decidir, ele não tem de saber o que pensa a mulher, o filho… Tem de decidir com base na Constituição”, ressalta.

O ministro garante que a Justiça age em seu tempo, sem ser muito rápida nem muito demorada. Ele citou casos importantes noticiados nos últimos tempos, lembrando o assassinato da vereadora fluminense Marielle Franco, o atentado contra o presidente Jair Bolsonaro e os imbróglios do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Confira a entrevista completa.
 
O que, na visão do senhor, é a principal marca do STJ?
A maior abertura para o jurisdicionado do acesso a um tribunal superior. Essa função que hoje exerce o STJ era exercida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A Constituição de 1988 cria o Superior Tribunal de Justiça e retira do STF a competência para julgar os recursos em que se alega violação à lei federal. Também se agregaram outras competências, como julgar crimes de governador, desembargador… O nosso maior trabalho, nosso maior volume de trabalho é justamente o recurso especial, ou seja, cuidar para que os tribunais não violem a lei federal. Temos a missão de manter a inteireza da ordem jurídica. Nosso ordenamento jurídico era baseado na Corte norte-americana. O Supremo julgava matéria constitucional e matéria infraconstitucional, mas aí o volume ficou muito grande. Nos Estados Unidos, a maioria da legislação é estadual. Então, a violação é reparada pelos tribunais dos estados. Mas o Brasil tem legislação preponderantemente nacional. Lógico que o controle não será feito pelas cortes estaduais.
 "Precisamos defender as instituições. O pensamento de que não é necessário (responder) é uma falácia. O Supremo vem sendo ardilosamente atacado por muitas pessoas, inclusive jornalistas” 

Como avalia a sessão da semana passada no Supremo Tribunal Federal em defesa da própria Corte?
Acredito que o STF não marcou a sessão exatamente para isso. Várias autoridades estavam lá, presidentes da Câmara e do Senado, acho que mais por um ato de solidariedade pelos injustificáveis ataques feitos à Suprema Corte. Acabou se transformando em uma sessão de defesa da instituição. Precisamos defender as instituições. O pensamento de que não é necessário (responder) é uma falácia. O Supremo vem sendo ardilosamente atacado por muitas pessoas, inclusive jornalistas. Ataques são, às vezes, injustificáveis. Atacam pelo conteúdo da decisão sem impugnar o que tem dentro dessa sentença. Só veem o resultado. Ninguém fala quando o decreto prisional não tem fundamento, quando a prisão é cautelar
 Ninguém faz uma análise da decisão. Apenas se fala que soltou alguém que a Lava-Jato prendeu. Não podemos deixar alguém preso só porque o clamor público deseja ou porque determinado segmento da imprensa pressiona. Um tribunal constitucional precisa garantir os direitos fundamentais assegurados na Constituição.

O senhor defende a independência do Judiciário. Acha que ela corre risco?

 

Entrevista completa, clique aqui

 

 
 
 

 

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Até Lula descumpre privilégio dado pelo Supremo?

No comentário à notícia “Toffoli autoriza Lula a ver familiares em unidade militar após enterro de irmão”, o advogado Josse Gouvêa da Silva fez uma daquelas perguntas que não quer calar: “Como se faz para um processo em menos de 24 chegar ao STF? E já com uma decisão! Realmente fica muito difícil explicar para qualquer pessoa, que a mesma justiça, em mais de dois anos, não conseguiu pagar nenhuma indenização às famílias de Mariana”.

Ainda bem que o sapientíssimo Presodentro Luiz Inácio Lula da Silva preferiu não exercer o “direito” que lhe foi concedido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal. Lula optou por permanecer em sua sala especial para cumprimento de pena na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Lula acabou deixando Toffoli mal na fita com os militares – que odiaram a regalia dada a Lula, provocando e tomando tempo das Forças Armadas.

Lula é malandro... Em luto pela morte do irmão Genival Inácio da Silva (o Vavá), Lula percebeu que poderia complicar ainda mais sua situação, em vez de faturar com a mentirosa e insustentável tese de sua caríssima defesa – que o pinta como “preso político”, e não como um  ex-chefe de Estado condenado, legalmente, por corrupção. Lula recebeu do STF uma regalia descabida.

Lula foi tão cara de pau que ainda reclamou com um advogado: “Por que a lei não vale para mim?”... Lula ficou pt da vida porque a decisão que lhe permitiria se reunir com a família só veio depois do enterro do irmão. Além disso, também praguejou contra as várias exigências do STF – que lhe impediram de dar o último adeus ao Vavá... Os advogados agora tentarão que Lula possa comparecer à missa de 7º Dia... Parece piada... Mas não é...[o que deixou Lula puto foi que ele não estava nem aí para o enterro do irmão; 
o que ele queria era fazer um comício e sua presença no enterro do irmão era tudo que ele precisava - tinha plateia, se necessário ficaria em pé sobre o caixão do irmão, e poderia falar um monte de asneiras.
Toffoli deveria respeitar as instâncias inferiores que negaram, com ampla fundamentação, a não concessão da regalia ( a LEP não obriga, apenas permite) e manter a negativa.
Mas, na ansiedade de provar que um 'supremo' está acima de tudo e de todos - exceto do SER SUPREMO que a todos nós governa (a lembrança é necessária, alguns supremos ministros costumam esquecer esse detalhe, essa diferença) - atendeu ao pedido mas cuidou para que Lula ficasse em área militar (se a família quisesse o caixão poderia ir até Lula), sem acesso a celular e, por óbvio, acesso controlado = sem plateia.
Assim Toffoli,  mesmo errando, terminou acertando.
Quanto a missa de Sétimo dia, ou um culto ou até mesmo uma sessão de candomblé - Lula tem uma religião e/ou seita para cada hora do dia -  que liberem, só que deverá ocorrer dentro de uma Unidade Militar - com acesso controlado, proibição do uso de celulares, etc, etc.]

Voltando à indignação do advogado com um Judiciário que beneficia um criminoso condenado, só porque ele foi ou ainda é poderoso, e uma mesma “justiça de faz de conta” que não toma decisões firmes na defesa das pessoas comuns lesadas em seus direitos fundamentais. A impunidade, o rigor seletivo e os dribles interpretativos das leis são as maiores tragédias institucionais de um Brasil sem Democracia, ou seja, sem Segurança do Direito.

O Brasil tem de passar, inevitavelmente e o mais urgentemente possível, por um processo de repactuação legal. É preciso redefinir que leis temos obrigação de cumprir. A regra tem de valer para vários artigos e princípios da Constituição Federal – que são interpretados conforme os critérios dos poderosos de plantão. Será que o STF atenderia, tão rapidamente, se a defesa de algum ladrão de galinha pedisse para ele se reunir com a família depois do enterro de um irmão?... [uma mudança muito importante,m que não envolve separação de poderes, não envolve nenhuma cláusula pétrea, seria inserir um artigo, digamos, didático, na Constituição Federal, no Capítulo que define as atribuições do Supremo uma definição prática no sentido de que o Supremo Tribunal Federal é a instância máxima do Poder Judiciário (por isso é chamado no sentido material, terreno, de SUPREMO) e na condição de instância máxima é, como bem ensina Rui Barbosa, a que pode errar por último.

Constaria também que seus integrantes seriam chamados de 'ministros'  e para diferenciar dos ministros de outros tribunais, 'ministros do supremo'  e como tal  agiriam.

Parece brincadeira, ironia, mas é sério e a intenção é ajudar - ainda que dizendo algo tão óbvio que me sinto um 'conselheiro Acácio' - com essas pequenas adições à definição constitucional do Supremo se evitaria algo que tem ocorrido com frequência acima do desejável, até mesmo constrangedora = que um 'ministro do supremo' se sinta um 'supremo ministro' e passe a agir como tal.
Esse excesso de supremacia suprema é que está fazendo com que alguns países evitem até passar próximo do Brasil e correr o risco de se envolver em alguma 'pendenga', a ser resolvida pelas leis brasileiras, o que os deixaria em situação aflitiva, visto que teriam que enfrentar as leis brasileiras e as diversas interpretações, correndo o risco de uma decisão tomada por maioria no Plenário do STF, ser revogada por decisão monocrática de um 'supremo' ministro, não sendo surpresa que a decisão revogando o decidido tenha sido de um ministro que participou da votação em Plenário e votou pelo que decidiu, monocraticamente, revogar.]

Nem precisa responder... Uma mesma lei ou regra vale para uns, porém não se aplica aos outros... Eis o imperdoável rigor seletivo – que não combina com os mais básicos princípios republicanos. Se a lei não é para todos, não serve para ninguém. O regramento excessivo no Brasil dá margens a muitas interpretações (sobretudo nos tribunais superiores). Cumpre a lei quem quer. Quem pode descumprir, porque pode pagar a grandes e caríssimas bancas de advocacia - faz a festa...

É preciso reduzir a quantidade de leis, regras e normas. É fundamental simplificá-las. São necessárias previsões de punições bem definidas, com dosimetria sensata de penas a serem cumpridas, de verdade, por quem comete crimes ou infringe as leis mais básicas. Eis a missão urgente para os poderes Legislativo e o Judiciário, com a participação do Executivo, e a imprescindível colaboração dos segmentos esclarecidos da sociedade.

Até Lula preferiu rejeitar um suposto direito concedido pelo Supremo Tribunal Federal? Eis mais um sinal de que o Brasil está mudando, mesmo que devagar, “devagarinho”... As mudanças não podem ser impedidas pelos segmentos criminosos da sociedade. Por isso, o “Pacto Legal” (em uma nova consolidação das leis) é uma das prioridades das prioridades no Brasil. Sem isso, não teremos crescimento seguro. Sem isso, jamais seremos uma Democracia de verdade. Sem isso, permaneceremos no caminho da barbárie e do subdesenvolvimento. Por isso, 
Mudanças, já!
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Membro do Comitê Executivo do
Movimento Avança Brasil 
 

OS MILITARES E A PREVIDÊNCIA 1

Governo anuncia que categoria também vai entrar na proposta de reforma da Previdência. É o certo!

A reforma da Previdência será, com efeito, o primeiro grande teste do governo Jair Bolsonaro. Qualquer cheiro de privilégio a uma categoria ou outra, a tese se desmoraliza e se arma a resistência. Se o “sacrifício” ou a “contribuição”, como queiram, atingir a todos, aí fica mais fácil. Rogério Marinho, secretário especial de Previdência, afirmou na noite desta quarta que todos vão contribuir:
“Uma outra determinação do nosso presidente foi que todos têm que contribuir. Todos têm que contribuir. Esse é o esforço de salvarmos o sistema previdenciário e apresentarmos uma nova Previdência no Brasil. Então a responsabilidade é de todos. Todos os segmentos têm que dar sua contribuição nesse processo. Ninguém vai ficar de fora. O governo vai apresentar um projeto que vai levar em consideração todos os segmentos da sociedade brasileira”. 

Hamilton Mourão, vice-presidente e general da reserva, confirmou que os militares estão no pacote. Disse que o governo pode enviar uma proposta de emenda constitucional e um projeto de lei sobre o tema ainda no primeiro semestre.
 
Continua aqui


Sugestão do Blog Prontidão Total 


É interessante que os leitores façam uma análise mais profunda sobre REFORMA e RESERVA - já uma diferença importante nas duas situações e que não pode ser desprezada. 

O entendimento dos dois conceitos MUDA TUDO.

Outro ponto, que merece uma atenção especial, são os chamados 'privilégios' - infelizmente muitos colunistas misturam tudo, sem fazer as diferenciações devidas, sem explicar a origem e fundamentação dos chamados privilégios e por aí vai.

Acaba que os privilégios de MEMBROS de um Poder são atribuídos aos funcionários públicos.

É ESSENCIAL que se faça uma separação entre MEMBRO de um Poder ou do Ministério Público (que não é um Poder) com SERVIDOR PÚBLICO.

 

sábado, 24 de março de 2018

O privilégio continua

Luiz Fux tira da pauta do Supremo ação sobre auxílio-moradia para que haja “conciliação” entre associações de magistrados e a AGU
O salvo-conduto para Lula tirado da cartola pelos ministros do Supremo Tribunal Federal na quinta-feira, dia 22, não foi a única vergonha pela qual a corte passou nos últimos dias, constrangendo um país inteiro. Sim, também houve o bate-boca entre Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso no dia 21, mas passou quase despercebido um ato que, assim como a decisão envolvendo o ex-presidente Lula, certamente frustra os brasileiros cansados de uma nação movida a privilégios.

Antes de ser o dia em que o habeas corpus de Lula deveria ser julgado pelo pleno do STF, o dia 22 estava na agenda nacional por outro motivo: era a data para a qual que a presidente da corte, ministra Cármen Lúcia, tinha finalmente marcado o julgamento do auxílio-moradia pago hoje de forma indiscriminada a todos os juízes do país, com valor fixo, independentemente do fato de terem residência própria no local onde trabalham. Quando colocou o tema na pauta, a presidente do Supremo despertou a fúria de associações de magistrados, que fizeram protestos e até uma greve de um dia para deixar claro que estavam dispostos a brigar para manter esse privilégio inconstitucional e imoral.

Para as associações da magistratura, a decisão de Fux foi um ótimo negócio

A ação sobre o auxílio-moradia havia passado anos na gaveta do relator Luiz Fux. Em 2014, ele concedeu a liminar que estabeleceu a farra na concessão do benefício, e demorou longos três anos para liberar o caso para análise do pleno. Mas, no dia 21, Fux mandou retirar o tema de pauta. A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), uma das entidades empenhadas na manutenção do auxílio-moradia nos moldes atuais, pediu ao ministro que o tema fosse analisado não pelo STF, mas pela Câmara de Conciliação de Arbitragem da Administração Federal, ligada à Advocacia-Geral da União. Consultada a respeito, a advogada-geral Grace Mendonça deu resposta positiva, e com isso Fux determinou que o caso saísse da pauta do Supremo. [um detalhe pequeno, mas que não pode ser olvidado: enquanto nada for decidido a filha do ministro Fux, desembargadora Mariana Fux, mora e trabalha no Rio, proprietária de dois apartamentos no Leblon, continuará recebendo o penduricalho de quase R$ 4,4mil, todo mês.]

Para as associações da magistratura, foi um ótimo negócio, pois era praticamente certo que a maioria dos ministros do STF derrubaria o pagamento. Com a AGU, os juízes esperam chegar a um entendimento mais camarada. E, enquanto a conversa seguir – e não se sabe nem mesmo quando as negociações vão começar –, todos continuarão recebendo religiosamente seus quase R$ 4,4 mil todo mês, custando ao contribuinte brasileiro R$ 135,6 milhões mensais, segundo estudo feito pela Consultoria Legislativa do Senado.

Das associações da magistratura já sabemos o que esperar.
Da AGU espera-se que defenda com afinco o uso racional do dinheiro dos impostos do cidadão brasileiro, pois estará amparada pela própria Constituição Federal. Um auxílio-moradia que consista no ressarcimento, mediante apresentação de comprovante, de despesas com hospedagem ou aluguel daqueles juízes transferidos para locais distantes daquele onde residem respeitaria o caráter indenizatório do benefício, e seria uma solução compatível com o texto constitucional e a moralidade; se a AGU concordar com algo mais que isso – ou, pior ainda, com a manutenção do formato atual do auxílio –, estará chancelando um verdadeiro privilégio.



Editorial Gazeta do Povo - PR

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Gleisi Hoffmann fala como se fosse líder do crime organizado e ameaça país com mortes se Lula for preso. Entenda por quê

[se Gleisi Hoffmann é presidente do PT e o PT é uma organização criminosa - afirmação feita por autoridade da República - óbvio que ela é 'capo' de uma organização criminosa.

Um detalhe: só que Raquel Dodge, procuradora-geral da República está com um presentinho especial para ela - detalhes aqui.]

A senadora-ré Gleisi Hoffmann (PR), que preside o PT, é uma irresponsável. E não é de hoje. Já quando ministra da Casa Civil no governo Dilma, entre 8 de junho de 2011 e 2 de fevereiro de 2014, isso ficou patente no ambiente do próprio governo, em especial no relacionamento com setores da oposição. Bem, não custa lembrar que a pasta era uma das responsáveis pela articulação política e por gerenciar as obras de infraestrutura. As duas coisas entraram em colapso. Não por culpa exclusiva de Gleisi, porque ela foi um tanto irrelevante até como elemento negativo. Mas a ela cumpria perceber primeiro os sinais da deterioração que levaram a sua então chefe à lona. Não é, pois, apenas irresponsável. É também incompetente.

Já censurei aqui a gritaria de juízes, que saem alardeando por aí o risco de caos no dia 24, quando o TRF 4 julga o recurso de Lula contra a condenação imposta por Sérgio Moro no caso do tríplex do Guarujá. Sim, já deixei claro aqui que o juiz não ancorou a sua decisão em provas, mas numa leitura derivada da chamada “teoria do domínio do fato”, que jamais poderia ser aplicada à área penal. Espremendo-se todos os argumentos de Moro, chega-se à conclusão de que o petista foi condenado no caso do apartamento de Guarujá porque, com efeito, havia um grupo atuando de forma criminosa na Petrobras. Tal grupo tinha conexões com o PT — entre eles, havia os escolhidos pelo partido. Lula sempre mandou no PT, e sua família deixou pistas de vínculos com o apartamento. Logo, ele é culpado.

Qualquer pessoa razoável sabe que isso é exercício, digamos, precário do direito. Estamos diante de uma Justiça que tem a ambição de corrigir os vícios da sociedade corrigindo o que considera os vícios de alguns homens. Pune-se um símbolo com o intuito de ser exemplar. É o que se tem no caso, numa análise desapaixonada. Esse tipo de comportamento, ao contrário do que pensam os tolos, faz mal ao Brasil, não bem. Ademais, note-se: o fato de o MPF não ter apresentado as provas não quer dizer que o crime não tenha sido cometido. Acontece que ao estado de direito interessa o que está nos autos, não o que está na convicção pessoal dos juízes. Ou juízes não teríamos. Em seu lugar, haveria 18 mil ditadores. Dito o necessário, ponto, parágrafo.

Isso não dá à senhora Gleisi Hoffmann, ela também uma ré, o direito de pôr a faca no pescoço da Justiça. Até porque está fazendo um falso alarde. A menos que o PT tenha organizado uma milícia armada, cuja existência desconhecemos, pergunta-se: quem vai se apresentar para:
  1. a) o sacrifício, candidatando-se à condição de cadáver?;
  2. b) para o trabalho sujo, candidatando-se à condição de homicida?
Eu não entendi, senadora Gleisi Hoffmann! A senhora está dizendo que o PT está disposto a morrer, a matar ou às duas coisas? No primeiro caso, o partido teria um estoque de mártires, não é? Quem sabe a legenda tenha treinado, nesse tempo, uma milícia suicida, que estará disposta a atear fogo às próprias vestes. No segundo caso, a legenda teria organizado um bando de sicários, dispostos a sair por aí a eliminar aqueles que não concordam com seus postulados. No terceiro, tratar-se-ia de um anúncio de rompimento com a legalidade e de adesão à luta armada.

Já censurei aqui o alarde de juízes, que estão superestimando as possibilidades de conflito. Querem saber o que acho que vai acontecer no dia 24? Nada! Uma escaramuça ou outra dos mais exaltados e pronto! Não vai além disso. Ao elevar a tensão retórica e o risco de confronto, os senhores juízes abrem caminho para o triste proselitismo da senhora Gleisi Hoffmann.  Ao dizer o que diz, na prática, a senadora está desafiando a Justiça a prender Lula, uma possibilidade que existe, é claro!, embora me pareça remota no momento. 

Gleisi quer uma de duas coisas:
a: por motivos técnicos, a Justiça não prende Lula, e os petistas saem alardeando vitória entre os seus, mesmo com Lula condenado, como deve ser. Assim, mantém-se a fantasia de uma legenda que atua na resistência e que logrou uma “vitória” contra o sistema. A próxima é vencer a eleição;
b: a Justiça decide prender Lula: os petistas vão organizar protestos e vão forçar o limite da contenção policial, buscando alguns confrontos, e Lula se torna, então, o líder encarcerado.  Em qualquer dos casos, estamos diante de politicagem mixuruca, que responde com irresponsabilidade à irresponsabilidade daqueles que viram um clima de conflagração armada onde se tem nada além de uma pressão que deve ser considerada normal numa democracia. No mundo inteiro, grupos organizados tentam interferir em decisões da Justiça.

Mas não é corriqueiro que o comandante de um partido político ameace o país com cadáveres caso a Justiça não decida segundo o gosto do grupo que lidera. Isso não é conversa de presidente de partido, mas de líder de milícia ou de bando dedicado ao crime organizado.
Gleisi Hoffmann é o quê?

Blog do Reinaldo Azevedo

LEIA TAMBÉM:  Janot… Na hora de defender um privilégio, não tem esse papo de igualdade, né?


sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Armadilha inconstitucional

FERNANDO HENRIQUE lembra que já derrotou Lula da Silva duas vezes em eleições presidenciais e diz que derrotaria de novo se a idade avalizasse a empreitada. Acrescenta, como fez na convenção do PSDB no sábado 9, que preferiria “derrotá-lo a vê-lo preso”. Disse isso quatro dias depois de o juiz Sergio Moro cometer a imprudência de pedir ao presidente Michel Temer que usasse de sua influência sobre o Supremo Tribunal Federal para ajudar na manutenção da regra que institui a prisão de réus condenados em segunda instância da Justiça. 

Nenhum dos dois pode ser apontado como defensor do ex-presidente petista; ambos se notabilizam por observar com bom-senso os limites de suas funções. No caso de FH, como presidente e, depois, na condição de ex. Moro abandonou a habitual moderação para escorregar na sugestão de interferência do Poder Executivo em decisões do Judiciário.
Inteligentes e bem providos de discernimento, o juiz e o sociólogo e­­x-presidente ainda assim saíram do centro. Ou melhor, do sério. Caíram os dois na armadilha de Lula, cujo descaramento realmente dá nos nervos. A arapuca consiste em atrair os incautos a adotar sua lógica segundo a qual regras legais podem e devem ser adaptadas a circunstâncias político-ambientais a fim de favorecê-lo.

Os personagens aqui escolhidos para representar posições recorrentes na sociedade adaptaram-se ao ambiente do vale-qualquer-coisa diante da opinião do público captada por pesquisas. Sergio Moro embalado no apoio popular à Lava-Jato e Fernando Henrique referido em dois pilares: a posição de Lula em primeiro lugar nas preferências eleitorais é um; o outro, a impossibilidade de “brigar” com a Justiça antes da coisa julgada, no intuito de preservar as aparências de isenção.

Um gesto aparentemente esperto. No entanto, quando examinado de perto, é legal e eticamente questionável, para não dizer, e já dizendo, equivocado. A despeito da livre manifestação de preferências, a nenhum cidadão é dada a prerrogativa de “preferir” isso ou aquilo no tocante a sentenças judiciais.  A questão central a ser levada em conta é o cumprimento da lei, que, no caso de Lula, remete a uma condenação já determinada e seis ações em que figura como réu pelo exercício de corrupção e várias outras cositas más, como lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Há um crucial encontro com a Justiça marcado para 24 de janeiro, quando o tribunal de segunda instância confirmará ou não a sentença de Moro sobre o caso do apartamento no Guarujá. Se condenado, Lula ficará fora da eleição e poderá ser preso. Nenhum ineditismo em relação a políticos; vários cumprem penas e prisão preventiva.  Não seria a ele dado o privilégio, como parecem sugerir correligionários e adversários, de submeter a legalidade dos fatos à versão antecipada das pesquisas de opinião sobre as próximas eleições.

Dora Kramer - Publicado em VEJA de 20 de dezembro de 2017, edição nº 2561