Vozes
Sem palavras
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Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
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Nosso sistema de eleição proporcional para os parlamentos permite que dezenas de milhões de cidadãos fiquem sem representante porque votaram em candidatos não eleitos, ou porque uma semana depois não lembram em quem votaram, ou porque não têm comunicação com o eleito. E vice versa: parlamentares não conhecem seus eleitores. Todo um sistema de comunicação indispensável à democracia fica inoperante! O deputado conseguiu a verba, destinou a emenda parlamentar, foi bom despachante de questões individuais, cuidou de seus cabos eleitorais? Missão cumprida, o resto do tempo é para cuidar de grana e reeleição.
Quando vai às bases, esse político padrão conversa apenas com companheiros. A nação e a cidadania estão ausentes, fora da pauta. Há um desinteresse completo e inconsequente sobre questões que levam a sociedade às ruas, tais como prisão após condenação em segunda instância, fim da impunidade, impeachment de ministros do STF, ativismo judicial, direito de trabalhar, direito de defesa, extinção de privilégios e remunerações abusivas, liberdade de expressão, reformas institucionais e fiscais, pluralismo nas universidades. É a armadilha em silenciosa operação. Vamos desmontá-la?
O voto distrital, ao contrário do que se alega, acaba com isso! Como cada distrito elege apenas um deputado, ele será o deputado de todos, do mesmo modo como o prefeito é prefeito de quem votou e de quem não votou nele. Será cobrado por todos. E ao retornar às bases seu incontornável destino é estar entre seus representados dando explicações das quais não tem para onde fugir.
Sua vida, suas posições, ações, omissões e votos dados em plenário transcorrem sob as vistas de todos. No meio do mandato, um recall pode mandá-lo de volta para casa por mau desempenho. Com o voto distrital, a armadilha se inverte: quem é caça, vira caçador. Impossível? Quase, mas totalmente impossível se as pessoas fizerem disso um não assunto, como são hoje, entre os congressistas, os temas de nosso maior interesse. Boa informação e não votar em ladrões e picaretas em 2022 já é bom começo.
Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
Vozes - Luciano Trigo
Hollywood resolveu filmar uma nova versão, live action (com atores), da história da Branca de Neve e dos Sete Anões, imortalizada na animação de Walt Disney de 1937 (por sua vez inspirada em um conto dos Irmãos Grimm de 1812).
Pois bem, para o papel principal foi escalada uma atriz
“latina”, Rachel Zegler. “Latina”, no miscigenado Brasil, não quer dizer
muita coisa, mas nos Estados Unidos é considerada uma etnia à parte.
Imagino que, ao escalarem uma atriz de origem colombiana para o papel de
Branca de Neve, os produtores devem ter imaginado que iam ganhar o
Oscar da lacração: “Vejam como somos ousados, virtuosos e politicamente
corretos! Escalamos uma atriz latina – latina! – para interpretar a
Branca de Neve! Esse filme vai bombar!”
Mas eles esqueceram um pequeno detalhe: os anões.
Uma
vez aberta, a caixa de Pandora da lacração identitária liberta forças
que rapidamente saem do controle. O problema é que, inevitavelmente,
essas forças entram em rota de colisão umas com as outras, porque cada
grupo identitário que se vê com direitos diferenciados olha para os
demais como inimigos em potencial. Em um mundo dividido em grupos que
competem por privilégios e se ofendem facilmente, jamais será possível
agradar a todos.
Quem os partidos pequenos vão apoiar para presidente nas eleições de outubro
Quem com lacre lacra com lacre será lacrado. A Branca de Neve latina foi concebida para agradar e dar representatividade à comunidade latina nos Estados Unidos, mas a própria ideia de refilmar o conto de fadas pareceu inconcebível para a comunidade dos anões – ou, ao menos, para um anão muito representativo, o ator Peter Dinklage, que ficou famoso como o Tyrion Lannister da série “Game of Thrones”.
Em uma entrevista, nesta semana, Dinklage se mostrou chocado com o projeto da refilmagem da Branca de Neve: “Literalmente
sem querer ofender ninguém, mas fiquei um pouco surpreso: eles ficaram
muito orgulhosos de escalar uma atriz latina como Branca de Neve – mas
ainda estão contando a história de Branca de Neve e dos Sete Anões… Não
faz sentido para mim. Querem ser progressistas, mas ainda filmam aquela
história retrógrada sobre sete anões vivendo juntos em uma caverna?”
Pois
é, coisas que pareceriam impensáveis ou simplesmente ridículas 10 anos
atrás hoje são rotineiras – e ai de quem estranhar: será imediatamente
julgado, condenado e esfolado nos tribunais de justiça sumária das redes
sociais. Uma dessas coisas é um ator anão, que ficou famoso
interpretando um personagem anão, achar ruim refilmarem a história da
Branca de neve e dos sete anões.
Aliás, Tyrion Lannister era um
personagem cínico, misógino, machista, preconceituoso e politicamente
incorreto ao extremo – muito pior como ser humano que qualquer um dos
Sete Anões. Tyrion era um personagem de ficção. Atchim, Dengoso, Dunga,
Feliz, Mestre, Soneca e Zangado também são personagens de ficção, que já
encantaram crianças de muitas gerações. Mas, por ser anão, Peter
Dinklage julga ter autoridade moral para censurar e proibir a refilmagem
de um conto de fadas.
O problema não acaba aí. A Disney julgou
necessário responder às críticas de Dinklage – mas respondeu de uma
forma que deve ter feito seu fundador, Walt, se revirar no túmulo.
Pagando pedágio para a lacração, a gigante do entretenimento se apressou
a divulgar que a nova versão dos Sete Anões “fugirá dos estereótipos da
animação original” (oi?) e que terá consultoria de “membros da
comunidade do nanismo”. Já se fala que os anões serão substituídos por
um grupo de “criaturas mágicas”...
Que estereótipos seriam esses?
A Disney não explicou. O que fica claro é que a nova versão da Branca
de Neve representará mais um passo no perigoso projeto de reeditar o
passado que parece mover o fascismo identitário – projeto que conta com o
apoio incondicional da academia e da grande mídia, principais
patrocinadores da cultura do cancelamento.
Mas, superado o
problema com os anões, nada impede que o filme seja cancelado por outros
grupos. Por exemplo, que história é essa de uma mulher depender do
beijo de um príncipe encantado para acordar do feitiço? Trata-se
claramente de um estereótipo heteronormativo e machocêntrico e tem tudo
para desagradar às feministas. Talvez a Disney resolva também excluir o
príncipe e o beijo da história.
Luciano Trigo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
Flávio Quintela
Ministro Alexandre de Moraes, autor do pedido de prisão do ex-deputado Roberto Jefferson.| Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
O Brasil, portanto, entrou para o grupo de países que prendem pessoas por crime de opinião, por falarem. No dia seguinte à prisão, fui tecer comentários em um grupo de WhatsApp onde se discute política brasileira. Ouvi, como contraponto à minha defesa de liberdade de expressão, que Charles Manson foi preso nos Estados Unidos – o país da Primeira Emenda – por incitar assassinatos, e que pela minha lógica um líder radical islâmico estaria exercendo sua liberdade de expressão ao conclamar uma jihad.
O Brasil entrou para o grupo de países que prendem pessoas por crime de opinião, por falarem
Será que é possível mesmo equiparar o discurso de Roberto Jefferson com aquilo que levou à condenação de Manson? Ou, então, podemos colocar o político brasileiro no patamar de um aiatolá? Obviamente que não.
Charles Manson fundou um culto apocalíptico que ficou conhecido como Família Manson. Suas previsões incluíam uma guerra entre raças nos Estados Unidos, que terminaria com a morte de todos os brancos pelas mãos de uma insurreição negra. Ele e seus seguidores seriam poupados da morte porque os negros precisariam de um mestre branco, e esse mestre era obviamente Manson. Dentre os seguidores de Manson, quatro ficaram famosos por terem participado do assassinato de sete pessoas, incluindo o da atriz Sharon Tate: Charles Watson, Leslie Van Houten, Susan Atkins and Patricia Krenwinkel.
O julgamento desses crimes começou em 15 de julho de 1970. Durou nove meses e meio, gerou 209 volumes de transcrição, num total de 31.716 páginas. Foi o julgamento de assassinato mais longo da história americana. O júri ficou incríveis 225 dias em isolamento. Ao fim, depois de tudo isso, os 12 jurados condenaram os seguidores de Manson e o próprio.
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Acho que dá para dizer, com bastante convicção, que Roberto Jefferson não conseguiu se igualar a Manson, e que o processo jurídico que o levou à prisão não tem a mínima possibilidade de comparação com o processo que levou Manson à cadeia e, posteriormente, à morte. Mais que isso, Manson foi condenado por um júri popular, enquanto Jefferson foi preso pela caneta de um ministro do STF. As incitações de Roberto Jefferson resultaram em nenhum crime cometido, e as calúnias por ele proferidas deveriam ter sido objeto de processo judicial específico, movido pelos caluniados.
Se deixarmos que o Estado seja tutor do que podemos ou não falar, necessariamente deixaremos que o Estado estabeleça os limites do que é aceitável e o que não é
Obviamente que não. Roberto Jefferson não lidera uma religião belicosa com financiamento milionário, armamento pesado e táticas avançadas de terrorismo. Não fazem nenhum sentido, portanto, os contrapontos que li no grupo de WhatsApp. Por conseguinte, não fazem nenhum sentido os argumentos que a imprensa brasileira tem apresentado para justificar essa prisão absurda, pois são nada além de variações desses argumentos que mencionei.
Enquanto não há crime, não pode haver julgamento; enquanto não há julgamento, não pode haver prisão. Assim como a arma não atira sozinha, o discurso não fere nem mata. Se deixarmos que o Estado seja tutor do que podemos ou não falar, necessariamente deixaremos que o Estado estabeleça os limites do que é aceitável e o que não é. E esse limite poderá ser mudado todas as vezes em que o Estado se sentir ameaçado. É assim que se faz nas ditaduras.
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Obviamente, existem alguns limites aceitáveis à liberdade de expressão, mas são limites construídos por um consenso de longa data, como o famoso “não pode gritar fogo no meio de uma multidão confinada se não houver fogo”.
Um passo importante foi a comissão especial criada pela OMS, que divulgou seu relatório. [até hoje a OMS não conseguiu mostrar aos que analisam seu desempenho com imparcialidade: - qual sua real utilidade? o que fez de útil no combate à pandemia? não valem as declarações do ex-guerrilheiro que a preside - quase sempre recorrentes e a reboque dos fatos (a propósito: cuidados com a saúde e guerrilha, combinam?) de que a pandemia vai piorar e que só as vacinas resolvem). Nele, o grupo liderado pela ex-primeira-ministra da Nova Zelândia Helen Clark aponta os erros da própria OMS, que perdeu um mês antes de decretar a emergência.
Governos locais — com seu negacionismo, isso conhecemos bem —também foram responsáveis por políticas destruidoras.[conhecemos e bem, mas mesmo assim fazemos questão de destacar que a definição governos locais, por óbvio, não inclui Governo Federal.]
Em outras palavras, a tragédia que o mundo vive hoje poderia ter sido evitada. Comissões internacionais como essa são importantes para despertar uma nova consciência. No final da década dos 60, o Clube de Roma publicou um relatório de personalidades políticas alertando para a produção e o consumo insustentáveis. Isso foi um marco.
No meu entender, existe uma lição implícita na pandemia, já absorvida no século XIX por Humboldt. Ao escalar a montanha do vulcão Chimborazo, ele compreendeu algo que já estava amadurecendo em seu pensamento: os elementos da natureza são interligados, ela é uma rede viva e, portanto, vulnerável. Lição semelhante pode ser transplantada para a política internacional num caso de pandemia. Estamos todos no mesmo barco. Ninguém estará a salvo enquanto todos não estiverem a salvo.
Essa noção de interdependência deve ser levada também para o plano interno, em que, sem solidariedade, dificilmente atravessaremos a crise. O governo brasileiro fez tudo errado. Negou a pandemia, resistiu à vacina e contribuiu para que tivéssemos um número absurdo de mortes. Como se não bastasse isso, o desmatamento na Amazônia atinge números recordes, o Congresso acaba com as leis que definem o licenciamento ambiental. O processo de destruição da natureza será mais acentuado no Brasil, sem falar no aumento da pobreza, por remarmos contra a corrente mundial que defende a sustentabilidade. O governo e o Congresso não respeitam o alerta sobre uma exploração sustentável da natureza. E muito menos os conselhos para preservar vidas durante uma pandemia. [com o devido respeito ao articulista, sugiro: ele e demais leitores,nos honrem com a leitura dos primeiros quatro parágrafos e, obviamente, confiram tudo neles afirmado.]
Simultaneamente, portanto, criam as bases de uma nova pandemia e estabelecem a política negacionista de um sacrifício humano ainda maior.A única esperança, se isso merece o nome de esperança, é que não conseguirão destruir tudo nem matar todos os brasileiros até 2022.
É simples: ou deixam o poder, ou acabam com o Brasil.[fiquem tranquilos: com a reeleição do capitão, o fim da pandemia e a recuperação da economia, os inimigos do Brasil vão nos privilegiar se ausentando do Brasil por alguns anos ou em privilégio.]
Blog do Gabeira - Fernando Gabeira, jornalista
Artigo publicado no jornal O Globo em 17/05/2021