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quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

"Novo insulto aos brasileiros"



No momento em que as enormes dificuldades e incertezas da conjuntura política, econômica e social do País não encorajam previsões auspiciosas de um Feliz Ano Novo, soa como escárnio a desfaçatez com que o Partido dos Trabalhadores vem a público para confirmar a intenção de lançar a pré-candidatura de Lula à Presidência da República “com um programa de reconstrução da economia nacional”. Porque assim, afirma o presidente nacional do partido, Rui Falcão, “ficará muito claro para a população qual o objetivo dessa perseguição”, de que seu líder é “vítima”.
É um desafio estimulante imaginar qual possa ser o “programa de recuperação da economia” a que se refere o alto comissário petista. O País tem um governo em exercício há menos de oito meses, encabeçado por Michel Temer, cuja prioridade tem sido criar condições exatamente para resgatar dos escombros o que sobrou da economia nacional, varrida pela “nova matriz econômica” que Dilma Rousseff tirou da manga do colete. Talvez os petistas tenham em mente agora uma “novíssima matriz econômica”, já que nem mesmo um surto de insanidade poderia justificar a repetição de um erro pelo qual pagam hoje, de modo muito especial, mais de 12 milhões de brasileiros desempregados.
Em resumo: qual a credibilidade do PT para propor qualquer coisa na área econômica depois de ter praticamente destruído o mercado brasileiro com sua obstinação pela concentração de poderes nas mãos de um governo que prometia “distribuir” a riqueza mas acabou dizimando o que compartilhar? Pior: um governo que liberou os cofres públicos a políticos e empresários corruptos, todos eles beneficiários de uma promiscuidade que, a partir do Palácio do Planalto, alastrou-se como nunca antes na história deste país por todos os desvãos da administração federal direta e indireta.
O lançamento da pré-candidatura presidencial de Lula, na verdade, é o derradeiro recurso do PT para garantir a sobrevivência política de ambos: o partido e seu líder maior. Do ponto de vista eleitoral, até onde a vista alcança deverá prevalecer o veredicto selado nas urnas municipais de outubro, que transformou o PT exatamente naquilo que sempre usou para desqualificar as legendas concorrentes: um partido sem votos. A pré-candidatura presidencial de Lula – cuja imagem, como sempre, sobrepaira à de seu partido – serviria, pelo menos, para lembrar à militância que o PT ainda existe.
Ocorre que é no mínimo improvável que Lula consiga sobreviver ileso à Lava Jato. Foi-se o tempo em que os figurões da República estavam fora do alcance da Justiça. Hoje as cadeias estão abarrotadas de vereadores, prefeitos, deputados, senadores, governadores, juízes, executivos, donos de grandes corporações privadas e criminosos do colarinho branco das mais variadas extrações, a maior parte lá colocados a partir do advento da Operação Lava Jato.
Mas, de acordo com o que deixou claro Rui Falcão, é necessário fazer uma distinção entre os petistas e os demais investigados e condenados pela Lava Jato. Os episódios de corrupção que envolvem correligionários de Lula, segundo Falcão, “nós vamos avaliá-los a nosso próprio juízo, dado o processo de parcialidade que tem na Justiça brasileira”. Quer dizer, quanto à condenação de um Eduardo Cunha ou de um Sergio Cabral, ambos do PMDB, nada a opor. Mas, quando se trata de petistas acusados, “temos mecanismos internos, comissão de ética, uma corregedoria, para avaliar comportamentos de filiados dentro de nossas regras, com direito de defesa, contraditório, no devido processo legal do PT”. Ou seja, a Justiça que vale, para os petistas, é a do PT. O que não é novidade, pois já no julgamento do mensalão os dirigentes petistas condenados foram imediatamente glorificados, pela direção partidária, com a honrosa condição de “guerreiros do povo brasileiro”.
Em resumo, Lula e o PT continuam exatamente os mesmos. Haverá quem caia de novo nessa esparrela?

Fonte: Editorial - O Estado de S. Paulo


 

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Risco maior é que excesso de diligências inviabilize punições

Apesar de o TSE ter mostrado disposição em aprofundar investigações, aliados de Temer comemoraram sinal de que conclusão do processo pode demorar

A ação da Polícia Federal ontem sobre gráficas contratadas pela campanha da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer emite um sinal duplo. O mais evidente é o de que o ministro Herman Benjamin, relator do processo, está decidido a aprofundar as apurações sobre os possíveis crimes eleitorais cometidos pela campanha vitoriosa em 2014.

Mas há uma face preocupante dessa mesma diligência. As acusações contra atos supostamente ilícitos naquela campanha começaram antes mesmo de seu triunfo, em outubro de 2014. Nos meses seguintes, quatro ações foram abertas no TSE, que acabou unificando- as em março passado para facilitar a apuração. Até agora, no entanto, não se chegou a qualquer conclusão.

Não à toa, ontem, em vez de lamentarem, alguns integrantes do governo Temer festejavam o risco de a contínua realização de diligências impedir que o processo seja concluído em 2017.  Quando Herman Benjamin encerrar a instrução do processo, acusação e defesa ainda serão chamadas a se pronunciar. Só então o ministro fará seu voto e pedirá que o presidente da corte, Gilmar Mendes, o inclua na pauta.

Existe a possibilidade de ocorrerem os tradicionais pedidos de vista e, para completar, Temer já avisou que vai impetrar recursos caso a decisão da Corte lhe seja desfavorável. Mas antes mesmo dessa etapa final, existe a expectativa de que haja pedidos para que se inclua na investigação depoimentos da delação premiada da Odebrecht, que sequer foi homologada pelo STF.  Embora pareça apenas atropelo, essa demora não é acidental. O próprio ministro Benjamin deixou claro, meses atrás, seu incômodo com um pedido do PT para que fossem realizadas perícias em 8 mil documentos anexados ao processo. Ele pediu que a defesa da ex-presidente informe quais documentos eram relevantes para a causa, mas ela se negou a detalhar.

Parlamentares defensores de novas eleições se surpreenderam inclusive com pedidos feitos pelo próprio PSDB o autor do pedido original de investigação ao longo deste ano. Desde que se afastou da defesa da tese de novas eleições e aderiu ao impeachment, no fim do ano passado, os tucanos pediram a inclusão de delações que supostamente ajudariam na condenação da chapa. Mas que, ao mesmo tempo, atrasam o processo.

Foi justamente a demora do TSE em concluir o caso ao longo de 2015 e 2016 que fez com que se tornasse inviável a realização de eleições diretas para a Presidência caso a Corte entendesse que houve crime eleitoral. A partir da semana que vem, quando o mandato da chapa Dilma-Temer chega à metade, qualquer condenação que os atinja poderá, no máximo, levar a eleições indiretas.  Michel Temer, no entanto, ainda luta para emplacar a tese de que suas contas de campanha eram separadas das da ex-presidente e que, por isso, não poderia ser punido pelos crimes cometidos por ela.

A jurisprudência do TSE é amplamente favorável à tese de que o vice perde o mandato junto com o titular, embora não fique inelegível. É uma questão lógica: conceitualmente, embora não na prática, as chapas majoritárias funcionam a partir da aliança de partidos que têm o mesmo projeto para aquela cidade, estado ou nação.  Dessa forma, caso a punição não se estendesse para os vices, um grupo político poderia cometer quaisquer atrocidades eleitorais com a certeza de que, caso o titular fosse pego, o vice e aliado teria um salvo-conduto para ficar à frente do governo.

Fonte: Paulo Celso Pereira, O Globo  

Os riscos em torno da decisão do STF sobre escutas

A pauta do Supremo, na volta do recesso, inclui recurso sobre a duração de grampos cujo veredicto pode permitir o bloqueio de operações como a Lava-Jato

Por contingências da evolução da vida pública brasileira, o Supremo Tribunal tem sido levado a tomar decisões na fronteira do universo da política. Há quem chame isso de “judicialização”, de forma pejorativa, embora registre-se que a Corte não age por conta própria, apenas quando é acionada. É o que tem acontecido, sem que isso impeça a politização de veredictos. Nada a fazer.

Como também houve uma “criminalização” da política, mesmo quando o Judiciário trata de temas técnicos na área criminal pode, mesmo que não queira e nem seja sua função, afetar interesses de partidos e políticos.  O ano do Judiciário terminou agitado, devido à liminar concedida pelo ministro Marco Aurélio Mello afastando do cargo o presidente do Senado, Renan Calheiros, por não ser possível réu estar na linha de substituição do presidente da República. O clima ficou ainda mais tenso com o desrespeito da decisão pelo político alagoano, em parte apoiado pelo Pleno da Corte — Renan ficou fora da linha sucessória, mas se manteve na principal cadeira da Mesa do Senado. Tempos estranhos.

A volta do recesso, em fevereiro, deve também ser acompanhada por outro tema pesado na agenda do STF: o julgamento de um processo, nas mãos do ministro Gilmar Mendes, que decidirá, com repercussão geral — o veredicto terá de ser seguido por todos os tribunais —, se escutas podem ser realizadas por mais de 30 dias. Há enorme controvérsia sobre o assunto, com decisões favoráveis e contrárias no Judiciário. Está mesmo na hora de uma definição. Mas as implicações de uma posição final favorável ao prazo fixo, burocrático, de 30 dias pulverizarão incontáveis operações de combate à corrupção, a começar pela Lava-Jato.

O próprio Marco Aurélio, atendendo a pedido de réu, suspendeu julgamento que seria realizado em novembro, na segunda instância da Justiça federal fluminense, de um grupo de conhecidos bicheiros do estado, atuantes no ramo mafioso dos caça-níqueis, à espera do que decidirá Gilmar Mendes sobre a duração de grampos.


A origem desse processo, cuja relatoria está com Gilmar Mendes, é uma operação de investigação de crimes de colarinho branco cometidos no grupo empresarial Sundown, em que atuaram, entre outros, o promotor Deltan Dallagnol e o juiz Sérgio Moro. Irônica coincidência. A operação terminou suspensa pela Justiça. Há interpretações conflitantes no Conselho Nacional de Justiça, no Superior Tribunal de Justiça e no Supremo. No centro deste emaranhado estão a Lei de Interceptação Telefônica (9.296/96) e a Lei do Crime Organizado.

O bom senso aconselha que sejam realizados tantos grampos quanto necessários para o combate vitorioso ao crime, todos devidamente autorizados pelo juiz. Até mesmo em nome da defesa do respeito da sociedade ao Poder Judiciário.

Fonte: Editorial - O Globo
 
 

Gráficas que foram usadas pela chapa Dilma-Temer são de pequeno porte

Eliana Calmon apimentou o vatapá ao dizer que faltam juízes na delação da Odebrecht...



Eliana Calmon apimentou o vatapá


A ex-corregedora da Justiça não leva a sério colaboração da Odebrecht que esquece o Judiciário 


Eliana Calmon, ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça, é uma chef diletante. Seu livro “Receitas especiais” está na décima edição. Ela diz que faz seus pratos por instinto, mas não foi o instinto que a levou a jogar um litro de pimenta na festejada colaboração da Odebrecht com a Justiça. Falando ao repórter Ricardo Boechat, Eliana Calmon disse que “delação da Odebrecht sem pegar o Judiciário não é delação”. De fato, no grande vatapá da empreiteira não entrou juiz: “É impossível levar a sério essa delação caso não mencione um magistrado sequer”. 


Sua incredulidade expõe uma impossibilidade estatística. A Odebrecht se lembrou de tudo. Listou o presidente Michel Temer e Lula, nove ministros e ex-ministros, 12 senadores e ex-senadores, quatro governadores e ex-governadores, 24 parlamentares, três servidores, dois vereadores e um empresário, todos ligados ao Executivo e ao Legislativo ou à política. Do Judiciário, nada.


Eliana Calmon, como a Odebrecht, é baiana. Como corregedora-geral do Conselho Nacional de Justiça, ela foi uma ferrabrás. Antes do surgimento da Lava-Jato, a ministra prendeu empreiteiros, brigou com colegas e denunciou a rede de filhos de ministros de tribunais superiores que advogam em Brasília. Aposentou-se, em 2014 concorreu ao Senado pelo PSB da Bahia e foi derrotada. (Durante a campanha, ela e o partido informaram que receberam doações legais da Odebrecht, da Andrade e da OAS.)


Entre 2011 e 2015, a Odebrecht esteve na maior disputa societária em curso no país. Nela enfrentaram-se as famílias de Norberto Odebrecht, o fundador do grupo, e de Vitor Gradin, seu amigo e sócio, com 21% de participação no grupo. Quando Norberto e Vitor se associaram, estipularam no acordo de acionistas que, havendo conflitos, eles deveriam ser decididos por arbitragens. No comando da empreiteira, Marcelo Odebrecht decidiu reorganizar a empresa afastando a família Gradin, oferecendo-lhe R$ 1,5 bilhão por sua parte. O sócio achava que ela valia pelo menos o dobro.


Os Gradin foram à Justiça pedindo arbitragem, uma juíza deu-lhes razão, mas sua sentença foi anulada liminarmente por um desembargador baiano. Quando os Gradin arguiram sua suspeição, ele declarou-se vítima de “gratuita ofensa” e declarou-se suspeito “por motivo de foro íntimo”.  O litígio se arrastou, e, em plena Lava-Jato, em dezembro de 2015, o STJ deu razão aos Gradin. Em pelo menos um episódio a Odebrecht mobilizou (inutilmente) sua artilharia extrajudicial.


Se nenhum executivo da Odebrecht falou do Judiciário, pode ter sido porque nada lhe perguntaram. Existiriam motivos funcionais para que não fossem feitas perguntas nessa direção. Vazamentos astuciosos, como o de um suposto depoimento envolvendo o ministro José Antonio Toffoli, dão a impressão de que, mesmo não havendo referências ruidosas, existe algum arquivo paralelo, sigiloso e intimidatório.


A declaração de Eliana a Boechat apimentou o vatapá. O corregedor nacional de Justiça, ministro João Otávio de Noronha, estaria disposto a abrir uma investigação nas contas da campanha da ex-colega. (Ambos estranharam-se quando conviviam no tribunal.)

Essa briga será boa, e a vitória será da arquibancada.


Fonte: Elio Gaspari,  jornalista - O Globo

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Os apoios de Temer

Um presidente extremamente impopular como Michel Temer, cujo apoio está abaixo de 10% nas pesquisas mais recentes, conseguir montar uma base de sustentação no Congresso tão fiel a ponto de ter tido, segundo pesquisa do Estadão Dados publicada ontem, um índice de aprovação de 88% de suas iniciativas, é o paradoxo que rege nossa política atual, desafia os estudiosos, mas, sobretudo, inquieta os oposicionistas.

O paradoxo da presidência Temer é esse, um presidente congressualmente forte e politicamente fraco. Ao contrário do que ele mesmo disse, numa tentativa frustrada de demonstrar despreocupação com sua taxa ínfima de popularidade, um presidente que se dispusesse a fazer reformas como o controle de gastos e da Previdência precisaria ser muito popular para poder perder gordura e aprovar essas reformas.


No entanto, não tendo esse prestígio popular, ele é capaz de levar o Congresso a aprovar medidas dificílimas, embora necessárias, um Congresso tão desmoralizado e impopular que busca se afirmar justamente atuando na contramão do populismo, embora em alguns casos, como na negociação da dívida dos Estados, namore com a leniência para agradar as corporações.


A revelação de que ele colocou como meta ser reconhecido pela História como o presidente que realizou as reformas estruturantes de que o país necessita dá uma dimensão maior ao seu mandato. Dois cientistas políticos da Fundação Getulio Vargas do Rio, Octavio Amorim Neto e Carlos Pereira, este em ano sabático em Berlim, têm visões semelhantes desse fenômeno: a última possibilidade que a atual classe política tem de não ir para a lata do lixo da História é aprovar as reformas estruturais.


Para Octavio Amorim Neto, o fato de Temer não ter sido eleito diretamente é um problema num regime presidencialista como o nosso, embora na sua visão ele tenha chegado à presidência de maneira legítima. Mas esse não é um problema insanável, diz ele. Temer substituiu Dilma num processo traumático, muito polarizado e contestado numa certa elite política, mas a maioria da população não gostava da Dilma e apoiou sua destituição. 


A grande aposta do Palácio do Planalto hoje, diante dessa crise estrutural da política brasileira, e dessa crise de credibilidade que ameaça Temer, é ser o único que se dispõe a fazer uma duríssima reforma econômica, no que é seguido pelo Congresso. Mas Octavio Amorim Neto acha que, já que o estilo de Temer é a disposição de negociar e conceder, ele terá dificuldades para fazer uma reforma que aponte para uma nova trajetória, e enfrentar as corporações que estão derrotando os esforços de reajuste fiscal nos Estados como o Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.


A condição fundamental para a retomada do crescimento econômico, para mudar as expectativas de empresários com relação à dívida pública e da política fiscal é a reforma da Previdência, mas Octavio Amorim Neto tem dúvidas sobre se o governo Temer, fraco do ponto de vista de sua relação com a opinião pública e com a sociedade, pode fazer uma boa reforma da Previdência.  


 Carlos Pereira acha que as chances de o Congresso aprovar reformas estruturais polêmicas como a da Previdência são enormes. Ele chega a imaginar que talvez o governo Temer se transforme no mais reformista da história recente do Brasil.  Pereira considera que havia uma ideia equivocada da esquerda brasileira de que a crise política teria continuidade no governo Temer, mas ele ressalta que a crise atual é completamente diferente da que levou ao impeachment da ex-presidente Dilma. Na sua análise, o Executivo sob Dilma tratou mal sua base parlamentar, montou uma gerência de coalizão completamente ineficiente, muito heterogênea, que não compartilhou nem poder nem recursos de forma proporcional com os aliados.


 O governo Temer, ao contrário, é extremamente eficiente.Temer montou uma coalizão muito representativa do Congresso, e isso é raro, diz ele. A coalizão atual, que teve um índice de eficiência na aprovação das medidas apresentadas de 88%, é mais eficaz do que a de Fernando Henrique Cardoso que, na análise de Carlos Pereira, havia sido a mais eficaz até o momento.
 

Fonte: Merval Pereira - O Globo

“A meritíssima saída” e outras sete notas de Carlos Brickmann

Moro é aprovado por 66% da população, e rejeitado por 22% - isso apesar da campanha feroz que o PT move contra ele


É cedo, muito cedo; pesquisa eleitoral, tantos anos antes de uma eleição, é mais adivinhação do que previsão. Celso Russomanno e Paulo Maluf cansaram de disparar na frente e perder o fôlego em campanhas por cargos majoritários. Mas a pesquisa, embora longe de indicar um favorito, é ótima para avaliar a atual situação de cada possível candidato. 

Neste momento, quem dispara na pesquisa do Instituto Ipsos é o juiz Sérgio Moro. Moro é aprovado por 66% da população, e rejeitado por 22% isso apesar da campanha feroz que o PT, os advogados do ex-presidente Lula e o próprio Lula movem contra ele, considerando-o parcial. Há ataques mais graves de alguns setores, que o acusam de investigar a corrupção com o objetivo de prejudicar a Petrobras e as grandes empreiteiras, em benefício de multinacionais concorrentes que buscam o mercado brasileiro. Até agora, as acusações não pegaram no juiz, que vai ganhando prestígio.

A primeira pesquisa do Ipsos sobre a popularidade de Moro se realizou em setembro do ano passado. Na ocasião, Moro tinha 10% de aprovação, e era desconhecido por 56% dos entrevistados. Em pouco mais de um ano, seu índice de aprovação se multiplicou por 6,6, um desempenho impressionante. Em junho, superava outro super-herói nacional, o ministro aposentado Joaquim Barbosa, por 55 a 52. De junho para cá, cresceu mais.
Será Moro candidato? Será candidato forte? Melhor ouvir a Mãe Dinah.

Temer, não…
O presidente Michel Temer tem números ruins: as pesquisas CNI-Ibope (46%), Datafolha (45%) e CUT-Vox Populi (55%) mostraram como cresce a rejeição a seu Governo. O Datafolha pesquisou também a taxa de rejeição de Lula (44%), e concluiu que o presidente e o ex-presidente estão tecnicamente empatados no número de eleitores que não votariam neles de jeito nenhum, caso sejam ambos candidatos nas eleições de 2018. O detalhe: os três institutos indicam quedas de prestígio semelhantes. Os números podem diferir um pouco, mas sinalizam idêntica fraqueza política.

…não…
O resultado mais dramático é o do Instituto Ipsos: 77%. Com esse número, Temer será o presidente da República mais mal visto pelos eleitores desde que se iniciaram as pesquisas sobre esse tema – um presidente pior até do que Dilma Rousseff. O número negativo disparou logo após o vazamento das delações da Odebrecht, em que é citado.

…sim…
Mas as medidas econômicas anunciadas na quinta-feira foram bem recebidas por empresários e especialistas. O presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Ives Gandra Martins Filho, disse que as mudanças nas leis trabalhistas deixarão a Justiça mais tranquila e segura. “Quando a lei é clara é mais fácil trabalhar”. O presidente do TST acredita que não haverá quaisquer prejuízos jurídicos para os assalariados. “A cada direito flexibilizado, há uma vantagem compensatória para o trabalhador”.
A CUT será contra, pois o Governo não é do PT. O trabalho é convencer as outras centrais sindicais a tomar posição a favor, ou de esperar para ver.

…sim…
Um fato é inegável: ao que tudo indica, Temer só deixará a Presidência se quiser. Tem uma tremenda maioria parlamentar, capaz de barrar qualquer iniciativa contra ele. Pode ser que o Tribunal Superior Eleitoral conclua que as irregularidades cometidas por Dilma na campanha eleitoral o atingem, como seu companheiro de chapa, e decida cassar seu mandato, Nesse caso, disse Temer, no café da manhã com jornalistas, em Brasília, entrará na Justiça com recursos contra a decisão – todos os recursos possíveis. A partir de domingo que vem, restar-lhe-ão dois anos de mandato; e, diz a Constituição, se ele deixar o cargo, o substituto será escolhido em eleição indireta. Podem tentar afastá-lo como vingança, uma compensação pela queda de Dilma, mas ninguém vai ganhar nada com isso.

…sim!
A inflação, que caminhava para dois algarismos pelo segundo ano consecutivo, deve ficar pouco acima da margem superior da meta: 6,6%. Boa parte dessa queda, claro, se deve à crise econômica. Mas o eleitor sente no bolso a queda da inflação, e pode voltar-se a favor do Governo.

Brincando no bolso…
O Governo autorizou as empresas aéreas a cobrar as bagagens embarcadas. Explicaram que isso é ótimo porque permitirá reduzir a tarifa de quem não despacha bagagem. Alguém topa apostar com esta coluna? Michel Temer diz que as novas medidas econômicas talvez não tenham efeito imediato, mas a médio prazo, todos verão, serão ótimas.

…dos outros
Nos dois casos, o Governo diz que tudo vai melhorar, só que mais tarde.

Publicado na coluna de Carlos Brickmann

 

A fonte secou

Se depender dos militantes, Lula não conseguirá dinheiro suficiente nem para 10 comícios em 2018

Em fevereiro de 2014, uma campanha realizada pelo PT arrecadou, em 10 dias, R$ 920.694,38 para pagar a multa imposta a José Dirceu pelo envolvimento no escândalo do mensalão. Condenado a 7 anos e 11 meses pelo crime de corrupção ativa, o subchefe da quadrilha do mensalão conseguiu o apoio de 3.972 doadores. Meses antes, recorrendo ao mesmo método, José Genoíno havia arrecadado quase R$ 700 mil e, Delúbio Soares, R$ 1,013 milhão.


Proibida de usar o avião oficial enquanto aguardava o desfecho do impeachment, a ex-presidente Dilma Rousseff também surfou na onda do financiamento coletivo online. Com 11.471 adesões, a campanha que pretendia bancar as viagens de Dilma pelo país não dobrou, mas ultrapassou com folga a meta inicial de R$ 500 mil, conseguindo R$ 791.996.

Animados com o sucesso das anteriores, o PT tinha certeza de que a vaquinha ‘Por um Brasil Justo pra Todos e pra Lula’, parte de um esforço nacional e internacional de defesa da democracia, do Estado de Direito e do ex-presidente Lula”de acordo com a explicação no site da campanha juntaria alguns milhões de pixulecos em poucos minutos. O desfecho foi bem diferente. Encerrada neste sábado, a campanha, que contou com 2.381 doadores, recebeu R$ 270.051 bem abaixo do dos R$ 500 mil pretendidos.

O fracasso da vaquinha não dissuadiu o PT da ideia de lançar a candidatura de Lula à Presidência da República ainda no primeiro semestre de 2017. Com o fim das obesas contribuições das empreiteiras e dos convites para palestras que chegaram a render quase R$ 500 mil por hora, vai ser difícil financiar até campanhas para eleger síndicos de prédios no Guarujá. Se depender dos militantes, o afoito candidato à disputa presidencial de 2018 não conseguirá dinheiro suficiente sequer para 10 comícios.

Fonte: Coluna do Augusto Nunes