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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Lula vai à luta

O diagnóstico não é novo, mas vem sendo repetido cada vez com mais frequência e contundência principalmente entre governistas: a crise é política. E a solução, portanto, só pode ser política.

Arte, porém, que nesse governo não se exerce como demonstrado pela quantidade de desventuras em série produzidas pelo Palácio do Planalto antes mesmo de o carnaval chegar. Essa constatação tem levado petistas a apelar ao ex-presidente Luiz Inácio da Silva que "pegue esse touro na unha".

Ou seja, faça política, assuma o papel de articulador, se não do governo, ao menos do partido que se sente atordoado em meio ao escândalo da Petrobrás, às medidas do ajuste fiscal, às derrotas sucessivas na Câmara, à supremacia política do PMDB, à perda acentuada de popularidade da presidente Dilma Rousseff e à deterioração da imagem do PT na sociedade. A reclamação central é a de que ninguém conversa com ninguém. Não há coordenação, não há diálogo nem informação.

As medidas do ajuste, por exemplo. Desde o anúncio, os parlamentares do PT reclamam que estão sem discurso no Congresso e junto às bases eleitorais. Resultado: petistas tomam a iniciativa de propor modificações nas medidas do governo reforçando o cenário de desgoverno. A inquietação dos petistas é com a sobrevivência individual e coletiva. Um deles chegou a perguntar a Lula sem meios-termos: "Afinal, ainda temos um projeto ou terminamos em 2018?".

Diante da resposta afirmativa sobre a permanência do "projeto", o interlocutor saiu da conversa confiante de que Lula vai à luta tendo como primeira e principal tarefa a reabertura dos canais de comunicação em toda parte. No Congresso, nos partidos, nos sindicatos, nos movimentos sociais, com ministros do PT além daqueles com assento no Palácio, o importante, na avaliação dos petistas, é o partido procurar as pessoas e se movimentar para sair das cordas.

Para isso, o melhor embaixador é Lula que nos últimos tempos - segundo esses mesmos interlocutores - andou desanimado (para dizer o mínimo) com a falta de "escuta" da presidente Dilma. Ele chegou a sugerir que ela criasse comitês para gerenciar as diversas crises, da Petrobrás, da energia elétrica, da questão hídrica, mas não foi ouvido.

Por: Dora Kramer, colunista do Estadão

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