Por: General de Exército Maynard Marques de Santa Rosa
A
esquerda brasileira tenta sepultar a memória do 31 de março, com o mesmo
artifício revisionista que a esquerda francesa utilizou para esquecer o 18 Brumário. . Lá, a ameaça de volta do terror e o anseio por estabilidade criaram o
consenso que erradicou a República e implantou o regime do Consulado,
embora à custa das conquistas revolucionárias.
Aqui,
o caos do desgoverno e a anarquia de inspiração ideológica, no início
dos anos 1960, empurravam o País para o cenário da Guerra Civil
Espanhola, tornando inevitável a intervenção militar. A
diferença é que o governo Castello Branco não tinha aspirações
napoleônicas. E os jacobinos de lá eram nacionalistas, enquanto os daqui
usavam o internacionalismo proletário para justificar o patrocínio
estrangeiro.
Digam o que quiserem os revisionistas, a intervenção de 1964 veio com
apoio popular, sob o consenso das forças políticas e respaldada no
princípio constitucional de que “todo o poder emana do povo”.
Na França de 1799, seguiu-se o projeto de glória de um homem só. No
Brasil, tomou corpo o ideal de uma geração de militares, iniciado com os
“jovens turcos” que retornaram da Alemanha de Guilherme II, trazendo a
inspiração de Kemal Ataturk, de que é possível reverter o atraso secular
de um povo, quando se combinam patriotismo, espírito renovador e
liderança. O tenentismo de 1930 ressurgiu, renovado, no projeto
desenvolvimentista de 1964.
Graças ao planejamento estratégico, a economia teve um crescimento
contínuo e sem precedente, durante vinte anos, a despeito da subversão
comunista e das crises do petróleo de 1973 e 1978. Uma liderança honesta e empreendedora, com um projeto nacional,
reverteu as bases rurais da sociedade, consolidou a industrialização,
integrou o País e resgatou a Amazônia da crise em que se debatia desde o
colapso do mercado A redemocratização foi gradual e civilizada,
conduzida sob o princípio da conciliação, consagrado no instituto da
anistia.
Aqui, não houve restauração sob a ameaça de forças
estrangeiras. Entretanto, a politização que se seguiu trouxe de volta os
atavismos da corrupção, da incompetência e da desarmonia. A ausência de um projeto de futuro, após o ciclo revolucionário, deu
espaço às políticas errantes de cunho populista que vêm transformando o
Brasil em uma autarquia clientelista de fundo fascista.
A lei do progresso, porém, é inexorável. O despertar visível da
juventude pensante trará a onda renovadora, que haverá de varrer a
inércia atávica e as raízes ideológicas de desarmonia, fazendo raiar
luminosas esperanças. O marco histórico do 31 de março volta a suscitar nos corações
patrióticos o apelo ao compromisso de união de todos em torno do ideal
de um Brasil progressista, justo e fraterno, berço da liberdade e
coração do mundo.
Transcrito do ASMIR - PB
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