Por: Carlos Alberto Brilhante Ustra - Cel Ref do EB *
Hoje, 31 de março de 2015, faz 51 anos que foi deposto o Presidente da República, João Goulart.
Uns
chamam esse acontecimento de golpe militar, outros de tomada do poder,
alguns outros de Revolução de 1964. Eu prefiro considerá-lo como a
Contra-Revolução de 31 de março de 1964.
Vou
lhes explicar o meu ponto de vista ao longo deste artigo. Espero que ao
final vocês tenham dados suficientes para julgar se estou certo.
Vocês foram cansativamente informados por seus professores, jornais, rádios, TV e partidos políticos:- que os militares tomaram o poder dos civis para impedir que reformas moralizantes fossem feitas;-
que para combater os "generais que usurparam o poder" os jovens da
época uniram-se e lutaram contra a ditadura militar e que muitos deles
morreram, foram mutilados, presos e torturados na luta pela
"redemocratização" do país;- que os militares assim agiram a mando dos Estados Unidos, que temiam o comunismo instalado no Brasil;-
que jovens estudantes, idealistas, embrenharam-se nas matas do Araguaia
para lutar contra a ditadura e pela redemocratização do país.
Com
quantas inverdades fizeram a cabeça de vocês! E por que essas mentiras
são repetidas até hoje? Foi a maneira que eles encontraram para tentar
justificar a sua luta para implantar um regime do modelo soviético,
cubano ou chinês no Brasil. Por
intermédio da mentira, eles deturparam a História e conseguiram o seu
intento. Vocês que não viveram essa época acreditam piamente no que eles
dizem e se revoltam contra os militares.
Vamos aos fatos, pois eu vivi e participei dessa época.
Em março de 1964 eu era capitão e comandava uma bateria de canhões
anti-aéreos do 1º Grupo de Artilharia Anti-Aérea, em Deodoro, no Rio de
Janeiro.
A maioria dos oficiais que serviam no 1º Grupo de Artilharia AAé,
entre eles eu, teve uma atitude firme para que o Grupo aderisse à
Contra-Revolução.
Eu era um jovem com 31 anos. O país vivia no caos. Greves políticas paralisavam tudo: transportes, escolas, bancos, colégios. Filas eram
feitas para as compras de alimentos. A indisciplina nas Forças Armadas
era incentivada pelo governo. Revolta dos marinheiros no Rio; revolta
dos sargentos em Brasília. Na minha bateria de artilharia havia um
sargento que se ausentava do quartel para fazer propaganda do Partido
Comunista, numa kombi, na Central do Brasil.
Isto tudo ocorria porque o governo João Goulart queria implantar as
suas reformas de base à revelia do Congresso Nacional. Pensava, por meio
de um ato de força, em fechar o Congresso Nacional com o apoio dos
militares "legalistas". Vocês devem estar imaginando que estou exagerando para lhes mostrar
que a Contra-Revolução era imperativa naqueles dias. Para não me
alongar, vou citar o que dizem dois conhecidos comunistas:
- depoimento de Pedro Lobo de Oliveira no livro "A esquerda armada no Brasil" -
"muito antes de 1964 já participava na luta revolucionária no Brasil na
medida de minhas forças. Creio que desde 1957. Ou melhor, desde 1955".
"Naquela altura o povo começava a contar com a orientação do Partido
Comunista".
- Jacob Gorender - do PCBR, escreveu no seu livro "Combate nas Trevas":
"Nos primeiros meses de 1964, esboçou-se uma situação
pré-revolucionária e o golpe direitista se definiu, por isso mesmo, pelo
caráter contra-revolucionário preventivo. A classe dominante e o
imperialismo tinham sobradas razões para agir antes que o caldo
entornasse".
Diariamente eu lia os jornais da época: O Dia, O Globo, Jornal do
Brasil, Tribuna da Imprensa, Diário de Notícias, etc... Todos eram
unânimes em condenar o governo João Goulart e pediam a sua saída, em
nome da manutenção da democracia. Apelavam para o bom senso dos
militares e até imploravam a sua intervenção, para que o Brasil não se
tornasse mais uma nação comunista. [situação que se repete nos dias atuais - apenas a grande imprensa procurava minimizar.]
Eu assistia a tudo aquilo com apreensão. Seria correto agirmos para a
queda do governo? Comprei uma Constituição do Brasil e a lia
seguidamente. A minha conclusão foi de que os militares estavam certos
ao se antecipar ao golpe de Jango. Às Forças Armadas cabe zelar para a manutenção da lei, da ordem e
evitar o caos. Nós não tinhamos que defender o governo; tínhamos que
defender a nação.
O povo foi às ruas com as Marchas da Família com Deus pela Liberdade,
no Rio, São Paulo e outras cidades do país. Todos pedindo o fim do
governo João Goulart, antes que fosse tarde demais.
E, assim, aconteceu em 31/03/1964 a nossa Contra-Revolução.
Os jornais da época (Estado de São Paulo, O Globo, Jornal do Brasil;
Tribuna da Imprensa e outros ) publicaram, nos dias 31/03/64 e nos dias
seguintes, editoriais e mais editoriais exaltando a atitude dos
militares. Os mesmos jornais que hoje combatem a nossa Contra-
Revolução. Os comunistas que pleiteavam a tomada do poder não
desanimaram e passaram a insuflar os jovens, para que entrassem numa
luta fraticida, pensando que lutavam contra a ditadura. E mentiram tão
bem que muitos acreditam nisso até hoje. Na verdade, tudo já estava se
organizando. Em 1961, em pleno governo Jânio Quadros, Jover Telles,
Francisco Julião e Clodomir dos Santos Morais estavam em Cuba acertando
cursos de guerrilha e o envio de armas para o Brasil. Logo depois,
alguns jovens eram indicados para cursos na China e em Cuba. Bem antes
de 1964 a área do Araguaia já estava escolhida pelo PC do B para
implantar a guerrilha rural.
Em 1961 estávamos em plena democracia. Então para que eles estavam se
organizando? Julião já treinava as suas Ligas Camponesas nessa época,
que eram muito semelhantes ao MST de hoje. Só que sem a
organização, o preparo, os recursos, a formação de quadros e a violenta
doutrinação marxista dos atuais integrantes do MST. E foi com essa propaganda mentirosa que eles iludiram muitos jovens e os cooptaram para as suas organizações terroristas.
Então, começou a luta armada.
Foram vários atos terroristas: o atentado ao aeroporto de
Guararapes, em Recife, em 1966; a bomba no Quartel General do Exército
em São Paulo, em 1968; o atentado contra o consulado americano; o
assassinato do industrial Albert Boilesen e do capitão do Exército dos
Estados Unidos Charles Rodney Chandler; seqüestros de embaixadores
estrangeiros no Brasil .
A violência revolucionária se instalou. Assassinatos, ataques a quartéis e a policiais aconteciam com freqüência.
Nessa época, eles introduziram no Brasil a maneira de roubar dinheiro
com assaltos a bancos, a carros fortes e a estabelecimentos comerciais.
Foram eles os mestres que ensinaram tais táticas aos bandidos de
hoje.Tudo treinado nos cursos de guerrilha em Cuba e na China. As polícias civil e militar sofriam pesadas baixas e não conseguiam, sozinhas, impor a lei e a ordem.
Acuado, perdendo o controle da situação, o governo decretou o AI-5,
pelo qual várias liberdades individuais foram suspensas. Foi um ato arbitrário mas necessário. A tênue democracia que vivíamos não se podia
deixar destruir. Para combater o terrorismo, o governo criou uma estrutura com a
participação dos Centros de Informações da Marinha (CENIMAR), do
Exército (CIE) e da Aeronáutica (CISA). Todos atuavam em conjunto,
tanto na guerrilha rural quanto na urbana. O Exército, em algumas
capitais, criou o seu braço operacional, os Destacamentos de Operações
de Informações ( DOI). Para trabalharem nos diversos DOI do Brasil, o
Exército selecionou do seu efetivo alguns majores, capitães e
sargentos. Eram, no máximo, 350 militares, entre os 150 mil homens da
Exército.
Eu era major, estagiário da Escola de Estado Maior. Tinha na época 37
anos e servia no II Exército, em São Paulo. Num determinado dia do ano
de 1970, fui chamado ao gabinete do comandante do II Exército, general
José Canavarro Pereira, que me deu a seguinte ordem: "Major, o senhor
foi designado para comandar o DOI/CODI/II Ex. Vá, assuma e comande com
dignidade".
A partir desse dia minha vida mudou. O DOI de São Paulo era o maior
do país e era nesse Estado que as organizações terroristas estavam mais
atuantes. O seu efetivo em pessoal era de 400 homens. Destes, 40 eram
do Exército, sendo 10 oficiais, 25 sargentos e 5 cabos. No restante,
eram excelentes policiais civis e militares do Estado de São Paulo.
Esses foram dias terríveis! Nós recebíamos ameaças freqüentemente.
Minha mulher foi de uma coragem e de uma abnegação total. Quando
minha filha mais velha completou 3 anos de idade, ela foi para o jardim
da infância, sempre acompanhada de seguranças. Minha mulher não tinha
coragem de permanecer em casa, enquanto nossa filha estudava. Ela ficava
dentro de um carro, na porta da escola, com um revólver na bolsa.
Não somente nós passamos por isso! Essa foi a vida dos militares que
foram designados para combater o terrorismo e para que o restante do
nosso Exército trabalhasse tranqüilo e em paz. Apreendemos em "aparelhos" os estatutos de, praticamente, todas as
organizações terroristas e em todos eles estava escrito, de maneira bem
clara, que o objetivo da luta armada urbana e rural era a implantação de
um regime comunista em nosso país.
Aos poucos o nosso trabalho foi se tornando eficaz e as organizações terroristas foram praticamente extintas, por volta de 1975. Todos os terroristas quando eram interrogados na Justiça alegavam que
nada tinham feito e só haviam confessado os seus crimes por terem sido
torturados. Tal alegação lhes valia uma redução na pena ou a absolvição
no Superior Tribunal Militar. Então, nós passamos a ser os "
torturadores".
Hoje, como participar de seqüestros, de assaltos e de atos de
terrorismo passou a contar pontos positivos para os seus currículos
eles, posando de heróis, defensores da democracia, admitem ter
participado das ações. Quase todos continuam dizendo que foram
torturados e perseguidos politicamente. Com isso recebem indenizações
milionárias e ocupam elevados cargos públicos. Nós continuamos a ser
seus " torturadores" e somos os verdadeiros perseguidos politicos. As
vítimas do terrorismo até hoje não foram indenizadas.
O Brasil com toda a sua população e com todo seu tamanho teve, 119
mortos identificados, que foram assassinados por terroristas, 43 eram
civis que estavam em seus locais de trabalho ( estima-se que existam
mais cerca de 80 que não foram identificados ); 34 policiais militares;
11 guardas de segurança; 8 militares do Exército; 3 agentes da Polícia
Federal; 3 mateiros do Araguaia; 2 militares da Marinha; 2 militares da
Aeronáutica; 1 major do Exército da Alemanha; 1 capitão do Exército dos
Estados Unidos; 1 marinheiro da Marinha Real da Inglaterra.
A mídia fala sempre em "anos de chumbo", luta sangrenta, noticiando
inclusive que, só no Cemitério de Perus, em São Paulo, existiriam
milhares de ossadas de desaparecidos políticos. No entanto o Grupo
Tortura Nunca Mais reclama um total de 284 mortos e desaparecidos que
integravam as organizações terroristas. Portanto, o Brasil, com sua
população e com todo o seu tamanho, teve na luta armada, que durou
aproximadamente 10 anos, ao todo 403 mortos.
Na Argentina as mortes ultrapassaram 30.000 pessoas; no Chile
foram mais de 4.000 e no Uruguai outras 3.000. A Colômbia, que resolveu
não endurecer o seu regime democrático, luta até hoje contra o
terrorismo. Ela já perdeu mais de 45.000 pessoas e tem 1/3 do seu
território dominado pelas FARC. Os comunistas brasileiros são tão capazes quanto os seus irmãos latinos. Por que essa disparidade?
Porque no Brasil dotamos o país de leis que permitiram atuar
contra o terrorismo e também porque centralizamos nas Forças Armadas o
combate à luta armada. Fomos eficientes e isso tem que ser reconhecido.
Com a nossa ação impedimos que milhares de pessoas morressem e que esta
luta se prorrogasse como no Peru e na Colômbia.
No entanto, algumas pessoas que jamais viram um terrorista,
mesmo de longe, ou preso, que jamais arriscaram as suas vidas, nem as de
suas famílias, criticam nosso trabalho. O mesmo grupo que só conheceu a
luta armada por documentos lidos em salas atapetadas e climatizadas
afirma que a maneira como trabalhamos foi um erro, pois a vitória
poderia ser alcançada de outras formas.
Um membro do Alto Comando do Exército, há muitos anos passados, declarou, que: "
a ação militar naquele período não foi institucional. Alguns militares
participaram, não as Forças Armadas. Foi uma ação paralela".
Alguns também nos condenam afirmando que, como os chefes
daquela época não estavam acostumados com esse tipo de guerra irregular,
não possuíam nenhuma experiência. Assim, nossos chefes, no lugar de nos
darem ordens, estavam aprendendo conosco, que estávamos envolvidos no
combate. Segundo eles, nós nos aproveitávamos dessa situação para
conduzir as ações do nosso modo e que, no afã da vitória, exorbitávamos .
Mas as coisas não se passavam assim . Nós que fomos mandados
para a frente de combate nos DOI, assim como os generais que nos
chefiavam, também não tínhamos experiência nenhuma. Tudo o que os DOI
faziam ou deixavam de fazer era do conhecimento dos nossos chefes. Os
erros existiram, devido à nossa inexperiência, mas os nossos chefes
eram tão responsáveis como nós.
Acontece que o nosso Exército há muito tempo não era
empregado em ação. Estava desacostumado com a conduta do combate, onde
as pessoas em operações têm que tomar decisões, e decisões rápidas,
porque a vida de seus subordinados ou a vida de algum cidadão pode estar
em perigo.
Sempre procurei comandar liderando os meus subordinados.
Comandei com firmeza e com humanidade, não deixando que excessos fossem
cometidos. Procurei respeitar os direitos humanos, mas sempre
respeitando, em primeiro lugar, os direitos humanos das vítimas e,
depois, os dos bandidos. Como disse em meu primeiro livro "Rompendo o
Silêncio ", escrito com a finalidade de desmascarar e desmentir as
declarações da então deputada federal Bete Mendes, terrorismo não se
combate com flores. A nossa maneira de agir mostrou que estávamos
certos, porque evitou o sacrifício de milhares de vítimas, como
aconteceu com os nossos vizinhos. Só quem estava lá, frente a frente com
os terroristas, dia e noite, de armas na mão, pode nos julgar.
Finalmente, quero lhes afirmar que a nossa luta foi para
preservar a democracia. Se o regime implantado pela Contra-Revolução
durou mais tempo do que se esperava, deve-se, principalmente, aos atos
insanos dos terroristas. Creio que, em parte, esse longo período de
exceção deveu-se ao fato de que era preciso manter a ordem no país.
Se não tivéssemos vencido a luta armada, hoje estaríamos
vivendo sob o tacão de um ditador vitalício como Fidel Castro e milhares
de brasileiros teriam sido fuzilados no "paredón" Em Miami, foi
inaugurado por exilados cubanos, um Memorial para 30.000 vítimas da
ditadura de Fidel Castro).
Hoje temos no poder muitas pessoas que combatemos e que lá
chegaram pelo voto popular e esperamos que eles esqueçam os seus
propósitos de 51 anos passados e preservem a democracia pela qual tanto
lutamos.
* CARLOS ALBERTO BRILHANTE USTRA
-
O autor é coronel reformado do Exercito . Foi Comandante do DOI/CODI/II
Exército ( 29/09/1970 - 23/01/1074) - Instrutor Chefe do Curso de
Operações da antiga Escola Nacional de Informações (1974) - Chefe da
Seção de Operações do CIE (1975 - 1977) - Comandante do !6º GAC - Adido
do Exército junto à Embaixada do Brasil, no Uruguai.
- Escreveu dois livros:Rompendo o Silêncio, em 1987 - esgotadoA Verdade Sufocada - A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça - hoje na 10ª edição
Site: A Verdade Sufocada
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
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