Sempre aprendi na
experiência da justiça, que o juiz que está preso à amizade, ou é ligado a determinada agremiação, tendo sido advogado dele, devia para bem de sua
consciência e a da coletividade, dar-se
por suspeito. É o caso do Ministro Toffolli. Não é bondade, é obrigação de Magistrado. Nenhum colega percebeu sua suspeição, para julgar o
caso da Lava-Jatos. O que talvez me faça cego, surdo e mudo. Ou o instrumento de suspeição foi suprimido do código e eu
não sei. Se na anterior instância, cabe recurso. Na
superior, o julgador resolve por sua conta e é fato consumado. Até a
astúcia do governo é fato consumado. E a Petrobras ainda não abriu todas as
suas entranhas. Há algo podre no reino da Dinamarca.
O Ministro Toffolli, petista reconhecido, ex-advogado do PT, defensor de Dirceu,
no Mensalão incrivelmente não se deu por suspeito. Depois
foi colocado a dedo, como Presidente do Supremo Tribunal Eleitoral, para o decisório das eleições e ninguém pareceu se dar
conta, nem seus confrades, quando é evidente a sua suspeição. Porque
ninguém se arreda de seu passado. Nem o passado se arreda do presente. E o que
repete e se repete não é acaso, é objetivo e este governo não é confiável. E nada do que diz, cumpre. Quer apenas
permanecer no poder.
Tal
Ministro não contente em dirigir as eleições, e era a pessoa menos indicada, com sua vinculação com o partido vencedor, lulista convicto, após
entrevista com Dilma, que evita o contato humano, a não ser para seu
interesse, entrevista estranha, apresenta-se como o
novo juiz dos casos da Lava-Jatos. Será que não repara a reação geral? Será que o Supremo não está se dando
conta disso, ou tudo é permitido? Até quando abusará de nossa paciência? Quem julgará os julgadores? Só a
imprensa percebeu essa sinuosa manobra. E não é mais aceitável num país dito
democrático e num tempo de suspeita, estando
Dilma entre os nomes do desastre.
Lutei contra a ditadura militar e
não aceito a ditadura do PT, nem sua manipulação (vejam os condenados do Mensalão ou estão em
casa, ou estão liberados) e não admite a alternância do poder. Pelas manifestações o povo não suporta mais Dilma e se impõe o remédio legal, que é o impeachment.
E todos entendem, desde as pessoas nas ruas, que o que acontece no
país não é democracia, é o abuso de alguns sobre todos. Mas a vergonha, o roubo, a vilania, a manipulação, a inflação, o
encargo sobre os direitos trabalhistas não podem permanecer.
Falei de um Ministro que já
serviu antes o governo e agora se oferece para julgar a Lava-jato. Ninguém
pode levantar nada sobre a dignidade pessoal dele, nem cabe, mas a suspeita vem das circunstâncias
que o cercam, das ligações com o PT
conhecidas por todos, da insistência de
julgar processos que deviam, no mínimo, afastá-lo do julgamento, por que ninguém , também ele, não está acima de
qualquer suspeita, com tendência, como vimos no
Mensalão: absolutória. E onde também, absurdamente, não se deu por
suspeito. E não será dará nunca por suspeito, por mais suspeito que seja?
Ou estamos brincando de justiça,
como brincamos de eleição, quando falta a imparcialidade
que é apanágio do julgador, mesmo que ele o diga que a tem, mas como afirmava
Ortega y Gasset – “o homem existe com
suas circunstâncias”. E o País não pode estar cego diante de tais manobras.
O julgador está sujeito ao
temperamento, ao mundo que o cerca, aos amores e desamores, tosses,
intempéries, mal humor... coisas humanas. E o tal Ministro ofereceu-se por
vontade a tal desígnio. Diz o Padre
Vieira: ”Quem julga com o
entendimento, pode julgar bem e pode julgar mal: quem julga com a vontade nunca
pode julgar bem”. E nem creio que o faça. Por suspeito, ainda que faça de
conta que não seja, o Brasil sabe todo que o é.
Por: @Carlos
Nejar é da Academia Brasileira de Letras e da Academia
Brasileira de Filosofia.
Site: A Verdade Sufocada
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