Dilma faz opção por se
distanciar ainda mais da população e escolhe para a comunicação social quadro
do PT que tacha a voz das ruas de golpista,
que faz o elogio indireto do bolivarianismo e que é
citado em manuscrito de empreiteiro em situação nada confortável
Era ruim? Vai ficar
pior. A suspeita que aqui se levantou de que Thomas Traumann, secretário de
Comunicação Social, caíra por maus motivos se cumpriu. Os tais blogs sujos
estão soltando rojões. Ouve-se daqui o espocar do champanhe. Os petistas fazem
o Baile da Ilha Fiscal. A presidente Dilma Rousseff nomeou para o lugar de Traumann ninguém
menos do que Edinho Silva. O homem já foi prefeito de Araraquara duas vezes,
deputado estadual e presidente do PT no Estado de São Paulo. Na campanha de 2014,
foi o coordenador financeiro da campanha de Dilma. Coordenador financeiro é o nome que se dá para o “tesoureiro”.
Traumann caiu depois
que alguém vazou um documento da Secom, provavelmente de sua autoria, em que
se diz que o país vive um caos político, apontando erros na comunicação do
governo com a sociedade. Mas isso não tinha importância nenhuma. O que havia de realmente importante lá?
1 – admitia-se o uso dos blogs sujos para atacar os adversários do governo. Lá se dizia que o Planalto fornece “munição” para ser “disparada” por “soldados de fora”. Chega-se a falar em guerrilha da comunicação;
2 – prega-se que o governo use o dinheiro de publicidade para alavancar a popularidade de Haddad em São Paulo;
3 – defende-se que estruturas do estado, como Voz do Brasil e Agência Brasil, sejam postas a serviço do mandato de Dilma, sob uma coordenação única, que incluiria instrumentos de comunicação do próprio PT.
É claro que o
secretário deveria ter caído por essas três coisas. Mas agora fica
claro que não! Ou Dilma não teria escolhido para o seu lugar um quadro do
partido. Ou por outra: todos os
absurdos defendidos no documento certamente serão postos em prática com ainda
mais determinação por Edinho Silva. Por suas mãos vai passar a bilionária verba
publicitária que junta as contas da administração direta com as das estatais. O
documento da Secom, na prática, admite
que essa estrutura está servindo para premiar aliados na imprensa e na
subimprensa — e, por óbvio, para punir os que não aceitam escrever ou
falar de joelhos.
Pior: Dilma nomeia um secretário, com status de ministro,
que já surge como candidato a depor na CPI. Por que digo isso? Ricardo Pessoa,
dono da UTC, que está preso, deixou para a história um manuscrito. Lá está
escrito, prestem atenção: “Edinho Silva está preocupadíssimo. Todas as
empreiteiras acusadas de esquema criminoso da Operação Lava-Jato doaram para a
campanha de Dilma. Será que falarão sobre vinculação campanha x obras da
Petrobras?”.
Há mais. Tivesse fechado o acordo de delação premiada — que não saiu, e ninguém sabe por quê —, Pessoa estaria
disposto, segundo informou reportagem da VEJA, a
contar que doou R$ 30 milhões não contabilizados para o PT no ano passado. Desse total, R$ 10 milhões teriam ido para a campanha de
Dilma.
A nomeação indica que a presidente está perdida e fez a opção
por se distanciar ainda mais da esmagadora
maioria da população brasileira. Edinho
certamente foi considerado especialmente qualificado para o cargo porque,
em documento recente, afirmou que as
manifestações de rua são coisa da elite golpista. E ainda aproveitou para
fazer um elogio indireto ao
bolivarianismo. Segundo o homem, é preciso combater a “direita” em todo o continente. Se Dilma tivesse juízo, teria escolhido um técnico para a secretaria de Comunicação Social, que contasse com o apoio também
do PMDB. Afinal, trata-se de um órgão da
Presidência, não do partido. Mas o que se pode fazer? Fica valendo o adágio
latino: “Quos volunt di perdere,
dementant prius”. Em bom português: “Os
deuses primeiro tiram o juízo daqueles a quem querem destruir”.
Por:
Reinaldo
Azevedo
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