Decifrando a Doutrina Obama
James
Jeffrey,
ex-embaixador extraordinário e plenipotenciário de Barack Obama no Iraque, diz o seguinte sobre o atual desempenho da
administração no Oriente Médio: "estamos
em uma maldita queda livre".
E acima de tudo: fazer acordos equivocados além de perigosos com os mulás do Irã, ambiciosos para obterem armas nucleares. Trata-se de uma série de ou será que há uma erros aleatórios de uma liderança incompetente intenção grandiosa, mal concebida por detrás desse hábito? Até certo ponto é incompetência, como quando Obama se curvou ao rei saudita, ameaçou o governo da Síria na questão das armas químicas antes de mudar de ideia e agora envia ajuda militar a Teerã no Iraque e enfrenta o Irã no Iêmen.
Mas também há uma hipótese de uma ideia grandiosa que necessita de explicação.
Como alguém de esquerda, Obama vê os Estados Unidos como tendo, historicamente, exercido uma influência maligna pelo mundo afora. Corporações gananciosas, um complexo industrial-militar excessivamente poderoso, um nacionalismo grosseiro, racismo enraizado e imperialismo cultural combinados para desenhar os Estados Unidos, no cômputo geral, como uma força para o mal.
Sendo um estudante do organizador de comunidade Saul Alinsky, Obama não proclamou abertamente essa forma de pensar se passando como patriota, embora ele (e sua encantadora esposa) tenham dado a entender, de passagem, suas concepções radicais sobre "transformar, de maneira fundamental, os Estados Unidos". Ao chegar à presidência, Obama trabalhou vagarosamente, sem disseminar alarme, objetivando ser reeleito. Agora contudo, depois de seis anos completos, tendo apenas seu legado com que se preocupar, o Obama em sua plenitude está emergindo.
A Doutrina Obama é simples e universal: calorosas relações com adversários, acomodando-os com amigos.
Diversas suposições sustentam essa abordagem:
- moralmente o governo dos EUA tem a obrigação de efetuar compensações pelos seus erros passados,
- sorrir para países hostis irá influenciá-los a sorrirem de volta,
- o uso da força ao invés de resolver problemas, cria mais problemas, aliados históricos dos EUA, parceiros e assistentes são acessórios moralmente inferiores. No Oriente Médio, isso se traduz em aproximação com revisionistas (Erdoğan, Irmandade Muçulmana, República Islâmica do Irã) e afastamento de governos cooperadores como (Egito, Israel, Arábia Saudita).
Desses atores dois se sobressaem: Irã e Israel. Ao que tudo indica, estabelecer boas relações com Teerã é a preocupação maior de Obama. Conforme mostra Michael Doran do Hudson Institute, Obama, durante toda sua presidência tem trabalhado para apresentar o Irã, o que ele chama de "uma próspera potência regional, que respeita as normas internacionais e as leis internacionais". Contrariamente, suas amizades pré-presidenciais com antissemitas truculentos como Ali Abunimah, Rashid Khalidi e Edward Said apontam para a intensidade da sua hostilidade frente ao estado judeu.
A Doutrina Obama desmistifica o impenetrável. Por exemplo, ela explica porque o governo dos EUA despreocupadamente ignorou o ultrajante latido "Morte aos Estados Unidos" do líder supremo do Irã em março, desprezando-o como mera manipulação para consumo interno, ainda que Obama tenha se prendido ao comentário de campanha eleitoral do primeiro-ministro israelense, quase que simultaneamente, rejeitando a solução de dois estados com os palestinos enquanto durasse seu mandato dizendo: "nós o pegamos pela palavra". [Obama sempre se omitiu diante da matança de civis palestinos, desarmados e indefesos na Faixa de Gaza, efetuada pelo exército de Israel.]
Por: Daniel Pipes
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