Partidos
decidiram recuar da tentativa de impeachment após parecer jurídico do
ex-ministro Miguel Reale Jr. recomendar somente o pedido de ação penal
Os líderes da oposição decidiram
ingressar na Procuradoria-Geral da República contra a presidente Dilma Rousseff, pedindo a abertura de
investigação sobre as chamadas pedaladas fiscais - manobra do governo para
camuflar as contas públicas e atingir a meta de superávit primário.
Parlamentares do PSDB, DEM, PPS e Solidariedade vão protocolar o pedido de
investigação na próxima terça-feira.
A decisão atende orientação do ex-ministro da Justiça
Miguel Reale Junior, que nos
últimos meses se debruçou sobre uma série de denúncias contra a presidente
Dilma. Embora a oposição esperasse um parecer com embasamentos jurídicos para o
pedido de impeachment, o jurista recomendou, neste momento, um pedido de
ação penal. A proposta de afastamento, no entanto, não está descartada. "Há
uma sucessão de informações que estão chegando e elas serão analisadas com
muita responsabilidade. Nós não anteciparemos a nossa agenda. Hoje há um
documento extremamente consistente que mostra que houve cometimento de crime
comum, e é essa ação que o conjunto das forças de oposição vai impetrar",
disse o senador Aécio Neves (PSDB-MG) nesta quinta-feira.
"Nós, como oposição, temos a
responsabilidade de tomar as providências que a sociedade exige. Mas ninguém
pode agir com excessos. Nós estamos agindo com ponderação e argumentos
jurídicos consistentes, que nos levam a fazer uma representação junto à
PGR", afirmou
o presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN).
O pedido de investigação
representa um recuo dos opositores da presidente Dilma Rousseff. Depois de o líder do PSDB na
Câmara, Carlos Sampaio (SP), anunciar que já havia elementos suficientes para
protocolar o pedido de impeachment, no final de abril, o presidente da legenda, Aécio Neves,
entrou em campo para frear a bancada. A ideia era unir as oposições e
anunciar uma decisão conjunta no dia 6 de maio - o que também não aconteceu.
Na
ocasião, foi anunciado que o jurista Miguel Reale ainda analisava denúncias
contra a presidente e que os partidos iriam esperar a chegada da Marcha pela
Liberdade, que caminha de São Paulo a Brasília, prevista para o dia 27. Em resposta, os líderes do Movimento Brasil Livre sustentaram que está mantido o
plano de apresentar ao Congresso Nacional o pedido de impeachment da presidente
Dilma Rousseff na próxima quarta-feira.
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