TCU dá mais 15 dias para Dilma explicar as
‘pedaladas’ fiscais
Prazo
terminaria na quinta-feira; pedido foi feito pelo chefe da Advocacia-Geral da
União
— O
Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu por unanimidade conceder mais 15 dias
para que o governo da presidente Dilma Rousseff explique as contas de 2014. O
relator do caso, o ministro Augusto Nardes, aponta indícios de irregularidades de R$ 104 bilhões. Desse valor,
o governo já entregou a defesa referente a R$
78 bilhões. Falta explicar ainda os outros R$ 26 bilhões. Uma eventual reprovação das contas do governo pode
vir a ser usada pela oposição para sustentar pedido de impeachment de Dilma na
Câmara.
Dilma
aplaudindo o acordão - Governo
terá fôlego extra de 15 dias para explicar irregularidades nas contas de 2014(Keystone /Laurent Gillieron/AP/VEJA)
O prazo
inicial de 15 dias terminaria na quinta-feira. Nardes afirmou que poderia decidir sozinho a questão, mas preferiu
levá-la ao plenário. Ele também disse que, inicialmente, era contrário a
dar mais 15 dias. Mas mudou de opinião após uma conversa com o ministro Luis
Inácio Adams, da Advocacia-Geral da União (AGU). Na terça-feira, Adams
comunicou que, caso não fosse concedido o prazo extra, ingressaria com um
agravo, um tipo de recurso que, na prática, retardaria ainda mais a conclusão
do processo. — Na conversa que tive ontem
com Adams, quando ele manifestou o interesse de fazer o agravo, de certa forma
íamos precisar de 15 a 30 dias. A jurisprudência do Tribunal de Contas da União
estabelece sempre a ideia de dilatação de prazos quando se solicita um agravo
— disse Nardes em entrevista após a decisão do TCU. [anotem: o
Adams quando estiver vencendo o novo prazo chamará o Nardes no canto, ameaça
entrar com novo agravo – qualquer rábula encontrará um motivo – e o Nardes
concede mais 30 dias.]
O novo prazo vence em 11 de setembro. Nardes quer levar a análise das
contas ao plenário do TCU já no próximo mês. Em junho, o
TCU deu 30 dias para o governo apresentar a defesa sobre 13 possíveis
irregularidades, entre elas as chamadas "pedaladas fiscais", ou seja, o uso de manobras, por meio
de bancos públicos, para cobrir despesas atrasadas com alguns programas
federais, entre eles o Minha Casa Minha Vida, o Bolsa
Família e o seguro desemprego. O governo também já deu explicações sobre
o fato de não ter contingenciado parte
do orçamento, o que, segundo Nardes,
foi um desrespeito à legislação vigente.
Para retardar a análise das
contas pelo TCU, o governo articulou no Congresso. Um senador aliado ao governo,
Otto Alencar (PSD-BA), apresentou requerimento pedindo que o tribunal levasse
em conta dois novos fatos apontados pelo Ministério Público junto ao TCU que
ficaram de fora do relatório final. O tribunal deu
então um prazo de 15 dias para julgar esses pontos, que agora foi estendido por mais 15.
As
irregularidades a serem explicadas ainda dizem
respeito a decretos de abertura de crédito orçamentário sem prévia autorização do Congresso e desfalques no Fundo de
Amparo ao Trabalhador (FAT).
O pedido de prorrogação do prazo
foi feito pela presidente por intermédio de Adams na última sexta-feira. Na
petição, o ministro solicitou que o TCU concedesse o
mesmo prazo de 30 dias que foi concedido ao governo em outra etapa do processo.
O próprio Adams foi ao TCU nesta quarta-feira defender o prazo adicional de 15
dias. Ele negou que a intenção seja meramente protelatória e atacou o
procurador Júlio Marcelo de Oliveira, do Ministério Público junto ao TCU. — A afirmação de que a intenção é meramente
postergatória não é verdadeira. A necessidade de 30 dias foi apresentada -
disse Adams - Estamos tratando aqui de
apresentação de esclarecimentos e de defesa em cima de argumentos e acusações
que foram feitas particularmente pelo procurador Julio Marcelo, que busca
explicitamente criar uma responsabilidade presidencial que extrapola a
discussão das contas. Por essa razão, entendemos que o devido processo legal
está a exigir uma adequada apresentação de pedido de tempo para que seja ao
final julgado com toda a integridade que tem de ter e evidentemente terá.
Fonte: Veja e O Globo
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