Deu tudo errado. O
acordão costurado na semana retrasada deu com os jumentos n’água. A petezada e seus
colunistas amestrados ainda não perceberam que o país está em transe, mas
também está em trânsito. Os que vão para as ruas cobrar o cumprimento das leis
já não aceitam os golpes de gabinete.
Querem um diagnóstico realista? A situação de Dilma
nesta segunda é pior do que na segunda passada. Os petistas já
apelam à fala serena dos banqueiros contra o impeachment — certamente não é
contra essa “burguesia” que Vagner
Freitas, o futuro guerrilheiro pançudo, pregou no Palácio do Planalto. Então
vamos ver.
TCU
Não! Até agora, Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado e, por enquanto, poupado por Rodrigo Janot, procurador-geral da República, não conseguiu virar o placar no Tribunal de Contas da União. Por enquanto, a votação a haver está contra o governo, e a má notícia é que um ministro que iria aprovar as contas decidiu que vai rejeitá-las. Enfrenta pressão até da família e acha que um voto favorável à lambança fiscal não seria uma boa herança para os netos.
Não! Até agora, Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado e, por enquanto, poupado por Rodrigo Janot, procurador-geral da República, não conseguiu virar o placar no Tribunal de Contas da União. Por enquanto, a votação a haver está contra o governo, e a má notícia é que um ministro que iria aprovar as contas decidiu que vai rejeitá-las. Enfrenta pressão até da família e acha que um voto favorável à lambança fiscal não seria uma boa herança para os netos.
Prevalece, por ora, a liminar concedida por Roberto Barroso, do
STF, que, estranhamente, considerou constitucionais as aprovações, votadas
pela Câmara, das contas dos outros presidentes, mas exige que as de Dilma sejam apreciadas em sessão conjunta, do Congresso, de sorte que seria o por-enquanto-governista Renan
Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, a
comandar a votação, não o oposicionista Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da
Câmara. Cunha recorreu com um agravo
regimental. O plenário do Supremo vai decidir.
TSE
Gilmar Mendes, ministro do STF e do TSE, mandou Rodrigo Janot — e a Polícia Federal — fazer o que até agora o procurador-geral não fez: investigar o eventual uso, na campanha de Dilma Rousseff, de dinheiro sujo da roubalheira perpetrada na Petrobras. Ricardo Pessoa, dono da UTC, disse ter sido constrangido por Edinho Silva, então tesoureiro da petista e hoje seu ministro, e doar R$ 7,5 milhões para a campanha. Essa apuração nada tem a ver com a petição encaminhada pelo PSDB ao tribunal, acusando a campanha do PT de abuso de poder político e econômico e de receber dinheiro do propinoduto da estatal.
Gilmar Mendes, ministro do STF e do TSE, mandou Rodrigo Janot — e a Polícia Federal — fazer o que até agora o procurador-geral não fez: investigar o eventual uso, na campanha de Dilma Rousseff, de dinheiro sujo da roubalheira perpetrada na Petrobras. Ricardo Pessoa, dono da UTC, disse ter sido constrangido por Edinho Silva, então tesoureiro da petista e hoje seu ministro, e doar R$ 7,5 milhões para a campanha. Essa apuração nada tem a ver com a petição encaminhada pelo PSDB ao tribunal, acusando a campanha do PT de abuso de poder político e econômico e de receber dinheiro do propinoduto da estatal.
A propósito: Luiz Fux, que pediu vista,
suspendendo a votação da admissibilidade do processo, disse que entrega seu
voto nesta semana. O placar
estava 2 a 1, com um terceiro já certo, em favor da abertura da investigação. Bastam quatro votos.
PGR
A resistência de Rodrigo Janot em enviar ao Supremo ao menos um pedido de inquérito para investigar as atuações de Dilma e de Edinho Silva já causa estranheza que se estende bem além do círculo de aliados de Eduardo Cunha. Ninguém entendeu o que explicação não tem: ainda que Cunha e o senador Fernando Collor (PTB-AL) venham a ser condenados, não faz sentido que tenham sido os primeiros denunciados num escândalo que tem o PT como epicentro. Também não escapou a ninguém que a dupla se opôs, e pouco importa se por maus motivos, publicamente ao procurador-geral.
A resistência de Rodrigo Janot em enviar ao Supremo ao menos um pedido de inquérito para investigar as atuações de Dilma e de Edinho Silva já causa estranheza que se estende bem além do círculo de aliados de Eduardo Cunha. Ninguém entendeu o que explicação não tem: ainda que Cunha e o senador Fernando Collor (PTB-AL) venham a ser condenados, não faz sentido que tenham sido os primeiros denunciados num escândalo que tem o PT como epicentro. Também não escapou a ninguém que a dupla se opôs, e pouco importa se por maus motivos, publicamente ao procurador-geral.
Informação adicional: entre procuradores, cresce o desconforto com a
demora em oferecer a denúncia, que consideram forçosa, contra
Renan, que começou a ser investigado, note-se, antes de Cunha. Não causa menos espécie a resistência em deixar
claro que, definitivamente, nada há contra o senador tucano Antônio Anatasia
(MG). Que se diga:
a inclusão de seu nome da lista de investigados já foi uma notável aberração. Não porque ele seja
tucano, mas porque, contra ele, não
havia nem mesmo indício consistente.
Quando alguém lembra que o senador tucano
foi investigado, mas não o petista
Edinho Silva, fica muito difícil justificar uma coisa e outra e uma coisa em face da
outra.
Sem
exército
Embora os petistas
tenham cantado vitória, a manifestação de quinta-feira evidenciou a pindaíba do campo governista.
Não
havia povo na rua, e os companheiros sabem disso. Não fosse a forte mobilização dos
aparelhos, vestindo a máscara de “movimentos
sociais”, os protestos a favor do governo teriam sido um insucesso
retumbante. Para piorar, parte considerável dos que foram às ruas
atacou de modo determinado aquela que é a pauta do próprio governo.
Ou, na fala de um governista que ainda conserva alguma lucidez: “No dia 16, Joaquim Levy quase nem foi
lembrado pelos que pediam o impeachment de Dilma. Quando o criticaram, foi por
causa da elevação de impostos. Na nossa marcha, ele acabou sendo um dos alvos
principais. Aí fica difícil…”. É claro que fica! E tanto pior se torna
porque os indicadores econômicos apontam para uma piora da recessão. Recente “Carta à Nação” de entidades influentes como OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil), CNI
(Confederação Nacional da Indústria), CNT
(Confederação Nacional do Transporte) e
CNS (Confederação Nacional da Saúde) caiu no
vazio. O
texto prega certa união da nação em torno de, bem, em torno de nada…
Era só um chamamento contra o egoísmo, como se o
país estivesse no divã, encalacrado entre “ser”
e “não ser”. Nada disso! Pede-se
o fim da roubalheira e um governo livre da força que a transformou numa
categoria política e de pensamento.
Acordão uma ova! A negociação terá de se dar com os milhões que
foram e vão às ruas e com os dois terços que hoje querem o impeachment.
Os regabofes de
Brasília não vão silenciar o país.
Fonte: Veja OnLine - Blog do Reinaldo Azevedo
Nenhum comentário:
Postar um comentário