Quatro pessoas são demitidas no Brasil a cada minuto.
Com a alta de impostos, que aniquila as finanças das empresas, há o sério risco de o desemprego aumentar ainda mais
Em julho, 157 mil trabalhadores foram demitidos no Brasil, o pior
resultado para o mês nos últimos 23 anos. Sob qualquer ângulo, trata-se
de um dado assustador. Significa que, a cada minuto, quatro pessoas
acabaram dispensadas. É como se toda a população de uma cidade como São
Caetano do Sul, na Grande São Paulo, perdesse o emprego. De acordo com o
IBGE, quase meio milhão de vagas – ou uma Florianópolis inteira –
desapareceram nos sete primeiros meses do ano. O publicitário paulistano
Felipe Oliani, 29 anos, faz parte dessa dramática estatística. Ele está
desempregado desde fevereiro, quando foi excluído da multinacional do
setor hospitalar em que trabalhava como coordenador de marketing. Nos
últimos seis meses, Oliani tem feito de tudo para arrumar uma colocação.
Retomou todos os contatos profissionais, investiu dinheiro em redes sociais profissionais, iniciou um curso de MBA e contratou uma empresa de coaching e transição de carreira. Até agora, nada funcionou. Sem a garantia do salário, o publicitário foi obrigado a deixar o apartamento em que morava sozinho e buscou abrigo na casa da avó. Assim como ele, 8,4 milhões de brasileiros – o equivalente à população da Suíça – estão desocupados e procuram a cada dia, em graus variados de desespero, novas oportunidades no mercado de trabalho. Se a economia continuar desabando, nos próximos meses será ainda mais difícil encontrar um lugar para dar expediente.
Retomou todos os contatos profissionais, investiu dinheiro em redes sociais profissionais, iniciou um curso de MBA e contratou uma empresa de coaching e transição de carreira. Até agora, nada funcionou. Sem a garantia do salário, o publicitário foi obrigado a deixar o apartamento em que morava sozinho e buscou abrigo na casa da avó. Assim como ele, 8,4 milhões de brasileiros – o equivalente à população da Suíça – estão desocupados e procuram a cada dia, em graus variados de desespero, novas oportunidades no mercado de trabalho. Se a economia continuar desabando, nos próximos meses será ainda mais difícil encontrar um lugar para dar expediente.
A alta do desemprego é uma tragédia
anunciada. Desde o início do segundo mandato da presidente Dilma
Rousseff, praticamente todos os indicadores econômicos pioraram. A
inflação disparou. O consumo caiu. Os impostos subiram. O PIB encolheu.
Sem ter para onde correr, as empresas recorreram à medida mais doída: as
demissões em massa. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílio (Pnad), a taxa de desemprego no Brasil é de 8,3%. No ritmo
descendente da atividade econômica, alguns especialistas projetam um
índice de dois dígitos até o final do ano. Para um país emergente como o
Brasil, desemprego na casa dos 10% é uma enormidade. Na zona do euro,
ainda às voltas com a hecatombe financeira da Grécia, o número está em
11%, o que dá a dimensão do tamanho da encrenca para os brasileiros.
A taxa de desemprego tem sido pressionada
também pelas pessoas que estavam fora do mercado de trabalho, mas que,
devido à crise, foram obrigadas a procurar emprego para ajudar na renda
familiar. Para os jovens, a situação é crítica. O desemprego na faixa
etária entre 14 e 17 anos saltou de 20,9% no segundo trimestre de 2014
para 24,40% no mesmo período de 2015. Entre os que têm de 18 a 24 anos, a
taxa está beirando os 20%, quase o triplo da marca observada entre
trabalhadores de 25 a 39 anos. “Os jovens são os primeiros a ser
dispensados”, constata Cimar Azevedo, coordenador de Trabalho e
Rendimento do IBGE. “Isso acontece porque, em geral, eles são menos
produtivos”, diz Daniel Sousa, professor de economia do Ibmec. “É comum
as empresas escolherem demitir o jovem porque ele tem mais chance de
reconstruir a vida.”
O engenheiro mecatrônico, Bruno Donegatti,
25 anos, sentiu isso na pele. Ele trabalhou por 4 anos na mesma empresa
em Barueri (SP) e foi dispensado em março deste ano. “A companhia estava
fazendo uma reestruturação e acho que me desligaram porque eu não tenho
família para cuidar”, afirma. Bruno mora com os pais, mas está
financiando a compra de um apartamento. Há alguns dias, o ministro do
Trabalho, Manoel Dias, afirmou que o governo dispõe de políticas
públicas para combater os indicadores negativos. “Nós queremos ver se
até o final do ano colocamos 1,5 milhão de jovens no mercado de
trabalho”, disse.
O discurso está desconectado da realidade e
lembra a velha e desgastada ladainha do governo petista. Desde Lula, o
PT diz que o seu grande mérito foi ter gerado milhões de vagas para
todas as classes sociais, especialmente os mais pobres. Durante a
disputa presidencial do ano passado, Dilma Rousseff declarou que, apesar
das dificuldades do País, os empregos seriam mantidos. A dura verdade,
porém, é que eles desapareceram – e todos foram afetados, inclusive os
pobres.
Apesar do sinal vermelho, o governo só tem
piorado a situação. Para os trabalhadores, a nova tragédia deve vir na
forma de mais cortes provocados pelo aumento excessivo da carga
tributária. Quantos mais impostos, menos dinheiro as empresas têm para
manter postos de trabalho. A proposta orçamentária para 2016, que o
governo enviará ao Congresso até o dia 31, representará um duro golpe
para empresários e funcionários. O Planalto quer unificar a cobrança do
Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social (Cofins). Em tese, a proposta
simplifica as cobranças, mas o efeito colateral imediato será o aumento
da mordida tributária.
Na terça-feira 25, o Instituto Brasileiro
de Planejamento e Tributação (IBPT) apresentou um estudo sobre o impacto
da unificação. Segundo Gilberto Luiz do Amaral, presidente do IBPT, a
criação de uma alíquota única elevará em cerca de 5% a tributação sobre
as empresas prestadoras de serviços e pequenos negócios. Estima-se que a
medida afetará 2 milhões de companhias, que pagarão R$ 50 bilhões a
mais em tributos. “Em vez de simplificar, a proposta torna o sistema
mais complexo”, diz Amaral.
Fotos: João Castellano/Agência Istoé
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