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quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Banco Central se curva ao governo, mantém taxa de juros e perde a moral que alguns achavam que ainda tinha

Banco Central se curva ao governo e mantém taxa Selic em 14,25% ao ano

Autoridade monetária muda o discurso nas vésperas do Copom e é criticado pelo mercado

O Comitê de Política Monetária (Copom) sucumbiu as pressões do governo e do PT, e manteve a taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano. Em decisão dividida, os diretores do Banco Central recuaram no discurso de que combateriam o avanço das expectativas de inflação, hoje em 7%, mesmo que isso implicasse em mais recessão. As projeções do mercado estão acima do teto da meta, de 6,5%, e a autoridade monetária sinalizava que aumentaria a Selic em 0,5 ponto percentual.

O BC sinalizou até 8 de janeiro que elevaria os juros, quando o presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, enviou ao ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, uma carta explicando porque o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) cravou 10,67% e estourou o teto da meta de inflação, de 6,5%, em 2015. Na documento, Tombini deu a entender que elevaria a Selic para conter as expectativas de inflação para 2016 que já superam o limite máximo de tolerância e estão em 7%.

Além disso, a autoridade monetária se comprometeu a entregar uma inflação de, no máximo, 6,5% em 2016 e garantiu que o IPCA convergiria para a meta, de 4,5%, em 2017. A sinalização do BC de que aumentaria os juros, no entanto, provocou a ira do PT e de parte do governo, que consideravam a medida descabida em um momento de baixo crescimento. Fora isso, para parte dos técnicos do Palácio do Planalto, as chances de um petista se manter no poder acabam se a recessão continuar.

O BC ignorou até quando pôde as pressões, mas, na segunda-feira, em reunião com a presidente Dilma Rousseff, Tombini teria recebido um ultimato: “um ciclo longo de alta de juros não era condizente com o momento econômico”. Com isso, em um ato inédito na véspera da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), Tombini divulgou ontem uma nota e avaliou como “significativas” as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) que apontam que a economia encolherá 3,5% em 2016 e ficará estagnada em 2017.

O fato de o presidente do BC, no dia de reunião do Copom, afirmar, em nota, que “todas as informações econômicas relevantes e disponíveis são consideradas nas decisões do colegiado” reforçou a leitura de que haverá influência política na decisão do comitê. A mudança no discurso da autoridade monetária, que sempre afirmou estar vigilante e disposta a qualquer medida para levar a inflação para a meta, afetou as projeções dos analistas que esperavam uma alta de 0,5 ponto percentual da Selic. Após a divulgação da nota, os juros futuros recuaram. O mercado passou a projetar uma elevação de 0,25 ponto percentual ou até a manutenção da taxa em 14,25% ao ano.


Fonte: Correio Braziliense

 

 

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