Banco Central se curva ao governo e mantém taxa Selic em 14,25% ao ano
Autoridade monetária muda o discurso nas vésperas do Copom e é criticado pelo mercado
O Comitê de Política Monetária (Copom) sucumbiu as pressões do governo e
do PT, e manteve a taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano. Em
decisão dividida, os diretores do Banco Central recuaram no discurso de
que combateriam o avanço das expectativas de inflação, hoje em 7%, mesmo
que isso implicasse em mais recessão. As projeções do mercado estão
acima do teto da meta, de 6,5%, e a autoridade monetária sinalizava que
aumentaria a Selic em 0,5 ponto percentual.
O BC sinalizou até 8
de janeiro que elevaria os juros, quando o presidente da autoridade
monetária, Alexandre Tombini, enviou ao ministro da Fazenda, Nelson
Barbosa, uma carta explicando porque o Índice de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA) cravou 10,67% e estourou o teto da meta de inflação, de
6,5%, em 2015. Na documento, Tombini deu a entender que elevaria a Selic
para conter as expectativas de inflação para 2016 que já superam o
limite máximo de tolerância e estão em 7%.
Além disso, a
autoridade monetária se comprometeu a entregar uma inflação de, no
máximo, 6,5% em 2016 e garantiu que o IPCA convergiria para a meta, de
4,5%, em 2017. A sinalização do BC de que aumentaria os juros, no
entanto, provocou a ira do PT e de parte do governo, que consideravam a
medida descabida em um momento de baixo crescimento. Fora isso, para
parte dos técnicos do Palácio do Planalto, as chances de um petista se
manter no poder acabam se a recessão continuar.
O fato de o presidente do BC, no dia de reunião do Copom, afirmar, em nota, que “todas as informações econômicas relevantes e disponíveis são consideradas nas decisões do colegiado” reforçou a leitura de que haverá influência política na decisão do comitê. A mudança no discurso da autoridade monetária, que sempre afirmou estar vigilante e disposta a qualquer medida para levar a inflação para a meta, afetou as projeções dos analistas que esperavam uma alta de 0,5 ponto percentual da Selic. Após a divulgação da nota, os juros futuros recuaram. O mercado passou a projetar uma elevação de 0,25 ponto percentual ou até a manutenção da taxa em 14,25% ao ano.
Fonte: Correio Braziliense
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