Quase 30 anos após a morte de Tenório Cavalcanti, a Baixada
Fluminense ainda convive com rajadas tão ruidosas quanto as da mítica
Lurdinha, a metralhadora com que o deputado ameaçava adversários
políticos e protegia aliados. Antes da projeção nacional que o levaria a
Brasília, Cavalcanti encarnava exatamente o que hoje são os milicianos
da Baixada e da Zona Oeste. Talvez tenha sido o primeiro deles. Começou a
prosperar no fim da década de 1920, quando seu grupo de homens armados
oferecia um dos serviços que mais faltava à população pobre que vinha do
Nordeste para povoar a Baixada: segurança.
Aos seus adversários, reservava a bala.
Menos caricato, o miliciano típico do Rio de 2016 é mais audacioso do que foi o Homem da Capa Preta. Fizeram doutorado no assunto, com assassinatos de pré-candidatos a prefeito e vereador meses antes da eleição de outubro. Um deputado federal da região diz que, se a investigação em curso pela Polícia Federal prosperar, serão encontrados números bem maiores. Na Baixada, as primárias são à bala.
Incapaz de controlar esses grupos, dado o contágio das polícias Civil e Militar, à Secretaria de Segurança do Rio só resta assistir, sem corar, à convocação das Forças Armadas a cada pleito. Mas, embora ajudem, os militares não garantem uma eleição sem influência da milícia. Pelo contrário: são os milicianos que ditam as regras eleitorais nas áreas que dominam, principalmente nas campanhas municipais.
A intervenção começa no primeiro semestre, quando disputas pelo domínio de bairros e favelas levam a ameaças e mortes. Donos de distribuidoras de gás, de gelo e motoristas de vans, entre outros, são achacados e forçados a contribuir para caixas dois de campanhas de vereadores e prefeitos. Depois, até a hora da eleição, só faz campanha quem paga ou se compromete com o grupo miliciano local.
A contaminação com os políticos favorece a impunidade. A Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) concluiu em 2000 uma CPI sobre o assunto sem comprovar qualquer motivação política concreta para o assassinato de 25 políticos do estado de 1985 até 2000. Uma série de recomendações da CPI das Milícias, de 2008, até hoje não foi cumprida pelo governo do estado.
O fim da cultura de violência política na Baixada e na Zona Oeste passa pelo combate a esses grupos. Por isso, a entrada da Polícia Federal nas investigações, na semana passada, a pedido do procurador regional eleitoral do Rio, Sidney Madruga, é bem-vinda. Mas, sem um combate mais firme às milícias, Tenório Cavalcanti seguirá fazendo escola.
Menos caricato, o miliciano típico do Rio de 2016 é mais audacioso do que foi o Homem da Capa Preta. Fizeram doutorado no assunto, com assassinatos de pré-candidatos a prefeito e vereador meses antes da eleição de outubro. Um deputado federal da região diz que, se a investigação em curso pela Polícia Federal prosperar, serão encontrados números bem maiores. Na Baixada, as primárias são à bala.
Incapaz de controlar esses grupos, dado o contágio das polícias Civil e Militar, à Secretaria de Segurança do Rio só resta assistir, sem corar, à convocação das Forças Armadas a cada pleito. Mas, embora ajudem, os militares não garantem uma eleição sem influência da milícia. Pelo contrário: são os milicianos que ditam as regras eleitorais nas áreas que dominam, principalmente nas campanhas municipais.
A intervenção começa no primeiro semestre, quando disputas pelo domínio de bairros e favelas levam a ameaças e mortes. Donos de distribuidoras de gás, de gelo e motoristas de vans, entre outros, são achacados e forçados a contribuir para caixas dois de campanhas de vereadores e prefeitos. Depois, até a hora da eleição, só faz campanha quem paga ou se compromete com o grupo miliciano local.
A contaminação com os políticos favorece a impunidade. A Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) concluiu em 2000 uma CPI sobre o assunto sem comprovar qualquer motivação política concreta para o assassinato de 25 políticos do estado de 1985 até 2000. Uma série de recomendações da CPI das Milícias, de 2008, até hoje não foi cumprida pelo governo do estado.
O fim da cultura de violência política na Baixada e na Zona Oeste passa pelo combate a esses grupos. Por isso, a entrada da Polícia Federal nas investigações, na semana passada, a pedido do procurador regional eleitoral do Rio, Sidney Madruga, é bem-vinda. Mas, sem um combate mais firme às milícias, Tenório Cavalcanti seguirá fazendo escola.
Fonte: Análise - O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário