"Não tem neste país uma viva alma
mais honesta do que eu. Nem mesmo na Polícia Federal. Nem mesmo no Ministério
Público. Nem dentro da Igreja Católica, nem dentro da Igreja Evangélica, nem
dentro dos sindicatos, nem no meio de vocês. Pode ter igual. Mais, eu
duvido".
Com essas
palavras, há alguns meses, conversando com blogueiros da mídia amiga, Lula escalou por
conta própria o topo do pódio da honestidade. Entregou medalha de ouro para si mesmo. Não duvido que enquanto
mentalmente mordia o disco dourado soassem em seus ouvidos os acordes do Hino
Nacional. Está ficando difícil ser
petista. Semana passada caiu Luis Fernando Veríssimo, imaginem só! Em
entrevista para Sônia Racy, do Estadão, LFV confessou
ser um esquerdista desiludido com o PT. E a Velhinha de Taubaté desertou
com ele.
Os desiludidos formam dispersa e
contraditória multidão. Uns poucos caem atirando nos companheiros, como aconteceu há bom tempo
como Hélio Bicudo e Eduardo Jorge. Outros tombam de joelhos, penitentes, como
certamente aconteceu com a Velhinha de Taubaté. Outros, por fim, caem atirando
nos adversários. Têm a nostalgia de quando podiam atacar tudo que ficasse à sua
direita com a mais imaculada, tantas vezes beata e benta, demagogia. Chegaram ao poder para deixar o país desse
jeito.
De algum
lugar, senhores da CNBB, Deus está vendo
tudo isso. O esforço dos remanescentes no sentido de desacreditar as
denúncias do Ministério Público Federal tromba contra os fatos. Praticamente todos os corruptos e corruptores já confessaram
e houve mais de uma centena de condenações. Bilhões já foram reavidos.
Todos os participantes da Orcrim contam as mesmas histórias e relatam os mesmos
esquemas. Há testemunhas e evidências para as acusações que incidem sobre os
dois governos petistas.
Não há
compatibilidade entre o discurso do medalhista de ouro em honestidade e os
bilhões drenados pelos esquemas do PT, PMDB e PP. Os agentes da força-tarefa da
Lava Jato produziram dezenas de milhares de páginas de documentos. Boa parte
delas, por envolverem personagens com prerrogativa de foro, estão sob sigilo naquela trincheira da
morosidade e da impunidade que atende pela sigla STF.
Atribuir excelsas virtudes a
Lula, reconhecer-lhe a medalha (e
transferi-la depois a Dilma), significa colocar a ideologia e o partido no
topo da escala dos valores morais tornando bom tudo que a eles convém e mau
tudo que os confronta. Quem quiser conduzir-se assim que o faça, mas não há como o mais honesto dos homens
presidir o mais corrupto dos governos.
http://puggina.org – Percival Puggina
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