O cassado Eduardo Cunha considera-se traído.
Usará sua memória como
uma ameaça sobre o Palácio do Planalto
uma ameaça sobre o Palácio do Planalto
No
domingo à noite (11), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, do Democratas do Rio de Janeiro, pediu
uma pizza para jantar com parlamentares e ministros na espaçosa residência
oficial, às margens do Lago Paranoá. Era a véspera da sessão mais importante de
seu mandato e, talvez, do governo de Michel Temer, na qual se votaria o destino do
ex-presidente da Casa Eduardo Cunha,
do PMDB do Rio de Janeiro. Acusado de mentir à CPI da Petrobras sobre
contas no exterior,
Cunha, o outrora homem mais poderoso da Câmara,
poderia terminar cassado, destituído do mandato e entregue à classe comum no
Judiciário.
Enquanto a pizza transcorria, Cunha estava reunido com os poucos aliados que
ainda lhe restavam em outro canto da cidade, no escritório de seu advogado,
Renato Ramos. Por volta da meia-noite, os deputados Aguinaldo Ribeiro, do PP da
Paraíba, e Arthur Lira, do PP de Alagoas, saíram do bunker de Cunha e foram à
casa de Maia. Lá encontraram o ministro da Secretaria-Geral de Governo, Geddel
Vieira Lima, e o secretário Moreira Franco, dois dos principais assessores de
Temer.
“Como será amanhã? Vai ser 400 ou 420?”, a dupla perguntou a Maia, em
referência ao número de deputados presentes que seria exigido por ele para
realizar a sessão capital para Cunha. “Vai
ser 420”, disse Rodrigo. Mas a frase seguinte foi a que desencadeou as
reações que tomariam toda a semana e cujas consequências podem repercutir ainda
por meses a fio. “Mas, se não for na
segunda, na terça será até com 300. A gente vai resolver esse assunto nesta
semana.” Em miúdos, se não houvesse
400 ou 420 deputados na Câmara na segunda-feira (12), Rodrigo faria a
votação no dia seguinte, com menos deputados, ou seja, submeteria Cunha a
julgamento a qualquer preço.
A decisão fora tomada horas antes. Nos dias anteriores, o Palácio
do Planalto percebera o aumento da pressão pela cassação de Cunha pelas
enquetes publicadas nos jornais. A opinião pública
caminhava no sentido oposto do governo – que, até ali, dera um apoio
discretíssimo a Cunha. No domingo à tarde, convocado pelo presidente, Rodrigo
Maia estivera no Palácio do Jaburu. Temer pedira a ele que resolvesse a questão
naquela semana. Quando disse a frase a Aguinaldo e Arthur, Maia repetia uma
ordem do presidente da República.
Aguinaldo
e Arthur saíram da casa e foram ao escritório relatar tudo a Cunha. Era óbvio a
todos que Rodrigo agia com o aval do Planalto. Eduardo Cunha ficou furioso. Ato
contínuo, Cunha começou a mandar mensagens aos que estavam no jantar na casa de
Rodrigo Maia e a ministros do Palácio. Nos textos dizia que os comensais
dividiam o jantar comemorativo de sua cassação, que destruiria Moreira Franco –
que acredita ser o mentor de Maia, seu genro – e que tinha sido traído. O
veneno para o caos havia sido liberado. A traição mencionada por Cunha vem de
um acordo celebrado na eleição de Rodrigo, em julho. Na ocasião, Cunha e Temer
acordaram que Maia marcaria a votação do pedido de cassação para setembro, em
meio à campanha eleitoral, com exigência de um quórum alto, de 400 a 420
deputados, algo difícil de atingir até em tempos normais, quiçá em meio à
campanha eleitoral.
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