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quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Eficientes na destruição



Quanto tempo, dinheiro, energia e criatividade o pessoal da Odebrecht gastou para montar e manter por tantos anos o tal "departamento de operações estruturadas"? O sistema supervisionava, calculava e executava os pagamentos de comissões - propinas, corrige a Lava Jato - referentes a grandes obras no Brasil inteiro e em diversos outros países.  Considere-se ainda que os pagamentos deviam ser dissimulados, o que trazia o trabalho adicional de esconder a circulação do dinheiro e ocultar os nomes dos destinatários. Coloquem na história os funcionários que criavam os codinomes dos beneficiários - Casa de Doido, Proximus, O Santo, Barba Verde, Lampadinha - e a gente tem de reconhecer: os caras eram eficientes.

Nenhuma economia cresce sem companhias eficientes. Elas extraem mais riqueza do capital e do trabalho e, com isso, reduzem o custo de produção, entregando mercadorias e serviços melhores e mais baratos. Pois o "departamento de operações estruturadas" foi eficiente na geração de uma enorme ineficiência. Tudo aquilo é parte do custo Brasil - encarece as obras, elimina a competição, afasta empresas de qualidade e simplesmente rouba dinheiro público.

 Há aqui dois roubos: um direto, o sobrepreço que se coloca nas obras para fazer o caixa que alimenta as propinas; o outro roubo é indireto e mais espalhado. Está no aumento dos custos de toda a operação econômica. Na última terça, a Fundação Dom Cabral divulgou a versão 2016 do ranking mundial de competitividade, que produz em associação com o Fórum Econômico Mundial. O Brasil apareceu no 81o. lugar, pior posição desde que o estudo é feito, atrás dos principais emergentes, bem atrás dos demais Brics.

 Mais importante ainda: se o Brasil caiu 33 posições nos últimos seis anos, os demais emergentes importantes ganharam posições com reformas e mais atividade econômica. Prova-se assim, mais uma vez, que a crise brasileira é "coisa nossa", genuína produção nacional. 

Os governos Lula 2 e Dilma foram tão eficientes na geração do desastre quanto a Odebrecht com Suas  operações estruturadas. Uma política econômica que provoca recessão - por três anos seguidos - com inflação em alta, juros elevadíssimos e dívida nas alturas, tudo ao mesmo tempo, com quebradeira geral das maiores estatais - eis uma proeza que parecia impossível.

 Para completar, a eliminação de qualquer critério de mérito na montagem do governo e suas agências arrasou a eficiência da administração pública e, por tabela, da empresa privada que tinha negócios com esse governo. Em circunstâncias normais, numa economia de mercado, a empresa privada opera tendo como base as leis e as regulações que devem ser neutras e iguais para todos. A Petrobrás precisava ter regras públicas para contratação de obras e serviços. Em vez disso, o que a Lava Jato nos mostrou? Um labirinto de negociações escondidas, operações dissimuladas, manipulações de lei e regras.

Às vezes, a gente pensa: caramba, não teria sido mais simples fazer a coisa legal? Sabe o aluno que gasta enorme energia e capacidade bolando uma cola eficiente e acaba descobrindo que gastaria menos estudando?   A diferença no setor público é que o estudo não dá dinheiro. A cola dá um dinheirão para partidos, seus políticos, amigos e companheiros.

Nenhum país fica rico sem ganhos de produtividade. O Brasil da era PT perdeu produtividade. Mas pior que isso, criou sistemas ineficientes e corruptos desde os principais setores da economia - construção civil, indústria de óleo e gás - até os mais simples serviços públicos, como a concessão de bolsa pescador ou auxílio-doença.

 Sobrando dinheiro. Como o Brasil do pré-sal, a Noruega também descobriu enormes jazidas de petróleo. Também constituiu uma estatal - a Statoil - para extração e produção. Mas os noruegueses tomaram a decisão de guardar a receita do óleo. Constituíram um Fundo Soberano, alimentado com os ganhos da Statoil, fundo esse que passou a investir sobretudo em ações pelo mundo afora. Esses investimentos deram lucros - e este dinheiro, sim, é gasto pelo governo. E o Fundão é reserva para as aposentadorias.  O Fundo norueguês é hoje o maior do mundo - tem um capital investido de US$ 880 bilhões.

Já o Brasil gastou antes de fazer o dinheiroO pré-sal está atrasado, perdemos o boom dos preços astronômicos do petróleo e a Petrobras é a empresa mais endividada do mundo. Outro dia mesmo, vendeu um poço para a Statoil, para fazer caixa. E Dilma dizia que estava construindo o futuro. De quem?

Fonte: Carlos Alberto Sardenberg  - www.sardenberg.com.br


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