Sempre
se soube que a entidade foi concebida para servir como escritório
político e assessoria de imprensa de Lula, enquanto vendia ao público a
ideia de que era um “espaço de interação e diálogo para aqueles que
compartilham os ideais de Lula”, como se lê em seu site.
O
Instituto Lula se apresenta como uma “instituição sem fins lucrativos
que tem como objetivos principais compartilhar experiências de políticas
públicas de combate à fome e à pobreza com os países da África,
promover a integração da América Latina e ajudar a fazer o resgate da
história da luta pela democracia no Brasil”. O ex-presidente é livre
para vender seu peixe como achar melhor, mas a coisa muda de figura
quando se fica sabendo que o instituto goza de benefícios fiscais por se
apresentar como entidade sem fins lucrativos, mas não cumpre os
requisitos que devem justificar essa condição, transformando a isenção
em apropriação ilegal de recursos de natureza pública.
Foi por
esse motivo – desvio de finalidade – que a Receita Federal decidiu
suspender a isenção tributária do Instituto Lula. Segundo o jornal O
Globo, os auditores do Fisco entenderam que o instituto foi usado pela
empresa de palestras de Lula, a LILS (Luiz Inácio Lula da Silva),
configurando exploração comercial de uma entidade que não deveria ter
fins lucrativos.
Além disso, conforme o jornal Folha de S.Paulo,
o instituto repassou R$ 1,3 milhão para a empresa G4 Entretenimento,
cujos donos são Fábio Luís Lula da Silva, o “Lulinha”, e Fernando
Bittar, dono formal do sítio de Atibaia que, segundo suspeita a Lava
Jato, pertenceria ao chefão petista. Os auditores da Receita concluíram
que houve simulação de prestação de serviços, com o objetivo de desviar o
dinheiro do instituto para as mãos dos Lula da Silva.
A
investigação da Receita Federal abrangeu o período de 2011, quando o
instituto foi fundado, a 2014. Por ora, somente a isenção tributária de
2011 será suspensa, obrigando a entidade a recolher os impostos devidos.
Para os anos restantes, a Receita pretende aprofundar a investigação,
mas auditores dizem que já há provas de desvio de finalidade também
nesse intervalo. É por isso que não se sabe ainda qual será o valor
total da cobrança do Fisco – fala-se de algo entre R$ 8 milhões e R$ 12
milhões. E o presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais,
Kleber Cabral, disse que a Receita aplicará ainda uma multa de até 150%,
porque a fraude foi intencional.
Não é de hoje que se suspeita
da verdadeira finalidade do Instituto Lula e da LILS, duas entidades que
estão na mira da Lava Jato. Entre 2011 e 2014, o Instituto recebeu R$
18 milhões das empreiteiras enroladas no petrolão e terá de se explicar à
Receita. Segundo a Folha, o presidente do instituto, Paulo Okamotto,
disse à Receita que a ideia das empreiteiras era patrocinar projetos
sociais nos países africanos nos quais têm obras. Quando os auditores
quiseram saber por que razão nenhum desses projetos se concretizou,
Okamotto disse que a prioridade, por ora, é organizar o acervo de Lula.
O
caso da LILS é semelhante. A empresa de palestras recebeu volumosos
recursos de grandes empresas, mas raros são os registros desses eventos.
A Lava Jato e a Receita suspeitam que as palestras tiveram uma
serventia bem menos nobre do que a de levar ao mundo a sabedoria de
Lula. [aliás, foi uma sorte para o mundo a 'sabedoria' do Apedeuta não ter sido divulgada - já pensou milhares de pessoas espalhadas pelo mundo (caso as palestras tivessem sido proferidas) pensando igual o estrupício do Lula?]Além disso, o Fisco suspeita que as empresas que contrataram a
LILS fizeram o pagamento, na verdade, ao Instituto Lula, caracterizando
confusão patrimonial – uma forma de evitar o recolhimento de impostos,
já que o Instituto Lula é isento.
É por esses motivos que a
Receita está há tempos nos calcanhares de Lula, a ponto de o
ex-presidente, em março passado, ter reclamado duramente com o então
ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. Em telefonema grampeado, Lula disse
que a Receita estava “procurando pelo em ovo” no instituto e mandou o
ministro enquadrar o responsável por aquilo. Pelo que se nota, a bronca
de Lula não surtiu efeito.
A ação da Receita contra o Instituto
Lula só surpreende os incautos. Sempre se soube que a entidade foi
concebida para servir como escritório político e assessoria de imprensa
de Lula, enquanto vendia ao público a ideia de que era um “espaço de
interação e diálogo para aqueles que compartilham os ideais de Lula”,
como se lê em seu site. O Fisco acabou com mais essa fantasia de Lula.
Fonte: Editorial - O Estadão
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