Muito se fala hoje em punição para políticos corruptos, no entanto a
corrupção dentro do sistema Judiciário continua sendo um tabu, uma
verdadeira caixa preta.
Não há dúvidas que magistrados brasileiros têm contribuído de forma
efetiva, nos últimos anos, para diminuir a impunidade no Brasil e
colocar na cadeia poderosos que ninguém jamais imaginava que seriam
alcançados pela espada da Justiça. No entanto, são pouquíssimos os casos
de juízes que, flagrados recebendo propina, vendendo sentenças ou
praticando outro tipo crime, tenham recebido uma punição exemplar.
Atualmente, os juízes são vitalícios e só perdem os cargos e,
consequentemente, as respectivas aposentadorias, por decisão judicial
transitada em julgado, desde que seja por ação penal por crime comum ou
de responsabilidade. Não creio que hoje eles devam continuar a ter
direito a esse privilégio. Para mudar essa situação apresentei, ainda em 2012, a Proposta de
Emenda à Constituição (163/2012) que extingue a aposentadoria
compulsória como punição disciplinar para magistrados envolvidos em
corrupção e estabelece a pena de perda do cargo.
A proposta aguarda votação na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. A análise do assunto exige pressa pois é uma verdadeira aberração
que, em pleno Estado Democrático de Direito, um magistrado, cuja conduta
é incompatível com a dignidade, a honra e o decoro, continue a ter
aposentadoria como pena disciplinar máxima.
Aposentar juiz que vendeu sentença, aposentar juiz que roubou do
povo, que manchou a Justiça brasileira, e dar a ele uma aposentadoria
com todos os direitos é um escárnio. Temos que acabar com os
privilégios, seja onde for. Se a proposta já tivesse sido aprovada, casos como o do ex-presidente
do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), desembargador Clayton
Camargo, acusado de ter dissimulado negociações comerciais e amealhado
patrimônio incompatível com a remuneração, poderiam ter destino
diferente.
O relator do caso no Conselho Nacional de Justiça sugeriu a punição máxima. E o que é a punição máxima? A aposentadoria compulsória. Isso é um absurdo completo e por isso
temos que mudar urgentemente essa legislação para poder punir com mais
rigor os juízes corruptos. Hoje, flagrados, eles acabam sendo agraciados
com o direito de ir para casa e continuar recebendo o salário integral. Na história do Brasil, poucos juízes perderam o cargo. Entre eles
estão o ex-juiz trabalhista Nicolau dos Santos Neto, que foi condenado
pelo envolvimento, junto com o senador cassado Luiz Estevão, em desvio
de recursos da construção do Tribunal Regional do Trabalho em São Paulo.
Outro foi João Carlos da Rocha Mattos. O ex-magistrado foi condenado a
seis anos de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro.
A PEC que apresentei em conjunto com o deputado Arnaldo Jordy
(PPS-PA) tem o objetivo de mudar essa situação. Precisamos enfrentar
esse problema com a seriedade devida.
* Rubens Bueno é deputado federal pelo PPS do Paraná
FAP
Nenhum comentário:
Postar um comentário