Políticos-candidatos em busca de musculatura buscam distanciar-se de
hipotéticos extremismos, e assim preencher espaços eleitorais
teoricamente “de centro”. A presença forte de Bolsonaro e a
estigmatização do PT oferecem a oportunidade de ocupar um locus
narrativo de equilíbrio, pacificação, diálogo, de busca de consensos
para desatar nós, agudos e crônicos.
Na teoria, é uma comunicação lógica. O eleitor médio não quer saber
de confusão. Quer emprego, salário, segurança, boa escola para os filhos
e um sistema eficiente de saúde pública. Coisas teoricamente mais
acessíveis se o país não estiver mergulhado numa guerra fratricida e sem
quartel entre facções cuja única esperança de sobrevivência é a
eliminação do inimigo. O problema, sempre eles, são os fatos. Vamos recapitular. O PT estava
bem adaptado aos mecanismos brasileiros clássicos de produção e
reprodução do poder. Quando o partido se enfraqueceu criticamente e os
adversários decidiram que era conveniente aproveitar a janela de
oportunidade extra-agenda, precisaram, para removê-lo, implodir todo o
edifício institucional.
O “centro” eleitoral para 2018 nada mais é que a esperança de
reverter esse omelete para ovo cru. Não deixa de ser uma ideia, pois
pelo jeito o omelete deu uma desandada. O cansaço com a confusão é
perceptível. Mas existem obstáculos. O principal deles: ninguém
descobriu ainda como fazer o ovo cozido ou frito voltar ao estado em que
saiu da galinha. A política brasileira faz lembrar passados recentes. A esquerda
parece estar na segunda metade dos anos 60 do século passado. A ofensiva
adversária é mortal, mas ela prefere ver no desastre anunciado uma
oportunidade de disputa de hegemonia. A direita está nos anos 70. Sonha
com um país politicamente pacificado, mas com o caminho do poder fechado
aos adversários.
Centro político é algo imaterial. Esquerda e direita chegam a
soluções intermediárias, necessariamente temporárias, quando há um
interesse objetivo comum e a opção de simplesmente eliminar o oposto se
mostra inexequível. O exemplo mais recente entre nós foi a transição
negociada de 1984/85, que produziu três décadas de relativa paz antes de
agora colapsar. Há na direita hoje qualquer interesse de buscar um pacto de
pacificação com o PT? Não, pois implicaria aceitar que o PT possa
disputar o poder em condições de igualdade. Sem isso, a pacificação
tampouco interessa ao partido de Lula, que tem hegemonia absoluta na
esquerda real e uma narrativa capaz de manter reunido seu mercado
eleitoral.
Daí que todas as tentativas de anabolizar um “centro” tenham falhado,
ou estejam patinando. Falta espaço material para essa construção. A
hora ainda é dos ulysses, não chegou o momento dos tancredos. Se é que
vai chegar. A direita está apavorada com a resiliência de Lula e a
esquerda está inclinada a achar que acreditou demais na democracia
burguesa. Acenos centristas são vistos à direita como ilusões de kerenskys, e à
esquerda como patetices de gorbatchevs. Esses ensaios ou são apenas
farsescos, lobos-maus vestidos de vovozinha para abocanhar a chapeuzinho
vermelho, ou são movimentos sinceros mas desprovidos de significado
real. Mesmo se vitoriosos, seriam abduzidos por um dos polos da disputa
de fato.
Abdução já visível nas estruturas tradicionais que ao longo destas
três décadas representaram, em maior ou menor grau, essa visão de um
“centro democrático”. Alckmin talvez seja um dos últimos moicanos. Será o
candidato, mas montado numa estrutura que nada mais tem a ver com a
antiga ambição social-democrata do PSDB. Basta olhar quem vem atrás dele
na fila. Já no PT, que depende mais de Lula do que os outros dependem de seus
líderes, mesmo Lula não tem mais a mesma liberdade de voo. O partido
acabará fazendo o que o ex-presidente mandar, mas a inquietação é
perceptível. Há sempre um custo para o líder quando as escolhas dele
conduzem a armadilhas. Ainda mais quando ele não sabe bem como sair
delas.
*
Há outro complicador. Na política, acordos são obrigatoriamente
políticos. Reconhece-se a legitimidade alheia e reparte-se poder. Mas
toda a pressão da opinião pública stricto sensu é para deslegitimar as
duas coisas. Bonito agora é governar com viés absolutista esclarecido.
Sendo que o “esclarecido” significa seguir bovinamente essa mesma
opinião pública.
* Alon Feuerwerker é jornalista e analista político/FSB Comunicação
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
domingo, 11 de março de 2018
Maior problema do sonho centrista é ele não interessar hoje nem à esquerda nem à direita, os atores de fato
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