Para liquidar os povos, começa-se por lhes tirar a memória, destroem-se seus livros e sua cultura. Então uma pessoa lhes inventa outra História
Publicado
na Coluna
de Carlos Brickmann
O mesmo
fogo que queima também ilumina. O incêndio que destruiu o Museu Nacional
iluminou histórias que viviam ocultas nas sombras. A
primeira: por que um museu deve depender de uma universidade? Nada contra as
universidades, mas não é esse seu objetivo básico. Um museu exige muito ─ muita
dedicação, muito estudo, muito dinheiro, administração própria. O Museu
Nacional, sob a Universidade Federal do Rio de Janeiro, não tinha um contrato
de manutenção elétrica ─ pelo menos não constava na prestação de contas da
UFRJ. O Museu do Ipiranga faz parte da USP, Universidade de São Paulo. Seu
prédio estava em condições tão precárias que foi fechado em 2013 para reformas,
com reabertura prevista para 2022. Nove anos fechado.
Há pouco
mais de 20 anos, o empresário Israel Klabin, ex-prefeito do Rio, conseguiu US$
80 milhões do Banco Mundial para restaurar e modernizar o Museu Nacional. Só
havia uma exigência: o Museu deveria ser autônomo. Ou fundação ou Organização
Social, com conselho, compliance (compromisso de seguir as leis, com
transparência) e governança.
Um grupo de voluntários se formou para trabalhar
num pré-projeto de reforma para apresentar ao Banco Mundial. Mas a UFRJ
rejeitou a proposta: o Museu era dela e ponto final. Mas os R$ 600 mil anuais
da manutenção foram sendo reduzidos desde 2014. A receita da UFRJ cresceu, a
verba do Museu caiu. Detalhe: um secretário de Estado, Wagner Victer, previu em
2004 o incêndio, por falta de manutenção.
Ideologia
Não se
trata, aqui, de apontar responsáveis pelo incêndio: isso é tarefa dos
investigadores. Na nota acima, falou-se das estruturas administrativas
inadequadas, que é preciso modificar. Aqui, sem culpar ninguém, o tema é outro:
a unanimidade ideológica no comando de uma universidade pública. O reitor, a
vice-reitora, a pró-reitora de Extensão, o pró-reitor de Pessoal são simpáticos
ao PSOL; o pró-reitor de Graduação é simpático ao PCB; o pró-reitor de
Planejamento, Desenvolvimento e Finanças é simpático ao PCdoB. Não existirá
nenhum professor capaz de exercer algum desses cargos e não seja simpatizante
de algum partido de extrema esquerda? Haveria a possibilidade de que a UFRJ
tenha sido entregue a esses partidos em um “acordo de governabilidade” com os
governadores Sérgio Cabral e Pezão?
Exportador no vermelho
Exportadores
gaúchos informaram o deputado federal Jerônimo Goergen que o Governo cubano
está atrasando os pagamentos ─ algo como 40 milhões de euros, equivalentes a
uns R$ 200 milhões, há mais de 60 dias. Pode ser que haja atrasos no pagamento
também a exportadores de outras regiões. Uma exportadora gaúcha de proteína
animal já acumula cerca de R$ 5 milhões de prejuízos. Goergen, da Frente
Parlamentar da Agropecuária, lembra que o atraso atinge em cheio o agronegócio,
exatamente o setor mais dinâmico da economia brasileira, na produção,
industrialização e venda.
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