Tanque de guerra em alemão é “Raupenschlepperpanzerkampfwagen”. Palavra difícil na aparência, mas simples quando entendida, como os leitores verão
[Gleisi Hoffmann em uma das suas derradeiras visitas ao seu 'líder supremo', presidiário Lula da Silva, recebeu do mesmo para revisar uma interpretação da matéria abaixo (POST transcrito do Blog do Augusto Nunes - Veja).
O objetivo da interpretação é que o presidiário começa a perceber que seu tempo de reclusão será bem superior ao espero e sabedor que presos que desenvolvem atividades na prisão ganham redução de pena resolveu envidar esforços na área que melhor domina: literatura.
Segundo o 'grande timoneiro' - pseudônimo que Lula pretende utilizar como pseudônimo na sua nova atividade de escritor e ao mesmo tempo homenagear o MAL SET UNG, o líder não informou se a tradução foi literal ou levou em conta a bondade, a generosidade, do inspirador.]
Eis uma
coluna especial, bem diferente de todas quantas temos publicado neste espaço.
Primeiramente convidamos os leitores a ouvir o Hino da Independência do Brasil.
Calma, mesmo cantado em Português, está legendado:
O Acordo
Ortográfico de 1990 foi sancionado pelo então presidente Lula, em 29 de
setembro de 2008, na sede da Academia Brasileira de Letras, no Rio, diante dos
acadêmicos, em sessão solene, ao lado do então governador Sérgio Cabral, por
ocasião dos cem anos da morte de Machado de Assis. O maior
escritor do Brasil nasceu e viveu toda a vida no Rio de
Janeiro. Quando o Acordo Ortográfico foi promulgado, o escritor estava
morto há exatos cem anos, pois morrera em 1908, ano em que nascia João
Guimarães Rosa, aliás.
Dez anos
depois do memorável evento da promulgação do Acordo Ortográfico, a mão oculta
do tempo impôs ao destino dos envolvidos outras peripécias. O presidente e o
governador estão presos, condenados por corrupção e lavagem de dinheiro. Quer
dizer, houve Acordo Ortográfico, mas não houve Acordo Jurídico, nem com a
Polícia Federal, nem com o Ministério Público, nem com juízes e muito
menos com a brigada da “Lava Jato”.
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Agora, nos permitam, por favor, uma digressão, de objetivo exclusivamente didático. Ou talvez “didáctico”, que entretanto mudou para “didático”, uma vez que, no encontro “ct” no interior da palavra, não é escrita a consoante “c” quando não é pronunciada, como determina o mais recente Acordo Ortográfico, de 1990, sancionado dezoito anos depois sabem por quem?
Bem, não é apenas uma digressão. “Didáctico” era escrito com “ct” por ter vindo do Grego “didákticos”. Com “didática” deu-se o mesmo. No Grego, a arte de ensinar era “didaktiké”, que virou “didactique” no Francês e “didática” no Português. Do Grego ao Francês, a viagem destas palavras demorou cerca de vinte séculos a ser percorrida para obter o registro escrito, e do Francês ao Português foram mais três séculos de viagem. Olhem só que abelheira cutucaram os executores do Acordo Ortográfico, olhem o enxame e calculem se a vara curta não deveria ter sido outra e manejada por mais gente.
Quando
estas palavras vieram para o Português, já estavam no Francês e foi dali que
chegaram a Portugal e depois ao Brasil e às outras nações lusófonas espalhadas
pelo mundo. Afinal, como disse Camões em belos versos sobre o mundo que o
Português criou, “na quarta parte nova os campos ara/ e se mais mundo houvera
lá chegara”, e isso gerou pelo menos três modalidades do Português: europeia,
brasileira e africana.
A
digressão final é esta. Tanque de guerra em alemão é
“Raupenschlepperpanzerkampfwagen”. Palavra difícil na aparência, mas simples
quando entendida, como os leitores verão a seguir.
Mas e que
tal “os grilhões que nos forjava da perfídia astuto ardil”? Fiquemos nas
palavras: o que significam “grilhões”, “forjava”, “perfídia”, “astuto” e
“ardil”? Isto é, se numa prova de ensino médio houver cinco perguntas destas,
quantos alunos serão reprovados? Mas,
calma, agora vamos à sintaxe: qual é o sujeito de “os grilhões que nos forjava
da perfídia astuto ardil”? No caso de o sujeito ser “ardil”, qualificado como
“astuto”, quem era o autor deste “ardil” imaginado por Evaristo da Veiga? E a
“perfídia” – não era nome de tango ainda – era de quem? Olhem que ainda não nos
ocupamos dos “grilhões” e nem do “forjava”…
Este é um
dos construtos, a que chamam versos, do Hino da Independência do Brasil, da
autoria do político e livreiro Evaristo da Veiga, com música de Dom Pedro I.
Estava em vigor música de outra autoria, mas o imperador a detestava, apesar de
o autor ser seu professor de música, e o Soberano compôs esta que hoje é
tocada.
Muitos
são os brasileiros que acham o Alemão muito difícil. Mas, comparado a
estruturas de frases como as do Hino da Independência, o Alemão é mais fácil.
Vejamos: “Raupen” é lagarta; “Schlepper” é trator. “Panzer” é o tipo de tanque
armado; “Kampf” é luta; “Wagen”.
Basta um
dicionário, isto é, basta o léxico, para entender que o tal tanque de guerra,
“panzer”, é um trator de uso bélico semelhante a uma lagarta, autopropulsionado
e blindado.
Como se
vê, o “palavrão” no sentido de grande é menos obscuro do que um dos versos do
Hino da Independência do Brasil. Voltaremos ao assunto.
*Deonísio
da Silva
Diretor do Instituto da Palavra & Professor
Titular Visitante da Universidade Estácio de Sá
http://portal.estacio.br/instituto-da-palavra
Diretor do Instituto da Palavra & Professor
Titular Visitante da Universidade Estácio de Sá
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